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Nos últimos dias, dois anúncios me chamaram a atenção. Um deles não me surpreendeu. O outro não devia ter me surpreendido.

O que não me surpreendeu foi o anúncio da morte do WinFS. Segundo a Microsoft, WinFS é uma forma nova e revolucionária de guardar dados nos discos de computador que traria uma grande facilidade em encontrar e relacionar informações ? coisa importante para qualquer empresa que tenha muitos dados.

Não é a primeira vez que ele morre.

Vapor

Acho que agora é uma boa hora para explicar o significado de “vaporware”.

De acordo com a Wikipedia, “Vaporware é um produto que é anunciado pelo seu desenvolvedor bem antes do seu lançamento programado, mas que nunca chega a ser lançado”. Também vale para aqueles produtos que são anunciados para uma data, mas que são lançados meses (ou anos) depois.

Vaporware pode ser usado como arma.

Imaginemos que exista um produto A e que alguns grandes usuários de A pensem em trocá-lo por B, uma alternativa a A, mas de outro fornecedor. Um belo dia o fornecedor de A mostra um produto A2, que parece melhor que B, mas, ele diz, só vai estar pronto em uns seis meses. Muitos vão optar por adiar uma migração para B. Depois disso, pouco importa se o lançamento for adiado ? o objetivo foi atingido: evitou-se que A perdesse mercado para B, sem atrapalhar muito as próprias vendas (ele pode até aumentar as vendas ? basta oferecer upgrade futuro para quem comprar agora).

A cenoura

O WinFS tem sido prometido para o “próximo Windows” desde 1991. Naquele tempo, o nome era NGFS e era parte do Cairo (o nome do que veio a ser o Windows NT 4). Ele e seus pares são ressuscitados sempre que o Windows enfrenta alguma ameaça.

Em 91 eram o OS/2 e os vários Unixes proprietários. Hoje em dia são o Linux e o MacOS. Em 91, não estava muito claro se Windows NT, OS/2 ou máquinas RISC rodando Unix dominariam o mercado. Hoje em dia, Mac e Linux fazem truques prometidos para o Vista (Xgl/Compiz, Spotlight, por exemplo) e ameaçam roubar mercado, tanto do XP como do 2003 Server. Por isso é importante mostrar betas do Vista e prometer coisas como o WinFS.

Assim, a Microsoft pode acenar com algo que ninguém tem (nem eles ? eles só prometem ter, um dia) e, com isso, parar eventuais migrações para competidores que têm tecnologia melhor que o Windows atual, mas que não têm a cenoura do WinFS pendurada na ponta do bastão.

A dura realidade

A realidade é implacável. Chega a hora em que é preciso admitir que a tal coisa brilhante pela qual todos esperaram não vai chegar na próxima versão. No começo, WinFS era parte importante do Vista. Depois ele sairia meses depois do Vista, como um add-on. A novidade é que isso também não vai acontecer ? as tecnologias desenvolvidas para o WinFS encontrarão seus lugares dentro de outros produtos. Em outras palavras, não haverá WinFS.

Reposição de vapor

Pouco depois da poeira assentar (ou do vapor condensar), a Microsoft fez a segunda coisa, a que não deveria me surpreender. Nesta semana, no Venture Forum, Bryan Barnett, gerente de programas na Microsoft Research, falou sobre os possíveis sucessores do Windows Vista e o que se pode esperar deles, mas sem falar sobre datas ? não existe um cronograma ainda. É o começo de mais uma nuvem.

Não chega a me surpreender.

Afinal, boa parte dessa indústria é movida a vapor. [Webinsider]

Avatar de Ricardo Bánffy

Ricardo Bánffy (ricardo@dieblinkenlights.com) é engenheiro, desenvolvedor, palestrante e consultor.

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10 respostas

  1. Ótimo artigo, mesmo que eu usando e gostando do Win, sei que é bem isso mesmo que acontece, infelizmente.

    E aí quando estiverem fazendo a campanha do 7, vai ser o mesmo discurso, olha o novo WinFS e mais isso e aquilo, etc. daí quando ele sair… nem 5% do que foi anunciado. E segue a vida…

    A propósito, não alimentem os MicroTrolls.

  2. Doido Vinicius,

    A diferença é que a Apple vai lançar o iPhone – já tem protótipo, parceiro, data e preço. Fora isso, ela não está mirando em nenhum competidor. Não sei como vai funcionar o Photoshop Web, mas, de novo, não consigo ver o competidor para o qual ele está apontado.

    A estratégia de vaporware é esperar um candidato a competidor anunciar um produto e, rapidamente, anunciar um similar para evitar uma erosão de market-share.

    Eu continuo esperando (sentado, depois de tanto tempo) pelo sistema de arquivos orientado a objetos do NT 4. Prometeram que depois do Vista saia…

  3. 1- WinFs não começou a ser desenvolvido em 91 isso é mentira.

    http://en.wikipedia.org/wiki/WinFS

    2- O artigo cita XGL como uma tecnologia já presente o que tambem não é verdade, XGL esta em desenvolvimento desde o ano de 1994 e os releases atuais não fazem parte de nenhuma distro de grande porte.

    http://lists.freedesktop.org/pipermail/xorg/2004-November/004358.html

    3- O artigo filosofa que é vaporware lançar uma tecnologia inferior prometendo uma superior, logo eu deveria esperar o Xegl ficar pronto já que este sim acabaria com a necessidade de servidor x (inutil no XGL).

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Xgl

    Enfim, mais um artigo tendencioso escrito por um jornalista que não entende nada de computação.

  4. Mais um pseudo intelectualoide que não faz a menor ideia do que esta falando… XGL cópia mal feita da interface desenvolvida pela microsoft, a anos esta a ser desenvolvida até agora não esta pronta. Vaporware? A dura realidade é que o lixuxzinho não fica pronto nunca, e vive de copiar os softwares proprietarios.

    PS. Amanha tem nightly build novo do kernel 2.6.6.52.4.5.6 para você baixar.

    Ate +

  5. Antes mais nada, não trabalho na microsoft, mas lendo esse texto uma coisa é perceptivel. Se o usuário espera o Produto A2 sair e não compra o Produto B por isso, entao o produto A deve ter satifeito (ou ainda satisfaz) a necessidade do usuário.

  6. Excelente o texto… o WinFS não é o primeiro nem será o último Vaporware gerado por nossas softhouses… hoje rodo GNU/Linux Debian, mas ainda tenho em casa o CD original do WinME, para me lembrar diariamente disto! Parabéns pelo artigo.

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