Planejar sem uma avaliação do grau de comprometimento assumido é comportamento típico de quem confia apenas na capacidade de improvisação e em uma boa dose de ?sorte? para alcançar seus objetivos. Se as coisas não derem certo, recorrem à criatividade para justificar os motivos ou até para buscar algum culpado.
Sabemos que o prazo, os recursos (pessoas, equipamentos, softwares) e o investimento requerido são os três fatores dos quais depende a viabilidade de qualquer projeto. Por isso eles precisam ser dimensionados sem devaneios, já que o resultado será diretamente proporcional à disponibilidade destes fatores.
Óbvio? É tão óbvio que o ato de planejar acaba sendo encarado como uma atividade de rotina, realizado sem a seriedade necessária e desta forma capaz de gerar os equívocos mencionados.
A questão é despertar o interesse pelo ato de planejar, sem querer minimizar a importância das ferramentas e técnicas de planejamento e gestão de projetos. Os papéis, gráficos e cronogramas são importantes para documentar o resultado do planejamento, entretanto o fundamental é o exercício de pensar no que fazer, como fazer, com quem fazer, no prazo que nos resta, nas eventuais barreiras a enfrentar e, sobretudo, no chamado plano ?B? caso algo saia diferente do previsto inicialmente.
Planejar é como treinar para o jogo
O exercício de planejar tem a mesma eficácia dos treinos antes de um jogo importante. É extrair das experiências anteriores as condicionantes necessárias para fazer as coisas acontecerem. Isso é o processo de planejamento.
Ter sucesso em uma iniciativa no passado não significa a garantia de sucessos repetidos. Mesmo os profissionais mais experientes podem deixar o barco afundar ao negligenciar a necessidade de ?treinar?, ou melhor, de planejar sua próxima investida. E diante da possibilidade de fracasso, deposita em sua equipe a missão de resgatar a todo custo os atrasos e a correção dos desvios de percurso.
O maior problema desses equívocos, que acabam gerando projetos já fracassados, é a injusta desmoralização do planejamento e a conseqüente desmotivação em relação ao ato de planejar.
O fator humano
É um círculo vicioso: se planejo, mas nada acontece como foi planejado, então não vale a pena perder muito tempo planejando. E é muito difícil o planejador admitir que o problema está nele, e não no planejamento enquanto processo.
Outro motivo que leva o gestor a cometer enganos no planejamento é o desconhecimento ou o esquecimento de suas próprias limitações. Todos nós, em nosso dia-a-dia, lidamos com atividades, circunstâncias e eventos naturais situados em duas áreas distintas: uma sobre a qual temos domínio, e outra que independe de nossa vontade, mas que podemos influenciar.
Entender a relação entre domínio e influência requer mais do que uma boa formação técnica: requer, principalmente, uma boa dose de humildade para aceitar que nem todos os que estão ao meu redor têm o mesmo comportamento diante das mesmas situações.
Ter consciência daquilo que está sob o meu domínio e saber analisar as situações que deveriam estar numa área de influência é mais ou menos como estudar as jogadas de uma partida de xadrez. Quanto maior o número de jogadas você puder prever, maior será a sua chance de sucesso. [Webinsider]
Francisco Higa
<strong>Francisco Higa</strong> (link.higa@linkportal.com.br) é especialista em organização e gestão pela <strong><a href="http://www.gmoura.com/blog" rel="externo">Turnpoint</a></strong>.
7 respostas
Francisco muito bom seu artigo.
Focou muito bem a questão do Planejamento.
Muito oportuno os fatores humanos .
Um abraço
Daniel Cassini
Vida Profissional
Olá Francisco, gostei muito de seu artigo, bem como a forma que vc abordou o fato da importância de se planejar.
Um abraço e até mais…
Achei interessante a forma abordada por você Francisco.Concordo plenamente, que, quem não sabe pra onde ir, qualquer lugar que chegar, se chegar, está muito bom. Planejar épreciso sim, e isso vai de cada pessoa, independente do lugar onde esteja trabalhando, ou vivendo.
Um abraço a todos.
Creio que existem mais de dois motivos para que seja esforço realizar-se um trabalho.
E um que me vem à mente é a motivação, ou melhor, a falta dela. Posso ter capacidadde e até planejar, mas …. se não considero que sou remunerada adequadamente pelo que faço, se a política da empresa não privilegia alguns valores que são importantes para mim,se me esforço daqui e outros estão em marcha lenta, se não vejo resultados, ai…que preguiça !
Seu estudo está ótimo, Francisco, e concordo em grande parte com ele. Mas quer saber? Acho que nos faltam Chefias mais competentes para fazer do planejamento algo mais interessante. Será cultural? Falta-nos, como profissionais, flexibilidade emocional para trafegar pela técnica de uma maneira mais… lúdica? Sei lá… vou continuar matutando aqui esse assunto, como boa mineira que sou …
As pessoas dizem que sem um planejamento,você está planejando o seu fracasso…
Gostei da matéria…
Até mais…
Parabéns pelo artigo, muito bom.