Relacionamento entre usuários e TI pode melhorar

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Para o bem da humanidade e das relações humanas dentro das empresas, os pauteiros dos principais veículos jornalísticos especializados em negócios ou tecnologia já deveriam ter escalado repórteres e fotógrafos para a produção de matérias especiais sobre o relacionamento entre o pessoal da informática e das outras áreas do ambiente corporativo.

As reportagens terão a utilidade de colocar ?pingos nos is? e colaborar para a paz. Afinal, apenas o acaso explica a inexistência de registros de pendências resolvidas no tapa entre representantes dos fornecedores e dos usuários dos recursos tecnológicos.

Não há quem não tenha vivido história como a de Maria (o nome é fictício, porém a história é verdadeira), funcionária da Assessoria de Comunicação de uma grande instituição pública.

Para o desempenho das funções da recém-contratada, a assessoria solicitou a compra de um computador. O pedido foi encaminhado em três vias em papel e confirmado por e-mail, para reforçar a demanda, que incluía algumas especificações sobre a função da nova colaboradora.

Qual não foi a surpresa quando, três meses depois, chegou o computador. Não era assim um Pentium 4, mas também não era um 486. Não tinha muita memória, mas também não eram vagas lembranças. Tinha o basicão: Office 2000, acesso a internet ? com restrições para a funcionária não ficar vendo vídeo. E com messenger bloqueado, é claro. Aliás, o monitor era de 15 polegadas, mesmo que o padrão atual seja de 17 polegadas.

O mais grave foi quando a assessora-chefe questionou a falta de um software de gerenciamento de imagens ? Corel, Photoshop, Fireworks ou, mesmo, um Gimp, ao estilo software livre ? e outras ferramentas importantes para a área e atividades da comunicação. A resposta do ?CIO ? sigla de chefe da informática ? do Deinfo?:

– “sua funcionária não vai estar precisando (sic) utilizar estes softwares. Um processador de textos é suficiente”.

Assim, absoluto, incisivo, direto. A voz de quem sabe exatamente o que cada colaborador precisa para o desempenho de tarefas da rotina funcional.

A relação entre os usuários e fornecedores de TI começa a se desgastar neste instante em que o fornecedor sinaliza, com a sutileza de um chefe de torcida organizada, que a assessora pode ter qualquer opinião, desde que seja igual à dele.

É fácil entender as origens do problema. Muitas empresas mudaram o nome da área de informática, mas mantiveram o espírito dos antigos Centros de Processamento de Dados ? os CPDs, locais inacessíveis aos mortais comuns, onde, sob o rigor de um inverno glacial permanente, estavam instalados computadores de grande porte, responsáveis pelo armazenamento de informações de toda a empresa.

Na era dos equipamentos conhecidos por ?mainframes?, cabia ao DCP gerenciar o ?birô?, setor incumbido das atividades de recepção e lançamento de dados produzidos em papel para os sistemas de processamento. Ou seja, no departamento de pessoal alguém preenchia, em máquinas de escrever, guias de admissão e demissão de funcionários. Ao final do dia, as guias eram repassadas para o birô, que fazia os lançamentos nos computadores centrais. Muita gente vivia da atividade, inclusive sofrendo os efeitos da rotina com visitas periódicas aos médicos do trabalho para tratar de lesões por esforço repetitivo. Em alguns casos, o trabalhador acabava tendo aposentadoria precoce.

O surgimento dos microcomputadores colocou os birôs entre as atividades em extinção. O computador pessoal muda a lógica do armazenamento e processamento das informações, pois possibilita ao mesmo sujeito do departamento de pessoal jogar as informações diretamente no sistema. No início, há pouco mais de 20 anos e até recentemente, uns cinco a dez anos, as empresas ainda resistiam em investir em computadores, fato que preservava um certo poder da área de informática.

É a lógica dos birôs que vem sendo alterada irreversivelmente nos últimos anos. Os CPDs tiveram o nome alterado para departamento de informática, mas os profissionais da área ainda não mudaram a mentalidade. A preservação da mentalidade é visível, especialmente, quando o assunto é internet. A utilização dos Sistemas de Gestão de Conteúdos ? que automatizam e agilizam a atualização de portais corporativos ? são a múmia dos birôs ganhando vida. Neste momento, em milhares de empresas pelo mundo, alguém está produzindo uma informação no Word, processador de textos da Microsoft, salvando no computador pessoal e, ao final, enviando por e-mail para um outro alguém na área de informática, que vai providenciar a publicação. Nada mais anacrônico, sem qualquer sentido.

Para o ser comum do ambiente corporativo, um computador não é mais um privilégio, símbolo de status de quem desempenha funções profissionais. Até os estagiários têm um equipamento disponível no trabalho. E, mais importante, dominam o conhecimento sobre o uso da máquina.

No cenário desenhado para o futuro próximo, não cabe ao departamento de informática dizer o que o tal estagiário pode ter ou não no computador. É terrível ler isso, mas é verdade. Cabe ao ?Departamento de Informática? ouvir e entender a função do tal estagiário e providenciar, com agilidade e competência, os recursos necessários para o desempenho das atividades. [Webinsider]

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Avatar de Carlos Plácido Teixeira

<strong>Carlos Plácido Teixeira</strong> (cplacido@pbh.gov.br) é jornalista, especializado em comunicação digital.

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5 respostas

  1. Só exitem três motivos para se investir em tecnologia da informação:

    Para se conseguir fazer mais daquilo que já se faz, porém, mais rápido e a menor custo.

    Para se conseguir fazer o mesm que já se faz, mas com menor custo e melhor qualidade.

    Para se conseguir fazer algo diferente do que se faz atualmente.

    A TI não deve ter a responsabilidade de responder se atende a algum desses requisitos, mas sim como atender melhor esses requisitos.

    Quem vai dizer se a Maria, ao utilizar um software, vai conseguir fazer mais, com mais qualidade e menor custo é o seu gestor, suportado por dados fornecidos pela TI é claro.

    O problema é que a área de TI quer entender de bytes e de negócio… aí num dá… principalmente com a qualidade dos profissionais do mercado.

  2. OLA!
    Primeiro queria dizer que concordo com o Anderson.
    eo departamento de TI não é tão mal, apenas fazemos as empresas funcionarem como deve ser, não colocamos alguns aplicativos como Photoshop…pois o aplicativo só será instalado se for atividade do funcionário, não para ficar brincando..e também normalmente os usuários malditos não sabem usar…hahaha!!!

    É antigo o modo de se agir assim? Sim, mas isso faz a empresa funcionar direito e sem falhas.. sem falar que as vezes os usuários ou estagiários ficam chamando os caras do TI para resolver problemas muito bestas que eles mesmos poderiam solucionar!

    Como?
    -Ah! Meu monitor não esta aparecendo imagem!
    Aiiii vai o cara do TI, chega lá e vê que o cabo do monitor estava solto!!!
    vê se pode!!
    Malditos usuários!!!

  3. Ao meu ponto de vista falta uma maior e melhor comunicação entre os vários departamentos de uma mesma empresa. Mesmo em tempos onde a integração é uma palavra muito usada, o que se ve muito é o individualismo, ou seja, cada setor ou departamento vê somente suas necessidades e quando essas não são atendidas logo cupam os outros, nesse caso geralmente o setor de informática. O que falta são profissionais que tenhão maior conhecimento das tecnologias, para que assim estes saibam relamente o que querer e o ter da tecnologia.

  4. Caro Carlos,

    Realmente os departamentos de TI das empresas não são nada amigáveis. Não os culpo. Na maioria das empresas são estruturas muito enxutas que não permitem uma interação maior com os outros departamentos e o exercício real e completo da análise de sistemas.

    Identificar se a funcionária Maria teria a necessidade de utilizar um software de edição de imagens era função da área de TI. Não é necessário conhecer lógica de programação para detectar isto, como disse nosso amigo Anderson.

    Acho que o primeiro passo para melhorarmos este cenário é desafogar a área de TI, aumentar um pouco os prazos dos projetos e requisições, dando a margem de tempo necessária para que o técnico, desenvolvedor ou analista tenha reais condições de se preocupar com a finalidade do que está sendo solicitado.

    Agora, se mesmo assim o departamento de TI não atende às necessidades dos outros, então o problema não é só mentalidade. É falta de profissionalismo e de preparação, afinal foco no usuário é uma das primeiras coisas discutidas em custos técnicos e faculdades de tecnologia.

    Abraços
    Daniel

  5. Antes de criticar a estrutura, acredito por não conhecer a reforma que acontece dentro da area TI diariamente, semanalmente, mensalmente,anualmente.

    Pois são os mesmo que ditam a regra, você só usa recursos pois é esta area que a disponibiliza.

    A empresa e a estrutura vem em 1º Lugar antes de tudo, Por isto sim o TI vai atrapalhar esta liberação, sim o TI vai Fiscalizar, sim o TI vai revogar. E contente-se por isto pois sem esta area a empresa poderia ter prejuízos enormes não competir e o seu emprego, estágio iria pro ralo.

    A modelos muito antigos claro que sim, Dinossauros que não mudam modelo também. Só que não esqueça que estes dinossauros também tentaram mudar paradigmas dentro dos velhos documentos mudar para digital, compartilhar informações etc. E quem impediu foi chefe de setor ou seja os maiores culpados não é o TI e sim que não faz parte dele duro ouvir isto.

    Mas aprenda lógica antes de fazer analise. Sim nos não gostamos muito de jornalistas, geralmente não se aprofundam antes de querer entender areas complexas demais, são muitas possibilidades muitos dados é fácil se perder nesse emaranhando que acaba se tornando um mundo a parte.

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