A Construção do Imaginário Cyber: William Gibson, criador da cibercultura, de Fábio Fernandes. Editora Anhembi Mourumbi, 107 páginas.
No início dos anos 1980, um grupo conhecido como Cyberpunk revolucionou a produção de ficção científica com narrativas que descontruíram os velhos paradigmas de robôs e espaçonaves que vigoravam em grande parte até então nesse gênero literário.
Entre seus expoentes, Wiliam Gibson, Bruce Sterling e Rudy Rucker que lançaram algumas das bases do que hoje conhecemos por cibercultura. No livro “Construção do Imaginário Cyber”, Fábio Fernandes aponta que Gibson não voltou o foco de sua narrativa para uma pretensa antecipação do futuro, mas para uma inteligente extrapolação do presente.
Na sua premiada ficção Neuromancer, de 1984, Gibson cria o termo ciberespaço onde já previa um tipo de comunicação global, num espaço não-físico entre os seres humanos. Os ?cyborgues?, habitantes do ciberespaço, que tinham uma relação complexa com a tecnologia através de implantes eletrônicos e próteses diversas, seriam capazes de entrar ?fisicamente? nesses espaços de dados para lá viver todos os tipos de aventuras, lutando por uma adaptação e sobrevivência em um ambiente tecno-cultural que se modificava rapidamente. Esse romance foi fonte de influência para diversos pesquisadores em realidade virtual.
Hoje vivemos cercados por diversos dispositivos e interfaces em uma época de comunicação instantânea em um mundo interconectado e já começamos a dar os primeiros passos em conceitos como arquitetura líquida e ciborguização do ser humano. É esta influência de William Gibson que Fábio Fernandes nos relata: ?onde paisagens e personagens circulam e se entrecruzam, podem não ter necessariamente inventado os elementos que compõem a cibercultura, mas certamente serviram como um catalisador que formatou a cibercultura como hoje a conhecemos?.
No livro Construção do Imaginário Cyber somos confrontados a um tema importante e atual em nossa sociedade midiatizada na qual diversos setores vêm voltando suas atenções para a experimentação e as relações com as novas tecnologias de informação e comunicação. E ainda buscando apontar algumas das influências para as novas formas de percepção e de interação entre físico e virtual e suas potencialidades no nosso cotidiano e na cultura contemporânea. [Webinsider].
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Este texto de Gilbertto Prado foi publicado na orelha do livro do Fábio, que tantas resenhas de livros já escreveu para o Webinsider.
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Gilbertto Prado
<strong>Gilbertto Prado</strong> é artista multimídia, professor da ECA-USP, autor do livro "Arte Telemática: dos intercâmbios pontuais aos ambientes virtuais multiusuário", Itaú Cultural, 2003.
Uma resposta
Hum.. muito bom! Comprarei!
Valew pelo artigo!