Os dilemas do iPhone

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Uma peça de tecnologia como o iPhone não surge por acaso nem é fruto de um projeto simples pra ser executado por um grupo de engenheiros. O iPhone é fruto do perfil de inovação tecnológica da Apple e da obsessão de um homem chamado Steve Jobs.

Há pouco mais de 30 anos, no dia primeiro de abril de 1976, Steve Jobs e seu xará Steve Wozniak fundaram a Apple Computer Inc., que em pouco tempo revolucionou o mercado de computadores pessoais com o Apple II, a primeira de grandes inovações tecnológicas que a Apple e Steve Jobs trariam ao mundo.

Mais adiante, em 1984 surgiu o Macintosh, o primeiro computador com interface gráfica e mouse comercializado para o público comum, pessoas como eu e você. O Macintosh é o primeiro fruto da obsessão pela perfeição de Steve Jobs, que um ano depois acabou demitido da Apple por John Sculley, CEO que ele mesmo contratou. Mas Sculley e a Apple já haviam entendido o recado de Jobs e apesar de alguns erros estratégicos que quase levaram a empresa a falência, lançaram produtos como o Newton, o primeiro PDA comercial, muitos anos à frente de seu tempo. Para que se tenha idéia, só algum tempo depois a Palm Inc. lançou o popular Palm Pilot.

Mas a obsessão de Jobs continuou mesmo fora da Apple. Demitido, levou consigo um grupo de engenheiros do projeto Macintosh e fundou a Next Computer, empresa que desenvolvia computadores altamente sofisticados e voltados para ambientes científicos que exigiam alto poder de processamento, como os laboratórios CERN, onde trabalhava o físico Inglês Tim Berners-Lee.

Os computadores Next também eram conhecidos pela facilidade de programação. Tim Berners-Lee, ninguém mais ninguém menos que o criador da World Wide Web, desenvolveu o primeiro servidor web num computador Next nos laboratorios CERN.

Em paralelo, nosso amigo obsessivo adquiriu os estúdios Pixar da Lucasfilm e se tornou em pouco tempo também o mestre dos filmes de animações por computadores, com a produção de filmes como Toy Story, Vida de Inseto, Nemo, Carros, etc. A Pixar cresceu tanto que foi vendida pra Disney e transformou Steve Jobs no maior acionista individual da Disney, com sete por cento das ações da empresa. Mais tarde a Disney e seus estúdios seriam os primeiros a vender seriados de TV e filmes na loja iTunes, arrastando depois outros estúdios e produtores.

Em 1996, a Apple comprou a Next e trouxe Steve Jobs de volta a empresa. O sistema operacional do Next tornou-se então a base para o Mac OS X, maior inspiração da empresa de Gates no desenvolvimento do Windows Vista. Há anos o Mac OS X já faz tudo o que dizem que o Vista faz.

Em 1997, Michael Dell, fundador da Dell, comentando a volta de Jobs para a Apple, teria dito a uma platéia de gerentes de TI que ele deveria fechar a Apple e devolver o dinheiro aos acionistas. Em janeiro de 2006, quase dez anos depois, Jobs deu o troco num e-mail interno para os funcionários da Apple dizendo que sua empresa tinha naquele dia ultrapassado o valor de mercado da Dell.

Junto com o Mac OS X Jobs, reestruturou a empresa e fez parceiras, a mais estranha delas com a Microsoft, que investiu em ações da Apple sem direito a voto e se comprometeu a desenvolver o pacote Office e outros produtos para o Mac OS.

Na época a Microsoft era acusada de monopólio e se a Apple quebrasse e levasse consigo o Mac OS, seria muito difícil a Microsoft justificar que realmente não era monopolista no mercado de sistemas operacionais.

Ou seja o investimento da Microsoft salvou na verdade as duas empresas, uma da falência e outra de um possível processo de divisão como o ocorrido com a AT&T anos antes. Em 2001 a Apple lançou o famoso iPod cuja loja online iTunes já vendeu mais de 2 bilhões de músicas legais.

É essa obsessão pela perfeição e o conjunto de fatores descritos acima que estão fazendo com que a Apple se torne a Sony do Ocidente. No último keynote, no qual Jobs lançou o sofisticadíssimo iPhone, também foi lançado o Apple TV, que permitirá a pessoas assistirem na TV da sala filmes, seriados, videocasts, música, etc., armazenados no HD de seus computadores Apple ou Windows.

E mudou o nome da empresa de Apple Computer Inc., para Apple Inc. A mudança sutil reflete na verdade que a Apple vem mudando e vai mudar muito mais. A antiga empresa do Apple II agora vende música, filmes, aparelhos para serem conectados à TV e finalmente o tão badalado telefone celular altamente sofisticado e muito à frente de seu tempo.

O iPhone não é, portanto, fruto de um acordo assinado há dois anos com a Cingular, é sim fruto de um contexto sofisticadíssimo de uma empresa que tende a crescer muito mais e invadir nossa vida em diversas outras áreas.

Desde a época do lançamento do Mac, a Apple não via um produto seu ser tão badalado pela mídia não especializada ao redor do mundo. O pré-lançamento do iPhone apareceu em capas de revistas populares em toda parte do mundo e roubou a cena de uma feira inteira de produtos de tecnologia, a Consumer Electronics Shows (CES) que ocorria em Las Vegas no mesmo período.

É assim que se cria um iPhone…

Críticas ao iPhone

Mas toda revolução tem seu perigo de fracasso. O próprio Mac a seu tempo fracassou e duas das principais críticas eram a pouca memória e o elevado preço daquele computador tão à frente de seu tempo.

Outras questões como plataforma fechada também foram duramente criticadas. Sobre o iPhone, tenho pelo menos cinco críticas. Detalhes que me afligem e que podem determinar o fracasso ou o sucesso deste produto tão revolucionário.

  • 1 – A duração da bateria me apavora!
  • 2 – 8 GB é pouca memória, 4 GB é menos ainda!
  • 3 – Essa tela enorme vai resistir aos nossos dedos?
  • 4 – Plataforma fechada? Alguém poderá desenvolver aplicativos para o iPhone?
  • 5 – Smartphone? Onde está a planilha de cálculo, editor de texto, suporte a Java, etc.?

No episódio 22 do meu podcast exploro cada um desses itens que poderiam ser pontos frágeis no tão revolucionário iPhone. Clique no link abaixo para ouvir em detalhes as minhas críticas.

Podcast

Clique para ouvir o podcast do Vladimir sobre este assunto

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Vladimir Campos é escritor. Veja mais sobre ele.

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8 respostas

  1. A Apple lançou o Lisa com base na tecnologia da Xerox, que tinha inventado e lançado no final da década de 70 um computador com tela gráfica, mouse, rede ethernet e impressora laser… mas, na época, Xerox era sinônimo de cópia e não computador… eles deveriam ter lançado com outro nome… teria sido um sucesso e nem teria vez para a Apple ou Microsoft.

  2. Vladimir, muito bom o seu comentario, mas creio que em relação ao iphone deveriamos esperar o lançamento antes de elogiar ou criticar, pois estaremos criticando uma coisa que ainda nao existe e nao testamos…
    Se ele for tudo aquilo que foi prometido, nesse ponto podemos confiar mais na Apple do que na Microsoft, UALLLL é esse celular que eu quero….
    Temos um problema aqui no Brasil dos produtos da Apple nao serem tão difiundidos, ao contrario dos EUA e Europa, onde a marca é forte e competitiva.

  3. Duração da bateria te apavora???

    6 horas de conversação e 15hs de audio continuo não são suficientes???

    Creio que a maioria dos celulares atuais tem médias como essa de 4 a 8 horas de conversação….

    Então não é um quesito de se reclamar tanto.

    Quanto a 8gb de memória.. eheheeh eu acho mais que suficientes… isso é um celular.. não um ipod.

    Quanto a tela.. creio que vai ser um ponto dificil de concordar… mas se vc pensar que as telas dos pdas tambem sao touchscreen (eu uso meu ipaq sem caneta na maioria das vezes… soh com o dedo mindinho x)].. creio que não iremos ter problemas..

  4. Excelente artigo, Vladimir. A diferença está na ousadia do Steve Jobs, que consegue transformar sonho em realidade.
    Com relação às suas críticas é tudo muito relativo. Só o tempo vai revelar se ele está ou não certo. Tudo depende de como as pessoas, usuários, interagem e interpretam o produto. Se gostarem, com certeza, estarão dispostas a arcar com as limitações impostas por ele e a conviverem com as outras soluções oferecidas. Veja o sucesso do Ipod.
    De qualquer forma, o que vale é a ousadia da Apple, na figura do Steve Jobs.

    Outra coisa, não sei se você comentou aqui, mas desde o dia 30 de janeiro, se não me engano, o Gmail está abrindo documentos do Word diretamente no Docs & Spreadsheets. Comentei sobre o assunto neste link: http://carlosags.wordpress.com/2007/01/31/abra-documentos-do-word-diretamente-do-gmail/

    É isso. Boa sorte.

  5. Grade Vladimir! Belo resgate histórico!

    De cara eu desejei ter um Iphone (sonhar não custa nada!)…de cara!

    Pois agora, passada a eufoiria incial, eu tenho certeza que jamais usaria um dispositivo em que não posso escolher o software que vou instalar e a rede que vou usar!

    Na Era da Informação e da Colaboração lançar um sistema fechado é já nascer obsoleto! O que é contradit?io com o mito de inovação da Apple!

  6. A Apple sem dúvida merece aplausos…
    não a Apple… o Steve Jobs…

    Sinceramente, acho que o ?sucesso? do iPhone deve-se apenas por ser um produto da Apple. Jobs sabe fazer marketing, essa é a verdade.

    Não estou aqui para discutir Mac OS x Windows, ou qqr coisa do tipo?

    vejo no iphone todas as funções do meu iPAQ, e já o tenho faz + de um ano? bluetooth, wi-fi, skype, messenger, tdo funcionando como se fosse no pc. Só não tenho gsm pois estava caro quando comprei o meu.

    Claro que a interface é bonitinha, prática e etc. E por isso ganhará mtos usuários. Mas cá entre nós, após iPOD, todos estão voltados para o ?próximo produto da apple?.

    Vi em capas de revista essa semana mais de 4 reportagens sobre o iPhone, como se o Windows Mobile nunca tivesse existido?

    a questão é apenas popularidade.

    Interface nem sempre é funcionalidade.
    Não poder instalar softwares de 3ºs não é funcional ao meu ver em um dispositivo móvel.

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