O Copyright é entrave à memória, difusão e organização

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“Recente pesquisa da IDC indica que 161 bilhões de gigabytes de informação foram gerados no ano passado em todo mundo”.

Não faço a menor idéia de como essa pesquisa fez para calcular, mas é certo que a conclusão de que não há espaço suficiente para armazenar tantos dados não surpreende nem choca.

Mas me parece que o assunto pode ser muito mais interessante do que simplesmente mais um desses googolplex que poluem nossa existência.

Sabe-se, portanto e também, que não existe dinheiro no mundo capaz de digitalizar, armazenar e organizar toda a produção cultural da nossa espécie. Nem a de hoje nem a do passado, muito menos a do futuro.

Isso nos coloca uma pergunta: o que faremos com ela?

A excessiva proteção aos direitos autorais não estaria sendo um real ? e inflexível ? entrave não somente à difusão de conhecimento mas também à perpetuação da memória cultural?

Enquanto o debate a respeito das leis de Copyright corre solto, existem talvez mais argumentos a considerar nesse embate que colocam em perspectivas alternativas urgentes às legislações atuais.

Por exemplo, talvez exista uma forma de encarar a disseminação dos softwares P to P como um grande benefício de bem comum. Em prol da memória, em outras palavras. A capilaridade extrema da capacidade de armazenagem beneficia a memória. A difusão desse conteúdo de usuário para usuário além de compartilhar essa produção, de forma igualitária, democrática e barata, economiza a caríssima intermediação de servidores.

Esse é um ponto da questão.

O outro é a própria digitalização dos conteúdos do passado. Certamente não existe dinheiro suficiente na economia para digitalizar tudo aquilo que ainda é analógico ou físico. E mais uma vez, não nos cabe (e não cabe a ninguém) julgar esse conteúdo. Já estou vendo os excitados de plantão (vide autoritários) propondo uma classificação daquilo que vale a pena perpetuar. Portanto, mais uma vez, a capilaridade dos recursos de digitalização beneficiam a memória. Cada vez que uma pessoa digitaliza algo que não tinha memória digital ? e mesmo que tivesse ? além de dividir com o mundo a produção da humanidade através dos softwares P to P ou por qualquer outro meio digital (e-mail por exemplo), economiza muito dinheiro.

Mais há mais um ponto.

Ainda que se possa imaginar que haja dinheiro, tempo e interesse comercial em se digitalizar e armazenar tudo que foi, é ou será produzido pelos homens, quem é que vai organizar tudo isso? Como vai ser? Talvez a alternativa, mais uma vez, seja de capilarizar a curadoria de conteúdos. Em outras palavras, os conteúdos serão organizados pelos próprios infinitos difusores dos mesmos. Muito mais fácil assim de encontrar o que se procura. Divide-se mais uma vez a responsabilidade e melhora-se a qualidade.

Esses são mais alguns argumentos que deveriam entrar em debate, acredito, cada vez que estamos discutindo direito autoral versus alternativas como o Creative Commons. [Webinsider]

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Avatar de Fernand Alphen

Fernand Alphen (@Alphen) é publicitário. Mantém o Fernand Alphen's Blog.

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6 respostas

  1. Concordo que capilarizar o trabalho de distribuir e armazenar informações é a forma mais fácio e barata de perpertuar o conhecimento, mas, vale lembrar que não GARANTE a perpetuação do conhecimento.

    Ninguém garante que daqui a 10 anos (ou 20, ou 30 anos) você vai encontrar na rede eDonkey (do eMULE) algo que você encontrou hoje…para que isso ocorra é necessário que hajam políticas de preservação. E definir políticas para vários usuários, espalhados pelo mundo inteiro que falam diversas línguas não é nada fácil.

    Creio que nesse caso, a criação de comunidades de interesses é fundamental.

  2. Reproduzindo o que já comentei no meu Software Livre é só a ponta do noveloblog em outra ocasião:

    Software Livre é só a ponta do novelo
    Sim, porque a questão não é se o software é livre ou não. Software livre é só a ponta de um novelo, apenas uma parte numa grande transformação social. Uma transformação feita de diversas outras transformações como Creative Commons, a blogosfera, as redes Torrent, o Digg It, entre outras, e que ganham força fora do meio eletrônico pois sãos são novas formas de pensar e agir, novas formas de se fazer grandes, médios e também pequenos negócios, de se relacionar com a informação e com seu público consumidor. Algumas nem tão novas assim, pois redes Torrent, P2P têm como ancestral aquele hábito de emprestar fitas para amigos nos anos 1980/1990, lembra?

    Como eu disse anteriormente, muita gente ainda vê tudo isso como bicho-papão.

    braços

    Celso Bessa
    planejador, comunicador, fazedor, e wordpresser

  3. Uau, muito bom o texto e adiciona bastante à discussão dos direitos autorais. Certamente capilarizar o trabalho de distribuir e armazenar informações é a forma mais fácio e barata de perpertuar o conhecimento. Simplesmente genial!

  4. Talvez o copyright conviva com o copyleft e outras formas de proteção de direitos autorais. Uma forma não anula a outra. Assim como o software livre não anula o desenvolvimento proprietário… na verdade, acho que estas formas se complementam.

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