Não faz muito, me liga a repórter da Zero Hora de Porto Alegre:
– E a Web 3.0, a tal web semântica?
Me pega tomando descafeinado com pão de queijo. E ainda quase de boca cheia, ataco pelo celular de Niterói depois de uma palestra:
– Papo furado, não dá para prever.
Continuo:
– Como não dava para imaginar que a própria internet, o Linux, o Skype, o MP3, o YouTube chegariam do nada a escala global.
Veja – digo a ela – que o passado da web e suas inovações não se apresentaram de forma linear. Foram quebras trazidas dos lugares e personagens mais inesperados.
Tiveram apenas algo em comum: a adesão da massa em rede às idéias alucinadas de uns malucos escondidos por aí.
Calma, enfatizo, não dá para monitorar malucos, pois uma grande idéia na tela não é nada.
(A bolha cobrou caro essa constatação.)
Assim, para prever o futuro é necessário acompanhar e monitorar os enxames para seguir o calor nas colméias.
E monitorar tão de perto, tão de perto, que é preciso virar abelha, como uma metamorfose. As empresas, digo a ela, serão colméias, produzirão calor e mudarão o mundo ou serão picadas até a morte.
Arremato com esta frase de efeito ? (na verdade, já nem sei se disse, de fato, ou inventei agora). 😉
Ou seja, se a indústria de música não olhasse com desdém o bafo quente do Napster e o MP3, não estaria na crise atual.
Ou as empresas de teles não ignorassem o incendiário Skype.
Ou ainda neste momento as empresas do planeta que não acreditam no Orkut.
Ele e os irmãos (YouTube, MySpace, entre outros) são o novo modelo de comunicação corporativa, que moldará a Internet e Intranet dos próximos anos – basta medir a temperatura.
Assim, é preciso tirar algumas lições da Web 1.0 (1960-2005) para nos ajudar a entender a fase atual da Web 2.0 (2005-?) e pensar no futuro.
Eis as sete regras de quem não quer chorar sobre a Web derramada (seja a 2, 3, 4 ou 5):
1- nada importa se não gera calor na massa em rede;
2- tudo importa se gera calor na massa em rede;
3- o calor não tem hora ou lugar, desde que aceito pela colméia;
4- Quanto mais calor, mais valor;
5- O valor está no calor da massa em rede;
(Justifica o preço do YouTube: 1,6 bi de dólares).
6- Assim, para gerar valor, seja a massa em rede e gere calor;
7- Competir é manter calor.
Ah, e sobre a Web 3.0?
Tá fria. [Webinsider]
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Carlos Nepomuceno
Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.
16 respostas
Num vi nada de diferente na 2.0 Nem comerciais na TV, nem nas rádios. Quem realmente sabe da existência da web 2.0 são os que realmente já a faziam desde as primeiras listas de discussão. Os novos users devem ser informados quanto a importância de participar da internet. Muitos sites tem a opção coment, mas poucos dão uma contribuição para o artigo. Estamos na hipermídia! Contribuir e compartilhar são as palavras chave da 2.0, como já dizia o software livre…
O começo do seu texto já resume toda essa confusão: uma repórter te ligou e pediu esclarecimentos. A mídia vive disso: enquadramento. Então, nem esquenta. Mas mudando de assunto…
tem muita coisa morna esperando para ser esquentada em qualquer um desses milhares de rótulos que brotam por aí. eu acho o roberto shiiniashyki um cara nada a ver, mas o título do livro dele vai bem de encontro a isso que que a gente está discutindo: o sucesso é ser feliz (independente do rótulo, mas sempre com altas temperaturas).
Putz… vocês são muito fo&@$! Vão ficar discutindo a validade deste termo até que o OReily cunhe a Web 3.0, centrada em sabe lá o quê – processos de negócios talvez…
A internet mudou galera! E isso é fato!! É certo que muitas das coisas novas são velhas conhecidas, mas, a forma como elas foram colocadas mudou bastante!
Hoje em dia nem precisa focar no usuário para ser 2.0 basta saber utilizar o protocolo XML (mesmo que seja para oferecer Feeds), preocupar-se em separar desenho (CSS) de conteúdo (HTML), validar tudo e colocar algumas imagems com efeito gloss ou com reflexos esmaecidos em seu site e você estará dentro!!
=D
Esse seu post lembra um pouco esse (http://www.codigolaranja.com.br/?p=398) que li sobre Social Software, só que aborda o lado corporativo das ferramentas usadas e não somente o buzz criada por elas.
Ele diz que no ambiente de trabalho, o calor é gerado pela necessidade de estar inserido no grupo de trabalho.
Vale dar uma conferida.
Quando surgiu a TV colorida, alguém falou em TV 2.0?
Acho que a nomenclatura apenas serve para deixar explícito que houve mudanças na percepção de que a web merece um desenvolvimento adequado ao seu ambiente. Nada mais!
O que está frio, frio é a web 2.0
É só um nome pra quem não vive disso (com isso).
Agora, não vamos deixar de olhar para o futuro só porquê não temos a resposta, né?
Acabei de ler a ZH Digital, e depois li o seu artigo! e me questiono? O que esta acontecendo no mundo digital hoje?
As pessoas tem mania de dar nome aos bois. Mais se vocês ficam felizes em chamar a Internet de 1.0, 2.0 ou 3.0 fiquem a lá vonte 🙂
Na real o que aconteceu até hoje foi apenas uma evolução normal, como em qualquer outro contexto aconteceria!
No próximo mês como vão chama-lá? Já sei Web 4.0 pela lógica ahahahhaha!
Abraços!
Assim dizia Zaratrusta, a massa quente pode ta podre.
na verdade a repórter não estava nem aí pro futuro da tal web 2.0. ninguém está, é óbvio que não tem como prever nada, e é ridículo ficar tentando adivinhar. mas é o termo que fascina. tem um número ali. web 2.0, quer dizer que a web teve versões anteriores, e pressupõe-se que ela terá mais. é um nome muito bem bolado. todo mundo gosta dessas coisas seriadas assim, essas listas.
O webmaster brasileiro é engraçado. Fala, fala, fala de web 2.0,3.0,etc, mas não sabe nem fazer a web 0.5 e vende sites a preços de banana.
Essa é Web 0.5 do Brasil, fazer um cursinho meia boca, fazer sites para tios e cobrar uma banana.
E isso não é só para o webmaster não. Serve para o usuário do orkut, youtube, msn, que não sabe utilizar essas ferramentas, e fica utilizando de forma incorreta, com peixinhos no scrap, colocando vídeos sem direito autoral no youtube, e por ai vai.
Enquanto o brasileiro não souber utilizar a internet de forma correta, jamais ira chegar nem na Web 1.0.
Abraços
ahaahaha
todos os textos que falam de web 2.0 são uma releitura de outro texto…
todos os textos são iguais, so mudam as palavras!!
¬¬
quando vao falar alguma coisa nova????
Parabéns pelo artigo Carlos.
É bem aquela historia de quando perguntam, e aí vai chover.
É preciso coragem para dizer não sei do que chutar.
Grande abraço,
Web 2.0? Isso existe?
😛
Não concordo que a utilização em massa faça algo importante, acho que o processo é exatamente o contrário, a utilidade de algo leva a ser utilizado por muitos. Popularidade vem com o tempo, mas utilidade tem q ter desde o começo.
Isso merece mais um post meu
Droga, to sem blog 😛
Phew… E depois tinha gente que não acreditava que os gurus marqueteiros ou simplesmente aqueles que gostam de simplificar as coisas ao extremo (afinal fica mais fácil vender) iriam realmente começar a discutir a 3.0 antes mesmo da tal Web 2.0 esfriar. Conseguiram vender bem a 2.0 (na verdade ainda estão vendendo), mas já precisam arrumar um modelo novo, com turbo intercooler. É a Web 3.0 16V, com banco de couro e MP3 player…
Já estou ouvindo o coro: Sua empresa não está na Web 3.0? Nãaaoooo??? Como!!?! (seguido de uma cara de desdém e de rejeição)…
Sou averso a nomenclaturas, daquele time, cada vez mais envergonhado de si, que acha que a web 2.0 não existe.
E me sinto cada vez mais só.