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Aproveitando a coincidência de estar em Nova York na semana de lançamento do iPhone, não perdi a chance de subir a 5ª Avenida e conferir de perto o aparelho que promete mudar o mercado da comunicação digital.

Porém acalmem-se. Não vou tratar das características técnicas, do design ou dos serviços do aparelho porque isso todo mundo já fez, e com grande antecedência. Meu objetivo é outro: gostaria de falar particularmente das questões referentes à interface e usabilidade.

O primeiro grande gadget do século 21

Minha sensação imediata ao manusear o aparelho foi de alívio. Alívio porque, quando ouvi falar pela primeira vez a respeito, tive a impressão de que a Apple estava fazendo muito barulho por um aparelho que na verdade seria só mais engraçadinho que os smart phones já existentes. Ledo e grato engano!

O iPhone é bonito, leve, cheio de recursos e muito fácil de usar. A primeira grande central multimídia móvel da história. Desde o básico serviço de voz, que nos EUA é provido pela gigante AT&T, até os recursos de navegação pela web, vídeos, iPod e mapas, tudo é acessado de maneira intuitiva e com pouquíssimos cliques. Além disso, a tela relativamente grande, com excelente qualidade de resolução e luminosidade, (uma constante nos produtos Apple) faz a interação ainda mais prazerosa.

Navegação fácil e intuitiva

iphone 002 A tela inicial do iPhone está dividida em duas partes. Na inferior temos quatro ícones que dão acesso aos macro serviços oferecidos: telefone, internet, e-mail e iPod. Basta clicar e acessar diretamente o que você precisa.

Da parte superior ao centro estão mais 12 ícones (do mesmo tamanho dos anteriores) que funcionam como atalhos às tarefas mais corriqueiras de recursos do aparelho, como agenda, relógio, calculadora, settings, etc.

Como é sabido, o iPhone quase não tem botões convencionais. O único botão está na parte inferior, abaixo da tela, e é utilizado para voltar à “home” de qualquer área que você esteja, e só. Todas as demais interações são realizadas por uma tela sensível à cliques e drags. Neste ponto, começa o envolvimento real entre usuário e sistema.

Tudo em 2 cliques e 1 drag

Após teclar uma vez sobre um dos ícones da “home” para o serviço desejado, todas as demais interações passam a ser geridas por dois cliques na área de exposição da tela ou por um clique simples nos menus de funções que ficam acima e abaixo na tela, como em aparelhos celulares mais modernos.

Simplificando: se você está vendo uma foto, basta teclar rapidamente duas vezes sobre ela para obter um zoom (ou vá ao menu e clique uma vez em “zoom”). Depois deslize o dedo pela tela para obter o efeito drag e arraste a foto para qualquer direção e veja seus detalhes. Para voltar ao tamanho normal, clique novamente duas vezes sobre qualquer ponto da imagem. E sim, isso funciona para todas as funções do aparelho.

Teclado precisa de pequenos ajustes

keyboard hero20070629Mas nem tudo é perfeito. Quando selecionamos o teclado QWERTY para digitar alguma url ou e-mail, uma pessoa de dedos grandes, ou gordinhos, passa certo aperto. Apesar de um pequeno zoom nas teclas que auxilia a visualizar o ponto certo a se clicar, temos a tendência de digitar rapidamente. Neste caso caimos muitas vezes sobre as teclas erradas. Parece-me um dos pontos claros a serem revisados para as próximas versões.

Outras pequenas necessidades de ajustes provavelmente vão começar a aparecer, já que os consumidores estão começando sua experiência com o aparelho. Porém no quesito usabilidade, está quase tudo bem resolvido.

iPod e vídeos

Outro grande recurso, neste caso uma evolução, são as interfaces gráficas da função iPod, que traz praticamente o iTunes para o aparelho, quase em sua totalidade. Não há dúvidas que navegar pelas capas dos CDs é bem mais agradável do que as velhas listas de faixas – que, diga-se de passagem, continuam lá à disposição dos conservadores.

O problema neste caso é outro. Por mais que tenhamos uma interface gráfica incomparavelmente melhor que a dos melhores iPods vídeos, a capacidade de armazenamento deixa muito a desejar. Na verdade, quase compromete o aparelho. Mesmo a versão com 8Gb não chega nem perto dos melhores iPods de 60Gb e 80GB. A Apple terá que rever isso. Do jeito que está não dá.

No fim, bem mais que uma promessa

Depois de pesar prós e contras, estressar o aparelho em todas as suas possibilidades de interação e calcular o custo de aquisição e mensalidade pagos à operadora, o iPhone vale a pena sim.

Não bastasse a comodidade de unificar voz, internet e iPod (só está faltando a câmera), o iPhone vale a pena principalmente por ser um divisor, um marco na produção de players para entretenimento individual.

A Apple deu o passo inicial há sete anos quando lançou o iPod e, principalmente, o iTunes. Agora, nem foi necessário lançar o software. O iPhone se alimenta e se justifica por uma necessidade que era latente e estava espalhada por pontos de acessos diferentes e isolados. Agora passa a ser um nicho de negócios bilionários: entretenimento e mobilidade em um aparelho prático, bonito e inovador. Novamente, resta aos concorrentes correr atrás e tentar copiar. [Webinsider]

Para mais informações, o site do iPhone da Apple.

Avatar de Leonardo Oliveira

Leonardo Oliveira é mestre em Jornalismo Digital pela ECA/USP.

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11 respostas

  1. Estou doido para comprar um para mim… e já vi cada coisa… mas, cada coisa a seu tempo. Tenho amigos que usam basicamente como um telefone chique, eu quero usa-lo como um PDA e que PDA.

  2. Celular no Brasil (assim como em várias outras coisas) é complicado. Pagamos muito caro por um serviço extremamente limitado e de péssima qualidade. Em suma, somos explorados sem dó pelas operadoras… As propagandas mostram pessoas sorrindo ao celular falando sem pressa, mas na vida real fazemos ligações sempre na correria de desligar logo para não sugar créditos do cartão (ou aumentar a dívida da conta). Celular aqui já é complicado para falar, imagina para navegar na internet ou manejar multimídia. Por essa razão que iPhone aqui só em sonho. Se vier, custará mais que um notebook. Legal, né?

  3. O iPhone com certeza é um grande avanço, como você disse, bonito, leve e com muito recursos. Porém lendo entre blogs e artigos, vi que ele ainda possui alguns problemas em relação a editores de texto visuais (WYSIWYG), que são usados por exemplo no Google Doc & Spreadsheets, e também existe algumas incompatibilidades com aplicações Web 2.0, AJAX.. como por exemplo o novo Yahoo! Mail. Não sei se esse primeiro iPhone compensaria em consequência destes imprevistos(?), sem poder utilizar as novas aplicações que a web estão nos propondo. Mas também, até 2009 (um chute), muita coisa vai rolar.

  4. Olá Renato

    Quando escrevi que está faltando a câmera, foi por ironia mesmo. A câmera que ele tem é muito fraca e é sem dúvida o recurso mais limitado do aparelho.

    Quem sabe numa versão com mais memória eles entreguem uma câmera a altura das expectativas né?

    Abraço.

  5. Muito bom o review, e concordo em partes com o que o Renato escreveu sobre o preço do aparelho, acho alto, 499 e 599 dolares, mas n da pra considerar o valor do contrato, uma vez que ele é pago por serviços concedidos, e 59 dolares em serviços concedidos mensais entre 450 minutos de chamadas, sms, navegaçao ilimitada é um valor baixo e que a maioria dos americanos na faixa dos que comprar o Iphone gastam, poucos comprarao sem ter esse perfil de gasto mensal.

    Agora o valor 499 e 599 mesmo pro iPhone eh alto.

    Fizeram esses preços baseados no Marketing pq sabiam que de qualquer forma iria vender, como de fato esta vendendo, logo estrategia correta, passado o boom dos fanaticos, ele deve baixar de preço para atingir os nao fanativos porem endinheirados que querem todo o status que o iphone proporciona acima de tudo.

  6. Alguns detalhes: o iPhone tem câmera sim. Só que os reviews dizem que é bem limitada e que a qualidade das imagens é ruim. O espaço para armazenamento é realmente ridículo. Sobre o zoom, não sei se tocar duas vezes é uma alternativa, mas o que a Apple não cansou de propagandear, e com muita razão, foi o fato de que a tela é multitouch, reconhecendo mais de um toque por vez. Para o zoom, o que eles recomendam é que você toque com dois dedos na tela e os afaste para ampliar ou aproxime para reduzir. Daí, para ver os detalhes, é só fazer como você descreveu e arrastar a janela com um toque. E pra terminar, tenho a impressão de que pagar entre US$ 2000,00 e US$ 3000,00 (preço final, incluindo os dois anos de contrato com a AT&T) por um gadget é demais, por melhor que ele seja. Isso sem falar que pelos reviews o serviço da AT&T é um dos piores dos EUA. Como, além de tudo, o iPhone não vai funcionar no Brasil tão cedo, vale mais esperar um iPod de verdade com todas estas características legais de interface, espaço de armazenamento adequado e preço decente (também pelos reviews e sites especializados, o lançamento está previsto para setembro deste ano).

  7. Achei perfeita o seu review sobre o aparelho. Eu só tenho um parenteses a colocar, é que o problema de espaço(no máximo de 8Gb) não foi culpa da Apple, pois na época os SSD(a melhor escolha de HD para devices) eram de 8Gb. Para confirmar isso, a Samsung (que também é uma das fornecedoras de SSD para ipod e iphone) lançou o de SSD 64 GB. Provavelmente eles deverão atualizar o iphone para o mercado mercado Asiático, pois o preço já estará mais em conta. Um abraço.

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