Hoje cada vez mais se fala em gestão por processos e gestão por projetos. Mas e a qualidade dos processos de desenvolvimento de sistemas? Essa é uma pergunta que pode e deve encontrar resposta em sua empresa.
Quantos vezes encontramos sistemas onde só o programador sabe mexer? Este sistema, se o programador abandonar o projeto, vai ficar parado um bom tempo ou até mesmo morrer.
Isso acontece por falta de controle nos processos e pela cultura que temos de avaliar processos pelo resultado final e não pelas etapas. É a cultura do lucro, onde o que importa é se ?deu lucro?.
Temos outros hábitos prejudiciais, como não comentar códigos no ato do desenvolvimento, não modelar antes de desenvolver e deixar o levantamento de requisitos para ser realizado pelo próprio programador.
Uma das formas de ter qualidade é seguir os velhos e conhecidos passos da metodologia de desenvolvimento de sistemas. Outra forma é saber, como, porque, quando e onde estão os melhores e os piores resultados do projeto com visão processual. Aqui começamos a gerenciar a qualidade.
Usando a analogia, é o caso da famosa tática de “Dividir para conquistar”. Mostra bem o que é a gestão por processos – ver como cada parte de seu processo ou partes dele afetam os seus resultados.
Qualidade em termos de sistemas pode ser definida basicamente como ?quando o sistema satisfaz os requisitos?. Então para termos qualidade, temos que analisar os requisitos e termos sua modelagem muito bem definida.
Os benefícios de ter um sistema desenvolvido com qualidade são redução de custo, aumento da satisfação dos clientes internos e externos, redução do retrabalho, redução dos riscos negativos e outros particulares a cada sistema.
Outra coisa comum no desenvolvimento de sistemas é o de dar ao sistema funcionalidades extras não levantadas nos requisitos iniciais. Essa prática não é recomendada, pois pode gerar confusões e problemas. Alguns analistas e programadores gostam de agir como ?Mãe Diná?, imaginando ou prevendo aquilo que o cliente desejaria no sistema. Essa preocupação é louvável e altamente produtiva no desenvolvimento de produtos ou sistemas, mas não no cumprimento de requisitos, onde essa parte já foi exaustivamente realizada.
Uma forma de gerenciar a qualidade é usar métodos, metodologias ou passos de qualidade de grandes nomes nesta área, como W. Edwards Deming, Joseph Juran e Philip Crosb.
Particularmente, gosto muito das idéias de Deming, que foram baseadas nas técnicas japonesas na década de 1950. Deming estabeleceu alguns pontos conhecidos como princípio de Deming, representando fundamentos para alcance da qualidade.
- 1. Criação de constância de propósitos na melhoria contínua de produtos ou serviços;
- 2. Adoção da nova filosofia;
- 3. Não dependência da inspeção em massa;
- 4. Cessão da prática de avaliar transações apenas com base no preço;
- 5. Melhora continua do sistema de produção e serviços;
- 6. Instituição do treinamento profissional do pessoal;
- 7. Instituição da liderança;
- 8. Eliminação do medo;
- 9. Romper a barreira entre os departamentos (Visão por processos)1;
- 10. Eliminação de slogans e exortações para o pessoal;
- 11. Eliminação das quotas numéricas;
- 12. Remoção das barreiras ao orgulho do trabalho bem realizado;
- 13. Instituição um vigoroso programa de educação e reciclagens nos novos métodos;
- 14. Planos de ação: agir no sentido de concretização e transformação desejada.
Os militares conhecem a frase ?A tropa é o espelho do comandante?, que traz muito da realidade. De acordo com o grande autor Joseph Juran, os problemas da qualidade são causadas em sua maioria pelos seus dirigentes e não por seus funcionários. Juran também desenhou a qualidade como fator resultante de planejamento, controle e melhoria.
Existem vários métodos ou metodologias que se baseiam na trilogia planejamento, controle e melhoria, como por exemplo a Kaizen, que significa Kai (alterar) e Zen (fazer melhor ou aprimorar).
Incluir a gerência da qualidade no fluxo de desenvolvimento dos sistemas pode gerar a melhoria dos processos e do sistema. Basicamente, podem ser seguidos os seguintes passos (que cada empresa pode e deve adaptar à sua realidade):
Planejar o Sistema ?> Planejar a qualidade ?> Aprovar o plano ?> Executar o desenvolvimento ?> Avaliar a qualidade.
Aqui entram as melhorias da qualidade, as ações corretivas, o registro das ações corretivas e seus resultados práticos no sistema e a atualização do plano.
Aqui acontece o feed back: controle integrado de mudanças e retorno à execução do desenvolvimento.
Existem algumas técnicas e ferramentas que também podem ajudar muito na gerência da qualidade do projeto:
- Analise de custo e benefício. O equilíbrio entre custos e benefícios é importante para mitigar quais pontos devem ser controlados e quais, devido ao custo alto e baixo benefício, devem ser deixados de lado.
- Benchmarking. Comparação do sistema atual a outros projetos da organização ou externos a ela, para verificar as melhores práticas, ajudando a fornecer padrões de comportamento, estatísticas, criação de idéias e etc.
- Ferramentas adicionais. Algumas outras técnicas que podem ajudar, como brainstorming, diagramas de afinidades, análise de campo de força, diagramas de matriz, fluxogramas e matrizes de priorização.
Conclusão: tente
No calor dos prazos e dos custos, muitas vezes deixamos de lado as técnicas, metodologias e práticas de desenvolvimento de sistemas e tudo isso afeta a qualidade do sistema desenvolvido. Podem acreditar que só o fato de sua empresa incluir nos processos de desenvolvimento o gerenciamento da qualidade, mesmo que de forma experimental, isso vai gerar resultados muito positivos no sistema e na ambiente de trabalho. [Webinsider]
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1 ? Visão por processos: já existia na época a preocupação da visão processual nos negócios.
Ricardo Veríssimo
Ricardo Veríssimo (ricardo@rverissimo.com.br), é escritor, palestrante e presidente da RVeríssimo Suporte e Tecnologia. Membro do Conselho de Jovens Empresários da Firjan e da rede de empreendimentos Iniciativa Jovem. Autor do livro "20 Regras de Sucesso do Pequeno Empreendedor".
6 respostas
Muito bom o artigo, quem ganha com a gestão da qualidade não é só o cliente, mas também o ambiente de trabalho, conforme citado.
Parabéns pelo artigo!
Olá, sou um jovem de 26 anos e tenho desenvolvido sozinho com meus esforços há bastante tempo um portal de serviços de internet.
Hoje esse portal está funcionando praticamente tudo e como estou no período de férias fiz um vídeo sobre afim de encontrar futuros investidores.
Peço com gentileza que avaliem meu trabalho e aceito críticas ou sugestões.
Abaixo disponibilizo o link para acesso ao vídeo de apresentação. Fico muito grato por assistirem ao vídeo com som até o final e por receber feedbacks.
Grato!
http://204.3.157.131/OLOCAL/index.php
Ricardo, quero lhe parabenizar pelo seu artigo que de forma ampla define com total eficacia o item em questão.
O sistema de gerenciamento da qualidade deve ser implementado com políticas de procedimentos dos processos de planejamento da qualidade que implica na identificação dos padrões de qualidade, realizar a garantia da qualidade de modo que a aplicação das regras estipuladas no planejamento sejam empregadas em todos os processos e controle da qualidade ou seja um monitoramento de resultados específicos verificando e identificando as causas de desempenhos insatisfatórios e com atividades de melhoria contínua de processos conduzidos do início ao fim.
É importante salientar as métricas de qualidade que é uma definição operacional sobre o que é alguma coisa e como ela é medida pelo processo de qualidade, algumas métricas podem incluir densidade de defeitos, taxa de falhas, disponibilidade, confiabilidade e cobertura de testes.
Segundo Pareto 80% de todos os erros encontrados podem ser relacionados a 20% de todos os componentes do programa, as principais caracteristicas que indicam a testabilidade de um software são:
Operabilidade
Observabilidade
Controlabilidade
Descomponibilidade
Simplicidade
Estabilidade
Compreensibilidade
Os principais atributos para um bom teste de software é que não deve ser muito simples nem muito complexo, de acordo com Einsten Tudo é simples.
Os principais métodos para testes de software são os testes de caixa branca e os testes de caixa preta. não podemos esquecer também dos testes de ambientes, arquiteturas e aplicações especializadas. É válido dizer que existem diversas estratégias de testes para garantir a qualidade podemos citar as estratégias alfa e beta, testes de sistemas, testes de recuperação, testes de segurança, testes de estresse, testes de desempenho,
Além dos testes, existem outras ferramentas e técnicas como Diagramas de causa e efeito, gráficos de controle, elaboração de fluxogramas, histogramas, diagramas de Pareto, Gráficos de Execução, diagrams de dispersão, amostragem estatística, inspeção e a revisão de reparos de defeitos.
Enfim o gerenciamento de qualidade no desenvolvimento de sistemas é algo sistêmico e que imbrica em ferramentas e métodos adicionais para uma gestão eficaz.
Pois é, gestão por projetos traz um choque porque a primeira coisa que você faz, antes mesmo do termo de abertura é identificar os responsáveis. Ser mais um de uma equipe de projeto é uma coisa, todos cuidam do mesmo cachorro e se ele morrer de fome ninguém é culpado, a responsabilidade está diluída, todavia, ser o gerente do projeto, ou o responsável pela definição do escopo ou qualquer outra função é bem diferente.
O que posso garantir a respeito da implementação da gestão por projetos é que ela funciona como o Morpheus (The Matrix), ela só te promete a verdade, ficam todos nus na sala e sem tapete para varrer as falhas para baixo.
A experiência é dolorosa pois os primeiros resultados são sempre negativos, você só vê que precisa melhorar, e muito, e se pergunta como sobrevivemos deste jeito até hoje?.
Por isso é bom alertar seu chefe, caso ele esteja se interessando por projetos para o fato de que gerenciar projetos não é a solução em si, mas sim o caminho, o que vai deixar as coisas claras e apontar alternativas.
Ricardo, parabéns pelo artigo.
Sempre fico pensando sobre o por que nós, desenvolvedores de sistemas, pensamos que nossa atividade requer métodos exclusivos de gestão.
Foi um choque quando resolveram inserir o gerenciamento de projetos em nossa área. O mesmo tipo de gerenciamento que os engenheiros ou produtores de filmes fazem. Muitas pessoas ficaram indignadas!
Minha esposa já foi auditora de qualidade em uma grande empresa de mineração e não consegue entender o motivo de não sermos gerenciados com seriedade, utilizando os princípios da Qualidade Total (termo até tido como pejorativo). Como somos o povo do improviso, também somos o povo do retrabalho e dos prazos vencidos.
Precisamos entender que o controle por metodologias não elimina a criatividade, mas possibilita dar forma concreta a ela.