Um conhecido, vendedor de uma das lojas mais conceituadas de áudio e vídeo do Rio de Janeiro, me diz com certo orgulho que as vendas de televisores em “Full HD” (leia-se 1080p) têm aumentado de forma significativa. Transformaram-se em “um item de grande venda”.
E aí eu pergunto se ele tem idéia do destino de uso de um equipamento desses. Claro que ele não sabia, mas evidente que para ter uma idéia mais elaborada a loja precisaria fazer uma tomada de opinião nos consumidores.
A pergunta tem razão de ser. Atualmente, até onde sei, somente discos Blu-ray são capazes de entregar sinais de 1080p nativos para uma TV desta classe. Isso, sem falar que HDTV é um projeto de futuro meio incerto, apesar dos fabricantes estarem colocando “stickers” em alguns modelos, alegando que eles estão preparados para a TV digital brasileira. Estão mesmo? Mas é com DRM ou sem DRM? Ninguém sabe.
As fontes da desinformação
A maioria das pessoas que se interessam por obter alguma informação técnica o fazem junto a lojas ou principalmente junto aos telefones de atendimento ao consumidor, disponibilizados pelos fabricantes.
No caso de áudio e vídeo, não é incomum ligar para telefones deste tipo, esbarrar logo de cara numa pessoa totalmente desinformada, às vezes até mesmo do conteúdo dos manuais. E quando o nosso telefonema é passado adiante, digamos ao setor de engenharia da empresa, dependendo da profundidade técnica da dúvida, ela vai ficar sem resposta.
E este problema é diretamente proporcional ao grau de cultura específica de quem liga e da respectiva falta de preparo ou atualização de quem atende.
Talvez o cerne da questão esteja no fato singular de que o Brasil raramente produz tecnologia própria. Em tempos remotos, empresas, como por exemplo a Philips do Brasil, mantinham laboratórios de pesquisa, nem que fosse para adaptar produtos para uso no país, como aconteceu na época em que o Brasil implementou a televisão em cores no sistema PAL-M.
Não sendo capazes de desenvolver produto para depois produzir, as fábricas se limitam a montar ou importar, dependendo do momento. E como a internet está aí mesmo, para divulgar informação em tempo recorde, é bastante possível que o usuário final que faz do home vídeo um hobby, tenha muito mais conhecimento do produto do que o setor de engenharia da empresa que o vende por aqui.
Exagero ou desperdício
Até que ponto o consumidor tem necessidade de uma televisão com capacidade para reproduzir 1080p nativos? Sob o ponto de vista da tecnologia, é possível perdoar a quem “peca por excesso”, mas não seria bem mais interessante saber o que se está comprando, antes de gastar o dinheiro em produtos que não vão servir para coisa alguma?
A não ser que o consumidor ache que é preciso ter alta definição para assistir ao sinal enganoso das transmissões anunciadas como “digitais”, pelas empresas de TV a cabo ou satélite.
É interessante notar, por outro lado, que o hobbyista de plantão, categoria na qual eu às vezes me incluo, torce para que os formatos que ele adota sejam também adotados pela massa. E isso se explica pela necessidade que o usuário tem de se sentir seguro, de que o formato não vá desaparecer, da noite para o dia, ou vá ser relegado a segundo ou terceiro planos, como bons formatos o foram no passado.
Até conheço pessoas que não se importam se um dado formato vai desaparecer amanhã, mas eu pessoalmente não acho a menor graça jogar coleções de algum formato fora, por falta de apoio de quem provê conteúdo. [Webinsider]
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Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.
13 respostas
Olá, Leandro,
Se por WDTV você se refere ao Media Player da Western Digital, eu nunca vi, mas eu tenho um amigo que tem um e gosta muito.
A propósito, algumas das TVs atuais já estão vindo com um media player embutido, inclusive para material de alta definição. E neste caso, você tem que ligar um dispositivo de memória por fora, geralmente por USB.
Caro Paulo, gostaria de saber se o Sr. tem
conhecimento da tecnologia WDTV? Estou atualmente
utilizando o aparelho, onde ele repreduz 1080p, acho uma boa opção para reprodução em fullhd.
Parabéns pelo artigo !!!
Oi, Nilson,
Embora as atualizações dos leitores de Blu-Ray possam ter alguma pequena diferença entre elas, existem certas regras que devem ser seguidas à risca:
Em primeiro lugar, deve-se verificar a integridade do arquivo, depois do download feito. Geralmente, o tamanho do arquivo é um indicativo de que tudo deu certo.
Depois, é preciso colocar o arquivo na raiz de um CD-R/RW (tanto faz), queimando a mídia segundo a orientação da fábrica. Se esta orientação não estiver contida nas instruções, deve-se fazer um CD-R com mode 2/XA e iso 9660.
Depois de queimar a mídia deve-se testar a superfície, mesmo que o programa de queima ateste ter verificado a gravação. Pode-se usar um programa do tipo Nero Disc Speed ou equivalente.
E finalmente, caso você possua uma UPS (no-break), não custa nada usá-la, para evitar que a luz acabe no meio da atualização.
Sobre o seu aparelho, eu aconselho o acesso à seguinte página:
http://www.blu-ray.com/firmware/firmware.php?id=29
a/c
paulo
estou lendo seus artigos sobre blu-ray
tenho um dvd blu-ray pioneer modelo 51
lembra uma boa ideia mais não consigo
atualizar o firmware faço tudo certo
ele não responde atualização
onde esta o erro
abs
nilson
Oi, Sergio!
Eu tenho uma sala de tamanho um pouco maior do que a sua, uso um display LCD de 52 sem, até agora, nenhum problema. E conheço gente que usava projetor, em salas bem menores, com telas de cerca de 100.
Existe uma regra circulando por aí faz tempos, que fala da relação de distância do espectador versus tamanho da tela. Acontece que nas telas feitas com tubo de imagem (CRT) existia um risco de se enxergar as linhas de varredura, dependendo do tamanho da tela e da distância da mesma.
Com as atuais telas em HDTV ou próximas dela, esta regra não se aplica de forma tão literal assim. Por isso, se fala numa relação 1.5 entre o tamanho da tela e a distância mínima para se ver a mesma.
No meu entendimento, acho que você deve levar em conta o seu campo visual, antes de mais nada, caso a aplicação seja mesmo em HDTV, e escolha o tamanho de tela que melhor lhe agrada. Leve em consideração que dentro da tela 16:9 existe material exibido em 4:3. Telas muito pequenas tendem a tornar esta exibição insuportavelmente pequena.
Excelente discussão sobre a tecnologia. Estou comprando TV de plasma mas não encontro sites que definam realmente a tamanho da TV em relação ao tamanho da sala. Tenho sala de 11m2 e a distãncia da TV até o sofá é 2 metros.
Olá, Nilson!
Como dizem os yankees long time no see. Espero que você e sua família estejam bem.
Eu também tenho boas memórias da Gramophone, mas me perdi de quase todo mundo. A última notícia que eu recebi a este respeito é que pelo menos parte dessa turma se encontra aos sábados na Modern Sound, mas eu nunca mais fui lá para conferir isso.
Um abraço do
Paulo Roberto Elias.
PAULO
O TEMPO PASSA MAIS O GOSTO POR AUDIO E VIDEO
HOJE É DE CONHECIMENTO. TODOS OS DIAS TEM NOVIDADE
QUE SAUDADE DA GRAMOPHONE COMO ERA DIFICIL COMPRAR
CD. TODOS OS DIAS A TURMA IA LA PARA SABER DAS NOVIDADES.
ABÇO
NILSON
COMPREI UMA TELEVISÃO DE ALTA TECNOLOGIA FULL HD 1080P , SEI QUE A TRANSMISSÃO COM O SISTEMA HDTV TALVEZ NÃO ATINGA O MÁXIMO DE MINHA TELEVISÃO , MESMO ASSIM ESTOU PREPARADO PARA O FUTURO. POR ENQUANTO VOU CURTINDO 1080P EM MEU VÍDEO GAME PS3 QUE TAMBÉM ME DÁ A OPÇÃO EM ASSISTIR FILMES EM BLU-RAY COM 1080P. ENTÃO RESUMINDO, COMPREI A TELEVISÃO COM ESTE OBJETIVO: JOGAR E VER FILMES. ÓTIMA OPÇÃO PARA QUEM QUER UNIR O ÚTIL AO AGRADÁVEL COM UM PREÇO BEM REDUZIDO. EM VEZ DE COMPRAR UM DVD COM A TECNOLOGIA BLU-RAY, QUE CUSTA EM TORNO DE R$ 3.990,00, POSSUO UM APARELHO PS3 COM O CUSTO DE R$1.990,00. DAÍ A CONCLUSÃO : UM INVESTIMENTO ALTO E AO MESMO TEMPO PRAZEROSO PARA QUEM QUER UMA TECNOLOGIA DE PONTA NO MERCADO BRASILEIRO. ATÉ CHEGAR TECNOLOGIA SUPERIOR, VAMOS ESPERAR UNS 20 ANOS NO MÍNIMO PARA PODER-MOS COMPRAR COM UM PREÇO ACCESSÍVEL NO MERCADO….
Boa colocação, isso me lembra certa vez de que comentei com um rapaz do meu trabalho que eu achava espetacular as imagens de jogos e filmes rodando no meu ps3 a 1080p numa tv full hd que eu adquiri recentemente.
Ele disse que tinha uma tv com 1080p também mas não gosta de video games e comprou a tv apenas para aproveitar o sinal digital da sky.
não era mais facil ter comprado uma tv hd normal então?
Excelente artigo!
A falta de informações sobre os produtos das linhas de áudio e vídeo é enorme e como você fala, nem mesmo os famosos SAC dos fabricantes dão alguma dica concreta.
Comprar então em grandes magazines é um desespero pois os vendedores além de mal preparados, embaralham tudo e encaixam funções ou usos que o equipamento não tem ou não faz.
No fim, restam alguns pouquíssimos sites no Brasil e diversos nos USA que dão dicas reais ao consumidor final, realmente ajudando-os a comprar o que precisam e não o que é ?do momento? ou o que o ?vendedor empurra?.
Parabéns, Paulo, pelo artigo e Rodrigo, seu comentário aplica-se também às tvs de alta-definição. Foram muitas as vezes que visitei lojas e enchi os olhos com aquelas imagens tendo ao meu lado várias outras pessoas na mesma situação. O que a grande maioria delas não viu era que os aparelhos ligados às tvs eram gravadores de video em alta-definição (que não são vendidos no Brasil) preparados apenas para demonstração. Quem compra fica refém do vendedor, que se souber e (quiser) lembrar, avisa o cliente de que as imagens da tv aberta e tv-à-cabo não vão ficar tão boas…
Excelente a colocação do autor, uma vez que em nosso mercado impera o desconhecimento.
Outro ponto que merece atenção é o mercado de equipamentos de áudio, onde parece haver uma disputa entre os fabricantes para ver quem ostenta a maior potência: 2000 watts aqui, 5000 alí. Potência esta totalmente irreal, uma vez que se trata daquele tal padrão P.M.P.O, que na prática não serve para nada. E o consumidor, e não raro o vendedor, em muitos casos, impressionam-se com estes números fantasiosos e acabam por decidir suas compras baseados neles, deixando de lado uma série de aspéctos técnicos muito mais importantes dos aparelhos que estão a adquirir.