Em meu artigo anterior expus a idéia das conversações e deixei algumas interrogações. Uma delas estava relacionada ao Facebook:
– Será que o News Feed do Facebook é uma poderosa conversação onde existem mercados a serem explorados?
Sim!
Em 5 de setembro de 2006 Ruchi Sanghvi anunciava no Blog do Facebook aquilo que mudaria a história das redes sociais: o debute do News Feed e do Mini Feed:
Estas características não somente são diferentes de qualquer coisa que tínhamos anteriormente no Facebook, como são muito diferentes de qualquer coisa que você pode encontrar na web.
“These features are not only different from anything we?ve had on Facebook before, but they?re quite unlike anything you can find on the web.”
A inovação vem de uma idéia muito simples: mostrarmos o que acontece com as nossas relações, uma espécie de RSS de nosso mundo social.
Seria muito difícil explorar nossa rede de contatos (todos os nós com os quais estamos conectados) para conhecer todas as atividades dessa rede. O News Feed faz esse trabalho para nós. Agora já não precisamos procurar essa informação, ela aparece no nosso feed:
- João e Maria agora são amigos
- João entrou no grupo Bank allied gang (fighters club).
- Maria e Juliana agora são amigas
- Maria adicionou novas fotos de sua viagem pela Itália
- Etc.
Incrivelmente poderoso e simples.
Esta revolucionária funcionalidade foi implementada sem os devidos controles de privacidade; em conseqüência, toda a comunidade protestou contra a atitude e no dia seguinte – 6 de setembro – Mark Zukerberg pedia desculpas e corrigia os erros.
O volume de protestos serviu para perceber o potencial “perturbador” desta inovação. As inovações continuaram e quase um ano depois, no evento F8, foi lançado o programa para desenvolvedores e apresentada a nova API de Facebook, que permite a integração de aplicativos desenvolvidos por terceiros e isso foi? a loucura!
Naquele dia milhares de desenvolvedores viram o potencial de colocar seu aplicativo ou rede social nos feeds do Facebook e se apossaram do espaço. Agora os feeds diziam coisas como:
- João e Maria adicionaram o programa Flixster
- Maria adicionou um novo bookmark Brad?s Thoughts on the Social Graph em sua conta de Del.icio.us
- João está convidando você a jogar Vampires
- Etc.
Hoje, desde Twitter até Flickr utilizam esta poderosa combinação de API + News Feed para conectar suas redes a outras inúmeras redes mediante a ponte criada pelo Facebook.
Incrivelmente poderoso e simples.
No momento que redijo este artigo Facebook acaba de anunciar:
- Social Ads: anúncios que equivalem na sua inovação ao que os links patrocinados representaram para a busca,
- Facebook Page: Mashup + Landing pages onde podem aterrissar os anúncios de Social Ads. Como faróis nas praias das redes sociais,
- E um novo sistema de ranking para filtrar as coisas que nos interessam ter em nosso news feed
O News Feed do Facebook está mudando a forma em que participamos das redes sociais de uma maneira perturbadora (?disruptive innovations?), como o videoclipe mudou a forma como as estrelas pop se comunicavam com seu público, mudança anunciada na música de The Buggles Video Killed the Radio Star.
Claro que naquela época não existia a web. Depois a web trocaria o videoclipe pelo Myspace e a Last.fm, entre tantas outras redes sociais onde artistas como Artic Monkeys e My Chemical Romance saltaram à fama.
Se os mecanismos de busca virtualizam nosso desejo de fazer buscas e nos dão a certeza de que vamos encontrar, o News Feed de Facebook virtualiza nosso desejo de nos relacionarmos e nos dá certeza de conhecer as atividades de nossos contatos.
John Battelle em seu blog fez uma interessante descrição a respeito:
O PageRank se baseia em um gráfico: os vínculos que formam a web. O próximo grande avanço, muitos argumentam, se baseará no gráfico das redes sociais, os vínculos que existem entre todos nós. O Facebook se baseia claramente nesta idéia.
PageRank was based on a big graph: the links that make up the web. The next breakthrough, many argue, will be based on the social graph, the links between us all. Facebook is clearly based on this insight.
Incrivelmente poderoso e simples.
Estabelecer uma similitude entre a interface do News Feed com a de um cliente de e-mail é óbvio! Tão óbvio que Google e Yahoo! já viram o potencial e estão começando a falar de Inbox 2.0.
Outros estão se perguntando se vale a pena fazer um hotsite, quando podemos participar de uma conversação mais rica com nossos clientes. Mas esse é tema para um outro artigo.
Em seu dia a dia você deve estar vivendo o efeito News Feed em todas as redes que participa. Agora elas estão incluindo essas funcionalidades nos perfis de seus usuários.
O Facebook está revolucionando nossa virtualização social de uma forma que ninguém tinha feito até agora e gera importantes debates em nossa sociedade: a privacidade está em primeiro na lista de questionamentos aos quais Facebook está nos empurrando.
Conversações
- The Social Graph
- Thoughts on the Social Graph
- Facebook must respect privacy
- ?Inbox 2.0? – Email as social networking platform
- Disruptive technology
- In thinking about the future of collective intelligence
- Is Social Media Killing the Campaign Microsite?
Agradecimentos
Muito obrigado a Marina Sathler pela ajuda com meu portunhol. A versão em espanhol deste artigo está em meu blog (Facebook News Feed increíblemente poderoso y simple). [Webinsider]
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Pablo Ibarrolaza
<strong>Pablo Ibarrolaza</strong> (ibarrolaza@gmail.com). Diletante. se interessa pela antropologia, a arte e as redes. Trabalha com search engine marketing, é autor do <strong><a href="http://www.ibarrolaza.com.ar/antroponet/" rel="externo">Antroponet</a></strong>, em espanhol.
3 respostas
Disponibilidade associada à facilidade da informação nos perfis de usuários, torna-se então, um convite para explorar ainda mais e melhor os novos recursos do Facebook. Além do mais, prioriza a privacidade de seus membros permitindo-lhes moderar o conteúdo de suas próprias informações postadas estando acessíveis apenas as pessoas que fazem parte de suas redes inclusive a visualização do seu perfil. Em relação ao comentário acima tenho a dizer:
O uso que se faz de toda essa dinâmica é meramente colaborativa e interativa, ou seja, um modo diferente de se relacionar. Nem todos tem a intenção de fazer parte dessa Gigante simplesmente para matar suas curiosidades.
A informação é mesmo um incrível fenômeno social. Agora temos a Disseminação Seletiva de Fofoca.
Respondendo o amigo Cesar: chegará mais longe quem definitivamente abrir mão de ter domínio fechado sobre a plataforma. O truque não está em oferecer uma conta única com tudo, mas sim em ser capaz de agregar todas as contas de todos os serviços como se fosse única. Liberdade e flexibilidade são os valores que nenhum usuário vai abrir mão.
Saudações.
Leandro Cianconi
Sempre gosto de ver artigos como este que falam sobre as (até então) improváveis ferramentas da web. A web está cada vez mais infiltrada em nossa cultura e ferar feeds em redes sociais já tinha passado até da hora.
Não só gerar feeds, mas todas as nossas interconexões pessoais, profissionais e culturais vão receber nós de conexão, onde poderemos realmente VER os outros na web. Digo isso porque através de todas as informações que inserimos na web, poderemos receber informações dela que nem nós mesmos nos demos conta de que precisávamos ou queríamos aquilo. Desde que a Google foi lançada percebemos que o seu intuito era conectar todos os seus serviços numa conta única, para o usuário ter tudo o que precisa em um só painel. Pois é, o Facebook está fazendo isso. O Google também. Até a Microsoft também está nessa. Vamos ver quem chega mais longe.