Mundos Virtuais 3D, mico ou fonte de dinheiro?

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Imaginem um mundo virtual em terceira dimensão, onde você é representado por um boneco e pode interagir com os objetos. Imaginem ainda que esse boneco pode ter a forma que você quiser, representando não o seu físico, mas o seu interior mais desejado. Por último, imaginem um mundo fantasioso onde você pode construir empreendimentos das mais diversas formas, coisas que a engenharia civil jamais poderia fazer.

Parece o Second Life (SL)? Mas não é, falo aqui do seu precursor, o ActiveWorlds. Lembro como se fosse hoje, em meados de 1998, quando tive o primeiro contato com o pessoal da ActiveWorlds, um dos precursores dos Mundos Virtuais, a minha euforia sobre as possibilidades que ali se abriam. Um amigo era o representante oficial da empresa no Brasil, e entusiasmados discutíamos os negócios provenientes daquele mundo poligonal. Tudo se iniciou em uma das salas da PUC SP, onde tínhamos banda larga suficiente para o projeto.

Bom, ActiveWorlds não vingou na época. Era necessária banda larga, micros potentes com placas de vídeo, tempo para a curva de aprendizado na nova forma de interação. Capacidade de construção 3D.

A história que eu contei é verídica, e aproximadamente 10 anos após ela se repete, agora com o Second Life. Oras, é tão intuitivo e fácil de usar. As possibilidades são inúmeras, um espaço aberto para construir o que a imaginação mandasse. Mas onde estão os milionários brasileiros que esse novo mundo virtual prometia?

Passada a euforia midiática sobre a nova maravilha no mundo digital, o SL assentou e segue seu caminho de forma normal e esperada pela própria Linden. No último dia 30 de abril, o SL alcançou a marca de 13.4 milhões de residentes cadastrados, porém com um total de apenas 340.623 usuários logados durante o período de uma semana. Isso quer dizer que 2,5% dos usuários efetivamente entraram no SL no prazo de sete dias corridos.

O fato é que não existem pessoas suficientes nos mundos virtuais para pensarmos em marketing inworld. É por isso que inúmeras empresas no Brasil e no exterior gastaram uma quantia considerável no SL e pouco tempo após ocorreu um êxodo em massa para outras mídias, se é que podemos chamar os mundos virtuais de mídia. Nas palavras de Dave Elchoness, CEO da VRWorkplace, “não existe população suficiente para marketing no SL ou em qualquer outro mundo virtual”.

Mas não é o fim do mundo! Quando disse que o SL assentou, quis dizer que o amadurecimento do negócio está acontecendo. As corporações estão encontrando muitas alternativas para os mundos virtuais, como por exemplo a IBM, pioneira em pesquisas com seus funcionários. A principal possibilidade são reuniões e treinamentos entre equipes geograficamente separadas. Vemos isso acontecer também na Xerox.

Algumas empresas incentivam o trabalho virtual para empregados fisicamente distantes da sede, diminuindo assim o custo operacional do transporte. É o caso da Unilever, que possui uma ilha no SL para garantir a colaboração entre funcionários de suas filiais globais.

Bom, uma questão técnica paira no momento sobre as cabeças dos dirigentes de TI: o Second Life utiliza um modelo que não permite que as ilhas sejam hospedadas em servidores próprios das empresas. O primeiro caso foi a IBM, a qual apenas recentemente conseguiu colocar o SL atrás do seu firewall corporativo. Essa é uma questão prioritária, pois informações sigilosas trafegam entre os funcionários e por isso um local público não é nada convidativo. Algumas empresas começam a buscar novas possibilidades, mundos virtuais 3D como a Unisfair, Forterra, Qwaq e Multiverse.

Ainda nesse quesito, podemos pensar na qualidade gráfica. Muitos dizem que é feio, quadrado e sem vida. Pergunto: é necessário que os gráficos sejam tão perfeitos como um filme de cinema? É esse o propósito? Não sei. Vejo hoje os mundos virtuais como um ambiente de colaboração entre as pessoas, facilitando a sua interatividade além das palavras de uma tela de computador. Fator de interação homem-máquina. Usabilidade.

Está previsto para 2012 pelo Parks Associates o investimento de 150 milhões de dólares em mundos virtuais pelas empresas.

Finalizo esse artigo lembrando o meu texto sobre inovação e simplicidade no iPhone, em janeiro de 2007. A facilidade de uso é a principal arma que uma empresa tem para atrair as pessoas. Clicar com o mouse não é tão simples como parece, porém tocar com o dedo ou simplesmente girar um aparelho para tombar uma foto é!

Os mundos virtuais podem gerar inúmeros projetos para facilitar a vida das pessoas, não necessariamente com publicidade ou mídia, mas como serviço corporativo, e-learning e muito mais. Pensem nisso e vislumbrem as oportunidades 3D para ganhar dinheiro. Afinal, quem não quer uma fatia dos US$ 150 milhões? [Webinsider]

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Avatar de Guilherme Tsubota

<strong>Guilherme Tsubota</strong> (fala@guilher.me) é consultor mobile do iG, autor do blog <strong><a href="http://www.guilher.me" rel="externo">Guilherme Tsubota</a></strong> e diretor da <strong><a href="http://www.8dgames.com.br/" rel="externo">8D Games</a></strong>.

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11 respostas

  1. Olá
    eu acho que estes mundos virtuais só cooperam para uma geração de jovens acreditando saber de tudo e se deparam com o terrível mundo REAL em que vivemos hoje. Os mundos virtuais encantam dos mais novos até os coroas.
    Lá -como você mesmo citou-, você pode ser o que quiser, se quiser parecer por fora ou então o que queria ser por dentro. Fazer tudo o que sempre sonhou, ser você mesmo ou então alguém totalmente diferente do que você é na vida real, se aproveitando de um avatar, ou personagem de jogo.
    Os mundos virtuais, enquanto colecionam fãs no mundo inteiro, arrecadam muito dinheiro para seus criadores, e etc.
    Os mundos virtuais também podem ser vistos como uma maneira de você se libertar da vida real, com joguinhos onde se ganha dinheiro sem precisar um esforço enorme. Mas, os jovens sempre preferem jogos cada vez mais parecidos com o mundo real, como uma forma de aprendizagem, para saber como cuidar de uma vida.
    É então aí que reinam os tão famosos:
    – Habbo
    – Second Life
    – The Sims
    – Entre outros…
    Mas, também um portal para se formarem jovens e novos PRECONCEITUOSOS:
    Devido ao comportamento dos usuários, mais ricos ( que possuem mais dinheiro ou são assinantes ) e também em debates, em que o xingamento e a linguagem de baixo calão se mostram usadas de maneira tão simples e fácil.
    E os MODs ( moderadores ) apenas criam filtros, para palavras mais pesadas como PUT4 E CÜ. Assim, desta maneira os jovens escrevem e escapam dos filtros, vivendo à solta, sem se preocupar, pensando que a vida também é assim.
    E os donos? Eles não estão nem aí, desde que enriqueçam, não se importam.
    Ah não ser por denúncias talvez até falsas e com final feliz, apenas para convencer os pais mais conservadores.
    Sim, o modo que detalho estes acontecimentos é sim, muito pessoal.
    Pois sou apenas uma garota de 12 anos e que conhece tudo, tudo mesmo sobre jogos que nos iludem. Alguns me chamam de noob, ou cdf.
    Mas, o que importa é descrever minha opinião.
    Espero ter sido clara e minha descrição não cansativa.
    Obrigada, muito obrigada por ler até este ponto.
    A opinião nossa é única, porém, simples.
    Mundos Virtuais? Sim, eu jogo!!!
    Mas, dou graças a Deus por meu discernimento concedido por Ele.
    Bom, no mais, Fico por aqui.
    Que Deus abençoe todos grandemente e que estes mundos virtuais sejam apenas jogos, mas saber ao certo, só Deus sabe!!!
    Amém!
    Bjo grande!!!

  2. Artigo super maneiro.. só não concordo em relação ao gráfico, eu acho que um gráfico perfeito ou próximo a isso seria muito convidativo! pense na relação entre playstation 1 e ps 3.
    muitas pessoas se encantam quando veem uma coisa muito próxima da realidade. O iphone mesmo por exemplo, muito útil, fácil de usar como vc mesmo descreveu e sem falar no gráfico, esse telefone é perfeito rsrsrs!

    Claro que ainda seria muito difícil investir em gráfico agora, muitas pessoas ainda não tem acesso a máquinas para esse porte. Mas taí, uma esperança para o futuro. Grande abraço!

  3. Muito legal a participação do pessoal. Agradeço aos emails enviados diretamente, também.

    Tiago e Sérgio, realmente menos é mais. Aliás, sou adepto do kiss (keep it simple, stupid). Claro que modelar uma faculdade, um prédio inteiro tradicional, com salas de aula, lousa, cadeiras e etc não vale a pena. Mas imagine um espaço para um professor de Engenharia de Produção simular o funcionamento das esteiras de uma fábrica, para ensinar logística? Ele poderia desenvolver um HUD para, facilmente, trocar os valores das fórmulas e assim mudar o comportamento das esteiras, por exemplo.

    Marcelo, Alceu e Adriano, vocês tem toda razão quanto à questão gráfica. Mas enquanto não temos as possibilidades técnicas para um ambiente 3D imersivo total, podemos utilizá-lo para propósitos técnicos, como por exemplo treinamento de equipes. Em alguns casos a capacidade gráfica não é o fundamental, mas sim a aplicação das leis da física. Obviamente acredito que no futuro tanto a banda de internet quanto a capacidade de processamento gráfico dos computadores irá suprir nossas necessidades.

    Michel, você pegou o espírito da coisa! Estamos no início de muita inovação que está por vir.

    Jean, bons pontos a ponderar. Com certeza existem os empreendedores brasileiros que tiram sua renda do SL, o que é muito bom. Não sei quanto dessa renda é fruto do mercado brasileiro interno. Sei de muitos casos de venda de inventário para usuários não-brasileiros, onde a compra/venda de itens é muito maior. Mas é assim que as coisas devem ser, aos poucos a participação aumenta.

    Boa sorte a todos!

  4. Olá amigos,

    na verdade concordo com o Guilherme e complemento. Os mundos virtuais 3D são realmente o futuro da navegação WEB. Talvez não sejam a única tendência, porém, será uma das mais concorridas vias de acesso a web (3, 4 ou 5.0, sei lá quantos .0´s ainda teremos até isso).

    Existem muitos metaversos viáveis atualmente e considero o Second Life o mais interessante, por ser menos proprietário que os outros (tem mais colaboratividade e permite uma maior liberdade de desenvolvimento, tanto 3D quanto em programação).

    Além disso, existem os OPEN SIMULATORS, um projeto fantástico, que usa a plataforma do SL para que você crie o seu próprio servidor. Ou seja, crie sua própria rede 3D. Para mais informações: opensimulator.org

    Não precisamos esperar esses 150 milhões de dólares em 2012 para experimentar as possibilidades reais dos mundos virtuais. Podemos fazer coisas hoje!

    Minha experiência é com o Second Life, onde conheço, não milionários brasileiros, mas empreendedores bem sucedidos, que dedicaram tempo e dinheiro no desenvolvimento de negócios, que envolvem o sistema, seja comercialização de recursos internos como objetos, roupas, casas, terrenos, ou ainda, no investimento publicitário.

    Esses caras mais sérios têm hoje em dia uma boa retirada mensal (variável entre R$2.000 e R$10.000), mas no boom faturaram muito mais. Valeu a pena cada centavo e cada minuto investidos.

    Porém existe um fator determinante para isso, seriedade, planejamento e persistência. Para 99% dos usuários de SL no Brasil, o sistema não é interessante comercialmente ou não passa de uma diversão.

    Mas este 1% é formado por caras muito satisfeitos. A economia atual em movimento no sistema, equivale a US$19 milhões/mês. Isso sem considerar o que se movimenta fora do sistema.

    Esse pessoal bem sucedido não está no Second Life para brincar de casinha. São pioneiros, não apenas no SL, mas de uma nova Web, seja qualfor o deu grau em números a esquerda do ponto e do zero. 🙂

    Acompanhem mais notícias e estatísticas sobre o Second Life em meu blog http://www.mundolinden.com que atualmente é o maior em língua portuguesa, onde todos os meses faço análises conjunturais, sociais e econômicas, com base nos dados oficiais da Linden Lab (empresa dona do SL). As atuais foram postadas esta semana e ainda podem ser lidas na Home Page.

    Grande abraço!

  5. eu acredito que o mundo 3D deve se deselvolver mais quando for possivel interagir mais e com mais qualidade, oculos 3D, luvas 3D essas coisas de filme que a gente sabe que já existe e nao está tão acessivel assim ou não tao explorado. Hoje já ouvimos falar em cirurgias a distancia… fica a imaginacao daqui para a frente

  6. Para a publicidade, concerteza é uma questão a pensar, futuramente pode render e muito a propaganda viu mundo virtual, tanto quanto no mundo real, mas para isso a tecnologia tem que ser muito aperfeiçoada ainda e como disse nosso amigo aí em cima, os hardwares dos internautas também tem que acompanhar esse desenvolvimento.

  7. Concordo com o Marcelo… As restrições impostas para o desenvolvimento no ambiente do SL o deixam com um visual 3D ultrapassado em relação à experiência 3D proporcionada pelos jogos atuais.

    Quem é usuário de jogos MMORPG em 3D, como o Lineage 2 ou o World of Warcraft, não tem motivação para permanecer no SL.

  8. Tire o 3D desses ambientes e eles viram internet.
    A qualidade gráfica precisa melhorar mas o hardware da galera tem que acompanhar. Acho que o cloud computing e o grid poderão resolver isso. Mas tem que melhorar.
    Acho que um ambiente 3D sem qualidade gráfica perde o seu propósito.

  9. Olá!

    Uma cara que é entusiasta do second live em educação (até com livro publicado) é o Prof. De Mattar (http://blog.joaomattar.com/13/).

    Pessoalmente acredito no menos é mais… uma siimulação de um fenômeno seria o máxio de 3d que eu usaria em educação.

    Absolutamente desnecessário simular uma segunda vida para se ensinar! Pode-se fazer mais e melhor na primeira vida 🙂

    Mas, eu mantenho a mente aberta!

  10. Realmente ainda existe vida para o SL, pelo menos em algumas empresas que conseguiram utilizar de alguma forma o SL para benefícios próprios (IBM, como citou)

    Aqui no Brasil foi um boom, mas depois tudo se parou, eu particulamente só usei um dia e desgostei.

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