Situação comum: ao mesmo tempo em que você recebe um e-mail pela enésima vez reiterando a urgência de um projeto, o telefone toca e enquanto abaixa o volume da rádio online, minimiza as janelas dos aplicativos abertos e deixa seu editor de texto à frente caso precise anotar algo que seja conversado no telefonema, você pensa “preciso ler aquela crítica que deixei nos meus favoritos”, pois gosta de assistir seus filmes munido de várias opiniões. E olha que nem citei o MSN…
Pois bem: parando para pensar, como lidar com essa carga de informação sem enlouquecer ou deixar algo de lado? Fica a sensação que nem tudo cabe nas suas 24 horas de cada dia ou mesmo dentro de seu cérebro, para que ele seja capaz de processar tamanho volume de dados.
Mesmo com o aparente excesso, o que se observa é que as pessoas não querem abrir mão de tanta informação, pois perceberam que isso dá a elas algo que não é nem um pouco descartável: senso crítico, discernimento e socialização. O que se deseja é mais facilidade e simplicidade no acesso à informação.
E simplificar tampouco significa produzir experiências simplórias ou pensar em Homer Simpson (onde o seriado, a despeito do personagem, é sofisticado em sua simplicidade): significa dar às pessoas a oportunidade de gastar suas massas cinzentas no que interessa, ou seja, com o teor da informação, e não em como ter acesso a ela.
Quer coisa mais irritante do que procurar algo e não achar, seja objeto, site ou interface? Essa sensação de perda de tempo é cada vez menos tolerada, e não exatamente porque temos mais pressa, mas porque temos cada vez mais dispositivos para utilizar. É preferível abrir mão de algo que não entregue o desejado do que insistir sem certeza de êxito.
Google, iPhone, last.fm, Twitter, WordPress ? para ficar apenas em alguns exemplos ? corroboram com o pensamento deste artigo; são ferramentas que nos fazem esquecer do processo para focar na realização: a complexidade não precisa estar em como a ferramenta se apresenta, mas no que ela é capaz de produzir a partir de nossa intenção e ? por que não? ? imaginação.
Para qualquer aparelho, objeto ou peça gráfica, online ou offline, físico ou virtual, o que se deseja é uma comunicação eficiente e que permita ser desfrutada sem sobressaltos, seja verbal, não-verbal, estática, tridimensional, tátil, auditiva etc. E antes que se faça a pergunta, finalizo com esta: e não é para isso que o design existe? [Webinsider]
.
Fabio Camargo
<strong>Fabio Camargo</strong> (fc@rpressdesign.com.br) é designer gráfico, sócio-diretor de criação da <strong><a href="http://www.rpressdesign.com.br" rel="externo">RPress Design</a></strong>.
Uma resposta
Fábio :
Excelente e instigante seu artigo.
Mesmo com todas essas pequenas tarefas concomitantes incomodando um pouco, sinto falta de tudo isso quando estou fora da rede.
São vício e fascínio coletivos.
O ritmo com que as coisas à nossa volta avançam
agora é espantoso. Há 20 anos, não havia internet
nem celular, e o ritmo de vida era muito diferente. Mas estavam todos adaptados. Imaginem nos anos 40 ou 20 passados.
A adaptação necessária ao ser humano pensante de lá para cá foi impressionante. E o ritmo aumenta a cada semana.
Para onde vamos ? os processos estão sempre sendo recriados e readaptados.
De uma hora para outra o Google lança um browser que promete ser um sistema operacional e, quem sabe, vir a desbancar o Windows. Pasmem.
Isso importa ? Não, se ajudar em meus objetivos e facilitar minha vida cada dia mais atribulada.
Não é fascinante esse mundo novo ?