Que gosto tem o bolo publicitário?

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Em todo evento ou artigo no Brasil que fala de publicidade na internet existe um enorme chororô em função da irrelevância dos 3,2% do bolo publicitário brasileiro (fonte: Inter-Meios) que são investidos na web frente a um universo de até 59 milhões de usuários de internet no país (fonte: Datafolha).

O choro se torna compulsivo quando se qualificam esses usuários. Quase todos pertencentes à parte belga da nossa Belíndia. Enfim, consumidores com informação e acesso a bens de consumo.

O que mais me deixa desconfortável é que essa métrica não tem muito sentido para todos que há mais de dez anos militam na comunicação digital. Aliás, como já dizia um antigo político gaúcho, a estatística é a arte de espremer os números até que eles confessem. Concordo.

Esses números não representam os investimentos em publicidade na internet ? representam os investimentos em mídia, através de formatos padrão e ainda por cima em grandes veículos. Isso, numa publicidade de cauda longa, já exclui das estatísticas muita coisa, mas mesmo que considerássemos apenas a comunicação de grandes marcas (ok, anunciantes), também estaríamos potencializando um vício.

Vamos pegar o exemplo de uma empresa ?normal? que tem um produto ?qualquer? e deseja fazer uma campanha promocional de seis meses para esse produto. Por definição estratégica e capacidade de investimento, definiu que investirá R$ 5.000.000 (putz, cinco milhões!!!) na campanha e criou uma regrinha básica: 20% deverão ser investidos na internet. Oba!

Se tiver uma boa agência com intimidade no mundo digital, essa agência fará, hipotética e genericamente, o seguinte, com a verba (gorducha para os dias atuais) de R$ 1.000.000,00:

  • R$ 250.000 no desenvolvimento do ambiente principal (hot site da promoção) e conteúdos diversos, com inovação, alta interação e orientado ao usuário (ex.: games, videos para web, animações, podcasts, coteúdo colaborativo);
  • R$ 150.000 em ferramentas que garantem diversas funcionalidades definidas no projeto (ex.: um e-commerce simples, um gerenciador de vídeos, webcasting, gerenciamento e relacionamento com os usuários que interagirem com a campanha, etc.);
  • R$ 100.000 para um hosting profissional para garantir performance e disponibilidade durante os vários meses de campanha;
  • R$ 100.000 para gerenciar o desenvolvimento e a campanha propriamente dita;
  • R$ 150.000 para campanhas de e-mail marketing, redes sociais, blogosfera e search engine marketing;
  • R$ 50.000 para um excepcional controle das métricas não só da mídia (ad servers), mas de também de todas as ações;
  • R$ 200.000 de mídia online propriamente dita.

Na análise dos números da publicidade veremos que de todo investimento feito, apenas R$ 200 mil, aproximadamente 5% do investimento total de mídia nessa campanha, foram para a mídia na internet.

Ora, o fato é que além da mídia, propriamente dita, mais quatro vezes esse investimento também foram para a internet, totalizando o sonhado R$ 1.000.000. Só que dessa vez representado em notas de prestação de serviço e não de compra de mídia.

Como a gente vê, na internet, o bolo publicitário pode ter o gosto que a gente quiser.

Nesse caso, com o pragmatismo que o mercado exige, prefiro brigar pelos ?novos 20%? e não pelos antigos! [Webinsider]

.

Avatar de Cesar Paz

Cesar Paz (cesar@ag2.com.br) é Board President na AG2 Nurun.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

3 respostas

  1. Concordo com o Tony,

    Cesar, não é um privilégio da Web ter custos com produção… pelo contrário no mundo off-line há um custo maior ainda com a produção, você é publicitário e sabe que o bolo publicitário da TV também não está contando a produção do filme, atores e etc… se tuddo isso e a web tbm, mesmo assim ficaria essa proporção tal como é hoje.

  2. Olha, eu discordo… rs
    Mas o que seria da vida se todo mundo concordasse né?

    Seu argumento em relação ao fato de que só uma pequena parte do investimento em internet é contabilizado vale também para a publicidade tradicional, que não considera todas as suas fontes de ações na métrica. Isso significa que a web, infelizmente ainda está bem abaixo do que deveria, e sim, com xororo…

    Outro fato relevante é que essa distribuição de verba da empresa fictícia, quem fez foi você, por isso é perfeitamente natural que ela represente exatamente o que você pensa, e não exatamente o que o mercado está fazendo.

    Por outro lado, concordo totalmente com você quando você diz que os números divulgados não significam absolutamente nada de concreto, no entanto qualquer análise estatística é feita com uma amostra que é bem abaixo do volume real, e nos dá uma idéia da disparidade entre as mídias (on-line vs tradicionais).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *