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Faz tempo que não escrevo artigos para os sites que colaboro.

Estou, desde 2006, envolvido com o meu doutorado na Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense, um programa em convênio com o IBICT, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia.

Um doutorado é uma espécie de parênteses na vida de um profissional, no qual mergulha sobre determinado tema, absorve um conjunto de novas idéias, a partir de autores que tenham algo a acrescentar a dada questão inquietante para o aluno, e, de preferência, para a sociedade.

Desde 1994, quando comecei a trabalhar com a internet, optei por tratar sempre o apoio aos clientes do ponto de vista estratégico. Nunca pensar no site, mas na presença presente e futura na web.

Minha empresa, Pontonet, fundada em 1995, uma das primeiras, se não a primeira de consultoria web no país, passou a se definir como de apoio a ?Estratégia em internet?.

A visão estratégica, entretanto, em qualquer campo do conhecimento exige que se construa um cenário atual e tendências, de tal forma, a poder de alguma forma prever o futuro e, a partir dessas hipóteses iniciais, traçando um conjunto de ações para tirar o melhor proveito do que virá.

No fundo, toda as ciências têm o mesmo objetivo: construir determinada teoria que possa, a partir da junção de vários elementos e conceitos, conseguir um resultado previsível que se repita no futuro.

Assim, as fórmulas matemáticas, a observação do céu, a fusão de elementos químicos, as teorias sobre a sociedade, ou o estudo da mente humana, tudo enfim, só tem relevância se for algo que, sob determinadas condições, se repete, podendo, assim, ajudar a humanidade a controlar e modificar o seu em torno.

(Ou seja, a junção da estratégia com a academia é algo muito inspirador e producente.)

Assim, a minha questão para o doutorado, baseado no meu passado com forte ênfase na visão estratégica, foi tentar responder uma difícil questão pouco colocada no nosso dia-a-dia:

Por que a internet?

Se não tivermos uma boa e convincente resposta para ela, dificilmente podemos projetar o futuro da rede e, bem dizer, da própria sociedade que está cada vez mais enredada dentro dela.

E mais: nos ajudar a resolver o difícil dilema de como podemos utilizá-la da melhor forma..

A resposta do ?Por que a internet??, na verdade, não poderá ser dada por uma única tese de doutorado, mas por um conjunto delas, quase construindo um novo campo de estudo, reunindo diversos autores em torno de uma antropologia dos sistemas de comunicação, de informação e do conhecimento.

Já há algumas tentativas nessa direção.

Portanto, teremos que, se quisermos nos sentir bem no futuro, mergulhar no passado e termos respostas da mesma magnitude para outras questões não menos relevantes.

Por que a fala? Por que a escrita? Por que a prensa? Por que a televisão? Por que o rádio, o telefone, o computador? Por que a web 2.0?

A questão principal é: por que nós, seres humanos, de tempos em tempos, precisamos de uma nova tecnologia de comunicação e informação para recriar o mundo?

Nesse novo campo de reflexão, no qual tenho compulsivamente me dedicado, posso lançar uma hipótese principal para responder a pergunta que não quer calar que dá início à tentativa de responder a questão, colocando mais algumas:

Será que quanto mais formos na Terra, mais necessidades temos de qualidade e velocidade de informação e comunicação para sobreviver enquanto espécie?

Portanto, novos ambientes de conhecimento mais sofisticados precisam ser criados?

Isso vale para o planeta, como também, para todos os grupos humanos, de país a empresas?

Dessa hipótese, podemos partir para algumas secundárias, mas não menos importantes reflexões e questões:

Se há uma relação entre a quantidade de pessoas e a necessidade de mais sofisticados ambientes de conhecimento, todas as sociedades tiveram, portanto, a complexidade que precisavam?

Assim, é um mito (talvez uma arrogância pós-moderna) afirmarmos que vivemos hoje na sociedade do conhecimento, da informação ou da complexidade?

Todas as sociedades, a seu modo, foram da informação, do conhecimento e da complexidade, na medida de suas demandas de informação e comunicação?

Como, aliás, afirma Manuel Castells em um artigo importante e pouco difundido, no qual defende que a grande novidade moderna é vivermos na sociedade da rede eletrônica.

Por fim, podemos ainda aferir, a partir dessa constatação que as mudanças da sociedade no futuro, a continuar o atual crescimento populacional, nos levará sempre a cada vez mais sofisticados e mutantes ambientes do conhecimento, que têm, como vou tentar demonstrar na tese, ciclos internos e externos bem demarcados?

Se houver, por exemplo, uma grande catástrofe no planeta e reduzirmos nossa população pela metade, esse ritmo e a necessidade de novos ambientes de conhecimento diminuirão na mesma proporção?

Como comprovar essas afirmações?

Esse é o quebra-cabeça que tento desvendar e abro para a reflexão de todos que compartilham as mesmas angústias.

Vou conviver com elas até o final da redação da tese, prevista para o final de 2009 com novas conclusões. Constatações e, certamente, novas questões.

Sugestões, críticas e indicações de caminhos e autores que estudam o assunto sempre serão bem-vindas! [Webinsider]

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Avatar de Carlos Nepomuceno

Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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Uma resposta

  1. Nepomuceno, vc é corajoso! Mas do pessoasl de TI é só isso que se vê: coragem para reinterpretar as sociedades. A meu ver, antropologicamente, o indivíduo tem necessidades que começam em um universo virtual primário. O que vemos hoje é a exteriorização disso por meio de ferramentas que conseguiram captar aspectos invisíveis do ser humano. O próprio aspecto agregador visto hoje nas redes parece associar necessidade de estar com outros, aliado a novos desejos de permutar semelhanças (idéias, gostos etc)e, para alguns, a possibilidade de exposição espetácular(muito semelhante aos animais em seus rituais de acasalamento).

    Recentemente tive acesso a um livro que talvez já tenhas lido: é de Francisco Rüdiger,Martin Heidegger ea questão da técnica, que ajuda a entender onde nos metemos, tecnicamente falando.

    Incrível observar a contribuição de Freud depois de apontar a libido e depois Yung com os arquétipos. Estamos cavando em nós mesmos o que construímos em várias existências, uma espécie de busca do conhecimento guardado de um modo que para alguns pode ser acessado pela atenção, concentração e meditação, bem como por meio de tecnologias conectivas. Não estranhe se avançarmos em um nível de espiritualidade maquinal, que não é segredo nem mesmo para alguns especialistas americanos, especialmente Raimund Kurweill, depois de escrever Spiritual machines

    Tenho defendido a idéia que talvez um dia venha a desenvolver, de que estamos nos aproximando de uma interface com um mundo aparentemente invisível e que sua TI tenta reproduzir. Fiquei assustado (modo de dizer), quando vi o filme 13º andar. A angústia do personagem quando se vê no fim do mundo programado é intrigante para os leigos, mas deve ser pior para quem programa mundos.

    Sucesso em sua pesquisa
    /////
    @_@?
    ? ?

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