Atualmente muitos sites têm minimizado a importância do menu, esquecendo-se de que, para a maioria dos usuários, este exerce um papel fundamental: a “terra firme”.
É através do menu que o usuário conhece a estrutura do site (evitando, assim, a necessidade de entender a hierarquia do mapa do site quando esta é muito complexa), busca sua informação (quando o sistema de busca não é suficientemente atrativo ou eficiente) e volta para o ponto onde se perdeu.
Em tempos de “buscabilidade”, “usabilidade” e “nuvem”, velocidade é o conceito que guia as ações do usuário, como disse Jakob Nielsen [1] em entrevista à BBC. E nada mais rápido do que achar onde você está e aonde você quer ir logo ali, no canto de sua tela. Porém, há dois pontos problemáticos na construção de menus:
- 1. Muitas vezes os menus não trazem todas as seções, sub-seções, sub-sub-seções do site. Isso cria uma sensação de “buraco”, transformando o menu em uma “vitrine” apenas. Para que tenha uma utilidade efetiva e sirva realmente como segurança para o usuário, é necessário que o menu reflita a hierarquia da planilha estrutural do site. Nem mais, nem menos. E isso nos leva ao segundo problema…
- 2. A hierarquia do site tem a tendência de deixar o menu confuso, especialmente quando este possui mais de três níveis de hierarquia. Menus que abrem para a direita encobrem o conteúdo sendo apresentado e por isso não ficam abertos durante a leitura da página. Os que abrem para baixo podem tornar a página muito extensa em altura, desprivilegiando os links inferiores (especialmente as notas de rodapé).
Estes problemas devem ser considerados e analisados, sempre com ajuda de um bom designer, para que seja desenvolvida uma solução criativa, que se adapte tanto ao layout do site quanto às necessidades do usuário (incluindo a usabilidade).
Há alguns estudos científicos sobre os menus que valem a pena ser lidos. Um deles é o Adaptative Menu Design, da Human Factors International.
Neste estudo, há um comparativo de quatro tipos de menu: tradicional, split, folded e temporal. Mesmo sendo um estudo relativamente antigo (de julho de 2004), traz informações interessantes sobre as aplicações de cada um destes tipos de menu.
O importante, porém, é sempre considerar que o menu, assim como o site como um todo, está sendo feito para o usuário. Como as audiências são únicas, as necessidades também o são. O que pode ser perfeito para um público de estudantes de moda, por exemplo, pode ser extremamente confuso para um público de engenheiros mecânicos.
Como exemplo, podemos citar a primeira versão do site do perfume Lolita Lempicka. Infelizmente, esta versão não está mais disponível para referência, mas vale a pena ser citada. O menu desta versão era na forma de um desenho barroco de um quarto, com uma penteadeira dourada, uma cama, uma prateleira de livros. Cada um desses elementos era um link para uma seção.
Por exemplo, a penteadeira era o link para a descrição do perfume (usando a relação penteadeira – perfume), a prateleira de livros era um link para a história do perfume (relação livros – história) e mais três ou quatro links. Para navegar, era necessário passar por todos os elementos, “descobrir” as entradas para ler o conteúdo.
Até que ponto o menu pode ser abolido em sites corporativos?
Para um portal de investimentos de um banco, por exemplo, esta solução seria catastrófica, porque investidores têm pouco tempo livre para “explorar” as informações e precisam de dados diretos. Mas, para clientes interessados no perfume a ponto de visitar o site para conhecer suas peculiaridades, o tempo e a necessidade de interesse pelo todo não eram problema. Vale ressaltar também que um site informativo com dois níveis de hierarquia permite este tipo de flexibilidade que não é comportado por um portal corporativo, por exemplo.
Quando for estruturar a navegação de seu site, lembre-se sempre da razão pela qual o site está sendo construído: o usuário. Coloque-se na pele dele. Como você gostaria de chegar à informação que procura? Você procura alguma informação específica ou quer “passear” pelo conteúdo?
E, acima de tudo, lembre-se que existem pessoas com deficiências, limitações de hardware, limitações de software e equipamentos diferentes de um computador de mesa visitando sua obra. Mas isso é assunto para o próximo artigo. [Webinsider]
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[1] Jakob Nielsen: “Papa” da usabilidade. Polêmico, Ph. D. em Interface Humano-Computador pela Universidade de Copenhague.
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Daniella Castelucci
Daniella Castelucci (controledaniella-job@yahoo.com.br) é arquiteta da informação, tradutora e analista de sistemas.
4 respostas
Olá Daniella,
Tenho uma experiência interessante, não com um site comercial e sim com um sistema. Um sistema de lançamento de notas e faltas para uma Faculdade. Tentei sair fora do padrão e tirei o menu, ou melhor, deixei apenas uma opção disponível para cada tela.
O objetivo era guiar os usuários às ações disponíveis no sistema, pois antes havia muita resistência por parte dos professores que não eram muito afim da tecnologia. E este projeto foi o maior sucesso e teve grande repercussão pela facilidade e usabilidade.
Chegamos a cronometrar o tempo para o professor deixar os cadastros em dia. Eles nme perceberam que o sistema não possuía menu. Afinal de contas, não haveria como se perder, uma vez que a única opção disponível em cada interface estava bem ali na frente.
Então o usuário não perde muito tempo pra decidir pra onde ir. Só pode ir pra um lugar de cada vez. Particularmente eu achei esta experiência muito interessante, e deu pra sentir o impacto de vezes te dar um cardápio e vezes te falar olha, só tem isso… Espero ter contribuído. 🙂
Olá a todos,
Deixo este comentário apenas para dizer do meu orgulho em ter participado da seleção da Dani para o estágio que ela fez em Regensburg/Alemanha, em 2004.
A Dani sempre foi e sempre será um orgulho para a Unesp, que vê nela um exemplo à ser seguido por estudantes que almejam um grande futuro profissional.
Parabéns Dani!
Deus te abençoe sempre!
Olá Daniella;
desde quando eu formei-me técnico em informática escuto falar de acessibilidade, planejamento e W3C (apesar de não ter comentado nada sobre isto, mas as normas descritas por este orgão ajudão a manter uma boa usabilidade e estrutura).
Ensino aos meus alunos de Webdesign e Informatica, que devemos pensar primeiro no usuario depois em nós, pois o sucesso do sítio depende deles. Este pensamento inclui deficientes, sejam visuais ou coordenação motora. Alguns por não conhecerem a técnologia tão a fundo, não acredita que alguém com deficiencia visual posso navegar na internet; pois é seculo XXI a técnologia avançando cada vez mais rapido e por conta disto mais progresso e evolução na web.
Quarta-Feira participei de uma chat com René de Paula, a cada dia o fato do Designer saber programação (eu chamaria de uma fusão entre os chamados Webdesigners e Webdevelopment ), mas dou graças por ter tido excelentes mestres que sempre ter orientado-me em relação a isto, toda minha vida ligada à Técnologia da Informação ouvi a frase, um bom Programador tem que ser um bom Designer.
Hoje estamos vendo que já era tido lá trás, mas com mais evidência.
Olá Daniella,
quando diz um bom designer, quer dizer designer de interface não é? Eu vejo a cada dia na lambança que designers gráficos fazem com projetos simples, dificultando a produção de outros designers de programadores.
O designer interativo tem que saber programação, tem que saber de interface, arquitetura, padrões.. e por ae a fora, não digo fazer tudo isso, mas deve ter uma boa experiência em visualizar entraves para produção e principalmente usuário..
O grande problema é o mercado de trabalho, designer gráfico geralmente odeia web, a maioria, mas se vende a ponto de produzir sites, web não é gráfico, se aventurar na web não é proibido, mas os empregadores deveriam filtrar melhor, pois a web tá tomando traços de Frankenstein, isso é perigoso pois a nossa escola de design interativo tem um nome a zelar..
abrax