O capital quer uma nova escola. A atual já não serve

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Estive lá no Descolagem #3. Vários blogueiros bateram post. Destaco os do Frederick e do Sergio Lima com textos, fotos e vídeos.

Os palestrantes eram evangelistas. No Wikipedia em português ainda não tem uma definição para o termo. Trata-se da pessoa que incentiva os outros com novas idéias. (Se me lembrar ou alguém puder dar uma arrumada por lá, seria bom.)

Do blog do Sergio Lima tiro os seguintes trechos da palestra da Diretora Pedagógica da Escola Parque Patrícia Konder.

Palestra

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(A foto tirei do blog dele.)

Ela diz, ?A tecnologia determina, de certo modo, como a sociedade se organiza, mas a Escola ainda é quase a mesma nos últimos 200 anos. A Escola precisa mudar paradigmas, mas isto é muito complicado porque é necessário romper com nossas referências. É dificil, mas é preciso começar do zero?.

Ela defendeu, ainda usando o blog do Sérgio como referência:(?), redesenhar a ?geografia da escola?! Nova organização dos alunos (não necessariamente por idade)? organizar os alunos por problemas! (?) espaço para se aprender a problematizar, pensar e resolver problemas (relevantes e significativos)! (?).

Fim.

O que fiquei a pensar sobre essa discussão. Se a escola está aí há 200 anos, perguntaria o professor, por que não vai ficar mais 200 anos do mesmo jeito?

Talvez esta seja uma questão central, pois se tudo nunca mudou por que haveria de mudar ?justamente agora que eu estou aqui??

Tenho percebido nos lugares que vou, que a dimensão das mudanças pelas quais passamos não está suficientemente clara. Tivemos mudanças iguais a essa atual poucas vezes na história!

Quando começamos a escrever e passamos do modo interativo – um-um para um-muitos; quando passamos a publicar livros e jornais – quando expandimos tremendamente o um-muitos, seguido, bem depois pelo rádio e televisão. E agora, com a possibilidade do muitos para muitos.

Leiam Cibercultura do Lévy. Ou o primeiro capítulo do meu livro e do Marcos.

Mudamos nessas rupturas a maneira pela qual produzimos informação, nos comunicamos em escala maior e, portanto, na forma de obter conhecimento.

Concordando e reafirmando o que disse a palestrante: ?A tecnologia determina, de certo modo, como a sociedade se organiza??complemento: ainda mais as ligadas ao conhecimento, que mudam profundamente a sociedade e esta se adapta ao novo modelo.

Note que a escola sempre foi um replicador do status quo.

Servia bem ao sistema, da fase industrial, na qual o aluno deveria sair para apertar parafuso e não pensar.

Ou seja, quem defendia o contrário, queria modificar o sistema.

A grande mudança de paradigma é de que o novo ambiente de conhecimento – no atual modelo de troca de informação cada vez mais rápida – ganha dinheiro em torno das idéias, criatividade e inovação.

A escola que serviu e teve o incentivo dos poderes hegemônicos da sociedade e serviu muito bem a eles durante anos, conforme protestou Paulo Freire, agora dá uma guinada, pois os interesses do capital estão mudando.

Não se quer mais apertadores de botão, mas pensadores.

E justamente por causa disso que a Escola que já era obsoleta vai bater de frente com a demanda das empresas e do mercado de trabalho.

Ou dito de outra forma: do jeito que está, não serve mais aos interesses de ninguém, principalmente do capital cada vez mais intelectual e menos industrial.

Isso vai acontecer de forma gradual e lenta, pois é uma instituição antiga, mas o processo já se iniciou.

Um aluno formado sem criatividade está sendo educado para o século passado e terá dificuldade em se colocar na indústria criativa do século XXI. Vai ser o aluno bumerangue: baterá no mercado de trabalho e voltará para um curso de criatividade na esquina.

Basta ver o ambiente de trabalho hoje do Google e da Microsoft.

Ali, está não só o germe da nova escola, mas das novas empresas, na qual a criatividade é o ar que se respira.

E me parece esse um grande incentivo para que os professores possam parar um pouco para pensar, a despeito dos 200 anos de não-mudança.

Não mudou, mas agora tende a mudar.  

O ambiente de conhecimento é outro, repito, o capital que vale agora é a massa cinzenta, para produzir bens intangíveis.

Novas regras, novo jogo.

Assim, do que fica do papo do sábado chuvoso, se a escola muda, mudam as empresas, como muda a sociedade.

Moral do post: a escola vai mudar, não só por que já está velha e caquética, desde que eu me sentei por lá, mas será outra, pois o sistema, agora quer e vai criar fortes demandas para isso.

As escolas inovadoras serão procuradas pelo mercado e incentivadas a se proliferarem.

É o início neo-Paulo Freirismo, revisitado.

O debate da Descolagem foi show, estarei lá nos próximos?

Anotem: o lugar vai ficar pequeno. Alguns pontos que ficam para outras descolagens?ou as questões que ainda me inquietam sobre tudo isso.

Como será esse novo trabalhador do conhecimento diante das injustiças corporativas? Até quando ele terá que pensar e com terá que se conformar? Será ainda empregado ou acionista? Empreendedor ou empreendido?

Que me dizes? [Webinsider]

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Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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6 respostas

  1. Imagine uma escola de música popular brasileira, profissionalizante, no interior de Minas Gerais, instalada num complexo arquitetônico do século passado, que abrigou a primeira fábrica de seda do Brasil, cercada por Mata Atlântica preservada, onde os mestres são, em vez de acadêmicos, músicos renomados e os cursos são inteiramente gratuitos.

    Essa escola existe, é a Bituca: Universidade de Música Popular criada em Barbacena, há quatro anos, pelo grupo de teatro Ponto de Partida, com o firme propósito de trabalhar para que os meninos desencavem suas raízes e construam um som original, comprometam-se com a boa música e principalmente com a boa música brasileira e sejam capazes de criar uma obra singular para construírem com ela uma rota universal.

    As aulas, de diversos instrumentos, são freqüentadas por jovens de várias cidades do Brasil e por miquinhos-estrela de ouvidos apuradíssimos! Em vez de lousas, carteiras e bebedouros coletivos, a escola é decorada com móveis antigos que habitaram grandes fazendas mineiras e, apesar de ser uma anciã, a nova casa da Bituca, recém restaurada, tem um estúdio equipado com o que há de mais sofisticado no mercado, onde os alunos terão a partir de fevereiro de 2009 aula de prática de estúdio e poderão gravar seus projetos. Além disso, os computadores têm os programas mais modernos da área, para a prática de informática na música. E uma coincidência: a casa tem a mesma idade do piano meia cauda que chegou à escola esse ano!

    A Bituca é uma escola livre no sentido mais amplo da palavra: os alunos conduzem sua própria formação. Divididos em turmas de, no máximo, quatro, eles são assistidos individualmente pelos mestres-artistas e podem passar para turmas mais ou menos avançadas de acordo com seu desempenho. No final do curso, são avaliados e recebem alta caso já estejam preparados, podendo inclusive, se especializar na escola. Em outros casos, são convidados para continuar sua formação por mais dois anos. O caixa da sua cantina não passa de uma caixinha onde os alunos colocam o dinheiro do que compram e retiram seu troco, eles próprios, sem a intervenção de ninguém.

    Inscrições
    De 4 a 20 de dezembro de 2008, pelo site http://www.grupopontodepartida.com.br

    Vagas
    A Bituca: Universidade de Música Popular oferecerá 100 vagas e só admitirá iniciantes para o curso de flauta doce.

    Condições
    Não é exigido dos candidatos nenhum grau de escolaridade específico, apenas talento. No entanto, a Escola é direcionada para quem quer profissionalizar-se e não para aqueles que têm a música como um hobby. Não há limite de idade. O ensino é gratuito. A freqüência é obrigatória.

  2. Pessoal,

    Vagner, no meu blog aceitei a sugestão de colocar o video do The Wall no post sobre esse artigo;

    Carlos e Geraldo, é interessante observarmos que o processo todo começa com novas tecnologias, mas como são tecnologias do conhecimento, afetam a maneira de se pensar a escola, que vai e está mudando,

    grato pelos comentários,
    Nepomuceno.

  3. Amigos,

    Há algumas atividades profissionais que não requerem a formação acadêmica tradicional, mas a experiência comprovada e uma formação específica como as prestadas por Microsoft, Linux, etc. A escola ficou em último plano.

    Minha filha foi intimada na faculdade a refazer um trabalho porque a professora não acreditou que ela possuía capacidade para produção autoral e empregando algumas ferramentas tecnológicas (corriqueiras como Word, Excel e CorelDraw). A professora se acha o must e ninguém está ao seu nível (nem colegas).

    É necessário repensar os 200 anso de escola tradicional e o comportamento dos educadores (?).

    Abraço a todos.

  4. Meus caros,

    não podemos mais pensar a escola apenas na perspectiva do capital, das empresas, ou do mundo corporativo, pois assim estaríamos repetindo os mesmos erros do passado. Temos que nos esforçar para ir um pouco além da planice. A população de Blumenau sabe muito bem do que estou falando… A escola deve, sobretudo, pensar o homem no mundo, sem as pieguices filosóficas que isso possa sugerir. Na era da incerteza, creio sim na quebra de paradigmas meio que remontando parte do que deixamos de equacionar no passado. Com o advento do Iluminismo fizemos juras eternas à razão pura em detrimento da razão lúdica. Na verdade é justamente o casamento perfeito de ambas que transformará o ensino de agora em diante. E as mídias lúdicas de comunicação podem sem dúvida contribuir para a ascensão de um novo homem pós-humano.

    http://blogdonewsgames.blogspot.com

  5. Cara fantástico o seu artigo, eu sempre dúvidei dos métodos escolares e dessa obrigação de ficar de 12 a 20 ou mais anos na escola estudando.
    Eu pensei que era maluco em pensar que isso tudo é errado, pois estudei química a vida escolar quase toda e odeio química e não me serve pra nada, só pra ter um exemplo. Conheço gente da pedagogia que se abrir minha boca pra falar dessa revolução, apanho ! Acho que eles não entenderam ainda ou enfim, estão robotizados pelo ensino.

    Quem bom que já está havendo esse tipo de movimento para mudar o que já é ultrapassado, ainda perguntam porque os alunos batem nos professores? Qual aluno está disposto a ficar horas diariamente dentro de uma sala de aula, com um mundo pujante lá fora?
    Isso me faz lembrar um vídeo muito antigo, mas ao mesmo tempo muito atual: The Wall do Pink Floyd.
    Pouca gente entendeu a proposta, mas é uma crítica clara a sociedade e ao ensino robotizador de pessoas. Talvez seja interessante darem uma olhada nos artigos de um sociólogo amigo meu Luciano Alvarenga, blog: http://lucianoalvarenga.blogspot.com/
    Há alguns artigos sobre a escola.

    Não critico os professores, pois são profissionais que vem sofrendo a muito tempo, pois já não é dado muito valor a prática do ensino. O sistema é que está ultrapassado, estudei a vida inteira e na faculdade ouvi os professores dizerem: Quando forem funcionários em uma empresa…. Opa, peraí e se eu quiser ser o dono da empresa, empreendedor? Ihhh, essa matéria não existe no currículo, foi mal. abraço.

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