À exemplo do que aconteceu com o Second Life em 2007, o iPhone é a “menina dos olhos” do mercado publicitário nos dias de hoje. Todos querem ter suas marcas vinculadas ao aparelho da Apple e várias empresas têm se apressado para garantir esse espaço, muitas vezes apenas em nome de um pioneirismo, garantindo assim o espaço na mídia (A empresa X agora está no iPhone).
O iPhone é sem dúvida revolucionário. Já é o aparelho mais vendido mensalmente nos EUA, tem um ecossistema bem atrativo para desenvolvedores e seus usuários utilizam a internet móvel de forma muito acima da média, além de serem apaixonados pelo aparelho. E ao contrário do Second Life, tenho plena convicção que o iPhone e a internet móvel de forma geral vieram para ficar.
No entanto, duas coisas são preocupantes nessa correria. A primeira é a questão da qualidade e assertividade dos serviços. Muitas dessas ações têm sido apenas transposições de brochuras ou portfólios das empresas para o iPhone, o que certamente não vai atrair um interesse sustentado dos usuários. O que os usuários querem em mobilidade são serviços, entretenimento e informação. Ganham muitos pontos as marcas que entenderem os conceitos de marketing as a service e fornecerem conteúdos úteis e atrativos para os consumidores.
A segunda questão se refere a “colocar a carroça na frente dos bois”. Especialmente no Brasil, a parcela de usuários de celulares com iPhone ainda é muito pequena, menor que 0,5% da base. Do outro lado, cerca de 15 milhões de brasileiros já acessam a internet móvel com seus celulares, e essa parcela da população ainda está bem carente de serviços interessantes desenvolvidos e/ou patrocinados pelas empresas brasileiras.
Vejamos como exemplo a TAM, que recentemente anunciou o lançamento do seu mobile site para iPhone. O mobile site é apenas uma “capa” com algumas seções que funcionam como links para as páginas de serviços do website tradicional da TAM, aproveitando do fato que o iPhone ? ainda que com usabilidade comprometida – é capaz de navegar entre elas.
Na parte do mobile site que está de fato adaptada para o iPhone, prioriza-se informações institucionais da empresa. Por fim, os usuários com outros celulares não conseguem acessar o conteúdo e os serviços pelos seus aparelhos.
Em contraposição à abordagem da TAM, a United Airlines, por exemplo, há bastante tempo já possui um mobile site próprio de bastante sucesso, recheado de serviços úteis e adaptado para todos os aparelhos. Mesmo ainda não tendo uma versão especial, o mobile site também é funcional no iPhone.
Ou seja, respondendo a pergunta do título, sim e não. O iPhone é uma ferramenta muito importante e não vai sumir como o Second Life, mas quem quiser de fato obter resultados concretos com seus clientes na internet móvel deve pensar cuidadosamente na pertinência (em termos de conteúdo e serviços) e na abrangência (em termos de usuários) do projeto proposto. [Webinsider]
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Eric Santos
<strong>Eric Santos</strong> (<a href="http://twitter.com/ericnsantos" rel="externo">@ericnsantos no Twitter</a>) é diretor-executivo da <strong><a href="http://www.praesto.com.br/" rel="externo">Praesto Convergence</a></strong>, especializada em soluções para mobile marketing através de aplicativos e mobile sites, que mantém um <strong><a href="http://www.praesto.com.br/" rel="externo">blog</a></strong> sobre mobile marketing e advertising.
9 respostas
Acho que o Second Life ainda tem muito potencial se levado ao sistema corporativo,com um certo planejamento,e essa questão de não ser atingido pela massa está mudando. Frequento este mundo virtual e estou notando o crescimento contínuo de BRASILEIROS acessando o Second Life,fora que o IPHONE,é uma realidade muito DISTANTE dos BRASILEIROS,que recebem em média 1 salário mínimo.
O IPHONE é caríssimo e só poucas pessoas podem tê-lo. Esta sim é uma realidade em vista.
Acho que o grande problema dessas novas tecnologias e todo mundo querendo alcança-las é causado principalmente pela maioria dos clientes que são muito precipitados e muitas vezes não sabem nada que pedem para as agências fazerem.. ou seja.. ouvi falar desse tal de second life, quero estar presente, ouvi falar desse tal de iphone quero estar presente… ai a maioria das agências que são gananciosas apresentam qualquer coisa linda pros clientes e pronto.. tá on-line… se tah funcional ou não paciencia afinal. quem pediu foi o cliente… lamento das empresas que pensam assim e não defendem um objetivo ou uma postura de lidar com clientes por medo de perde-los…
Olá, Eric
Concordo totalmente com você. O uso de um projeto apressado sem analisar mais profundamente as características da plataforma é o caminho direto para o fracasso. E como você disse, é questão de escala. O SL para mim é uma prova de conceito, do que está por vir. Mas acredito que as empresas devam se preparar desde já, para estarem prontas quando o sistema estiver maduro.
Abs,
Carlos
Olá Eric,
Muito bom o seu artigo. Não sou um expert no tema, mas sempre me aflige os modismos. Falar em inovação e interatividade é fácil. Tenho um smartphone (que não é um Iphone) e sinto dificuldade de acessar a internet. Focar mais em sites que atendam mais modelos é muito mais racional e abrangente. O investimento precisa valer a pena em volume (mesmo que não seja uma comunicação de massa).
Olá Carlos,
Obrigado pelo comentário.
Acredito que você tenha percebido, mas minha intenção na comparação do iPhone com o Second Life foi com relação ao movimento das marcas de entrar na febre da vez, muitas vezes sem a devida crítica e planejamento.
Pessoalmente, acredito que os mundos virtuais (não necessariamente só o Second Life) têm muito potencial, especialmente para uso corporativo. No entanto, por diversos motivos ainda estão um pouco longe de serem aplicações de massa. Ainda assim, existem empresas que investiram muita $ com a participação no Second Life e que ainda nem têm o bê-a-bá bem resolvido na Internet convencional.
Acredito que a questão seja a mesma com o iPhone vs. outros celulares.
Abcs
Olá, Eric
Parabéns pelo excelente artigo, mas discordo de você quando diz que o Second Life e, por tabela, os mundos virtuais, não vieram para ficar. As estatísticas comparando o número de residentes conectados simultaneamente no SL mostram um crescimento de 31% de 2008 sobre 2007, um número significativo para um modelo que já era.
Grandes empresas e instituições continuam investindo pesadamente nos ambientes virtuais. Eis alguns exemplos. A NASA possui uma forte presença no SL para divulgar suas atividades, atrair jovens para o estudo de Ciências e ainda analisa sua viabilidade como meio de comunicação de astronautas com familiares e colegas em viagens espaciais de longa duração.
A marinha americana criou uma ilha no Second Life aberta ao público e também com o objetivo de treinar soldados no manejo de armas controladas à distância.
A IBM realizou recentemente um congresso com seus principais cientistas em uma ilha particular no SL. Segundo um dos participantes, a experiência foi um sucesso.
Creio que a questão é saber utilizar o que de melhor os mundos virtuais oferecem, não só do Second Life, como maior possibilidade de colaboração, redução de custos de viagens, uso em treinamento, teste de produtos. Aquelas empresas que entenderem e aproveitarem esse potencial sairão na frente.
Abs,
Carlos
* Esse exemplo do site TAM vs United é sensacional. Existem alguns motivos de porque é assim:
1. Agência precisar dar show visual para vender projeto com iPhone, não importa muito o conteúdo.
2. Conteúdo relevante depende de integração tecnológica entre agência e TI do cliente. Um dos piores pesadelos de uma agência. Não vão arriscar perder a proposta por causa disso.
3. Site mobile precisa de testes e conhecimento de diferentes celulares.
Por outro lado navegar na internet no iPhone é uma experiência muito melhor que em outros celulares. Isso já justifica adaptar alguns sites para ele, sem necessariamente adicionar novas funções.
Bom fazendo um comentário de verdade, hoje mesmo falando o responsavel pelo site cheguei a elogiar o mesmo , mais acho que algumas publicações vão para o lado do modismo e estilo de pensamento revolução tecnologia , que na verdade são ações de grandes empresas do mercado.
Para promover produtos e serviços , que são bons , mais estão longe de fazer uma revolução socio-economica até mesmo tecnologicamente falando mudança de paradigma
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Lámentavel ter gente que pensa assim..