A falta de uma agência digital de referência no Brasil

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Se hoje, fevereiro de 2009, me perguntassem qual é a agência digital brasileira que tem se destacado no mercado, eu não saberia responder. Da mesma maneira, se me perguntassem quantas grandes agências digitais existem no Brasil, eu saberia responder no máximo duas.

Se me fizessem a mesma pergunta em relação a agências tradicionais, eu teria essas respostas. Mas o que isso significa? Que falta faz para o mercado não ter grandes agências digitais?

O primeiro ponto é a falta de investimento em planejamento, pesquisa e inovação. Como temos poucas agências com fôlego para investir nessas áreas, o mercado de pesquisa digital também não se desenvolve. Por exemplo, apesar do brasileiro ser um dos maiores usuários de internet do mundo, sabemos pouco sobre seu comportamento perto do que poderíamos saber. Apenas agora as agências estão percebendo a importância de business intelligence, mas a maioria ainda vai direto para a ação, sem passar por planejamento e pesquisa.

O segundo ponto é a falta de referência de qualidade. Competição saudável é sempre boa, tanto do lado do mercado, que precisa se esforçar para inovar, quanto para o cliente, que pode negociar. Porém hoje não temos competição, temos briga, e isso confunde até os anunciantes. Por exemplo, por que uma agência cobra dez mil e outra cem mil pelo mesmo trabalho? Quando se compra um carro, essa diferença é relativamente fácil de entender, mas e em um projeto digital?

O terceiro ponto é a fragilidade da relação agência-anunciante. Para muitos anunciantes, preço é o principal motivo de escolha de uma agência digital. O trabalho vira commodity. Uma agência de maior porte permite oferecer serviços e estrutura que tornem o preço um item menos importante que a qualidade do serviço oferecido.

As perguntas do início do artigo podem mudar em breve. Temos, por exemplo, a chegada de uma das maiores agências do mundo ao Brasil.

Grandes agências tradicionais estão se movimentando e montando estruturas especializadas de maior porte. Assim como temos visto, no meio da crise, fusões e compras de diversas empresas, acredito que algumas agências digitais deveriam se unir para ganhar força.

Precisamos de grandes agências de referência, aquelas que todo mundo conhece os trabalhos e tem admiração. Aquelas onde todo mundo faria qualquer coisa para trabalhar. Que ganham prêmios internacionais e aparecem em sites como destaque. Que os anunciantes chamam para participar de todas as concorrências, sem ter que ficar buscando credenciais.

Concluindo, para quem conhece Long Tail: a cauda longa geralmente é boa, mas nesse caso a cabeça também tem sua importância. [Webinsider]

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Avatar de Cezar Calligaris

Cezar Calligaris (cezar@gmail.com) é consultor de projetos digitais no Reino Unido.

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23 respostas

  1. Esse tal de Marcelo Empresario existe? O cara não sabe nem ler e vem com essa de que não entende o que se escreve? Esta falando em concorrente em um artigo que é do interesse de todos os colegas que trabalham e soam a camisa para se tornar referencia no brasil vai pescar seu xarope.

  2. Cheguei agora no tema, mas gostaria de observar que algumas agências citadaas já são parte de um mesmo gurupo, como o caso da Click, Netthink e outras que compõem o grupo Isoar, o que significa que temos de investir muito mesmo para conseguir uma agência ÍCONE no Brasil. De acordo…

    Bons negócios a todos

  3. Chego atrasado no tema, mas estamos em agosto o que mudou?
    Achei otimo esse artigo.
    Criou-se a APADI e?????
    Sei não está cheio de duvidas esse nosso meio a regulamentação é importante e precisa ser asap.
    Quem disse que a hora homem é o caminho?
    Clientes vocês estão enganados é preciso avaliar o valor que sua agência está lhe entregando e isso não é só hora homem que vai determinar.
    Sem recursos para inovar advindo do trabalho quem sai perdendo?
    Qual o critério adotado para dizer que a click é a melhor, a referencia, etc….
    Talvez ela seja a primeira a estar na mídia e se destacar pelo seu trabalho isso ai eu concordo.
    Bom vai longe isso e espero que o mercado acorde pois há muito o que se desenvolver ainda.

    Abraços e bons negócios as agências sejam elas tradicionais ou alternativas.

  4. Hoje nos temos a gringo.nu ha agencia mais premiada no Brasil no site http://www.thefwa.com, temos a grafikonstruct, cubo.cc, agencia ginga, w3haus, rumba, rage, binatural, ag2, agencia click que hj em dia caiu muito.. w.juhh tbm.. entre varias.. como falta referencia…?
    olha o trabalho da gringo.nu para ter uma ideia… e a repecursão que ele tem no mundo inteiro…

  5. Um problema bem grande é a crise de identidade que existe no setor.

    Agência digital é o que afinal de contas?

    Qual a proposta dela para o mercado?

    É comunicação? É TI?

    Confuso…

    O dia que tiverem uma identidade, a coisa começa a engrenar!

    Bom artigo. Mas creio que o problema comece por aí. A hora que existir uma identidade, talvez as coisas fluam melhor, pois saberão que rumo tomar.

  6. Sou empresário,minha formação é engenharia mecânica, hoje trabalho numa empresa de gestão para móveis e eletro domésticos, sou analista de regras de negócios.

    A alguns meses venho pesquisando sobre esse mercado digital, o interessante é que existe 3 tipos de profissionais nesse mercado, o jornalista,o publicitário e o web designer.

    O que falta para muitas agências digitais ainda, é desenvolver soluções para o cliente do mundo off-line que gerem lucro no on-line, e não somente marketing digital, mesmo porque as empresas tem limitações físicas, acredito muito em serviço on-line para o futuro.

    Parabéns pelo post!!!

  7. Caros,

    Gostaria de reforçar apenas um item que o autor escreveu:

    BI – Business Inteligence.

    Enquanto trabalhos forem desenvolvidos em feelings de profissionais nós não teremos grandes agências e nem grandes cases.
    A Internet é um enorme (o ou maior) celeiro de informações e mesmo assim os profissionais não utilizam essas informações para desenvolverme trabalhos baseados na realidade dos usuários.
    SEM é um grande exemplo disso. Muito se faz no chute e olhe lé….

    Abraços,

    Marcelo

  8. Caros,

    Respeito demais a opiniões de vocês. Porém acho que não termos agências de referência é só uma conseqüência por, na minha modesta opinião, nunca termos produzido qualquer campanha online (com algumas poucas exceções do varejo)que realmente tenha impactado de fato uma quantidade relevante do público-alvo, tenha sido realmente original, inesquecível, que tenha realmente bombado, produzido awareness… E olha que já temos muitos Leões em Cannes, hein! Mas o público lembra desses premiados? Essa farra, quem paga mesmo?
    Desculpem me, mas enquanto as agências online ficarem replicando os modelos, quase sempre interruptivos, das agências tradicionais, pode vir agência até de Saturno que o resultado continuará sendo pífio.
    E para o Cezar, tenho lido sobre uma drástica mudança de rumos em toda a WPP gringa, porém a ser confirmada por evidências reais.

  9. Cezar! Tudo bem? Que bom ler seu artigo aqui.

    Parabéns! Adoro quando alguém tem coragem de comentar sobre isso, de forma tão educada como você fez, tanto no artigo quanto nas réplicas.

    Apesar de ser um pouco tarde para esse processo começar a acontecer no Brasil, ainda sou otimista. Tenho percebido que, cada vez mais, as agências e profissionais estão se qualificando para entender melhor sobre user experiences. A questão é que ainda temos um longo caminho pela frente porque clientes e agências ainda não estão falando a mesma língua. Enquanto o marketing continuar pensando como na década de 80, não tem como cobrar qualidade dos projetos. Em contraponto, a agências também sentem-se mais livres para errar.

    O mercado brasileiro sempre foi careta. Mas os brasileiros adoram usar a internet para entretenimento e assistir à coisas bizarras. São duas vertentes diferentes sob o olhar das agências e dos clientes. É difícil propor algo inusitado, com pesquisa e adequado ao produto quando não é feito um trabalho de educar o marketing.

    Acho que o problema de ainda não ter chegado lá é exatamente esse.

    Só pra não passar batido, incluiria a Naked na lista de agências admiráveis.

    Bjs.

  10. Marcelo: Ainda vamos nos encontrar por ai. No IAB ou em qualquer outra oportunidade. Acompanho sempre seu blog…

    E sim: mordemos a isca do Cezar.

    No final das contas todos sabemos que o Brasil ainda está engatinhando no mundo Digital, tanto no ponto de vista dos clientes, como no ponto de vista das agências.

    O que temos que fazer é mudar esse cenário: seja com a criação de referências (notem o plural e não o singular), seja com a criação de padrões, seja como for.

    Todos nós aqui sabemos o potencial que o digital têm. Temos apenas que mostrar isso para os nossos clientes e ensinar nossos criativos a explora-los da melhor forma.

    abs
    Raul T.
    —————————–
    http://www.soluttia.com.br

  11. Existe um grupo de pesquisa na BAHIA que está dando os primeiros passos,no sentido de descobrir o comportamento de consumo deste consumidor quando se trata de publicidade online.
    Em fim,o que faz o consumidor deixar o que está fazendo para interagir com um pop-up?
    Entre outros
    O grupo está formando parcerias para desenvolver a pesquisa e tentar descobrir o que seria essa peça, capaz de atrair a atenção e proporcionar a real interatividade.

  12. Marcelo, a click é só uma das empresas do grupo, não quer dizer que quando uma empresa ganha premio, as outras ganham. Depois que o trabalho dessas agencias não são interligados na hora de produzir, então o mérito é sempre da galera que ta ralando e não dos agregados como geralmente acontece.

    Não desmerescendo a galera que ta na gringo mas os ex-clickers que estão lá até onde eu lembro, não levaram nenhum cannes então não quer dizer nd e mesmo assim a galera mais power da click não ta na gringo e muitos nem no Brasil estão.

    O que acontece é que boa parte da equipe envolvida na produção acha que sabe tudo mas não sabe nada, primeiro é que ve algo diferente lá fora e quer fazer igual aqui no Brasil, como o Cezar disse, não sabemos até que ponto a tecnologia e os recursos do site são suficientes para atingir o target, que na maioria dos trabalhos isso é a menor das prioridades. Discordo que só o site c/ engine 3d, flv e etc consegue ser melhor que um com detalhes menos sofisticados, afinal são os mais faceis de produzir, propagar e atingir o objetivo do cliente. Segundo que muitas vezes, a equipe de atendimento vende algo que nem tem ideia do que seja, tipo papervision, papervision é uma engine em as3, não é um site em 3d muito menos models em 3d, dai já da p/ ter uma noção do que vem quando essa galera vende projetos c/ cronogramas super apertados e com escopo obscuro (as vezes sem wireframe). Terceiro, o alto-ego de alguns designers, muitas vezes eles querem usar a marca/cliente p/ se auto-promover e o objetivo do cliente é esquecido, casos como o site do eu banco isso, novo palio, rei do elogio são interesantissimos, pois além de terem um visual bacanudo, conseguem valorizar muito o que é p/ ser vendido.

    De fato, o Brasil é muito atrasado em várias coisas, midia interativa é uma delas, passamos bem longe do padrão internacional, é incomparável. Acho que o segredo é bem esse, investir mais tempo planejando e produzindo p/ resultandos de mais qualidade, não precisa virar madrugas na agencia, basta vender direito e o cliente vai entender. Esse menos nas cifras podem fazer uma diferença no futuro do tipo, trabalhar menos e vender mais.

  13. Sim, mordi a isca.
    🙂
    Pode sempre contar comigo qdo quiser polêmica.

    Farfar e Glue são da Isobar, ou seja, Click.

    Raul, semana retrasada teve reunião do IAB e não te vi lá. Gostaria muito de te conhecer, pq vc deixa ótimos comentários em meu blog.
    Abs

  14. Marcelo, você entrou na polêmica que eu quis levantar 🙂

    Concordo plenamente quanto a essa história de aquisições, compras de agências e troca de ações. A gente sabe bem onde isso termina (geralmente não é bem) quando é feita de forma afobada. Mas veja por outro lado: AlmapBBDO, DM9DDB, Borghierh/Lowe, Santa Clara/Nitro, Dentsu/DPZ.

    HOJE realmente não temos uma agência digital de referência no BR. Concordo plenamente que a Click já foi essa agência tempos atrás, na época dos leões. Mas hoje estamos bem longe de uma Glue, W&K, Netthink ou Farfar.

    Em relação a associação, respeito muito o IAB e o que ele tem feito pela web br. Li as boas práticas de concorrências. Mas convenhamos: você sabe bem o que acontece na realidade quando 3 agências digitais entram em uma concorrência.

    De qualquer jeito, fico feliz que o assunto incomodou. É esse o propósito de bons artigos: despertar discussões produtivas.

    P.S.: a segunda colocada faz parte de um grande grupo e é bem brasileira. Se não me engano, existe desde 1995.

  15. O IAB têm feito um trabalho fantástico sim.

    Mas não estamos falando de regulamentação. Estamos falando de cases de Marketing Digital de verdade e não de sites e banners na web. É algo bem diferente.

    Agora, fazer parte de um comitê apenas para ter o nome no clubinho eu não sei se é algo válido. Quando há uma participação direta e envolvimento tanto da filiada como do comitê ai sim a coisa muda de figura.

    P.S.: Não me lembro de ter visto a Click ou a Sallem ou a TV1 ou a AG2 ou a Almap por lá.

    abs
    Raul T.
    ??????????
    http://www.soluttia.com.br

  16. Uma dica:
    Aegis expands Isobars reach with £20m Brazilian acquisition
    http://www.brandrepublic.com/News/634407/Aegis-expands-Isobars-reach-20m-Brazilian-acquisition/?DCMP=ILC-SEARCH

    Mais de 16 leões em Cannes, incluindo o primeiro Grand Prix de Cyber história do Festival e vc diz que falta uma referência no mercado brasileiro?!

    Falta é saber quem é a segunda colocada, isso sim…e não é a agência que foi adquirida pela multinacional que vc insinua no texto, posso te garantir.

    Escrevi até um post sobre isso em meu blog http://www.poucas-e-boas.com/2008/12/histria-se-repete.html

    A Salem é filiada ao IAB (a pergunta vale também ao Raul da Soluttia)? Click, Y&R, JWT, Talent, Almap, Tribo, AG2, TV1…enfim, todas as grandes online e off fazem parte do Comitê de Agências. Mas ainda não vi vcs por lá.

    Muito dos (importantes) temas levantados no artigo tem sido discutidos nos comitês do IAB.

    Apareçam!

  17. Olá Cezar,

    Eu sinceramente não sei se uma agência grande criaria esse tipo de referência ou se ela apenas esmagaria as agências menores.

    Concordo que precisamos de referências de todos os tipos. Não há consenso sobre valores, não há padrão de qualidade, métricas e a inovação fica por conta das que tentam e se arriscam.

    Na realidade o que vejo ainda no Brasil é uma grande falta de maturidade por parte dos clientes por não saberem o que o digital pode oferecer e também por parte das agências que, em alguns casos, somente sabem fazer sites e banners e não passam sequer perto do BI (business intelligence) necessário para promover o marketing digital.

    Aqui dentro temos muito essa preocupação e estamos tentando catequizar o mercado para esse novo mundo. Com palestras, planos de marketing detalhados logo no primeiro contato comercial, com demos e mostras práticas, etc.

    Mas não é uma tarefa trivial e simples. Continuaremos tentando. Acho que a idéia de cooperação entre as digitais algo extremamente saudavel e enriquecedora. Mas como você mesmo disse: há muita briga e pouca cooperação. Infelizmente.

    abs
    Raul T.
    —————————–
    http://www.soluttia.com.br

  18. Cezar, Parabéns pelo post.
    Uma coisa que falta nessas agências também é uma área de tendencias/inovação, não apenas ligado a tecnologia, mas de repente um board formado por diretores de arte, desenvolvedores, animadores, marketeiros, etc para que novas tendencias sejam criadas para o mercado.
    Usar trabalhos de agencias premiadas como benchmark é bacana, mas acho que falta alguma agencia que realmente crie tendencias para o mercado brasileiro e que não simplesmente importe o que está sendo feito fora do país.

  19. Olá César!

    Interessante como estamos vivendo em um momento onde toda ação inovadora nessa área é experimental, e por ser um mercado emergente, não conta ainda com grandes referências, pelo menos no Brasil. A cultura digital aos poucos vem ganhando espaço no meio corporativo, mas um trabalho de integração de ideias e propósitos por parte das iniciativas digitais seria bastante providencial para derrubar essa muralha que ainda separa o mundo digital das tradicionais regras das corporações off-line.

    Muito esclarecedor este post, parabéns!

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