Funcionários produzem mais se puderem utilizar a internet para a diversão durante o expediente. A afirmação é polêmica e pode desagradar a muitos chefes, mas esse é o resultado de uma recente pesquisa realizada pela Universidade de Melbourne, na Austrália. O estudo apontou que a navegação na web por diversão aumenta os níveis de concentração e torna o trabalho mais produtivo.
A pesquisa aponta ainda que as pessoas que navegam dentro de um limite de menos de 20% do tempo de trabalho são mais produtivas, rendendo cerca de 10% a mais em comparação com aquelas que não têm contato com a internet. Essa tendência surge num período em que grandes empresas fazem altos investimentos em Tecnologia da Informação a fim de impedir o acesso de colaboradores a e-mails pessoais, blogs, páginas de relacionamento e sites de entretenimento como o YouTube.
Esse é de fato um tema polêmico. Acredito que a produtividade de quem necessita acessar informações e conhecimentos para produzir resultados deva mesmo aumentar, dadas as facilidades e possibilidades quase ilimitadas da web e a quantidade de informações interessantes ao alcance do usuário.
Porém, o desafio do gestor e do colaborador está em dosar o uso dessa ferramenta para que esse benefício se reverta em resultados positivos para a empresa.
Seria até falta de sensatez defender o cerceamento da utilização da internet no trabalho, haja vista que bem utilizada, é uma ferramenta de otimização, comunicação e interatividade. Ela aumenta capacidades, aproxima pessoas e democratiza a informação e o conhecimento.
Além disso, a internet cria um senso de urgência, de estar ?plugado?, de ler e ser lido, de ver e ser visto. Todos querem estar atualizados. Alguns, ao ficar uma hora sem acessar a rede, têm a sensação de estar perdendo alguma coisa. A informação de uma hora atrás já é antiga. Todavia, a responsabilidade deve estar presente no comportamento de quem usa a web no trabalho, pois é muito fácil, ao navegar na internet, perder o foco e esquecer o bom senso.
Ao gestor moderno resta a tarefa de se adaptar às inovações do seu tempo. O uso da internet tem alguns ?efeitos colaterais?, como o consumo acrítico de informação, a distração, a falta de foco e a dificuldade de transformar informação em conhecimento. Essa é, sem dúvida, uma questão delicada, já que o funcionário pode se dispersar muito facilmente ao longo do dia, influenciando de forma negativa a obtenção das metas.
O ideal seria poder contar com a responsabilidade dos colaboradores de forma que usem essa poderosa ferramenta nas horas de trabalho para agregar valor à sua atividade profissional e, nas horas de folga e após o expediente, para tratar de assuntos pessoais e se divertir. O acesso à internet com responsabilidade e bom senso pode confirmar o que diz a pesquisa: trazer resultado profissional e aumento da produtividade. [Webinsider]
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Luiz Alberto Ferla
Luiz Alberto Ferla é CEO do DOT digital group, considerada uma das 100 Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil/2014.
5 respostas
Tudo que se comentou aqui é verdade, as vantagens e desvantagens. Cabe a cada um disciplinar o uso da internet. Como gestor, também vi as vantagens e perdas de tempo na leitura do jornal impresso. Chegou ao ponto das empresas criarem um book com as cópias de reportagens e notas dos jornais de maior circulação com os assuntos de interesse específico. Caso contrário, encontrávamos os gestores se divertindo com as palavras cruzadas. Qual a diferença então com a internet atual?
Pessoalmente, estou fascinado com as pesquisas sérias para minhas decisões, aulas, treinamentos e outros conhecimentos. A partir das pesquisas, busco os livros que me ajudarão a concluir meu trabalho, ou sigo atualizado para as reuniões de rotinas.
Concordo plenamente com o Guilherme Tossulino.
O bom senso é premissa de todo bom profissional. Com tanta informação e conhecimento sendo disseminados em tempo real pela internet é falta de visão utilizar meios de bloqueio e restrição pelas empresas.
O profissional que deseja inovar, crescer e aprender precisa da web. Seja para ler notícias, seja para conhecer um novo aplicativo ou seja para fazer contatos.
O abuso, em todo e qualquer sentido, deve ser reprimido. Com ele, o profissional desvia sua conduta de bom profissional e mostra que não sabe onde está.
Realmente são poucos os profissionais que utilizam a liberdade para crescimento e aprendizado e talvez nessas situações o gestor precisa estar mais presente para direcionar o mau profissional ao caminho correto.
Cabe aos gestores modernos descobrirem o que é bom senso e cada um dos casos. Para isso, precisam conhecer seus colaboradores e o trabalho que desempenham. Só assim conseguirão avaliar o certo e o errado.
Pesquisas à parte, a produtividade independe se a tecnologia envolvida é a mídia impressa, eletrônica ou digital- depende muito mais do mercado em que um profissional atua e do seu bom senso em utilizar esta ferramenta.
Um administrador de fundos de investimentos pode e deve ler notícias internacionais que possam, até indiretamente, afetar seu mercado, mas não precisa passar muito tempo numa comunidade de pescaria.
Claro que o uso da web deve ser restrito, mas restrito pelo usuário ele mesmo, e não por um capataz onipotente.
Bla, bla, bla, bla… independente de qualquer pesquisa acadêmica, a cybervadiagem é de fato um fator que diminui a produtividade. Digo isto com conhecimento de causa, pois foi um problema por qual passei em meu escritório. É fácil jogar esta responsabilidade no ombro de um gestor moderno. Ele vira as costas e começa a farra no kibeloco, fuxico, blog de esportes, David no Dentista e portais cheios de conteúdo que não vão mudar o mundo.
São poucos os profissionais que usam esta liberdade para enriquecer seu conhecimento e agregar algo que realmente interessa para a empresa.
Acredito que 10%, 15% seja saudável. Funciona como válvulas de escape, aliviam a tensão e nos fazem relaxar. Assim como jogar fliperama ou tirar uma soneca no sofá do escritório. Mas como a maioria de nós não trabalha em empresas assim… vamos nos contentar com aquelas que nos dão a liberdade de gastar algum tempo na internet de forma livre. Vamos recompensar na forma de bom-senso e responsabilidade.