Dar aulas era meu objetivo durante o período do mestrado. Sonhava em fazer parte do corpo docente de uma universidade e ser professora de graduação. Tive essa experiência ao mesmo tempo que fui sendo convidada para aulas de pós-graduação. Hoje afirmo: fico com a segunda.
Não sei se pelo sistema brasileiro de ensino, a graduação é hoje simplesmente – para a maioria dos alunos e nas universidades em que trabalhei (particulares apenas) – uma maneira de se conquistar um diploma para entrar no mercado de trabalho.
Isso ocorre por dois motivos, a meu ver: o Brasil não oferece nenhuma oportunidade para pessoas de nível técnico; talvez por conta do primeiro motivo, o título de graduação é obrigatório!
Isso na verdade está levando a um outro desvio: não basta a graduação. Para se diferenciar no mercado tem que ter um Mestrado(!). Ou seja, não aprender muito na graduação é um ?fato? e para ter um bom currículo é melhor que se faça logo uma pós, de preferência stricto sensu. Visão fatalista de uma cultura que em vez de buscar e exigir mudanças, cria subterfúgios para ?conviver? com os erros do país! Gerando lucros para algumas instituições que, obviamente, querem alunos-reféns…
Mas a verdade é que uma boa pós é cara e o aluno que chega lá está em busca de conhecimento. Porque quer, não porque seus pais (a sociedade) o obrigam. Ele resolveu que quer aprender mais sobre determinado assunto.
É, para o professor, uma experiência muito mais fascinante!
Estou aqui preparando minhas aulas para o próximo curso de pós de Ergodesign de Interfaces: Usabilidade e Arquitetura da Informação na PUC-Rio. Organizando a teoria e elaborando as práticas, pensando em como acontecerão as dinâmicas durante os dois módulos de 9 aulas no total. Passar minha vivência e experiência em desenvolvimento de sistemas interativos e projetos de arquitetura da informação.
Sei que aluninhos ansiosos por receber informações, de ouvidos e cabeça abertos, estarão lá me esperando. E também exigindo mais das minhas aulas. Isso é que me estimula. [Webinsider]
.
Renata Zilse
Renata Zilse (renata@maisinterface.com.br) é designer com mestrado em design e arquitetura da informação.
8 respostas
Esse discurso é o que menos se precisa em educação no Brasil. Todos passam a culpa para o outro. São os estudantes que não prestam, depois é o governo, depois o professor e ai está o ciclo vicioso em que vivemos.
Se cada um não assumir a sua responsabilidade, vai ficar assim. Pessoas com diploma de mestres e doutores discutindo de quem é a culpa.
É deprimente ver que uma pessoa estuda para escrever algo como este seu texto. Chega ser insano. Para dar aula não é só fazer um mestrado ou doutorado, é preciso como em qualquer outra profissão, ter VOCAÇÃO.
O problema é que muitos mestres e doutores estudam detalhes como o nascimento de pêlo nos ratos da Índia. Não enriquece em nada a sociedade, são estudos para encher lingüiça. E pior ainda, não estão preocupados em estudar as teorias relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem. E ai, o mestre para proteger-se de suas próprias fraquezas, coloca a culpa em quem? Claro no processo, na faculdade no estudante. Fácil assim.
Não adianta colocar a culpa no governo do Brasil. É a mesma coisa nos Estados Unidos, Inglaterra, Espanha…
O que precisa é que cada um assuma a sua parte e FAÇA!
estou fazendo a pos-graduaçao e com certeza aguça a nossa mentalidade e os recursos ideologicos sao outros. parabens e muito obrigado.
Pois é.
Mas será que conseguimos um nível de conhecimento bacana nessas universidades hoje em dia, ou, a maioria dos profissionais capacitados para tal função estão em pós-graduações ou especializações distintas ?
Também assino embaixo o artigo. Quem faz uma pós realmente quer estudar. A Pós abre a mente. Quanto à graduação, muitas vezes ela tem cursos que somos obrigados a fazer porque faz parte do currículo e talvez por isso acabamos por fazer, como você disse, apenas para conquistar um diploma. Ou problema da idade – afinal, estamos falando de um período em que o jovem está saindo da adolescência e muitas vezes não tem certeza do que vai fazer.
Eu fiz graduação em ARTES e pós em DESIGN. Mas atualmente temos várias outras opções de estudo que vai se acordo com os nossos objetivos: MKT, GESTÃO, TECNOLOGIA…
Réplica: talvez seja radical a afirmação de que o Brasil não ofereça oportunidade para pessoas de nível técnico. Vagas existem e muitas vezes faltam especialistas deste nível. Mas culturalmente somos um país que cobra formação superior de seus cidadãos.
Oi, gostaria de fazer está Pós! Aparece na Cobal hoje para conversamors sobre o assunto 🙂
Eu não dou aula, mas na perspectiva de aluno sei como é duro ser professor as vezes.
Discordo um pouco:
o Brasil não oferece nenhuma oportunidade para pessoas de nível técnico
Acho que o mercado sempre terá espaço para aqueles de conhecimento prático. Mestrado, Pós e até graduação não tem foco prático como um técnico.
Pra mim, a questão central de se estar no mercado, é o quão você o conhece, e o quanto você sabe trabalhar nele. Independente do diploma que carrega.
Abraços.
Fazer algo por fazer não é a resposta certa, mas por imposição do mercado todos entram nessa mare de faça pós, faça graduação e etc.
Devo fazer faculdade:
http://www.akitaonrails.com/2009/04/17/off-topic-devo-fazer-faculdade
Renata, assino embaixo – minhas experiências com graduação foram péssimas. Bem diferente das com pós, que sempre são boas.