E o jornal, vai acabar? Vai e não vai

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Do jeito como o conhecemos, sim. Os mais puristas estão arrepiados e insones com esse tal de conteúdo participativo e – cruzes! – com o “jornalismo cidadão”. Mas o que fazer diante de mais uma revolução que, ao que tudo indica, já chegou e veio para ficar? Grudar a cabeça ao muro das lamentações e permanecer no tempo que passou ou (re)pensar o que pode ou não mudar com os novos modelos de comunicação?

A democratização da informação e dos acessos a ela torna tudo mais difícil? Impossível? Inviável? Ou torna tudo mais concorrido? Talvez seja a temida “concorrência” o verdadeiro bicho-papão dessa história. Levando-se em consideração as características da mídia brasileira, nada mais lógico que temer a avalanche de fontes de informação surgidas com a internet. Como diz Caetano Veloso, quem lê tanta notícia?

A imprensa tem medo da internet. Usa com cerimônia, meio sem graça, meio sem jeito. Enquanto empresas integram suas áreas de marketing on e offline, os meios de comunicação não inovam. Embarcam nas ferramentas quando essas se tornam modismos e as utilizam sem estratégia e, muitas vezes, sem discernimento.

Nas TVs, inserções de vídeos do YouTube, por exemplo, só acontecem na exploração do que a ferramenta tem de bizarra e pitoresca. E no melhor estilo Adam Smith, as mídias sociais gritam: deixa estar que vamos criar. Estimulem, incitem, provoquem. Vide o sucesso de Barack Obama. Seu pôster de campanha, hoje exposto em museu, foi “presente” de um artista-eleitor. Assim como seu hit de campanha no YouTube, “Yes we can”.

Se a palavra de ordem é participação, sabendo usar, que mal fará? Temer o inevitável é ficar parado diante da verdadeira tsunami que se forma. A onda é forte – e acreditem – vai mudar padrões e conceitos. O leitor não é e nunca mais será passivo. E fingir que nada está acontecendo como se a internet fosse ainda biscoito fino para poucos é nadar contra a maré.

A classe C e D avança a passos largos na rede, o presidente Lula adere ao blog (quer sinal de maior popularidade -ele é o cara, lembram-se?) e computadores vendem mais que TVs. Sem falar no predomínio brasileiro no Orkut e agora no Facebook.

O jornal, o telejornal, o rádio e a revista nunca perderão espaço e relevância. Mas têm de se adaptar a uma realidade diversa e dinâmica; a uma geração ? que os americanos chamam de Y ? que forma opinião das mais diferentes maneiras. Uma geração que faz do celular quase um computador portátil; que cria celebridades; que usa a rede para reclamar, ironizar, elogiar, ridicularizar. Tanto na esfera pública, quanto na privada, devemos estar atentos ao que se diz na web. Porque não há barreiras e, muito menos, fronteiras.

A descentralização da informação é uma das grandes conquistas desse século. Para leitores e jornalistas, a possibilidade de ir além, via ferramentas digitais, expande a maneira de se buscar e fazer notícia.

Assim como a TV não matou o rádio e o cinema, a internet nunca matará o velho jornal, aquela revista ou hábito de ver o jogo de futebol com o ouvido grudado na radinho. Mas é preciso integrar, interagir, abraçar uma mídia a outra tirando de cada uma o que de melhor elas têm a oferecer.

O dever de casa pode começar nas escolas de comunicação, que formam profissionais para um mercado que não existe mais. Redefinir modelos, se aproximar do mercado de trabalho e não tratá-lo mais como um vilão, pode ser o primeiro passo. [Webinsider].

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Avatar de Nara Franco

Nara Franco (narafranco@gmail.com) é jornalista e trabalha como gerente de comunicação integrada na FSB Comunicações.

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12 respostas

  1. Hoje em dia tem muitos jornais e editoras que optaram pelo digital. No Brasil a empresa que faz os sistemas de jornal digital e revistas digitais é o Mavenflip, aqui tem mais informações http://www.mavenflip.com.br

    Acho que o futuro é a mídia digital mas o impresso dificilmente vai acabar, apenas será utilizado em escalas menores e com foco mais direcionado.

  2. Oi Marcos: Existe a impressora que transforma o digital em físico, e por exemplo o site Arquive.org (www.archive.org) que tem um robot que fica buscando de forma semelhante ao google todos os sites da internet e fica guardando suas versões por data, algo interessante e semelhante à um arquivo propriamente dito.

    Por exemplo: dê uma olhada na versão do Web Insider em 18 de outubro do ano 2000, quase 10 anos atrás e dá para ler os artigos com o layout antigo:
    http://web.archive.org/web/20001018094541/http://br74.teste.website/~webins22/

    Site interessante para quem necessita do sentimento de nostalgia por alguns instantes, sendo que vivemos do presente, embora o passado seja importante por fatos históricos e adoro história, porém acredito que o poder da web de dissiminar a informação é muito mais eficiente do que o papel, pois toma proporções globais instantâneamente.

    Acredito que a internet não foi utilizada ainda para fins históricos pois não tem tanto conteúdo antigo dentro dela, mas por exemplo, em um trabalho de história que tive no ensino médio (uns 4 anos atrás), encontrei no emule gravações originais dos rádios comunicadores utilizados no Golpe militar do Pinochet, no momento que tomava o poder, algo que sem a internet não teria chegado à mim (me rendeu uma nota 10)!

  3. Essa descentralização é boa. Minha única dúvida a cerca dos nossos revolucionários meios é a documentação, arquivamento e afins.

    A Internet tem muita coisa atemporal, como por exemplo aqueles emails e correntes que você recebe cerca de duas vezes por mês, mas também tem um monte de coisa que não se encontra mais.

    Sites vem e vão o tempo todo e, de repente, um texto que eu achei legal, como este aí em cima, some! Meu questionamento é sobre a história.

    Muita coisa e muitas conclusões a cerca do nosso passado são presumidas via convergencia de informações obtidas através das mais variadas fontes. Documentos, arte, bibliotecas e até fosseis são lidos e interpretados, mas a realidade virtual não tem a solides e a durabilidade necessárias para este fim…

    Adoro tecnologia, mas tenho dúvidas se alguém daqui a dez anos vai ler o que eu escrevi aqui.

    Abraços!

  4. Nara, como sempre, você apresenta uma boa leitura da comunicação atual. Lembro quando você já defendia mais ações de comunicação no mundo digital há alguns anos. Aqui nos Estados Unidos acontece numa velocidade impressionante, é verdade, e dita rumos. Tomara que o Brasil venha logo em seguida, adpatando e criando o seu próprio modelo de fazer comunicação na Internet, o blog da Petrobras, na minha opinião, é um bom exemplo dessa inciativa. Ótimo o seu texto! beijos a você! Paula

  5. Vai chegar a um ponto em que o jornal terá que evoluir, ter algum diferencial, se adptar as novas tecnologias ser mais dinâmico. Mas acredito que por um bom tempo o jornal vai estar presente em nosso cotidiano, assim como a TV, a revista, o panfletos de semáforo entre outros meios de comunicação que dificilmente vão perder seu lugar e perstigio. Sabemos que quando a Geração Y ficar madura e predominar, vão direcionar os meios e talvez estes meios podem perder seus espaços e ficar totalmente desvalorizados, mas até la tem muito tempo. A 5 anos atrás eu escuto a mesma coisa que o jornal vai acabar e até hoje muito presente em nossas vidas.

    Raphael Monteiro Barboza
    http://www.quedesign.com.br
    contato@quedesign.com.br

  6. Acredito que no final tudo virará a mesma coisa, tv vira pc setupbox com acesso via ip que vira um equipamento de video conferência com uma webcam, assim como rádio digital que roda via wi-max e você poderá falar com a emissora enquanto dirige, e jornal que vira e-paper que conecta via wifi/3G/etc. e recebe as notícias via internet.

    Ou seja:

    A era que estamos entrando não pode ser comparada à chegada da tv após o rádio, pois estamos falando de revolucionar todos os anteriores meios de comunicação, e não somente uma evolução no tipo de informação que ele passa.

    A internet não resume-se somente à computação e celulares, será onipresente estará em todos os lugares todo o tempo disponível e acessível para que qualquer equipamento que possua alguma interface (visual/auditiva) possa acessar qualquer informação desejada pelo usuário.

    É o que penso 😉

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