Todo poder corrompe e o poder absoluto corrompe totalmente.
Lorde Acton, da minha coleção de frases.
Quando inventamos a representação parlamentar, no século XVIII, com a Revolução Francesa, queríamos desintermediar o poder dos reis.
A sociedade não funcionava – era autoritária e não conseguia andar adiante. Estava emperrada, pois havia no caminho um monarca, “escolhido por Deus”, com todas as regalias, determinando as leis a seu bel prazer e interesse.
Resgatava-se ali a ideia de democracia grega, mas com representantes escolhidos pelo povo, pois já não dava mais para se tomar as decisões na praça, que ficara pequena para o número de cidadãos.
Surgia o conceito da representação parlamentar e da república, como voz legítima dos representados, o que foi um gigantesco avanço, criado a golpes de guilhotina, baseado principalmente pelas novas ideias que passaram a circular no novo ambiente informacional dinâmico proporcionado pelo livro impresso, a partir de 1450.
Hoje, entretanto, questiona-se o já arcaico modelo da democracia representativa atual, por vários justos motivos:
- A quantidade de pessoas em cada país se multiplicou e por mais que se estruture determinados modelos de representação, sempre estão aquém das necessidades e diversidades dos representados;
- Os parlamentares profissionalizaram-se, se perpetuaram, com um custo cada vez mais alto para conseguir o mandato, afastando mais e mais o cidadão comum daquela casa;
- Em função desse mesmo custo, é comum que defendam os seus próprios interesses para garantir caixa para as eleições futuras (e dos grupos que o apoiaram) em detrimento da maioria;
- E, por fim, ainda (pela falta de outro poder legítimo que o faça) a legislar em causa própria, como o aumento do próprio soldo, definição de regras eleitorais, etc.
(De certa forma, eles são os reis hoje, os barões, os condes, a defender apenas seus privilégios, em um retorno similar ao da Revolução Francesa.)
Veja matéria que saiu na Folha no último sábado, na qual Torquato Jardim, ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) critica a auto-regulação do Congresso e aponta o problema, mas sem ainda apontar um ?remédio?:
Para Torquato Jardim, ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ?direito eleitoral é o único ramo do direito no qual o destinatário da norma de conduta redige a própria norma?.
?O Congresso é uma assembleia de vencedores. E esses vencedores não vão mudar a regra do jogo para perder o jogo, para não serem re-eleitos?, diz.
Segundo ele, toda vez que a Justiça Eleitoral avança e restringe a ação política, o Congresso muda a lei.
Urge, assim a criação de um novo ambiente democrático que impeça essa prática!
Hoje, em vários países da América Latina discute-se novas formas de representação. Muitos levando adiante a ideia de consulta direta ao povo. Não é o caso aqui, mas o de refletir de como podemos usar a força colaborativa da internet para dar mais ainda representação aos parlamentares.
Já que com as novas tecnologias hoje disponíveis torna-se viável propor e implantar um quarto poder da república, acima de todos os outros, que complemente o trabalho do atual Congresso, reunindo de novo o cidadão em torno da nova praça pública, agora virtual, para decidir assuntos – principalmente aqueles em que os parlamentares legislam em causa própria, tais como salários, número de representantes e a maneira pela qual os políticos são eleitos, trocam de partido e exercem seus mandatos.
Podendo se estender a outros temas com o avanço da prática, sempre em uma relação de voto direto e discussão com parlamentares, em um Congresso 2.0, em constante evolução.
Sim, claro, com direito a debate, informação e, principalmente, voto popular!
Não, repito, não é um movimento contra a democracia, pelo contrário, é o resgate do ideal da democracia grega, francesa, que hoje está cada vez menos representada no modelo parlamentar atual.
Um quarto poder que possa canalizar melhor as demandas que venham debaixo, para as quais o Congresso muitas vezes se torna opaco, dinamizando as mudanças necessárias para o país não emperrar, como vemos hoje.
Um quarto poder para mudar o que precisa ser mudado, sem a necessidade de se abrir mão da atual representação, mas aprimorando-a constantemente.
Hoje, já há tecnologia suficiente para que o cidadão possa votar de casa, do trabalho, de um cibercafé, com segurança. Se é possível se ter conta em banco pela internet, votar é algo extremamente simples e relativamente barato, basta certificar digitalmente os títulos de eleitor.
Assim, podemos começar a estudar seriamente a possibilidade de se criar o Wikigresso na república 2.0, ou qualquer nome que queiram dar, valendo a mesma regra para municípios e estados.
O quarto poder, que nos permitirá sair da sinuca de bico que a revolução francesa nos colocou em um país de quase 200 milhões de habitantes mal representados!
Se concordas, como melhoraria a atual proposta? [Webinsider]
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Carlos Nepomuceno
Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.
33 respostas
Alex, transparência total é o que prega o partido pirata, os verdes da vez.
Acho que a neo – revolução francesa que está sendo parida na barriga do mundo, tem nesta uma de suas bandeiras.
Valeu o comentário,
abraços,
Nepô.
Olá Carlos Nepomuceno, primeiramente parabens pelo excelente artigo, refleti muito sobre suas idéias.
Deixe eu fazer-te uma pergunta:
Você votaria no Collor?
😀
Quem você acha que votaria no Collor?
😀
Eu acho insanidade alguem que já robou voltar ao poder de uma país.
Estou falando do Collor simplesmente pelo fato de ter sido um grande escandalo, mas pode responder a essas perguntas trocando Collor por qualquer outro político corrupto.
Eu sempre achei que política deverias ser algo transparente.
Exemplos:
-cidadão ter acesso a conta corrente dos politicos com direito a saber as movimentações financeiras e tudo mais.
-cidadão ter acesso as chamadas dos politicos. Porque existe tanto segredo entre os politicos. Se ele foram eleitos para nos representar porque não temos livre acesso as conversas mantidas por eles.
A idéia de wikigresso é perfeita mas eu adicionaria algumas pitadas de transparência entre os políticos.
O 4º poder teria muita influência mas acredito que ainda sim os outros poderes iriam continuar fazendo suas marretas para o seu próprio prazer.
Resumindo sou a favor da TRANSPARÊNCIA TOTAL
Helder, uma boa proposta.
Temos que juntar esforços
abraços
Nepô.
Algo exatamente nestes moldes já está sendo feito aqui: http://trac.parlamentoaberto.org/
Chama-se Parlamento Aberto. Recomendo fortemente a leitura. Voluntários são bem-vindos 🙂
Abri um pré-manifesto para publicar semana que vem na rede, quem puder ajudar com idéias e revisões, me diga:
http://nepo.com.br/2009/07/23/o-pre-manifesto-para-debate/
Abraços,
Nepô.
Quando disse hoje, não reparei na data deste último texto, 14/07. O hoje a que me refiro é 22/07/09.
Na realidade não tive tempo de ler seus três últimos textos, infelizmente. Porém, eu gostaria de informar que procurei muito por seu curriculo na plataorma lattes, para ter mais informações sobre a sua história acadêmica e profissional, mas, sem sucesso. Porém, agora a pouco, cerca das 20:00h de hoje, seu currículo apareceu automaticamente, sendo colocado pelo sistema. Mas está em branco, o senhor precisa preencher com seus dados. Penso que é muito importante, que nós que procuramos nos informar e aprender pela internet tenhamos como conhecer um pouco sobre quem estamos lendo, até mesmo para que tenhamos certeza sobre a qualidade das informações.
Concordo em muitos aspectos, mas discordo principalmente no que diz respeito à criação de um quarto poder. Entendo que, naturalmente, há três funções (legislativa, executiva e fiscal) mas apenas dois poderes:
O Poder Material representado na força física, na posse de arma, na investidura em cargo público, no dinheiro que compra tantas dessas coisas, etc. e a Opinião Pública que se manifesta em pesquisas e, de tempos em tempos, através do voto. O Poder Material, mais cedo ou mais tarde, rende-se à Opinião Pública. A Imprensa representa olhos e ouvidos do Poder Maior.
Em http://www.brasilzero.eti.br/index.htm há uma proposta de novo organograma para o Estado, onde a Opinião Pública é o Poder Maior da República. Atua em três níveis: Tribunais Populares, Conselhos (Nacional, Estaduais e Municipais) e Plebiscitos (voto universal).
Sérgio e Marcos,
na verdade, a ideia vem evoluindo na minha cabeça com as discussões que o atual artigo provocou.
Veja que os magistrados estão discutindo seus aumentos esta semana, não seria anti-ético alguém decidir aumento em causa própria?
Chamaria de quarto poder, pois, na verdade, teríamos uma instância acima dos três outros poderes que seria convocada nas crises e teria atribuições que seriam:
1- questões de gravidade maior para envolver a população em determinadas discussões, não se trata de plebiscitos, mas de um espaço de preparação para votação e depois votação, que pode incluir discussão na mídia on-line e off-line e voto;
2- todos os atos que representem auto-determinação de um determinado poder por ele mesmo, só uma força representativa da população teria mais força do que cada um dos poderes, aprofundando a democracia e evitando a decisão de um poder em causa própria, um desvio claro da nossa democracia, herdada da França e outros;
Volto a dizer, este espaço não elimina o Congresso, pois são tantas coisas a serem discutidas lá, detalhes, etc..é um espaço amplo para relevantes decisões, as quais o Congresso, digamos, seria pequeno para tomá-las.
O Congresso, aliás, poderia arredondar as votações em alguns momentos.
Podemos rever o tamanho do atual Congresso e a amplitude do quarto poder, pensando a mesma política para os estados e municípios.
Seria a desintermediação naquilo que fortalece a população.
Acredito que enquanto ideia devemos alargá-la agora em termos de quantidade de pessoas envolvidas ao máximo e depois que começar a ganhar corpo na sociedade, pois são vários que começam a visualizar este caminho, podemos começar a esmiuçar e detalhar para incluir na pauta de pertidos e políticos.
Esse caminho me parece claro é apenas uma questão de tempo – cabe a nós encurtá-lo.
Que dizem?
grato pelos comentários,
abraços
Nepomuceno.
Carlos,
Apóio, o caminho é por aí mesmo, mas não podemos chamá-lo de Quarto Poder porque estamos falando de desintermediar um dos Poderes atuais: o Poder Legislativo. E com a internet já estamos desintermediando a Mídia, o verdadeiro Quarto Poder sobre as sociedades.
A internet é o meio ideal para solucionar a crise de representatividade que vivemos.
Ainda acredito que a representatividade é o modelo que mais viável para a gestão sociedade, mas concordo que hoje temos os meios para torná-la muito mais dinâmica, de acordo com os tempos em que vivemos.
Conte comigo para projetos concretos neste sentido.
Bom pessoal,
há várias questões em aberto para colocar a proposta em prática e acho que algumas argumentações são válidas para a discussão:
1- acredito ser anti-ético qualquer pessoa legislar em causa própria, o que no nosso sistema parlamentar tem criado um desvio de conduta – isso precisa ser ajeitado;
2- atualmente, os brasileiros já fazem a sua declaração de renda pela Internet. Se é possível pagar imposto (dever) por que não pensarmos em votar (dever)?
3- sim, há diversos problemas de representação, mas acredito que por mais que haja desvios em uma votação pela web, se restringirmos num primeiro momento as votações específicas sobre o funcionamento do próprio Congresso, salários, forma de votação etc, com debates colocados na rede, que podem se estender pela tevê, rádio, etc, por que não?
Vamos em frente, mais sobre esta discussão aqui também:
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/07/17/a-democracia-20/#comments
Vamos ampliar o debate, coloque o tema no seu blog, sugira quem tem blog discutir o tema.
Nepô – http://www.nepo.com.br
Já tive contato com a ideia de democracia direta. Parece uma boa ideia, mas a meu ver, ainda precisamos dar outros passos para chegar a ela e resolver alguns problemas.
Há três problemas para os quais não temos resposta ainda:
1. A grande maioria das pessoas é burra ou, no mínimo, desinformada. Se votarem direto, vão votar junto com o que diz a publicidade (ou com os artistas), confiando nas opiniões deles. Será que mais de 5% vão ler e entender a ponto de sugerir mudanças nos projetos de lei?
2. Se a votação puder ser feita em qualquer lugar, pode haver coação, mesmo que não explícita. No dia da votação, a empresa vai dar uma palestra e liberar todo mundo pra votar: Votem no que quiserem, mas se a proposta não passar, vamos ficar em maus lençóis.
3. Além do congresso, que representa o povo e é proporcional ao número de cidadãos, há o senado, proporcional aos Estados e que não necessariamente são o desejo da maioria (cada Estado possui 3 senadores. Nem mais, nem menos).
Enquanto não chegamos em um patamar em que se possa resolver essas questões, há outras ações que podem ser tomadas (e que estão sendo tomadas):
1. Governança: Principalmente, a inserção de medidores de qualidade. Quantos atendimentos foram feitos, quantos atrasos nos projetos, quantas obras paradas, quantos Reais por atendimento, qual o tempo de resposta de uma solicitação, qual a maior causa nos atrasos… O Transparência Brasil colocou um medidor sensacional para regular o trabalho do legislativo: qual o índice de propostas que fazem diferença na vida do cidadão viraram lei? Descobriu-se que nem 5% nas capitais pesquisadas.
2. Transparência: botar tudo na Internet. Os jornalistas estão doidos pra encontrar o próximo furo de reportagem. E isso poderá ser achado cruzando dados disponíveis… se eles estiverem disponíveis.
Prezado Carlos Nepomuceno,
Muito interessante o seu post.
O site WhiteHouse 2 aplica um conceito que poderia ser útil ao seu Wikigresso (http://whitehouse2.org/). O responsável pelo site é Jim Gilliam (http://www.jimgilliam.com/), que está desenvolvendo agora o NationBuilder (http://nationbuilder.com/), definido como um serviço web para criar e manter uma democracia.
Quando a sociedade exerçe seu direito (obrigação) de votar em um politico, não lhe dá carta branca para fazer o que quiser do país.
Quando do movimento privatista, onde estatais foram praticamente doadas, o congresso nacional se deu o direito de discutir uma questão sem perguntar para a sociedade. Não importa se a imprensa fez campanha ou não. O que importa é que os politicos não são donos do Brasil.
O wikigresso podería nem ser deliberativo, pode ser consultivo. O congresso podería ou não seguir suas sugestões, o que não pode é toda sorte de desmandos serem praticados contra a sociedade.
E não adianta dizer que os deputados são representantes do povo, por que depois de eleitos quase não se reportam á estes.
Existem conselhos para tudo na republica, desde os municipios (que deveria ser rediscutido suas funções, pois existem desvios de conduta), até a o poder executivo e judiciario, tem seus conselhos.
Por que não um conselho de internautas?
Expor o tema – abrir o debate – responder as dúvidas – demonstrar as alternativas – fomentar a discussão.
Não fará mal algum, os representantes do povo, ouvirem a parte interessada.
Fiquei satisfeita em ler um texto levando tão a séria uma idéia como essa e disposto a explorá-la. Concorco com os comentários que colocam a questão da dedicação das pessoas as questões comuns, do que é público – e que em certa medida poderiam ser relacionadas aos deveres. É muito reduzido o número de pessoas ao mesmo tempo interessadas e dispostas a pensar, contruir e a agir por estes objetivos importantes mas que não soam tão diretamente relacionadas à sua sobrevivência/conforto.
Uma outra coisa é que, será mais um meio um tanto restrito. Por mais que a democratização do acesso a internet ande a passos largos, continuarão excluídos de decisões e etc os que não têm acesso à comida, à saúde básica, à educação…
Radicalizando,
Manifesto pela Democracia Real
A humanidade está vivendo um tempo sem precedentes.
Pela primeira vez o planeta torna-se um só lugar, pequeno e conhecido.
Suas diversidades naturais, sociais, culturais, climáticas, geológicas, biológicas só fazem sentido como partes de um todo indivisível, insubstituível e único.
O poder que decide o destino destas diversidades também deve ser único sem ser governo nenhum.
Somente a REDE MUNDIAL DE PESSOAS – INTERNET – pode conter todas as diversidades e permanecer, por sua própria natureza una.
Somente a REDE tem legitimidade para decidir todas as questões da VIDA em todas as suas formas.
Todos os seres humanos têm o direito de se conectar à REDE e nela participar das decisões de sua comunidade local, regional e planetária.
A REDE não reconhece com legítima nenhuma outra forma de poder que não ela mesma.
A REDE tem o compromisso de propagar a si mesma estendendo o seu alcance sobre todo o planeta, fornecendo os meios e tecnologias necessários para que todas as pessoas de todos os lugares possam conectar-se a ela.
Todas as pessoas atingem o status de cidadãos do mundo quando integram a REDE, nela votando todas as questões, matérias, orçamentos e projetos de quaisquer natureza.
A REDE dispensa toda e qualquer forma de representatividade política uma vez que a cidadania é inalienável, individual e instantânea.
Nada em qualquer parte do mundo pode ser feito sem que a REDE saiba ou aprove. Portanto, nenhum outro interesse, individual ou grupal, privado ou público pode estar acima dos interesses da REDE.
A REDE proverá aos seus membros todas as informações e meios de difusão necessários para o mais completo conhecimento sobre todos os assuntos, estando desde já abolidas todas as formas presentes e futuras de censura.
A REDE é guardiã e depositária de toda história e cultura humanas, de todo conhecimento cinetífico e tecnológico, artístico e espiritual e é seu dever ampliar permanentemente o conjunto destas informações.
A REDE tem o dever de divulgar ampla, aberta e irrestritamente todo o conhecimento passado, presente e futuro para que todas as pessoas posssm desenvolver seus potenciais.
Olá,
O que é incrível nessas propostas é a incapacidade de dar o passo além das fronteiras do formalismo legalista.
Não precisamos de congresso, não precisamos de assembléias, não precisamos de câmaras de vereadores.
Não precisamos mais de representantes. Representamos a nós mesmos no processo da democracia direta, online, instantânea. Devemos criar o foro aqui e agora e abolir a democracia representativa que só representa a si mesma.
Votamos nós as leis que nos interessam debatendo aqui na WEB. E economizaremos montanhas de dinheiro que gastamos com podres poderes.
marroni@oi.com.br
Com certeza esta democracia oriunda da revolução francesa precisa ser repensada. Para iniciar este processo, só existe um caminho: eliminar, extinguir o poder econômico do processo eleitoral (poder econômico privado). 2) Criar mecanismos de participação direta do povo, via internet, como o sugerido, mas bem organizado, imune a fraudes ( seria o 4 poder); 3)Criar um sistema, tipo vestibular, para os candidatos a politicos para eliminar os ruins, os que veem a politica como fonte de enrequecimento. Assim, faz-se uma seleção com critérios que caracterizem o bom politico ( no sentido filosofico aristótelico mesmo, com a preocupaççao em insalar o Bem Comum); 4) Desta forma se estancaria esta fáblica de politicos alimentada pelas oligarquias que se perpetuam no poder (veja o caso de Sarney). Ou seja, teoricamente a solução existe. Colocá-la em prática é que é o grande desafio!
Olá Nepô
Acho que sua proposta é simpática, mas esbarra em uma dura realidade, algo tão forte quanto a lei da gravidade: a tal da economia da atenção. O ser humano tem 24 horas por dia, nem um minuto a mais.
O Herbert Simon, Nobel de Economia, chamou nossa atenção com a idéia de racionalidade limitada (bounded rationality): tomamos decisões com base num conhecimento muito precário. Portanto, a democracia direta, com ferramentas web ou sem, padece da nossa capacidade limitada para absorção de informações e criação de significado.
Vejo saídas por um outro lado: a criação de múltiplas instâncias de representação além das eleitas pelo voto popular, que passem a ter poderes legítimos para convocar CPIs, fiscalizar o Legislativo e o Judiciário, votar a pauta do Legislativo (em vez disso caber às Mesas apodrecidas da Câmara e do Senado etc.). E usar a Web para fazer chegar ao eleitorado de cada parlamentar a informação de todas as suas sacanagens. Novas formas de controle social. Uma nova versão do princípio do checks and balances. Imagine uma câmara formada por lideranças da sociedade política e da sociedade civil que tenham uma certificação ISO sei lá que número, que nos assegure de que elas atendem a tais e tais requisitos. Essa Câmara teria muita força na mídia (veja a força do Instituto Ethos, do Movimento Nossa São Paulo, do Movimento Brasil Inovação etc.).
Não tenho dúvida de que algo radicalmente novo virá por aí. Mas sou otimista: deve ser no sentido do avanço do nosso capital institucional, e não no seu retrocesso. A representação é essencial para que as questões possam ser estudadas, assimiladas e votadas com conhecimento de causa. É ingênuo achar que cada um de nós pode fazer isso individualmente.
Um grande abraço
Sérgio Storch
A luva encaixa-se perfeitamente à mão.
Há urgência, urgentíssima de algo na direção pensada pelo ilustre professor Carlos Nepomuceno.
A sociedade brasileira tem absoluta necessidade encontrar uma saída diante de tantos descalabros constatados de que tem sido vítima.
UM fosso enorme separa os poderes constituídos daqueles que o constituíram.
Nunca o Brasil fez uma verdadeira revolução. Tivemos até hoje um acerto de contas entre os ocupam o poder.
Só uma coisa não podemos ter nunca, solução vinda dos meios militares. Esses dividiram sempre o poder com os mais próximos. E olhe que eles estiveram também no poder longamente. Mas nada pessoal contra os militares.
Na democracia 1.1, eu voto a cada 730 dias.
Na democracia 2.0, quero votar diariamente.
Na democracia 1.1, voto em representante. Na democracia 2.0, quero votar diretamente, sem representante.
Na DEM 1.1, tenho que ir à seção eleitoral. Na Democracia 2.0, quero votar de casa. Todos devem poder votar de casa, da taba, do galpão.
Na democracia1.1, só adultos podem votar. Na democracia 2.0, crianças ?com noção? também devem votar.
Caro Nepomuceno,
Numa sociedade tão complexa como a sociedade contemporânea, em que os interesses são tão difusos e antagônicos, precisaríamos ter um congresso para cada edifício. Em alguns casos, para uma mesma família seriam necessárias várias assembléias para decidir questões mais candentes. Entendo o sentido de sua utopia. Assim como entendo que é preciso mudar não as instituições, pois o seu funcionamento não é tão ruim.
Utilizando a sua metáfora, talvez seja mesmo preciso fazer um upgrade no sistema político. A tecnologia é um canal e tanto para comunicação entre políticos e cidadãos. O sistema precisa ser alimentado com boas informações, propostas sérias e, principalmente, apoio às boas idéias. Como estas suas. Parece que em pequenas cidades em que houve investimento no acesso ampliado da população a computadores, internet e banda larga, algumas mudanças (para melhor) estão ocorrendo.
Um maior controle dos cidadãos sobre a máquina política e administrativa. Levando em conta que pequenos municípios são maioria entre os mais de 5000 municípios brasileiros, a primeira medida a ser alvo de ampla mobilização – dentro e fora da internet – é justamenta a ampliação do acesso às novas tecnologias de informação e comunicação. Depois, acompanhar e avaliar propostas como as suas implementadas pelos cidadãos ou coletivos (redes sociais virtuais e reais). O próprio cidadão passaria a fazer o que o autodenominado quarto poder, a mídia, não faz mais: fiscalizar, apontar as irregularidades e propor mudanças, indicar o melhor uso para o dinheiro público.
O próprio PT começou a desenvolver o tal Orçamento Participativo em pequenos municípios e até em uma capital (Florianópolis) antes do desenvolvimento que as NTICs alcançaram. Imagine, então, implantar nos distritos e subdistritos de grandes cidades e capitais, um controle via internet das decisões e empenhos de verbas públicas para melhorias escolhidas pela própria população? O negócio, mesmo é ir comendo pelas beiradas para chegarmos no objetivo apontado por seu artigo. A médio e longo prazo, seu projeto é plenamente possível. Abraços
Eduardo Viveiros de Freitas
Vamos discutir um protótipo?
Quem estiver interessado, manda email, estou trabalhando em algo muito próximo disso e acho interessante evoluir essa idéia do wikigresso.
victor c PONTO rodrigues no gmail PONTO com
Um sistema no qual qualquer um poderia ir lá, registrar-se, e então dar a sua opinião e voto sobre os assuntos pertinentes do país, ajudando assim à decidir que rumo o país deve seguir?
É tão simples e bom que nem poderia ser verdade.
Mas como um amigo meu diz e concordo com ele, há outro problema na equação: Nós mesmos. Somos incapazes de viver de fato como uma sociedade onde cada um têm os seus direitos mas também têm os seus DEVERES, e onde um sabe que não pode colocar os seus direitos acima dos direitos dos demais.
Mas criar tal sistema já seria um bom ponto de partida.
Concordo com você, Carlos, principalmente com seu comentário iluminado (no sentido iluminista): Talvez o papel seja sempre lutar para que o tempo entre um rei (que atrapalha) e o outro (que atrapalha menos) seja o mais curto possível,mas o poder faz parte da sociedade humana e não é nem a Internet, nem nada que fará que ele deixe de existir. A ideia de uma democracia 2.0 deve ser colocada na mesa de debates da sociedade, sim. Mas de maneira bem gradual. Primeiro, precisamos evoluir em outros pontos, como a obrigatoriedade de votar e, na minha visao, passar do sistema de voto proporcional para o distrital, entre várias outras coisas. Mas apóio com entusiasmo que promovas o início desse debate. É o primeiro passo!
hahahaha!
Seria a festa dos hackers!!!
Boa piada!
ainda.
eu só quero polemizar. no sentido político.
essa discussão é, mais que tudo, de natureza política. não-partidária (o que até tira o Congresso – que temos, não só pelas pessoas – da jogada; pois, ele não é politico; ali, no mais próximo que se chega da política, faz-se Lobby; baixa politica).
precisamos divulgar a possibilidade técnica (para além de seu conhecimento específico), de modo que a vontade do povo, crie, com a possibilidade técnica, a instituição política (uma praça eletrônica?).
voltando ao que já mencionei, acho que lá em seu Blog. sem educação (e aqui a comunicação é mais efetiva) no sentido de que ela seria o meio de tornar mais igualitária as possibilidades de ação politica, no que esta depende do conhecimento, tampouco, as possibilidades de comunicação nos ajudarão a superar a tirania dos sucessivos reis…
ou seja, jogar com a alternância deles será fazer o jogo do, se correr, o bicho pega, se ficar, ele come…
esportes divertem, mas são só simulações da guerra (que rola, a olhos vistos ou ocultamente).
eu entendo Nepô.
e eu concordo com as suas boas intenções (sem tripudiar).
mas acho necessário o contradito. é, no mínimo, uma meio de depurar.
mas, uma coisa. então seria um 5º poder. porque os jornalistas já reivindicaram (faz tempo) o 4º poder para eles. daremos ou não? (agora tripudiando)
e eles não deixam de exercer uma função do tipo, ainda que sem mandato. e, agora, sem diploma. no futuro, cada vez mais sem emprego.
e, sem dúvida, a natureza da Internet se assemelha à do jornalismo, até se confundem…com o diferencial, na Internet, de que há a possibilidade de alguma resposta do receptor (nem sempre respondida, no entanto; então, nem sempre considerada; existe assimetria, pois; um problema e tanto; e que não é técnico, atentemos).
2.0 é técnica e ferramenta. como era (ou ainda é, mesmo que com menor importância) a arquitetura e o urbanismo para o caso da Praça.
o que pega é, para realmente haver o mencionado aperfeiçoamento, termos como, pela técnica e pela ferramenta, construir a instituição. mas não são nem técnica nem ferramenta que possibilitam isto; elas ajudam, mas são pouca coisa.
é preciso vontade. e, no caso, não serve a vontade individual. ai, ai , ai…
uma andorinha só não faz verão.
Sergio, a idéia é aperfeiçoar a democracia…criando um quarto poder diretamente exercido pela população, em um processo lento e gradual de repensar o atual congresso, não eliminando-o, mas transformando-o para algo mais próximo das nossas necessidades.
Andrey,
acredito que a Internet desintermedia, ou seja, elimina alguns intermediários, mas sempre aparecerão outros, pois a rede é um sistema.
E todo o sistema tem a parte de quem o controla – por mais solto que seja e quem é, digamos, controlado.
O Youtube tem dono, o Google.
As normas podem ser soltas, mas eles definem a norma.
Assim, temos um bolsão democrático, iremos estabelecer um novo parâmetro, digamos, menos fechado do que o atual, mas novos reis irão surgir e irão reinar, até que se tornem um problema.
Talvez o papel seja sempre lutar para que o tempo entre um rei (que atrapalha) e o outro (que atrapalha menos) seja o mais curto possível,
mas o poder faz parte da sociedade humana e não é nem a Internet, nem nada que fará que ele deixe de existir.
Concordas,
abraços
Nepô.
Ótimo… é ótimo ver que as pessoas estão realmente se questionando sobre um tipo de governo ideal.
Ao invés de acreditar que as coisas são como são e não podemos muda-las (pois elas simplesmente são assim e ponto final), partimos para um outro ponto de vista, onde questionamos sobre se o que acontece é certo ou não. Nos perguntamos se temos outra opção.
Gosto de pensar o seguinte sobre isso: A história de tudo que existe não acaba aqui, nem começa aqui. Estamos no meio da história e alguma coisa vai mudar durante nossa vida ou depois dela, isso é fato.
Partindo deste princípio e analisando até de um ponto de vista ainda mais amplo sobre evolução da nossa espécie, afirmo que a internet é sim uma ferramenta que cria uma situação de inteligência coletiva ou até mesmo um inconsciente coletivo. Se um poder novo surgisse deste meio não ficaria surpreso e digo até que isso seria uma conseqüência
até previsível.
Só fico receoso em pensar que mesmo com esse novo poder, muito mais democrático, normas seriam criadas (para o bem do todo) e as pessoas que formulassem estas novas normas passariam a ser os novos reis. Até porque não seriamos nós, rélis contribuintes, que escreveríamos estas novas normas.
Para que consigamos mudar isso precisamos mudar muitas coisas, além da forma como este governo funciona. Acredito que existe muito de comportamento humano envolvido nisso. Uma pessoa é uma pessoa desde que nasce, não uma peça de um novo sistema de governo ou sei la…
Se as pessoas que podem vir a formular novas regras têm de ser honestas pelo menos. Fora outros aspectos que fazem uma pessoa, como qualquer outra, tomar uma decisão que influencia no futuro de toda uma nação de habitantes.
Acredito sim que funcionaria uma proposta voltada para esta idéia de se criar um novo congresso. Um quarto poder. E ficarei muito feliz se isso acontecer ainda na minha geração.
Penso também que o governo atual, ou esta nova saída, ainda conflitariam em um ponto em comum, o poder ainda estaria nas mãos de poucos.
Complexo…
Gostei da matéria.
Abraços
eu concordo, mas só se o sistema 2.0 puder superar o sistema democracia representativa e Congresso (que eu não chego a dizer que seja melhor).
de sistemas ando bem calejado… duvideodó…
concordo plenamente, inclusive já enviei uma proposta à rede globo sugerindo a implantação de um programa em que todos os cidadãos possa opinar e discutir os principais problemas que enfretamos e votar alternativas e o resultado seja levado ao congresso como projeto de lei, nesse programa seja convidados pessoas que conheça bem o assunto a ser discutido e façam seus comentários e o povo analize. acho que com esse tipo de atitude que vc abordou que irá despertar a população em geral a espalhar o sentimento de patriotismo que na minha opnião é o que está faltando nos congressistas.
parabéns! cintinui distribuindo tais ideias o povo precisa manifestar seu descontentamento aos parlamentares mostrando a eles que não queremos esse modelo de representação.
Ótimo artigo! Cada dia que passa vejo mais pessoas se interessando em mudar nosso país com atitudes como esta o que certamente surtirá efeito… Só temos que manter e até aumentar este rítmo.