Mixagem de áudio em cinema e home theater

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Mixagem é o termo usado pelos estúdios de gravação, para os métodos de mistura de vários canais de áudio, contendo elementos das capturas de voz e instrumentos, para um número de canais fixo, de um determinado formato. Na prática, significa reduzir 8, 16, 32 e até em alguns casos, 64 canais, para 1, 2, 5, 6, 7, ou 8 canais.

A mixagem de áudio em cinema, semelhante àquela usada em formatos para home theater, é um processo complexo, e que exige um estúdio especializado. Geralmente, este estúdio é montado em separado dos demais estúdios de gravação, com equipamento desenhado para este tipo de trabalho. Em estúdios de maior porte, a mixagem é feita em uma sala de cinema completa, montada para este fim.

Em qualquer hipótese, a mixagem exige pessoal técnico especializado. Quando bem feita, ela envolve o espectador na atmosfera desejada pelo diretor do filme. Por isso, ela costuma ser planejada por um designer, que faz anotações no roteiro, junto com o diretor, de como a mistura dos sons deve ser conduzida. Atualmente, todo o processo é executado por software, e o resultado gravado num formato digital, do qual todas as trilhas são derivadas.

Métodos básicos de mixagem

Idealmente, o engenheiro de mixagem deveria ser o mesmo que fez a gravação propriamente dita. Mas, enquanto isso pode (e deve) funcionar muito bem em um estúdio de gravação de trilhas sonoras (parte musical, exclusivamente), em um estúdio de cinema, o trabalho pode ser entregue a terceiros, que seguirão um roteiro pré-estabelecido.

Com o advento do uso de computadores e programas especificamente desenhados para esta finalidade, a mixagem envolve não só o posicionamento dos sons pelos diversos canais (por exemplo, 5.1), como também o ajuste do sincronismo labial entre o som dos diálogos e a articulação dos atores nas cenas. Hoje em dia, é possível fazer ajustes de alta precisão no sincronismo labial, inclusive de trilhas em processo de dublagem. Qualquer rompimento do sincronismo labial obtido do estúdio, se acontecer, certamente é devido à cadeia de reprodução para a qual determinada mídia é submetida, e por isso não é incomum equipamentos de leitura serem equipados com ajustes de sincronismo, para o momento da reprodução.

Embora a mixagem seja uma tarefa para lá de complexa, ela consiste na realidade em posicionar sons em lugares específicos do espaço. Para fazer isso, é preciso tomar como base o formato para a qual ela se destina.

Evolução dos formatos

Os melhores métodos de apresentação sonora em filmes foram conseguidos com o uso de múltiplos canais. E o primeiro desses formatos foi o realizado pelos estúdios Disney, com o nome de Fantasound. Ele consistia de três canais na tela, dois laterais e um canal surround. É importante assinalar que uma boa parte da mixagem do filme Fantasia, para o qual este formato foi desenvolvido, era feita no momento da projeção. Talvez por isso, e possivelmente por motivos econômicos, o Fantasound teve vida curta nos cinemas.

Note o leitor que um dos objetivos iniciais do Fantasound era fazer o som viajar no espaço, o que era conseguido com uma técnica chamada de “panning“. Ela se refere ao “panorama” obtido pelo deslocamento lateral, e pode tanto ser usada por imagem como pelo som. No caso deste último, o deslocamento é conseguido alterando a mixagem, mudando o som de um canal para outro próximo, sucessivamente, até criar a ilusão auditiva de movimento.

Walt Disney chegou a fazer do segmento contendo “O vôo da abelha” (peça de Nikolai Rimsky-Korsakov) um projeto para usar o panning, mas ele nunca chegou à versão final do filme.

A idéia do som multicanal teria morrido com o projeto de Disney, não fosse a necessidade do cinema em lutar contra a perda de freqüentadores nos cinemas por culpa do aumento de audiência da televisão.

Na etapa seguinte, coube a Hazard E. Reeves, co-desenvolvedor do Cinerama e fundador da Reeves Soundcraft Corporation, o estabelecimento de um formato moderno, para aplicação nas telas de Cinerama. Já no final da década de 1940, a fita magnética (legado alemão do pós-guerra) estava em franco uso pelos estúdios.

Reeves desenvolveu um sistema de som magnético em 35 mm, que rodava em paralelo com os três projetores usados para as telas Cinerama. Embora o sistema previsse de 5 até 9 canais, o formato usado foi de 5 canais na tela e um surround mono. Este formato foi literalmente transposto para o Cinerama em 70 mm e para o Todd-AO, desenvolvido nos anos seguintes.

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Porém, no início da década de 1950, um novo sistema, contendo bandas magnéticas no filme, se tornou prevalente, para as apresentações do CinemaScope (4 canais em filme 35 mm) e de todos os filmes em 70 mm (6 canais).

O som multicanal em banda magnética entrou em um recesso intermitente, até que os laboratórios Dolby introduzissem o formato Dolby Stereo ©, que usava 2 canais dos filmes em banda ótica, para derivar 3 canais na tela e um surround mono. O formato também prevê que, ao contrário do CinemaScope, que usava panning nas mixagens de diálogo, este ficaria exclusivamente contido no canal central.

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Os laboratórios Dolby ainda iriam fazer evoluir o Dolby Stereo para um formato avançado, chamado de Dolby Spectral Recording (Dolby SR©), e que na verdade uma extrapolação dos sistemas de redução de ruído (Dolby A) para o áudio analógico do cinema.

O Dolby SR iria rapidamente dar lugar ao Dolby Digital, contendo aplicações de mixagem completamente novas. Estas modificações diziam respeito, principalmente, à separação em definitivo do som surround em esquerdo e direito, e da introdução permanente do canal de efeitos de graves (LFE), nas cópias de 35 mm.

Na era digital, coube ao DTS a manutenção do padrão estabelecido pelo Dolby 5.1, e coube à Sony introduzir o SDDS (Sony Dynamic Digital Sound), dotado dos princípios do Todd-AO (5 canais na tela), porém dividindo os canais surround em dois e mantendo o LFE, num total de “8” (7 + LFE) canais.

Note o leitor que o LFE não é exatamente um canal de áudio separado, embora seja muitas vezes considerado como tal. A introdução do LFE no bitstream da trilha sonora obedece a uma ?flag? de programação, cujo efeito é separar sons de baixa freqüência e de alta amplitude, para uma caixa acústica dedicada (subwoofer) posicionada na tela. Por não ser fisicamente um canal, o LFE é referido como “.1”: 5.1, 6.1 ou 7.1 (SDDS).

E finalmente, as mixagens digitais modernas complementaram o padrão 5.1 para 5.1 Estendido (Dolby EX e DTS-ES), com 6.1 canais, e, mais recentemente, 7.1, para aplicações domésticas (LPCM, Dolby TrueHD e DTS-HD).

Evolução dos planos da mixagem

O plano principal de qualquer mixagem, mesmo hoje em dia, é o plano frontal. Ele é usado para a colocação da orquestração (trilha sonora) e dos diálogos. A referência, no caso, é a extensão lateral da tela. E como o conceito de ?widescreen? mudou com o tempo (de 2.75:1 ou 2.35:1, chamado de widescreen anamórfico, para 1.85:1, chamado de widescreen plano), as técnicas de mixagem mudaram de acordo.

A referência da trilha sonora (música e temas orquestrais) é, tradicionalmente, o da gravação da orquestra sinfônica (violinos à esquerda, percussão no centro, e metais e violoncelos à direita).

Durante o início da propagação do filme 70 mm, e principalmente na era do CinemaScope, o diálogo era sistematicamente posicionado de acordo com a posição do personagem na tela (esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita, e direita). Combinações destas posições foram usadas, para o panning do diálogo na cena.

Até o fim dos anos de 1970, a grande maioria das mixagens usava o canal traseiro (surround) para ambiência, e não é incomum se ver exemplos de mixagem em filmes antigos onde o efeito sonoro (sons de tempestade, por exemplo) serem posicionados no plano frontal ao invés do traseiro.

O padrão Dolby Motion Picture (Dolby MP© ou Dolby Stereo ©), introduzido comercialmente a partir do lançamento do filme Star Wars (1977), muda radicalmente estes conceitos: o diálogo passa a ser posicionado quase que exclusivamente no canal central, irrespectivamente da apresentação ser em tela panorâmica (2.35:1, Panavision) ou em tela plana.

Além disso, o surround passa a ter participação mais incisiva na mixagem da trilha do filme. Inicialmente, como o surround é mono, a mixagem envolve sons difusos e sem localização no espaço.

Com a separação do surround em esquerdo e direito, a mixagem passa a posicionar sons no espaço ambiental (localização da platéia na sala de exibição). Porém, ao se fazer isso, promove-se uma perda significativa no som difuso ou no espaço entre os canais surround esquerdo e direito. A solução para isso foi adicionar um canal central traseiro, criando-se o sistema 6.1 (surround back mono) e, posteriormente, 7.1 (surround back esquerdo e direito), para maior eficiência no panning dos sons ambientais.

Efeitos da mixagem

Um dos principais efeitos dos métodos de mixagem é a direcionalidade. Este efeito é possível, em tese, com a reprodução de apenas um canal, mas na prática ele é melhor realizado com a introdução de canais múltiplos.

Da mesma forma, a imagem (identificação da presença do som  no espaço) pode ser conseguida com apenas um par estéreo (2.0) no plano frontal, mas a adoção de pelo menos três canais, em telas muito largas, evita o que se convenciona chamar de ?buraco no meio?.

A mixagem em múltiplos canais tem a capacidade de fazer o som “rodar” em mais de um sentido. É possível envolver a platéia com um determinado efeito sonoro ou fazer o som viajar no espaço (panning lateral), indo da frente para a traseira ou vice-versa, acompanhando o movimento de objetos (carro, avião, etc.) na tela.

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O correto posicionamento das caixas acústicas, tanto no cinema como principalmente nos home theaters, é fundamental para se obter a mixagem pretendida pelos realizadores dos filmes.

No caso dos home theaters, esta montagem é ainda mais crítica, por causa do relativo baixo número de caixas usadas para os canais surround (4, no máximo). Ainda, por causa disso, é vantajoso o emprego de caixas com dispersão maior (bipolares ou omnipolares), pelo menos para os canais surround esquerdo e surround direito, que são apontados para o centro da sala. E, seguindo este mesmo raciocínio, é conveniente instalar dois canais e duas caixas surround back (7.1), ao invés de apenas uma (6.1), espaçadas uniformemente na parte traseira da sala.

Os principais efeitos de mixagem são conseguidos com a interação entre as várias caixas acústicas no ambiente. Isso é válido tanto para o cinema, quanto principalmente para os home theaters. O mesmo som, perfeitamente em fase, reproduzido pelos canais esquerdo e surround esquerdo, por exemplo, provocará a reprodução de sons no espaço entre essas duas caixas com notável precisão.

Para se obter o máximo de coerência de reprodução de uma mixagem em múltiplos canais é essencial que as caixas usadas numa instalação de home theater tenham o melhor casamento possível de timbre, balanço acústico e dispersão. Isto é particularmente mais difícil de conseguir para o plano frontal, por causa das diferenças de construção entre os canais esquerdo e direito e o canal central.

Além disso, deve-se observar que o posicionamento das três caixas frontais obedece a um pequeno arco, que mimetiza a curvatura das telas de cinema. E para evitar que erros ou artefatos de reprodução sejam introduzidos por erros de posicionamento, o usuário precisa acertar o ajuste de retardo (“delay”) entre todos os canais (frontais e traseiros) indistintamente.

Um dos dilemas que o usuário de home theater passa às vezes é a determinação do nível de volume (amplitude) de cada canal. O correto é fazer este nivelamento com o uso de medidores de decibéis. O volume de reprodução, para ser ajustado no momento da reprodução de algum programa é o diálogo. Todo e qualquer outro tipo de informação sonora (música, efeitos, etc.) são mixados de acordo com o nível do diálogo. No ajuste deste volume, deve-se dar preferência à audição a mais clara possível do que está sendo dito pelo ator ou narrador. Todos os demais sons são automaticamente nivelados, partindo do pressuposto que a mixagem de estúdio foi feita corretamente, o que costuma ser o caso.

É possível, no caso das mixagens em disco (DVD, Blu-Ray) que o estúdio apresente uma opção com um design específico para home theater. Um dos estúdios que mais se destacou nisso foi o da Disney, e um dos seus primeiros trabalhos apresentados em edição em DVD do filme Mary Poppins.

Conclusões finais

Adeptos do minimalismo (2 microfones para 2 caixas) costumam objetar que a presença de caixas acústicas distintas no espaço de audição costuma adulterar a qualidade do som obtido.

Não é, entretanto, heresia, afirmar que o som multicanal do cinema ignora completamente este preceito, e persistir na idéia de diminuir o número de caixas para duas na frente e duas na traseira, acaba por tornar nulas as intenções dos técnicos de mixagem, ao colocar em prática o posicionamento sonoro pretendido no roteiro.

Por outro lado, a adulteração das mixagens pré-Dolby (CinemaScope, Todd-AO, etc.) para 5.1,com centralização do diálogo, termina por destruir todo o trabalho concebido pelos criadores originais daquelas trilhas sonoras. Isso já foi feito em muitas edições em home vídeo, e é, a meu ver, uma prática condenável.

Outra prática estranha, mas encontrada várias vezes em mídia doméstica, é autorar filmes com o uso de 5.1 canais, mas mantendo a fonte em Dolby Stereo, estéreo simulado, ou até mesmo mono.

Finalmente, condições acústicas no ambiente doméstico, quando bem controladas, poderão proporcionar ao ouvinte um som de melhor qualidade que muitas salas de cinema. Na realidade, agora que é possível reproduzir o som do estúdio dentro de casa, com o auxílio dos novos codecs “lossless“, a tendência é o aumento desta qualidade, a níveis nunca antes imaginado! [Webinsider]

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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14 respostas

  1. Oi, Edemar,

    Muito obrigado, ainda que atrasado. Infelizmente eu não tenho mais recebido aviso de postagens dos leitores, mas espero que haja uma correção em breve, caso contrário fica parecendo que a gente não dá atenção a quem escreve.

  2. Oi, Danilo,

    Infelizmente, eu não tenho informações sobre cursos a este respeito, mas acredito que fora do ambiente universitário você só os encontrará em cursos livres, e estes devem exigir, creio eu, somente o segundo grau, por se tratar de curso técnico.

    Você não diz de que cidade você é, mas eu te sugiro procurar cursos deste tipo em grandes centros, como São Paulo ou Rio de Janeiro, que têm grande número de estúdios para mixagem.

  3. ola amigo gostaria de saber se voce pode indicar algum curso de mixagem sunrround? ou montagem de p.a em surround como seria?

  4. Oi, Honório,

    Todos os reprodutores Blu-Ray tem saída ótica ou coaxial, para áudio 5.1, que o seu home theater tem que aceitar. Caso contrário, o único áudio disponível é estéreo, pela saída analógica correspondente.

  5. Olá, Professor Paulo Elias;

    Ainda hoje escrevi uma mensagem, mas revendo a coluna, ví que ela não consta. Portanto estou reescrevendo.
    Minha dúvida é: adquirindo um bluray player, vou poder usá-lo com meu home theater que não tem entrada HDMI ? Se a resposta for positiva: continuarei tendo os 5.1 canais de som ?

    Antecipadamente grato,
    Honório.

  6. Caro Paulo Roberto,

    A sonorização ao ar livre carece de pessoal especializado para te dar uma opinião mais segura. Existe uma série de parâmetros que podem influenciar neste tipo de reprodução, motivo pelo qual os fabricantes de caixas costumam fornecer modelos especificamente desenhados para este tipo de aplicação.

    Esta é uma área em que eu nunca pisei, e portanto seria errado te dar uma opinião que pudesse te ajudar com segurança. No comércio, existem firmas que podem dar uma orientação correta, e você pode também escrever e-mail ou telefonar para os fabricantes de caixas, que são ótimos para este tipo de consulta.

  7. Dr Paulo.
    Lendo suas explicações sobre mixagem,consegui sanar algumas duvidas sobre o assunto,pelo qual fico muito agradecido.Embora eu seja eletricista,
    estou precisando montar uma aparelhagem para uma dupla iniciante, mas gostaria que estes aparelhos proporcionasse uma boa sonorização ao ar livre.
    gostaria de saber se pode me dar alguma orientação
    neste sentido e que o custo não fique muito elevado, para que eu possa ajuda-los.
    grato Paulo Roberto.
    Apiai – Sp.

  8. Caro Fábio,

    Diziam os antigos: beleza não põe mesa! E eu sou um que não me impressiono com marcas de caixas, até porque eu já ouvi caixas de marcas de renome soarem mal para burro! E não me atrevo a recomendar ou comentar sobre caixas que eu nunca ouvi. Portanto, peço desculpas pela omissão de uma opinião nesta área.

    No seu lugar, eu sinceramente não usaria caixas de outros equipamentos ou mais antigas, porque o risco de uma reprodução abaixo da desejada é muito grande.

    No mercado brasileiro, a Bravox fabrica caixas muito interessantes, com a marca BSA, e em cujo site se acha o telefone da empresa, que te dá assessoria para a montagem pretendida. Fica difícil saber se as caixas irão lhe agradar, mas não custa nada dar uma olhada.

    A maioria dos receivers trabalha na faixa de 6 a 8 ohms, na saída das caixas. Esses valores se referem à impedância (resistência à passagem de corrente) dos alto-falantes. Via-de-regra, quanto mais capaz eletricamente for um amplificador, mais capaz ele é de aceitar caixas com impedências mais baixas. No caso dos A/V receivers como o seu, qualquer curto na saída de caixas é neutralizado com o acionamento de um relê, que impede que a saída queime. Em princípio, não há motivo para você se preocupar com isso. De qualquer forma, é sempre bom e aconselhável fazer uma montagem limpa, com conectores e caixas que impeçam que essas coisas aconteçam.

  9. Olá Dr. Paulo!

    Mais uma vez venho recorrer ao seu conhecimento para tirar uma dúvida. Há pouco lhe perguntei sobre quais caixas de som escolher para um receiver Denon 1707 (7.1) e sua ajuda me foi muito útil. Baseado na sua orientação, fui à procura de alguns produtos e encontrei com um preço razoável, mas ainda assim salgado, um cojunto Bose Acoustimass 10. Esta caixas são realmente boas e valem o quanto custam?

    Analisando o custo/benefício desta possível aquisição, me lembrei que tenho 4 caixas iguais da marca National Panasonic com um alto-falante (made in Japan) de 8 ohms cada, que sobraram de dois apaelhos 3×1 da década de 70 que pertenciam à minha família. Além delas, tenho duas caixas cubo Quasar QC-404 com falantes full range bravox 30w de cone seco de 4 polegadas e que também são de 8 ohms. Fiquei pensando se eu poderia compor um sistema usando estas caixas, mas com dúvidas quanto à qualidade em se comprando com as famosas Bose.

    Outra dúvida que tenho seria em relação aos ohms. As especificações do meu receiver são:
    – Rated output:
    Front (A, B), Center, Surround e Surround back:
    75 W + 75 W (8 ohms, 20 Hz ~ 20 kHz with 0.08 % T.H.D.)
    110 W + 110 W (6 ohms, 1 kHz with 0.7 % T.H.D.)
    – Output terminals:
    Front A or B: 6 ~ 16 ohms
    A + B: 12 ~16 ohms
    Center, Surround, Surrond back: 6 ~16 ohms.

    O que quer dizer tudo isso?
    É muita informação para um leigo como eu por isso peço novamente a sua ajuda.
    Tenho receio de ligar as caixas e por causa dos ohms danificar o meu receiver.

    Obrigado!
    Fabio

  10. Prezado Fábio,

    Eu estou para ver um audiófilo capaz de aceitar qualquer coisa além do par estéreo frontal, para ouvir música. Em função deste tipo de escolha, as funções dos decodificadores, como Dolby ProLogic II/IIx ou DTS Neo, se tornam totalmente inúteis.

    Como este tipo de preferência é radicalmente pessoal, eu tenho sistematicamente me esquivado de polêmicas, o que na prática quer dizer que cada um goste do que quiser, e ponto!

    Na verdade, se o usuário investe num A/V receiver de boa qualidade, ele pode perfeitamente montar o número de caixas que quiser, e selecionar aquelas que quer usar, num determinado momento! É para isso que existe o seletor de modo de reprodução.

    Para mim, pelo menos, não faz o menor sentido adquirir um equipamento para A/V, com 7 amplificadores e instalar menos caixas, por conta de um radicalismo de conceitos.

    O A não ser que a pessoa use um sistema multiamplificado, com o objetivo de implementar caixas bi ou triamplificadas, mas aí a maioria dos A/V receivers não é indicada para este tipo de composição.

    E o mesmo eu afirmo, em relação às caixas. Se a gente quiser ser radicalmente audiófilo, vai acabar excluindo uns 90% das caixas disponíveis no mercado, para montagens em home theater.

    Então, tudo dependerá do que você quer alcançar na sua instalação, dentro de um equilíbrio de raciocínio e de ponderações sobre o seu objetivo final.

    Se o seu desejo está concentrado no interesse maior de ouvir música, com o melhor par de caixas possível na frente, então eu acho que você vai acabar descobrindo que o canal central é totalmente inútil, porque, não sendo do mesmo tipo de caixa das frontais esquerda e direita, a tendência é um desequilíbrio tonal que vai acabar arruinando toda a reprodução da frente, caso você insista em usar as caixas frontais para ouvir música (SACD multicanal ou DVD-Audio, por exemplo).

    Se você quiser ser mais audiófilo ainda, vai eliminar todo o surround back, e deixar o sistema com duas caixas frontais e duas traseiras, apenas para dar ambiência. E, continuando nesta linha, ainda irá eliminar o crossover do decodificador do A/V receiver, matando o respectivo bass management, e passando o sinal integral para o subwoofer primeiro e depois para as caixas frontais, que é o que todo audiófilo que usa subwoofer faz. E, neste caso, eliminar qualquer tipo de reprodução multicanal de discos tipo SACD, por exemplo.

    Se, por outro lado, você não quiser ser tão radical assim, e dispondo de um A/V receiver da classe do Denon, você poderia escolher um conjunto de caixas com o máximo de compatibilidade de timbre e equilíbrio tonal possíveis, entre si, respeitando as características de dispersão de cada uma, e fazendo sua montagem de maneira criteriosa, e acompanhada da calibração correta, exigida na reprodução multicanal, seja ela qual for.

    Esta é a opção que eu adotei, deixando o meu lado de audiófilo para trás, e não me arrependo! Mas, como essa coisa de áudio é pessoal e intransferível, aqui neste espaço eu não posso (e não devo) influenciar ninguém, para tomar este tipo de decisão.

    Os melhores sistemas de áudio que eu ouvi sempre foram montados com caixas impagáveis, para um bolso como o meu, e são sistemas que até poderiam ser usados para reproduzir filmes, só que seria preciso abrir mão completamente da mixagem pretendida pelo diretor! Eu acho, finalmente, que se o usuário tem muita grana, para comprar caixas excepcionais, então não faz sentido montar um A/V receiver para ouvir música!

  11. Dr. Paulo

    Já tive a oportunidade de esclarecer uma dúvida com o senhor e fiquei muito satisfeito. Encontro-me novamente em um impasse. Adquiri um receiver DENON 1707 (7.1) e agora estou procurando por caixas que façam jus ao aparelho. Muita gente desaconselha as opções mais comuns no mercado como caixas da Sony ou JVC, dizendo que seria subestimar um bom receiver. Li opiniões de audiófilos dizendo que ter um sistema 5.1 é bobagem pra quem quer apenas ouvir música com qualidade. Li até gente desaconselhando os sistemas das famosas caixinhas Bose! Então fiquei meio perdido… Como sou músico, e acostumado ao bom e velho som stereo, gostaria de saber se não seria ideal ter um bom par de caixas frontais (L / R) para ouvir música e um complemento de caixas surround 5.1 para assistir DVDs de filmes e shows gravados para estes formatos. Mais uma vez obrigado!

    Fabio

  12. Caro dcbasso,

    Existem vários programas de computador, que permitem mixar em ambiente doméstico, mesmo que numa base mais primária. Um deles, que é grátis e popular é o Audacity: http://audacity.sourceforge.net/

    Na escala que você queria, você ainda pode contar com a versão grátis do Ultramixer (http://www.ultramixer.com/index.php?c=cHJvZHVjdHM=#free) ou o OpenSebj (http://www.evolvingsoftware.com/).

    Todos esses softwares permitem, em última análise, que você estude, conheça e até faça (dependendo, é claro do seu interesse e força de vontade) algum tipo de mixagem. De qualquer forma, é um aprendizado interessante, como qualquer outro.

  13. Complexo seu artigo! (Pelo menos para mim, leigo), mas muito interessante!
    Não faz um mês, me ocorreu de fazer um projeto com edição de músicas… Fazer um som ambientado!
    Tentar fazer com que a música deixe de ser apenas grave, médio, agudo, mas fazer com que o som mude de direção, sentido, fazer com que o som pareça esta subindo, descendo, fazer com que o ouvinte se sinta parte do som…
    Mas como vi, somente estúdios especializados conseguem isso, e olhe lá!
    Parabéns pelo artigo, muito legal para quem quer entender um pouco mais sobre o assunto, um aspirante a hobbysta em áudio e vídeo!

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