Você vai dar aula e os alunos todos online

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As escolas estão implantando tecnologia, apenas para repetir o passado.

Léa da Cruz Fagundes, da minha coleção de frases.

Pode parecer estranho, mas vamos voltar para trás.

Digo isso pois dou aula para turmas fora e em laboratórios de informática e as primeiras rendem mais que as segundas. Não que não consigamos depois equilibrar o processo, mas é trabalhoso, por causa dos micros.

Acredite se quiser!

Note que não vou generalizar sugerindo o fim dos laboratórios, dos micros caros e das conexões de alta velocidade, que hoje são tão apelos de marketing nos cursos em geral, sejam de tecnologia, ou não.

?Tem um micro para cada aluno? Que bom!?

Nessa direção e para defender meu ponto de vista reproduzo de novo o mapa que fiz de nossas áreas de cognição e  necessidades básicas para agir no mundo:

escola.jpg

Precisamos de uma forma qualquer (linguagem) para falar de um determinado conteúdo, através de uma plataforma (suporte, ferramenta), a partir de conceitos pré-definidos, que podemos chamar de mentalidades ou ideologias.

Quando vamos para a sala de aula algum destes pontos serão abordados com mais ênfase.

Laboratórios de informática funcionam muito bem para a parte de baixo, nas plataformas; ali são imprescindíveis, pois o aluno precisa praticar o uso. Sem computador, esquece!!!

Nos outros, ao abordar questões de forma, conteúdo e conceitos dependerá muito, muito mesmo, de cada professor, mas a tendência é que o computador e a internet mais atrapalhem do que ajudem.

Explico.

Note que saímos das cavernas e chegamos à internet para nos conectar às pessoas. Uma necessidade humana de troca de ideias para avançar enquanto espécie. E entre nós, depois do mundo oral,  em função da ocupação maior do planeta, colocamos um suporte, uma plataforma para viabilizar este contato: escrita na pedra, em manuscritos, em livros industriais, telefone, celular, tevê, rádio, internet, twitter, etc .

Toda tecnologia comunicacional, entretanto, não tem só o lado que aproxima. Sempre traz consigo algo que também nos afasta, pois coloca necessariamente entre as pessoas o limite do próprio suporte, que passa, em alguns casos, a ser uma barreira a ser superada.

É dialético, tem horas que é ótimo, outras não.

Não existe só bom ou só ruim, depende da situação, contexto, objetivo, etc? O Twitter é bom, mas desde que eu resuma em 140 caracteres. Eu me adapto, mas é um limite, como cada suporte tem o seu, que acaba definindo, de certa forma, seu uso e potencialidades.

Se está todo mundo na mesma mesa, tem sentido ficar twittando? Ou uma família ficar se falando pela MSN em casa, o casal discutindo a relação por ali?

O livro faz com que tenhamos contato com um autor de outro lado do planeta, mas exige silêncio, recato, criando uma independência e, por tendência, nos tornando menos interativos.

Uma palestra com o autor pode ser mais rica, em alguns momentos, pois há a interação, perguntas.

Um livro não permite nada disso. Desenvolvi a ideia mais aqui sobre livros e dificuldades interativas.

O rádio e a tevê trouxeram o mundo, mas tiraram o bate papo da família na sala. E a internet, por exemplo, veio nos ajudar ? e muito ? a nos encontrar a distância, formando grupos, reagrupando pessoas perdidas.

Mas, por outro lado, juntamente com o celular, nosso novo órgão humano,  um problema do ?desencontro presencial?.

Estamos ganhando um potencial enorme para encontros a distância e perdendo o jeito, que já não era essa bola toda, para quando estamos juntos.

É aquele caso de um cara que demora três semanas para marcar um almoço com o amigo e os dois ficam ali, comendo com o celular no ouvido, enquanto comem sem se falar. E chegam a conclusão que é melhor da próxima vez conversar um com o outro pelo celular do que marcar o almoço, deixando outro otário esperando!

A presença física é a mais rica das interações e nada vai mudar isso.

Permite todas as formas de interação humana (um-um, um-muitos, muitos-muitos) com a tecnologia da fala, que já está embutida em nós.

(E saiba: demoramos muito para desenvolver os músculos, articulações e ossos necessários para falar).

A fala presencial é a única interação que não exige suporte algum, nos libera e nos permite chegar aonde as outras plataformas não alcançam, pois envolve ainda outros sentidos, tais como outros sons, a imagem, o cheiro, etc .

E inverte todas as outras possibilidades interativas, (um-um, um-muitos e muitos-muitos), rapidamente.

Tem riquezas, assim, que qualquer outro suporte informacional não tem.

O encontro presencial em uma sala de aula, assim, se não é para ensinar a usar suportes, pode perder com computadores, pois pode colocar um jumbo aonde é lugar de um teco-teco.

E note que estou falando de turmas que o professor estimula a interação, no modelo Paulo Freire, muitos-muitos, com os alunos interagindo mais e mais. Qualquer tecnologia entre eles, atrapalha, dispersa, tumultua, pois passa a ser desnecessária.

Calma, o mundo pode ficar lá fora esperando enquanto estamos trocando presencialmente com os gadgets desligados, pois não faltará oportunidade para contarmos tudo que aconteceu logo, logo, quando voltarmos estar longes, diante da telinha.

Asssim, do que amadureço depois de aula de pós de Estratégia de Mídia Digital na Facha, toda em laboratório, um micro por aluno, é o seguinte:

  • 1. Minhas aulas são conceituais ? dispensam tecnologia;
  • 2. Vou ver com o Nino, o coordenador, se ano que vem faço em um lugar sem Internet e sem micro;
  • 3. Para este ano, por enquanto, vou propor aos alunos uma escala, assim: 50 minutos todo mundo totalmente off-line, monitor desligado e 100% focado no trabalho dos grupos ou com o professor. E 10 minutos, totalmente on-line para twittar, ver e-mail, fazer o que quiser, também 100% nisso. E voltar ao off-line.

(Não estamos na era do muitos-para-muitos?) E você o que acha disso tudo? [Webinsider]

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Avatar de Carlos Nepomuceno

Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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8 respostas

  1. Tenho vontade de fazer um curso de computação pois tenho pouco conhecimento e no momento estou disponivel no mercado de trabalho.

  2. Bruno, muito legal seu depoimento, pois a cognição vem antes do uso da tecnologia. E a atenção e o entrosamento da turma ficam muito melhores sem computador. Agora, depois do coffe o pessoal dá uma blogada, tuitada e volta todo mundo, faço até uma brincadeira, apagando a luz, para ver quem não desligou o monitor, virou cult..;)

    valeu.

    Nepô.

  3. Carlos,

    Coincidência ou não, ontem foi a minha estréia coordenando o projeto Oficina de Blog, um curso de extensão universitária cuja preparação me colocou no mesmo dilema sobre ter ou não um micro para cada aluno.

    Felizmente, cheguei a mesma conclusão que você: as aulas seriam mais interessantes se fossem conceituais. Preparei todos os tutoriais técnicos sobre as plataformas para serem encaminhados para os alunos executarem exercícios em em casa, dispensei os laboratórios do campus e o resultado? A primeira aula deixou os alunos muito satisfeitos. Os elogios renderam os parabéns do vice-reitor da universidade e despertaram o interesse em mais alunos.

    Fica aí o meu testemunho como exemplo de que nem mesmo uma aula sobre uma tecnologia tão moderna precisa do auxílio de uma ferramenta que certamente dispersaria mais do que ajudaria na minha didática.

  4. Sergio e Clausia,

    como ando avançando com isso.

    Criei agora, como disse, esse tempo.

    Os alunos voltam do coffe e ficam um tempo no computador e voltam, desligam, e discutimos.

    Não fiz a avaliação com eles, mas acho que o resultado interativo e de sinergia tem sido muito bom.

    Começo a ver uma luz no final do túnel.

    Dá para trabalhar com eles.

    O mais importante não é ter uma aula vertical e proibir, pois o micro, na verdade, serve como fuga desse desrespeito com os alunos.

    Quando se interage e eles vão ganhando, todos se envolvem.

    É isso, a avaliação final vou publicar lá no blog, http://www.nepo.com.br e depois sai aqui tb,.

    Beijos e abraços,

    Nepomuceno.

  5. Caro Nepomuceno,tudo bem?

    Sou professora de Tecnologias em Comunicação, Novas Tecnologias e Informática. Minhas aulas são todas em laboratório e sei perfeitamente do que você está falando. Adoro laboratório. Sinto-me muito à vontade em minhas aulas, mas confesso que o grande desafio para mim tem sido encontrar formatos para as minhas aulas que façam com que os alunos entrem em contato com o conteúdo necessário sem contudo desligar o monitor. Tenho mesclado pequeno exercícios práticos no decorrer da aula para que eles debatam e reflitam sobre o tema, além de utilizar um ambiente virtual de aprendizagem como apoio às minhas aulas. São tentativas … acredito que estamos nesta fase de transição e precisamos encontrar soluções porque logo logo, em sala de aula normal, a maioria dos alunos já estarão com seus computadores e o controle será impossível. Adorei o artigo. Esta troca de experiências e desabafos nos faz perceber que estamos no mesmo barco construindo um caminho muito importante na história da educação. Parabéns!!!! Abraços. Clausia Mara Antoneli

  6. Tudo bem que a interação pessoal é bem interessante, mas nao vejo o que ela é de grande importância numa sala de aula, já que na maioria dos casos a interação aluno-professor é unilateral. Geralmente os alunos são passivos, só recebem oq o professor comunica, pois têm vergonha de levantar a mão para fazer uma pergunta. Outra ponto é que essa mesma relação não necessariamente precisa ter o calor humano, já que aluno e professor pode muito bem restringir-se apenas à contatos profissionais.

    Para mim, o ponto-chave é saber usar as tecnologias à seu favor, tanto da parte do professor, como também do aluno.

    Desculpe, mas achei sua visão um tanto dramática do ponto de vista profissional. Pessoas tem amigos amigos, e amigos contatos profissionais, não creio que precisamos nos envolver com estes últimos de forma tão humana.

    Agradeço a atenção. Até =)

  7. Olá Nepomuceno.

    Concordo 100% com você. Há momentos em que a tecnologia atrapalha. Incrivelmente a tecnologia pode resolver isto 🙂

    Trabalhei numa escola aqui no Rio onde na chamada Sala do Futuro os computadores tinhas seus hardwares controlados via hardware. Assim o professor podia desligar um monitor específico ou todos. Jogar a saída de um monitor do data-show, jogar saída do seu monitor num computador ou em todos, travar teclados, etc.

    Então era possível fazer isto que você propõe. Na prática, eu descobri que para a maior parte dos meus objetivos ao usar aquele ambiente (plataforma) era interessante mesclar momentos desplugados com momentos plugados.

    Externalizava isto no início da aula e fazia esta mudança na medida do planejado e de acordo com o desenrolar da aula.

    Óbvio que num ambiente onde os computadores passam a ser portáteis (notebooks, netbooks, telefones-inteligentes/smartphones) o controle de hardware passa a ser impossível e teremos que usar o poder dos argumentos.

    Os extremos são sempre ruins… até mesmo para o uso/não uso da tecnologia em sala de aula.

    abraços

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