Parece que já caiu a noção de que uma mídia deve matar a outra – radio, cinema, tv, internet, cada mídia aparece na nossa vida como complementar às anteriores.
A propaganda, como sempre, continua mudando junto com as mídias e com a sociedade. As grandes mudanças geralmente não acontecem lentamente, mas em saltos ou revoluções.
E não são exatamente as novas mídias que provocam revoluções no modo de fazer e pensar a propaganda, mas as novas linguagens que estas mídias trazem consigo.
Este anúncio genial (acima), dirigido pelo Ruy Lindenberg para a AE Investimentos, ilustra muito bem o que quero dizer. Ele bebe da linguagem criada pelos surrealistas e brinca com ela.
A propaganda impressa tem uma fonte de inspiração para tocar a alma humana que remete ao tempo das cavernas. A propaganda na TV já tem muito menos referências, só a partir do cinema é que nós começamos a pensar e criar imagens em movimento.
A internet é um advento impressionante porque é e não é realmente novo. A diferença de linguagem e estética entre um jornal e o site de um jornal pode ser quase nenhuma, uma propaganda em vídeo na TV ou no Youtube têm o mesmo impacto em quem as vê – aqui não há quase nada de novo.
A verdadeira novidade que a internet (aqui entendida como um dispositivo eletrônico qualquer ligado à rede) trouxe e que só ela é capaz de entregar é o aplicativo social. Gmail, WordPress, Facebook, Twitter, Google docs, milhares de aplicativos iPhone ou Android, essas são coisas que a humanidade nunca viu antes.
São coisas tão novas que nem os artistas descobriram ainda. Pela primeira vez a arte contemporânea brinca com uma linguagem depois que a propaganda já a explorou bastante – aí vemos o mundo da produção simbólica de cabeça pra baixo (ou de cabeça pra cima?), é uma verdadeira revolução.
Da mesma maneira que os criativos das outras linguagens (que continuam sendo o que há de mais relevante no consumo da sociedade) sonham em criar aquela frase, aquele filme, jingle, aquela imagem que vai ficar na história da propaganda, quem trabalha com publicidade digital pode pensar nestes mesmos termos, mas também pode pensar em criar a funcionalidade que vai ficar na história.
Como Ruy disse, em um artigo para o livro Do Broadcast ao Socialcast, organizado por Manoel Fernandes:
Eu não morro de amores pela tecnologia, mas morro de curiosidade em entender como ela vai influenciar as nossas vidas nesta revolução agora chefiada pela web. Nunca existiu momento mais rico e interessante para se trabalhar em propaganda do que este. […]
De qualquer forma, acho que só dados e tecnologia não vão resolver a equação. É preciso um olho no gato e outro no rato.
Por um lado observar a tecnologia com muita atenção, por outro, tentar enxergar as profundezas da alma humana, pois é de lá que surgem as verdadeiras revoluções.
Como você se sentiu na primeira vez que viu um quadro do Dali ou do Magritte, ou quando conheceu sua banda preferida? E na primeira vez que fez a barra de rolagem se mexer com os seus dedos em um iPhone ou achou exatamente o que queria logo de cara no Google?
Você acha que as funcionalidades do software são capazes de tocar a alma humana tanto quanto as cores dos quadros, a melodia das músicas, as palavras nos poemas?
Levou milhares de anos até a humanidade produzir um Mozart. Levará quanto tempo até aparecer um verdadeiro gênio na linguagem dos aplicativos?
Pessoas no mundo inteiro gastam cada vez mais horas com aplicativos na internet, a propaganda está só começando a se apropriar desta nova linguagem e me empolga demais fazer parte desta revolução. [Webinsider]
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Gilberto Alves Jr.
Gilberto Jr (gilbertojr@gmail.com) tem experiência no mercado digital como designer de produtos, fundador de duas startups, gerente de projetos em agências digitais e gerente de produto no Scup. Agora procura um novo desafio. Veja mais no Linkedin.