Objetos modernos, interfaces complicadas

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Atividades simples precisam permanecer simples.

A frase é de Jef Raskin. Ele disse também que atividades complexas até podem necessitar de interfaces complicadas (isso é discutível), mas não há motivo para complicar atividades simples como ajustar a hora de um relógio.

Tente no digital e no analógico (de ponteiros) para entender o que ele diz.

Listo abaixo algumas questões a esse respeito.

Videogame

Com o Super Nintendo você pegava o cartucho, enfiava no videogame desligado e ligava o aparelho. O jogo aparecia e em poucos segundos você já começava a jogar. O controle tinha 8 botões e um direcional.

O PlayStation 3 exige que você aguarde por vários minutos a instalação do jogo e às vezes o processo leva horas. Quando a instalação termina e você acha que finalmente vai jogar, pode ser necessário aguardar novamente o download de gigabytes de atualizações.

dual-shock-3-controllerAlguém achou que a quantidade de botões multiplicaria a diversão.

O processo entre colocar o disco no videogame e jogar pode levar muitas horas. Fernando Mafra reclamou por esperar o download durante dias, culpa da conexão instável com a Internet e a impossibilidade de executar o jogo sem todas as atualizações. O controle tem 11 botões, sendo dois deles sensíveis à quantidade de pressão aplicada, um direcional e dois manches (joystick analógico).

O X-Box não é muito diferente.

O Wii, para sorte dos jogadores casuais, não tem muitos dos problemas descritos acima.

Home video

Nos anos 90 você pegava a fita VHS, enfiava no aparelho e o vídeo era executado. Caso precisasse interromper a atividade antes do fim do filme, era possível retirar a fita, que manteria seu estado. E quando colocada novamente em qualquer aparelho de videocassete, retomaria o filme no exato ponto onde foi interrompido. Controle remoto era um conforto opcional, não uma obrigação.

No DVD e BluRay é até complicado fazer uma descrição. Você é obrigado a ver avisos anti-pirataria, animações entediantes entre as várias telas do menu, escolher idioma de áudio, sistema stereo ou 5.1 DTS, idioma da legenda.

As interfaces não são padronizadas e às vezes é difícil levar o cursor para a opção de legenda que você quer. Isso quando o cursor não é quase invisível por conta das inúmeras animações acontecendo na tela. O controle remoto é obrigatório.

Telefone

Havia um disco, você tirava o fone do gancho, girava o disco na sequência de discagem, a ligação acontecia.
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Conceito de “público alvo” ao extremo. Quem treme um pouco ou não enxerga bem não pode usar este aparelho.

Hoje precisamos desbloquear o aparelho e abrir a aplicação “telefone”. Muitas vezes nos digladiamos com um touch-screen que nem sempre se comporta como esperamos. Além disso, é preciso ter muito cuidado para não interromper a ligação ao esbarrar em microbotõezinhos escondidos em todos os lados.

O que aconteceu?

Há inúmeros exemplos parecidos no cotidiano – automóvel, TV, máquina de lavar, forno, entre outros.

Eu sei que os aparelhos ganharam novas funções, o videogame exibe filmes, o telefone acessa a Internet (epic win), a máquina de lavar enxagua e centrifuga. O ponto é: o que era simples (falar com alguém, jogar, ver um filme) precisava ficar complicado?

Sempre foi assim? Sempre complicamos coisas que eram simples e eu não percebia?

Estamos ficando mais estúpidos pra projetar as interfaces do dia-a-dia? [Webinsider]

…………………………

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Marco Gomes é fundador da boo-box; co-fundador do Mova Mais e Consigliere do Jovem Nerd. Empreendedor, cristão, viajante, marido, ciclista e nerd. Mantém um blog.

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6 respostas

  1. Eu concordo com o Marco Gomes, as coisas realmente fazem a gente perder tempo com tantas funções inúteis e botões.
    Se falar de sites, sistemas e celures é uma coisa !
    Games eu sei que hoje os jogos tem muitas funções, sai fogo até pela cueca do personagem. Eu sou do período do Atari até o super nintendo. Era apenas 1 botão e depois parei com 6 ou 8 (pelo que me lembro). É fato que com o tempo a gente se acostuma com os comandos do game, mas vale ai a vontade de jogar que é maior que a dificuldade da coisa. Eu não consigo jogar Playstation 3, acho que não tenho tanta coordenação assim. Engraçado que o pessoal mais velho achava complicado o Atari.
    Mas tem coisa que podia ser muito melhorado em aparelho eletrônicos, sistemas (principalmente) e sites (mais ainda).
    Valeu pelo artigo.

  2. O que o Giancarlo falou foi +/- o que eu quis dizer tb qdo disse que vejo uma estagnação das pessoas em se adaptarem às novas tecnologias. Tentamos desenvolver interfaces simples, existem funcionalidades aos milhões e ainda sim, as pessoas não se esforçam para se adaptar ou se acostumar com ALGUMAS coisas.

  3. @marcos gomes:

    Com certeza Marcos. No caso minha intenção não foi dizer que não há como fazer jogos complexos com movimentos simples. No caso tentei dizer que muitas das interfaces vão evoluindo, e é normal que alguns botões a mais sejam necessários. Sou completamente contra o exagero ou itens desnecessários. Como por exemplo o controle do Xbox. A primeira vez que vi achei muito complicado e pensei comigo para que tantos botões. Mas após um aprendizado simples consegui achar funções para eles todos.

    Acho que são necessárias algumas implementações nas interfaces de jogos, programas, entre outros, mas o bom senso do desenvolvedor tem que agir em cima disso para que estas implementações a mais sejam necessárias.

  4. @giancarlo:

    IMHO é possível fazer jogos com movimentos complexos e controles simples.

    Os personagens de God of War e Heavy Rain têm movimentos muito complexos, no entando, os controles são simples.

    Complexidade do personagem não precisa ser refletida em controles impossíveis.

  5. Muito bom o artigo. Concordo em muitas coisas.
    Mas como desenvolvedor e até mesmo como gamer tenho que perguntar.

    Antigamente o personagem de jogos eletrônicos possuia apenas estes movimentos:
    Andar pra frente e pra traz;
    Pular;
    Atacar;
    Algum movimento especial;

    Mas agora a série de movimentos esta se aproximando dos movimentos humados como subir em cordas, dar uma “gravada” em um inimigo, andar agaixado, entre muitos outros movimentos.

    Então como deseja fazer isso com apenas 4 botões?
    E uma coisa muito mais importante, se todos estes movimentos pudessem ser feitos com apenas 4 botões, onde estariam os jogos hardore, onde exigem do player além de raciocício, ação imediata e controle sobre seus movimentos.

    É assim também com sistemas web, ou outos softwares. Como simplificar se o número de funções disponíveis é absurdamente grande.

    Na minha opinião a tendência é sempre ficar cada vez mais complicado devido ao número de funções. Nós devemos nos adaptar a estas evoluções.

    Mas nosso papel como desenvolvedor de qualquer coisa é sim fazer com que esta evolução seja o mais suave e descomplicada possível para que as pessoas não tenham medo de aprender coisas novas.

    Grande abraço e ótimo artigo!

  6. Cara, brilhante seu texto. Realmente quando paramos para pensar nas interfaces de hoje vemos todas essas dificuldades. Eu mesmo tenho amigos e parentes que muitas vezes compram um celular ou um notebook por ser bonitinho e depois não usam nem metade da sua capacidade por ficarem com medo de usar sua interface por completa. Seja configurando ou usando mesmo.

    Por outro lado, vejo também uma certa estagnação das pessoas quanto a se atualizarem com as tecnologias que temos hoje. Exemplo disso é o iPhone (iPad, iPod Touch e outros devices touchscreen) que muita gente ainda fica com receio de usar por nunca ter mexido em nada touchscreen além do caixa 24h. O que é compreensível porque existem pessoas que não têm condições de ter acesso a isso.

    Mas realmente seu texto faz a gente parar e pensar sobre como criar interfaces mais simples.

    Parabéns.

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