Anunciar no Jornal Nacional ou em realidade aumentada?

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A realidade virtual pode ser definida como a interface que permite a interação do elemento humano com ambientes ou elementos gerados por computador através de sensores, monitores, óculos e outros dispositivos de entrada e saída de dados.

Em 1982, tudo isso era uma ideia pouquíssimo difundida. Naqueles tempos, filmes gringos demoravam anos para desembarcar em terras tupiniquins, então imagino que deveria ter uns sete ou oito anos de idade quando assisti Tron pela primeira vez.

Quase enlouqueci. Concordo, pelos padrões atuais, a produção é no mínimo risível, com efeitos visuais bem toscos e primitivos, mas, pelo menos para mim, o filme marcou uma importante quebra de paradigma.

Como um bom garoto de oito anos de idade, nunca havia dedicado muito de meu tempo à contemplação da possibilidade da coexistência de múltiplas realidades. Até porque, naquela época, discussões como estas estariam restritas a círculos religiosos ou filosóficos e teriam poucas aplicações práticas.

O tempo passou e, desculpe a redundância, mas a realidade virtual se tornou uma realidade por si só.

Finalmente existia um modo seguro – e relativamente barato – de transportar o ser humano a situações improváveis, impossíveis ou perigosas, que rapidamente ganhou aplicações práticas que vão desde programas de treinamento à medicina, passando, logicamente, pelos inevitáveis games.

Contudo, estava fadada a se restringir a simulações pontuais, uma vez que parte do princípio da inserção do ser humano no ambiente virtual, tendo o próprio ambiente virtual como fator limitante.

Em outras palavras, para usufruir da tecnologia, é necessária toda uma parafernália que transporta alguns ou todos os nossos sentidos para uma plataforma digital.

A realidade virtual não pode nos acompanhar no caminho para o trabalho ou durante um passeio no parque – ou pelo menos não de um jeito que seja conveniente ou prático. Para que isso fosse possível, seria necessário que elementos virtuais invadissem o ambiente real, invertendo a própria lógica da realidade virtual.

Obviamente, os geeks de plantão já pensaram nisso, e sua resposta a este problema chama-se realidade aumentada.

Esta tecnologia utiliza códigos impressos para a projeção de elementos virtuais que interagem com o elemento real. Por exemplo: um programa ou site específico permite que determinado código, quando direcionado a uma webcam, gere animações que interagem com o suporte real – que pode ser qualquer mídia, de papel a azulejos.

Utilizando-se desta tecnologia, pesquisadores na Alemanha desenvolveram uma máscara de mergulho com monitor embutido que permite que o nadador interaja com elementos virtuais, como peixes e vegetação aquática, em uma piscina especialmente preparada com os tais códigos.

Em um futuro próximo, é bem possível que elementos virtuais interajam conosco diariamente para os mais variados fins, do entretenimento à publicidade, dos serviços públicos à educação.

Não é muito difícil imaginar monitores transparentes embutidos em óculos. Ou mesmo lentes de contato com conexão à internet traduzindo códigos e trazendo elementos virtuais para o nosso cotidiano.

A realidade aumentada já é utilizada na publicidade e no entretenimento (ainda que em um estágio embrionário) inclusive no Brasil, mas as possibilidades são tantas que fica difícil imaginar suas aplicações.

Não cabe aqui um exercício de futurologia, mas fica claro que o choque entre realidade virtual e realidade aumentada levanta questões sobre a percepção da própria realidade pelas gerações pré e pós internet.

Qual o limite da realidade? Existe um limite? O que enxergamos como “mundo virtual” é realmente separado da realidade? Estas questões metafísicas são hoje extremamente relevantes para o mundo da comunicação.

Para seres humanos que nasceram em um mundo com apenas uma realidade perceptível (pelo menos por aqueles que não possuem poderes extra-sensoriais) é mais que natural classificar uma experiência virtual – seja navegar na internet, jogar videogames ou participar de comunidades – como separada do mundo dito real, com fronteiras claras e imóveis.

Esta fronteira tende a tornar-se mais difusa entre a Geração Y, muito mais à vontade com o mundo dito virtual. Atividades, diálogos, amizades e mesmo amores transitam quase sem resistência de um meio para o outro.

Com a quebra da fronteira que a realidade nos impõe, o internauta torna-se livre para cultivar relacionamentos e viver experiências que de outra forma lhe seriam negadas – experiências estas que se tornam parte de seu cotidiano, e que têm a mesma relevância de experiências “reais”.

Mito nas agências

Tradicionalmente, clientes contratam agências de propaganda de acordo com sua especialidade – esta fica com a verba online, aquela outra se responsabiliza pelas atividades offline.

Isto acontece porque, em grande parte, ainda existe o mito de que o consumidor adota atitudes diversas no meio “virtual” e no meio “real”, ou de que o consumidor online é diferente do consumidor offline.

Este argumento pode até ser válido para pessoas nascidas até a Geração X, da qual faço parte. Mas o que dizer da Geração Y, que desde muito cedo convive com a internet, participa de redes sociais e incorpora o universo online em sua vida como um todo?

Para este consumidor, o “virtual” é tão presente quanto o “real”. Como é exatamente este consumidor que irá ditar as tendências de consumo nas próximas décadas? Este tipo de divisão de verba simplesmente não faz sentido.

É claro que este novo consumidor também compra offline, mas seu processo de decisão está mais fortemente arraigado na internet.

A sobrevivência das agências de comunicação passa pela aceitação do questionamento da fronteira da realidade proposta pela realidade aumentada e de seus desdobramentos.

Já faz tempo que anunciar no horário nobre da televisão não é o suficiente.

O internauta da Geração Y não está disposto a aceitar a versão do noticiário das oito ou a acreditar em comerciais de trinta segundos. Ele irá procurar opiniões e impressões de seus pares e muitas vezes gerar seu próprio conteúdo, que por sua vez pode influenciar o processo de decisão de outros internautas.

Neste processo, as empresas perdem o monopólio sobre a comunicação de suas próprias marcas, mas em compensação ganham milhares ou mesmo milhões de difusores de informação. Dependendo da relação destes difusores com a empresa, eles podem se tornar grandes aliados ou inimigos terríveis.

Exatamente por isto, uma imagem favorável na internet já tem, hoje, poder de vida e morte para muitas empresas.

Clientes e agências continuarão a tropeçar em suas estratégias de comunicação enquanto não entenderem que não existe um muro entre o mundo real e o mudo virtual.

E enquanto não aceitarem o questionamento proposto pela realidade aumentada como combustível para a busca e aperfeiçoamento das práticas de comunicação que garantirão a sobrevivência de todos. [Webinsider]

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Avatar de Pablo Caldas

Pablo Caldas (pablo@fullhaus.com.br) é redator e diretor de planejamento da Full Haus Comunicação, agência especializada em webdesign e comunicação.

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17 respostas

  1. QUERIA QUE VOCÊS INVESTIGASSEM A EDUCAÇAO DO ESTADO DE GOIAS COMO UM SECRETÁRIO DA EDUCAÇAO QUE NAO ENTENDE NADA TIRA O UNICO DIREITO DOS PROFESSORES QUE ERA A GRATIFICAÇÃO, O FECHAMENTO DAS BIBLIOTECAS O PESSOAL DA LIMPEZA QUE TA TENDO QUE PREPARAR O LANCHE O DIRETOR QUE TA TENDO QUE FECHAR O COLEGIO POIS NAO TEM MAIS GARDAS NAS ESCOLAS NAO TEM MAIS OS PROFESSORES DE APOIO PARA ALUNOS ESPECIAIS.por favor entrevistem pais alunos e professores.

  2. para sobreviver tenho que trabalhar após a minha aposentadoria como SEGURANÇA DO PATRIMONIO DO ESTADO DE PERNAMBUCO e ganhamos a importancia de R $ 771,OO ( setecentos e setente um Reais )
    que para mim é uma VERGONHA NACIONAL

    meu salário de aposentado do glorioso CORPO DE BOMBEIROS DE PERNAMBUCO é de :R $ 2.500,OO (DOIS MIL e QUINHENTOS REAIS )

    BOMBEIRO MILITAR SÓ É HERÓI , DEPOIS DE MORTO,
    POR ISSO QUE PREFIRO SER UM COVARDE VIVO .

    este é o meu ponto de vista : SARGENTO RAIMUNDO .

  3. nesta tragédia que ocorreu no RIO DE JANEIRO – RJ.abalou o BRASIL todo e até os exteriores , mas fico a pensar quando em vida pedimos uma FLOR e não recebemos , depois de morto recebemos uma COROA DE FLORES .
    é isto mesmo que estou falando a respeito de vcs INTELECTUAIS , FAMOSOS DA REDE GLOBO , APRESENTADOR COMO FAUSTO SILVA , O ANCORA WILLIAN BONNER pois eu enviei correspondência registradas com o endereço correto : DO JARDIM BOTÔNICO – RIO DE JANEIRO – RJ. e nunca obtive resposta e quando acontece uma tragédia vcs ficam a semana toda fazendo média e levando o ÍBOPE lá pra cima de outras emissoras . eu resumo em duas palavra : H I P Ó C R I T A S e
    D E M A G O G O S .

    tenha a dignidade de me responder pelo menos no meu E – MAIL : nalvaruth @ bol.com.br
    ou o meu ORKUT : Bombeiro Raimundo

  4. A lenda de que o surgimento de uma nova mídia mataria as anteriores sempre existeu, mas nunca aconteceu de fato. E eu sinceramente duvido que aconteça.

    A mídia impressa não morreu, o cinema não morreu, o rádio não morreu, a TV não morreu e a internet não vai morrer com a próxima mídia que surgir. O que de fato acontece, e tem que acontecer, é a adapatação e adequação. Todas essas mídias evoluiram com o tempo – mesmo que pouco em alguns casos – de certa forma se adequaram as novas imposições geradas pelas novidades.

    O surgimento de uma outra opção de mídia, além de causar mudanças nas já existentes, muda a leitura do público de todos os formatos. Com a internet nos passamos ler o cinema, a TV e o impresso de forma diferente.

    O cuidado do comunicador deve ser entender que o impacto no consumidor é resultado do todo, portanto usar todos os meios plausíeis e possíveis falando a mesma coisa, mas no dialeto do formato.

  5. Entre equívocos e acertos, muito boa a matéria. Não se pode esquecer que nem todos possuem acesso rápido e a grande maioria ainda gosta mais da TV Aberta – vide a SKY fazendo anúncio de venda pré-paga.
    Conhecimento e divulgação do conhecimento continuam sendo as duas melhores ferramentas para o sucesso.

  6. Acredito sim que a realidade aumentada pode ser uma forma de mídia do futuro, hoje ainda é enigmática e às vezes encantadora, curiosa, deveras planejada, mas um mix de midia hoje é necessário, porém o consumidor é exigente, uma coisa é falar pela teoria, mas na prática as tabulações de forma de impacto ainda são nas mídias tradicionais, posso dizer que infelizmente, pois as empresas ainda não investem em mídias que não são mencionadas e sequer auditadas, acredito sim nas novas tecnologias , tomara que a geração Y não fuja das pesquisas on line, ibope, nielsen, talvez isso pode começar a mudar em grandes empresas e quem sabe até estimular a plim plim a fazer o mesmo!

  7. Discordo do título, no qual parece que é necessário fazer uma escolha entre o JN, que atinge milhões de brasileiros de todas as classes sociais e gerações(inclusive a Y) e a realidade aumentada.

    Acredito que as novas mídias, como redes-sociais, twitter, blogs, facebook, entre outras devem sim ser bastante utilizadas para criar uma proximidade com o cliente, gerando credibilidade e fortalecimento da marca na mente dos consumidores, mas daí a dizer que apenas isso basta é um pouco precipitado.

    Creio que utilizar as mídias de maneira complementar e multi-discipliinar seja o melhor caminho. Assim como fez a Devassa, que colocou uma propaganda no horário nobre da TV com uma loira, sem mostrar quem era, convidando os telespectadores a descobrirem no site. Nota 10.

  8. Desde quando anunciar no Jornal Nacional não faz mais sentido ? Se isso fôsse verdadeiro, sinais claros já estariam aparecendo. E longe disso, e muito pelo contrário, o casalzinho simpático e toda a equipe de lá tem garantido, sim, a necessidade de se anunciar, com níveis ótimos de retôrno, no horário do programa.

  9. Anunciar na televisão, radio ou jornal não faz mais sentido, claro que não, pois nesses antigas midias não se pode medir um possivel sucesso, além que é super caro.
    A internet está oferecendo muito mais com preços muito mais em conta e com relatorias impressionantes que garantem seu retórno.
    A única coisa em que empresas precisam se adaptar, é de procura a ferramente certa para o publico alvo, uma vez entendido a forma que se faz publicidade na internet o sucesso é garantido.

  10. Discordo, na publicidade, um único veículo complementa o outro. Apenas a internet, ou a televisão não são o suficientes, é necessário uma interação entre elas, ainda mais com televisão 3D se aproximando. O JN terá um grande valor comercial por uns bons anos ainda. E tenho dito

  11. ótimo artigo.
    Só existe o muro para quem o mantém. O publico do Jornal Nacional não é o da geração Y, e de fato se alguem que quer falar com eles ainda usa a tv aberta como fonte principal, está com a agencia errada e/ou com a mentalidade errada.

    Já dizer que é uma mídia que não faz mais sentido [como o titulo sugere] é um absurdo sem tamanho, uma vez que sequer 40% da população é conectada e, mesmo com a queda vertiginosa dos numeros no ibope, a TV ainda é a rainha da comunicação no Brasil.

    No mais, a informação hoje é um produto, e as empresas [de comunicação ou não] que entenderem isso com inteligencia vão sair na frente e conquistar o principal elemento que funciona na comunicação com o brasileiro, genericamente: tradição, hábito de consumo.

  12. acho que você precisa rever o título. não esperava ler sobre a realidade aumentada, sei lá, achei que as agências encontraram outra forma para atingir o público do jornal nacional, mas nem é comentado nada que tem a ver com o título. desculpe, mas muda aí pô.

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