A diferença entre civilização 2.0 e humanidade 2.0

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Somos muito menos inventivos quando se trata de problemas humanos do que de problemas tecnológicos – Arnold Toynbee – da minha coleção de frases.

Na evolução dos debates, posso afirmar que hoje estou convencido que estamos entrando em uma nova civilização 2.0.

Uma série de ajustes serão feitos no mundo para comportar tanta gente, tendo a web como um grande sistema operacional de conhecimento embaixo de tudo.

Antes que os tecno-otimistas saiam do armário, posso dizer que não é uma mudança humana-filosófica, mas uma questão de sobrevivência.

Estamos saindo da classe dominante “A” para a classe dominante “B” que dará um upgrade civilizacional importante, mas nada que nos altere enquanto seres humanos, no nosso dia-a-dia.

Teremos um ambiente revisado no futuro, mas com as mesmas guerras, violências, injustiças.

Pois a base da nossa relação de cada um com cada um não se altera, mesmo que a civilização mude.

Para que haja mudanças nessa relação pessoa-pessoa, é necessária uma intervenção, uma quebra.

O que assistimos é um ajuste matemático.

Seria um ajuste geométrico de sobrevivência, que contém e conterá, claro, novos conceitos sociais, pois o jogo é outro.

Alguns neo-escravos passarão a ter alma, tais como consumidores, mulheres ainda prisioneiras poderão tirar suas burkas, a preocupação ecológica terá outro patamar, liberdades individuais estarão mais ampliadas, questionaremos o poder das religiões e a sua educação tanto em casa como na escola.

A história demonstra, entretanto, que mudanças civilizacionais iguais a essa, como no fim da Idade Média, não nos levaram a upgrades humanos, do ponto de vistas de nossas violências domésticas e mundiais.

Ou seja, vamos sobreviver, mas não sabemos exatamente como, algumas coisas vão melhorar e outras piorar, num processo de inevolução, como já discuti aqui.

O livro impresso, por exemplo, trouxe o outro distante para perto, mas deixou quem lê muito, com dificuldade de interagir com quem senta do lado, por exemplo, tal como estamos cada vez mais embrutecidos pelo uso de celulares e computadores. Desenvolvi o tema sobre isso por aqui.

O historiador Arnold Toynbee no final da vida, depois de estudar muitas civilizações do passado, ao ser perguntado sobre o futuro da humanidade, afirmou que só uma revolução espiritual faria algum sentido.

O termo espiritual pode ser entendido, a meu ver, como um processo de auto-conhecimento de cada um, questionando as caixas sociais, que nos fazem seguir a trilha da ideologia vigente, sem nos questionarmos, incluindo fortemente aí a educação religiosa, que molda nosso modo de pensar, na qual nossa cabeça é uma mesa e a caixa ideológica, o verniz.

Cada um por si e a ideologia cega por todos!

Ou seja, se proporia um trabalho cotidiano de se apostar no livre arbítrio, na liberdade de ideias e no sentido de nos sentirmos envolvidos com um todo, longe de ser Deus, mas de termos algo maior do que nosso próprio umbigo, tal como as gerações futuras, por exemplo.

Algo como uma missão superior aos nossos egos carentes, tanto inflados ou desinflados.

Hoje, são nossos egos que nos levam para passear; e não o contrário.

Num mundo cada vez mais numeroso, vejo uma forte tendência de cada vez mais seguidores compulsivos em massa, mesmo que segmentados, do que pensadores independentes.

Isso independe das mudanças da civilização.

Estarei errado?

Vejo o Twitter muitas vezes mais escravizando do que libertando seus usuários.

Portanto, da mesma maneira que acho que estamos diante de uma revisão da civilização de suas instituições e de conceitos que as cercam: um processo inapelável, por uma questão matemática: sete bilhões não podem ter as empresas e instituições que temos hoje, pois são lentas para atender as novas demandas.

Óbvio que haverá esforços, contra-esforços, mas a realidade será mais forte do que as ações contrárias.

É quase uma lei.

Não, não sou eu que digo, mas Galileu que dá a pista no seu princípio da similitude:

Um ambiente infomacional que cresce em tamanho, precisa mudar de forma, senão explode!

Por outro lado, a tal mudança “espiritual” que nos elevaria a uma coletiva mudança de postura em relação a nós mesmos e aos outros, de redução de violência, não é algo matemático e inapelável, assim como não o era o caminho histórico ao socialismo.

(Propunha-se mudar a sociedade, mas não a relação de cada um consigo mesmo.)

Vamos rever a civilização não por uma questão espiritual ou filosófica geral, mas por necessidade. Isso tem que ficar claro para os tecno-otimistas de plantão, com seus óculos 3D cor de rosa!

Assim, podemos refletir que ajustes serão feitos e podemos chamar esse novo mundo, pós-Idade Mídia, de uma civilização 2.0, mais dinâmica, colaborativa por sobrevivência, do que a passada.

Porém, a humanidade 2.0, se podemos dizer algo assim, que passaria por uma revisão, independente de tempo e lugar, na nossa relação com nossas caixas, de conscientização, ao invés de alienação, não é algo que me parece dado, mas precisa ser realmente construída, que passa longe de mudanças tecnológicas e até civilizacionais – longe inclusive das propagandas religiosas, mais do que nunca alienantes.

Não resta dúvida que uma mudança pode ajudar na outra, mas é uma questão de sabedoria conseguir juntar as duas e não algo natural, como é e será a mudança da civilização por necessidade.

Seria um processo, portanto, não matemático, mas de ruptura com o nosso modelo mental de pensamento, colados às caixas das ideologias vigentes, que tentei começar a discutir um método aqui.

Será possível em massa?

Não estamos rumando para nenhum paraíso, apenas para uma sociedade mais ajustada a um planeta mais populoso, certamente mais dinâmico do que o anterior, com perdas e ganhos no processo, pois crescer é sempre um perde e ganha (avisa-se aos Peter Pans.)

Repito: considerar que esse ajuste aritmético da civilização, a meu ver inevitável, nos elevará enquanto novos humanos, não é o que vejo, pelo contrário.

Uma mudança de mentalidade depende de líderes, métodos de conscietização (a la Paulo Freire, Boal, AA reajustados) e esforços diários, pois a relação com o ego, na construção de sabedoria, não é cumulativa, é muito mais um esforço de todo dia.

A sabedoria seria a relação amadurecida de conscientização diária nós com as nossas alientantes caixas.

Não é algo dado, mas construído com muito suor, tendo o livre arbítrio como bandeira. Será que a humanidade está pronta para cada um ser o seu próprio líder?

Assim, repito: a civilização 2.0 virá…

A humanidade 2.0, entretanto, é uma utopia, um sonho a ser tornado realidade, uma janela dentro da outra mudança, construída em cada pessoa, todos os dias, através do power off nos pilotos automáticos. [Webinsider]

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Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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5 respostas

  1. bom, o artigo é bem feito, sem nenhuma dúvida, e a dica a respeito do “coletivo” é fundamental, pois até hoje pensamos muito em individualismo e esquecemos totalment o coletivo – que é a chave do sucesso, mas para mudar isso, precisamos pensar a rspeito do origem do problema.
    Qual é ??
    é o dinheiro, que sempre mover o planeta e as ações, o dinheiro de dar o poder, a miséria – os problemas, então que vcs acham sobre um mundo sem dinheiro… ?
    pense sobre isso.

  2. É preciso ler mais de uma vez, refletir e verificar o sentido de tudo isso na vida da gente. Melhor não arriscar opiniões críticas sem uma apreciação em profundidade e extensão.
    Em princípio achei muito interessante. Volto pois a uma nova leitura do texto.

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