O gerente de sistemas da sua empresa acaba de receber ordem da diretoria para desenvolver um painel de vendas, por onde o presidente da empresa acompanhará em tempo real todas as vendas da empresa no mundo.
Imediatamente o gerente convoca uma reunião geral com todos os seus desenvolvedores líderes para expor o novo desafio e verificar por onde começar.
Durante a reunião, um dos analistas líderes sugere o uso de uma nova tecnologia para desenvolvimento de conteúdo multimídia e explica que com uma tecnologia moderna e um visual contemporâneo o presidente da empresa vai adorar o novo programa.
Ressabiado, pois ele (o gerente) nunca ouviu falar dessa nova tecnologia, solicita ao analista maiores informações. Após 30 minutos de conversa (que mais parece uma competição para saber qual tecnologia é melhor) o gerente decide:
– Vamos fazer com o que já sabemos, não temos tempo para aprender uma nova tecnologia e não podemos desperdiçar um só segundo.
Desmotivados, pois sabem que este novo projeto não vai agregar novos desafios tecnológicos, os analistas saem da reunião e voltam ao trabalho.
No almoço o assunto é a decisão do gerente de podar a ideia da equipe de utilizar algo novo e continuar com o velho e tradicional arroz com feijão que impera na companhia há anos. (entenda por arroz e feijão a velha programação estruturada, o velho VB6 para novos projetos etc…)
O habitual e o novo
Quem já trabalha há alguns anos na área de desenvolvimento com certeza já vivenciou situações semelhantes à narrada acima. Dentro de uma organização, os gerentes são pressionados a entregar software de qualidade, sem erros e em tempo hábil enquanto os técnicos querem utilizar novas tecnologias, novas metodologias e fazer sempre algo novo.
Como conciliar o algo novo com a necessidade de fazer tudo para ontem e sem erros?
Estou convicto de que para manter a motivação dos técnicos em alta, elevando assim a produtividade da equipe, é necessário dar abertura para o aprendizado de novas tecnologias, ainda que a empresa não possua verbas para oferecer treinamento especializado.
Então vamos lá, abaixo listo algumas dicas baratas que poderão ajudar a sua equipe a ganhar motivação e farão com que o resultado do trabalho entregue seja reconhecidamente melhor.
1. Estimule a troca de informações entre os membros da equipe por meio de workshops
Uma forma sensacional de colocar em prática este item é utilizar o último horário de sexta-feira (aquele, que normalmente ninguém quer mais trabalhar) para promover debates sobre novas tecnologias ou métodos de trabalho.
Para isto, solicite de seus colaboradores que a cada sexta-feira um membro da equipe, não importa qual o setor ou a tarefa, pesquise um tema (podendo ser na internet, em revistas, ou mesmo da experiência passada) e durante uma hora exponha este tema aos demais colegas como se fosse um workshop interno.
2. Incentive a programação em par ao menos uma vez por semana, misturando os mais experientes com os estagiários ou juniores
Soa estranho ver duas pessoas trabalhando em um único computador; muitas vezes para quem está de fora parece que estão jogando conversa fora e não estão trabalhando.
Mas a realidade é que dar a oportunidade de um profissional com maior experiência acompanhar e ensinar um novato faz com que a motivação do profissional experiente suba por estar sendo reconhecido como tal e aumenta a velocidade da curva de aprendizado do profissional junior ou estagiário, já que poderá contar com a experiência do seu par para fazer mais rápido e melhor.
Muitas vezes, durante esta troca de experiência, o profissional novato acaba trazendo conhecimentos de novas técnicas de desenvolvimento que o profissional experiente ainda não tem por estar viciado no modelo de trabalho da empresa.
3. Dê oportunidades para que a equipe utilize novas tecnologias
Realmente você não vai se sentir confortável em autorizar o uso de uma nova tecnologia, levando em consideração a curva de aprendizagem, as incertezas sobre o resultado e o temor de que dê tudo errado e o projeto fracasse por conta da decisão de utilizar a tecnologia errada.
Entretanto, durante o ano, surgem muitos projetos internos ou rotinas simples que não trarão grande impacto na estratégia empresarial. Aproveite estes pequenos e simples projetos para incentivar a equipe a utilizar novas tecnologias.
Os workshops de sexta-feira e a troca de experiências entre os profissionais vão se consolidar em resultados práticos mais facilmente com a colocação em prática desta dica.
Mas fique atento, sempre que autorizar o uso de uma tecnologia nova, acompanhe o desenvolvimento do projeto de perto. E se sentir que a equipe está titubeando ou tendo muitas dificuldades, não hesite em abortar o projeto e voltar a utilizar a tecnologia consolidada.
4. Premie aqueles que se destacam
Se você tem uma verba para isso, aproveite para pagar almoços, distribuir ingressos para cinemas/teatros/espetáculos e pagar cursos.
Se você não possui verba específica, faça com que estes funcionários que se destacam apareçam ainda mais na empresa. De publicidade àquilo que fizeram de bom, fale abertamente para os membros da equipe e demais gerentes sobre o funcionário e seus feitos.
Se a sua empresa tem uma estrutura hierárquica muito grande, tente negociar com o presidente ou diretor da área uma agenda de 10 minutos por mês para conversar pessoalmente com o funcionário destacado.
Vai ser um prêmio muito especial para o funcionário que de outra maneira não teria condições de acessar este dirigente e vai acabar abrindo espaço para que você (gerente) ganhe créditos com seu diretor ou presidente já que seu funcionário acabará fazendo um marketing das suas ações.
5. Assuma riscos
Colocar em prática as dicas acima não será garantia de retorno ao menos que você assuma pessoalmente a responsabilidade pelo sucesso do projeto. Engaje-se e participe com a equipe da mudança.
Nos workshops, faça questão de assistir pessoalmente mas não intimide seus subordinados. Parabenize-os pelo tema e incentive a equipe a utilizar o aprendizado nos projetos do dia-a-dia.
Assuma riscos controlados ao incentivar a equipe a utilizar novas tecnologias nos projetos de menor impacto na empresa (após dominar a tecnologia incentive a utilização nos demais projetos) e nunca deixe de reconhecer publicamente as boas atitudes de seus subordinados.
Não deixe de me contar os resultados obtidos com as dicas acima enviando e-mail para falecom@renatoucha.com.br
[Webinsider]
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Renato Ucha
Renato Ucha é formado em administração de empresas, especializado em gestão de projetos. Possui vasta experiência na área, além de dar palestras e escrever sobre o assunto.
3 respostas
Ótimas considerações prezados, dicas valiosas, sugiro que uma ampliação destas dicas, quem sabe em um artigo futuro.
Pelo curto espaço de tempo que passei como terceirizado na Caixa Economica, vivenciei esta troca de experiências com o Workshop com membros da equipe, foi ótimo como aprendizado e ótimo para a melhoria da interação entre os membros da equipe.
Meus parabéns pelo artigo.
Parabéns pelo artigo, muito bom mesmo.
Acho que esse tipo de iniciativa deve partir de alguém que tem o poder hierárquico para realizar. O problema é que em muitos casos nós nos colocamos em uma zona de conforto, e ali ficamos, pois sair dessa zona significa correr riscos, e não são todos que estão dispostos a assumir esses riscos, sendo assim a equipe não ande nem pra frente nem pra trás.
Gostei muito da dica acima, pensei muito nesse workshop interno e acho que dará muito certo na empresa onde trabalho. Essa semana mesmo estarei aplicando a ideia.
Desde já agradeço pelo artigo.