Uma pena se a Palm desaparecer

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A marca que criou o bom e velho Palm IIIx corre o risco de ser esquecida totalmente, diante do Android e do iPhone.

Notícias relativas à venda da Palm me fizeram refletir mais uma vez sobre a liderança da marca no passado e o insucesso de hoje. Meu primeiro Palm foi um IIIx e posso dizer com toda segurança que esse pequeno equipamento me ajudou a ser uma pessoa mais organizada.

Aprendi a manter meus contatos em dia e divididos em grupos de interesse, aprendi a organizar melhor minhas reuniões e aprendi a tomar notas organizadas de forma a serem encontradas quando necessário.

Com o tempo o Palm foi evoluindo e as novas ferramentas em conjunto com tudo que havia aprendido me fizeram uma pessoa muito mais produtiva.

Sim, confesso, não sou isento nas minhas conversas e análises relativas aos equipamentos Palm e a empresa Palm. Muito longe disso! Por exemplo, livros como o Piloting Palm só me fizeram mais e mais encantado com o surgimento e evolução da empresa.

E eventos como o fim da comercialização de PDAs da Palm sempre me fazem refletir e escrever. Não é raro ideias inovadoras serem copiadas e até aprimoradas por outras empresas, o que aconteceu inúmeras vezes na história da Palm. Podemos até dizer que ela mesma surgiu de certa forma copiando e aprimorando o Newton da Apple.

Outro fator marcante na história da Palm foram as constantes trocas no controle da empresa. Foram tantas “compras” e “vendas” do controle acionário que muito provavelmente seja necessário um historiador para pesquisar e registrar o percurso da empresa junto a seus inúmeros investidores e proprietários.

Android é o adversário

Não sou analista de mercado mas tenho segurança em dizer que conheço muito bem a Palm por tudo que já li e estudei a respeito da empresa. Evidentemente isso não me gabarita a falar com propriedade sobre as razões do insucesso da Palm neste momento, mas por outro lado me sinto bastante confortável para dar minha opinião de usuário, conhecedor e apaixonado.

Acredito que o problema da Palm na “era webOS” chama-se Android e não iPhone. A Palm aparentemente tinha uma “dívida moral” com a Sprint e por isso lançou seu fantástico (sim fantástico!) Palm Pre exclusivamente numa rede CDMA, que hoje é praticamente restrita ao mercado estadunidense.

Tivesse o Pre sido lançado em GSM globalmente e antes da popularização do Android, a história muito provavelmente teria sido outra. Não acredito que a Palm conseguisse ofuscar o Android por muito tempo, mas ao tomar a dianteira a empresa hoje estaria com uma fatia de mercado muito mais próxima da do sistema do Google.

foleoOutro produto inovador foi o Foleo, que em realidade nunca foi efetivamente lançado.

Ouça mais sobre ele em podcast.

Enquanto isso a Apple continuava sua pesquisa e desenvolvimento, lançando o MacBook Air algum tempo depois.

O iPad é outro exemplo de produto que poderia muito bem ter sido desenvolvido pela Palm e hoje estar rodando o webOS. Infelizmente o iPad é outro exemplo de como a Palm estacionou no tempo em função muito provavelmente de ter ficado restrita ao CDMA nos Estados Unidos no momento de seu lançamento.

Parece uma simplificação muito grande, mas não é. O CDMA é restrito ao mercado estadunidense e a uma única operadora. Ou seja, a Palm gastou uma energia enorme lançando um produto em uma fatia muito pequena de mercado e num segundo momento precisaria fazer isso novamente para lançar o produto globalmente no GSM. E só depois disso poderia concentrar energia no lançamento de outros produtos como o Foleo.

Portanto, restrita a uma rede CDMA, a Palm permitiu que o Android e o iPhone ganhassem mais e mais mercado globalmente, fazendo com que desenvolvedores criassem aplicativos para essas duas outras plataformas e consequentemente arrastando consigo uma legião de usuários interessados em aplicativos para suas atividades do dia-a-dia.

Afirmo que o problema da empresa é muito mais o Android pois essa plataforma é a que mais se assemelha a característica aberta do webOS e até mesmo a sua raiz, pois ambos são baseados no Linux.

O Android também tem uma outra característica que o iPhone não tem: a possibilidade de se multiplicar muito rapidamente por ser um sistema adotado por vários fabricantes de equipamentos. Ou seja, representa uma ameaça muito maior em termos de crescimento de mercado.

Por fim, fala-se na compra da Palm pela HTC, por exemplo. Não sei até que ponto isso resolverá os problemas da empresa. Aqui prefiro (infelizmente) concordar com uma ideia já relativamente antiga. Em lugar de vender a empresa, a Palm deveria lançar equipamentos rodando uma versão do Android modificada com a “cara” da Palm.

A empresa sempre foi famosa pela qualidade dos equipamentos e sua perfeita integração com o Palm OS e até mesmo com o Windows Mobile modificado.

Hoje não seria nada difícil permitir que os equipamentos da Palm rodassem o Android – e a característica aberta deste sistema permitiria à Palm modificar sua aparência e funcionalidade.

Longe do esforço de manter pesquisa e desenvolvimento no sistema operacional, a empresa poderia focar recursos no desenvolvimento e lançamento de outros equipamentos, como, por exemplo, um tablet também rodando o Android.

Ainda resta uma marca forte, que poderia ser bem explorada com o Android. Mas é preciso correr, pois aos poucos essa marca forte e inovadora se desmancha. [Webinsider]

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Vladimir Campos é escritor. Veja mais sobre ele.

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8 respostas

  1. que seja enterrada fundo.
    desenvolveu bons produtos, mas foi mesquinha e inábil em como oferecê-los ao mundo (sempre dificultou sob todos os aspectos: distribuição, preço, compatibilidade, segredos tecnológicos). foi comercialmente incapaz. ganhou enquanto contou com condições muito favoráveis. foi ótimo que tais condições tenham mudado. nos desvencilhamos duma postura despótica. Palm não vislumbrou as mudanças e ainda manteve-se em sua postura mesquinha pelo tempo de que dispomos para mudar. dançou. mantenho um Palm em uso, mas não quero outro.

  2. Uma pena, a Palm podia ter feito um Tablet tinha tudo para isso. Seu conceito de WebOs apps usando js, html, css e uma ideia boa, a interface web e muito intuitiva. Agora quem vai tirar total proveito disso e o iPhone OS multitarefa e o Android, esses dois sistemas tem a api webkit.

  3. Saudosismo puro!

    Que o PALM foi bom e teve sua época, é pura verdade.

    Que ganharam muito dinheiro em um mercado que era pouco competitivo, verdade.

    Mas não souberam admninistrar a sua vantagem e continuaram tacanhos e retrógrados…

    Às vezes manter “conceitos” irrefutáveis é decretar a morte do conceito.

    Adeus Palm!

    Vida longa ao Android!

  4. Prezado Vladimir

    Concordo com você em muitos de seus pontos, e acredite muitos dos erros da Palm foram de marketing.
    Como maior produtor de software para PalmOS do mundo (Handcase), minha empresa é parceira da Palm a anos e muito se discutia como fazer ações que ajudassem a Palm.
    Nós como fãs do sistema Palm, desenvolvemos o Hand-e uma fora de se jogar os jogos de PalmOS no PC para que a chama não morresse.
    E estamos tentando trazer a Aceeca com seu PDA com PalmOS para o Brasil (parece esquisito, mas o lançamento será este mês). Acredite se depender de nós PalmOS (que não pertence a Palm, ele pertence a Access do Japão) não vai morrer, já a Palm, torcemos que continue, porque amamos ela.
    Abraço
    Ricardo Garay
    Diretor
    HANDCASE
    http://www.handycase.com

  5. Caro Vladimir, como palmaníaco, também estou torcendo, MUITO, para que a empresa sobreviva. Concordo com sua opinião, a Palm perdeu o timing e o trunfo que tinha à época, lançando o Pre exclusivamente pela Sprint. Espero (e milhares de fãs pelo mundo afora) há mais de um ano pela versão GSM do Pre (agora, do Pre Plus)desbloqueada de fábrica. Por incrível que pareça para muitas pessoas, apesar de ter um iPhone 3GS, continuo usando o meu Treo 650, que comprei há mais de CINCO anos!
    Grande abraço e parabéns pelo post!

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