Provavelmente você já sabe. Mas eu vou resumir pra quem não entra no Twitter em toda folga que tem no trabalho, diferente de mim (leia-se você).
Ontem à tarde, também conhecido como 10/06 – o dia da abertura da copa -, o Galvão Bueno tomou simplesmente o maior CALA A BOCA do Brasil, quiçá do mundo.
Claro, foi pelo Twitter. No Trendic Topics, a expressão CALA BOCA GALVAO foi a mais twittada mundialmente. Talvez a merecida vingança de todo brasileiro que não aguentava mais ouvir o locutor falando sobre qualquer assunto, muitas vezes mesmo sem conhecê-lo a fundo – e ao mesmo tempo a piada interna da semana, já que nem meia dúzia de gringos deve ter entendido o significado disso.
A lição que a gente aprende com a vergonha alheia do Galvão é algo que todo mundo já ouviu da mãe: “Se você não tem algo útil para falar, não fale nada.”
Em tempos de “relevância por conteúdo”, essa prática da redundância – ou enchimento de linguiça -, tão popular em conversas de elevador e jogos de futebol desinteressantes, tem se tornado popular também em nossa área: a publicidade on-line.
Quem nunca viu um blog empresarial sem nenhuma informação útil ou interessante pode atirar a primeira pedra.
Desde que o Russell Davies e outros gurus da auto-ajuda corporativa escreveram que as marcas precisam “conversar” com seus consumidores, toda empresa que se preze tem um blog, um perfil no Twitter, outro no Facebook e uma comunidade no Orkut.
Não que eu discorde disso. Muito pelo contrário, aliás. O problema está na falta do que falar nessas comunidades.
Na obrigatoriedade de postar pelo menos três mensagens por dia no Twitter, dois textos por semana no blog e acompanhar as comunidades nos Facebooks e Orkuts da vida, os estagiários – digo, analistas de social media -, muitas vezes não têm tempo de pesquisar sobre aquilo que vão falar/postar. E aí mora o perigo.
É chover no molhado usar esse parágrafo para dizer que a internet está mudando o mundo. E se o mundo mudar, a publicidade também muda. Portanto, vamos para o próximo.
Assim como um diretor de arte que passa mais de 12 horas por dia na frente do Photoshop (e por isso não tem tempo de consumir cultura, em busca da tão popular referência), e o redator que passa mais tempo na frente do Word do que de um bom livro, um social media que não procura por assunto como a mãe procura um filho perdido (tá bom, exagerei), corre o sério risco de ganhar um baita de um CALA BOCA em rede mundial.
Só que a palavra depois do CALA BOCA não vai ser o nome de uma pessoa. Mas, sim, o de uma empresa. E isso, mais do que uma piada interna, pode custar alguns milhões.
Citando a vinheta do podbiliity – o podcast da Bullet, e David Ogilvy – o senhor publicidade:
EMPRESÁRIOS APRENDAM! O que você fala é sempre mais importante do que como você fala.
Reza a lenda que o tolo não aprende nunca, o normal aprende com seus próprios erros, e o sábio, com os erros dos outros.
A Copa já começou. Nos próximos dias, a gente vai saber se o Galvão aprendeu com seus erros, e vai dar uma segurada ao ser tentado a falar bobagens.
Mas meu desejo é que você, querido leitor que gerencia o Twitter da sua empresa, aprenda com o CALA BOCA GALVÃO, o que nossas avós tentam nos ensinar há anos: “quem fala demais, dá bom dia a cavalo”. [Webinsider]
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Fernando Luz
Fernando Luz é redator publicitário, escreve no blog Fernandoluz.com e no Twitter @fernandoluz.
10 respostas
CALA A BOCA LULA, DILMA, SERRA, ……
Se interessar, estou colocando à venda no eBay o domínio http://www.calabocagalvao.info. É uma ótima oportunidade de aproveitar este verdadeiro fenômeno da Web!
Concordo e discordo de alguns pontos:
Concordo sobre o fato do pouco tempo em busca de conteúdo relevante o que acredito ser o principal responsável pelo famoso “Cala boca galvão”.
Discordo em partes deste trecho “EMPRESÁRIOS APRENDAM! O que você fala é sempre mais importante do que como você fala.” Se considerarmos isso como regra, o trabalho de publicidade/ propaganda não terá sentido.
Olá pessoal. Bom o texto.
É lógico que o conteúdo é extremamente importante. Eu gerencio (entre outros) o Twitter da empresa onde trabalho e obviamente os assuntos que são postados são de interesse do público da empresa. Nada de irrelevante. As pessoas têm de querer ler o que você está transmitindo e não o contrário.
Abraços.
@alexbigaiski
Inevitavelmente passaremos por situações onde o interlocutor dessas informações não será satisfatória para vc. Mas nesse caso específico do Galvão, não acho que seja tão fácil criticá-lo, pois ele fica mais de 90 minutos tendo que entrerter um número extramamente grande de pessoas de diversas camadas sociais, e nesse caso não são todas as pessoas que tem a informação tão fácil como nós temos.E claro que ele ao citar algo deveria ter mais conhecimento como vc escreveu mto bem. Mas acho que ele cumpre bem sua tarefa de agente de entretenimento pois é isso que o futebol é, lazer. E com relação aos números absolutos do twitter em relação ao número de telespectadores da globo, existe uma disparidade gigantesca com relação ao dois.Parabéns e belo primeiro texto seu Fernado
Excelente texto.
Em tempos de querer aumentar a relevância para os robôs de buscas, o risco de falar demais sobre assuntos de menos aumenta…
Muy bien! A internet tá cheia de gente que fala muito sem ter nada a dizer.
Agora, no caso do Galvão acho que foi acumulando.
As besteiras que ele fala e principalmente o jeito que ele fala (que já deu no saco faz tempo), agora podem ser reprimidos graças ao Twitter. Haaaaaaaaaaaja coração!
Não tenho muito pra dizer, por isso corro o risco de tomar um “cala a boca…”, mas…
O texto está ótimo.
Em se tratando de empresas na web, a maioria dos clientes de agência adotam estratégias fracas e inconsistentes para posicionamento na web, e o pior, é que tais agências não se impõem dando o direcionamento correto, e o suporte que lhe é devido.
Temos “Gavões” espalhados por toda a parte, inclusive – e tristemente – em muitas agências por este nosso Brasil afora.
Estou desempregada, pois trabalhava no Depto. de Comunicação de uma empresa que vetava MSN,passeios em rede sociais e páginas de notícias. em geral exigia que eu produzisse conteúdo para seu jornal on line…Estava sempre na frente do word copiando revistas da área. Texto perfeito, traduziu exatamente o espírito tecnológico atual! Na verdade, estou dando um #calaabocagalvao em todas as empresas que tem essa convicção.