Por que o passado não reconhece o seu lugar e busca estar sempre presente?
“Não quero que nos tornemos um país de blogueiros. Acho que precisamos de mais conteúdo editorial que nunca. O que temos de encontrar é uma maneira de fazer as pessoas pagarem por esse conteúdo…”.
Essa declaração do Steve Jobs, publicada no O Globo Digital, feita na conferência All Things Digital, deixa alguns questionamentos que demandam certo grau de reflexão.
Por que soa tão incoerente? Quais seriam os verdadeiros interesses por de trás de uma exposição pública como essa, principalmente quando se atenta para o fato da crescente expansão da social media, que tem em sua essência o uso do meio eletrônico para interação entre pessoas?
Enquanto Steve Jobs discursa sobre conteúdos pagos e alguns tantos interesses, outros simplesmente inovam.
Em seu blog, o consultor e empresário, Alan Dubner escreve: “os sistemas de relacionamentos digitais combinam textos, imagens, sons e vídeo para criar uma interação social de compartilhamento de experiências. O ser humano é antes de tudo um ser social, as ferramentas digitais estão potencializando essa tendência e alterando completamente a comunicação dessa nova economia… é uma maravilha estar aqui e agora!”.
Baixa latência e conectividade com o público
A Tecnologia da Informação almeja deixar para trás o seu passado de processamento de dados e assumir definitivamente o seu papel na comunicação.
Um dos exemplos é o da renovação ocasionada pelo Communication Enabled Business Process (CEBP), que permite a comunicação entre aplicações, bem como entre as aplicações e os seres humanos, visando automatizar muitos componentes dos processos de negócio.
Seu objetivo é aperfeiçoar os processos e assegurar a contínua e baixa latência, atuando em tempo real na comunicação entre os clientes, fornecedores e funcionários de uma empresa. Possui como principal característica a sua aplicabilidade horizontal, através de diferentes linhas de negócios e diferentes indústrias. Com isso, possibilita proporcionar um ROI muito mais efetivo que amplia o valor agregado.
Um pouco mais além, a social media está ampliando e revolucionando a gestão de relacionamento com o cliente (CRM) de forma profunda e rápida, pois permite aos consumidores transmitirem e expressarem seus pensamentos e sentimentos, imediatamente, sem qualquer filtragem.
Organizações e empresários atentos à realidade estão usando essas expressões para rapidamente lidar com clientes insatisfeitos, fazer melhorias em seus produtos e serviços, conectando-se cada vez mais com seu público. Oportuno é atentar para o fato que lidar com clientes insatisfeitos ainda não é uma atitude proativa, por mais positiva que seja ao ocasionar a melhoria contínua.
Social Media Governance
Em 2005, depois de constatar que centenas de funcionários estavam criando e escrevendo em blogs nos seus momentos ociosos, a IBM elaborou um conjunto de diretrizes para a computação social.
Atualmente, objetivando mitigar os riscos inerentes à utilização dos meios de comunicação social e superar os obstáculos comuns, a Governança Corporativa de TIC lança mão da Social Media Governance, que contém um conjunto de políticas, melhores práticas e procedimentos, visando orientar as organizações a implementar estruturas adequadas e de uso aceitável, incluindo políticas de segurança da informação, modelo de orientação jurídica, branding e guia empresarial de estilo.
Nova interface para uma sociedade mais exigente e eletiva?
Segundo os princípios básicos, a comunicação é o intercâmbio de informações através de um canal, mediante código comum ao emissor e ao receptor.
A social media possui esta característica básica e aí está sua importância, permitindo que os consumidores espalhem suas ideias sobre diferentes empresas, seus produtos e experiências pessoais.
Quer seja através de um blog, do Twitter ou uma mensagem no Facebook, os consumidores estão fazendo que suas vozes sejam ouvidas – mais alto e mais rápido do que nunca. O público em geral deseja cada vez mais ter seus anseios satisfeitos.
Cada vez mais, pesquisas indicam que o anseio latente da sociedade atual está além da pirâmide de Maslow, ou seja, algo mais profundo, mais antropológico, onde existe a inegável busca de respostas para entender o que somos a partir do espelho fornecido pelo relacionamento com o outro. Isso promove o amadurecimento da sociedade, o que a torna mais exigente, questionadora e consequentemente mais eletiva.
Como conseguir fazer com que pessoas sejam embaixadores de sua marca? O planejamento estratégico digital é uma das respostas para esta questão, pois dados só viram informações quando há inteligência por trás.
Da mesma forma, a comunicação – no auge de sua excelência – fornece a interface que transforma a informação em conhecimento ou experiência. O professor Luli Radfahrer escreveu em seu blog: “Ideias e histórias nunca tiveram formas fixas. Algumas delas se adaptam melhor a este ou àquele meio, mas elas só serão envolventes se conseguirem estabelecer uma conexão com quem as recebe. Essa conexão só vai acontecer se elas conseguirem se libertar do seu suporte e ativarem a imaginação”.
Nesse aspecto, a tipografia cinética permite a realização das funções estruturais da representação de ideias e imagens que concebemos do mundo, com a habilidade de adicionar conteúdos emotivos ligados à experiência.
Estabelece a execução conjunta das unidades do saber da consciência, baseados nos reflexos sensoriais, representações, pensamentos e lembranças, permitindo que algumas qualidades normalmente encontradas somente em filmes sejam adicionadas à informação. Seria esse o prefácio de uma nova interface?
O amanhecer de uma nova era
O tempo virá! O alvorecer possibilitará que a Tecnologia da Informação e Comunicação seja, em sua plenitude, o instrumento que irá agregar o valor do conhecimento cognitivo às informações, branding e ao que mais for necessário. Ampliando as destrezas humanas em todos os sentidos, de forma inclusiva, por meio da revolução inicialmente ocasionada pela social media.
O principal e maior obstáculo a enfrentar são nossas limitações como indivíduos e sociedade, sejam elas próprias ou atribuídas. Torna-se imprescindível uma conscientização coletiva, o discernimento do que é realidade e as instâncias que a envolve, sendo essa uma necessidade óbvia e premente.
Esse insight se conclui através das palavras de João Cabral de Melo Neto: “Um galo sozinho não tece uma manhã, ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito e o lance a outro; de outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos”. [Webinsider]
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Jorge Castro
Jorge Castro (jorge.castro@globo.com) é professor e coach em Governança de Tecnologia da Informação e Comunicação.
3 respostas
Vale complementar a leitura com a seguinte publicação: http://www.blogmidia8.com/2010/12/revolucao-do-consumidor.html
Texto muito bem colocado. Profissionais de TI são aqueles que constroem a plataforma necessária para as empresas terem acesso a cada nanoconsumidor. A tendência é que haja um crescimento ainda maior dessas redes.
Da teoria até a prática temos um caminho a trilhar.
Assista a palestra de Charles Leadbeater, no TED, sobre inovação.
http://www.ted.com/talks/charles_leadbeater_on_innovation.html
” … é uma maravilha estar aqui e agora!”