A Origem, o filme: reflexões sobre cognição e afeto

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O filme é imperdível, pois consegue ser filosófico e de massa.

Mérito, pois são poucos criadores que conseguem ser abrangentes em termos de público e manter sua mensagem.

Lembra Matrix? Sim, em dois aspectos, na linha dos filmes que se baseiam na ideia do mito da Caverna de Platão. O que seria tal mito?

  • Luz x sombra.
  • Sonho x realidade.
  • Objetividade x subjetividade.

O que afinal somos nós, os outros, as coisas? Veja detalhes sobre o Mito de Platão.

A OrigemNão é o primeiro filme – e nem será o último – que aborda essa dualidade.

Matrix, entretanto, trabalha com um tipo de poder coletivo. E Origem no individual. São duas faces da mesma moeda.

Matrix relata o Governo soberano das máquinas sobre os humanos. Da opressão para conseguir sugar a energia das nossas mentes/corpo. Aceitamos isso, pois estamos com os pilotos automáticos ligados, sem saber que estamos vivendo um mito: Matrix.

Algo que é código, mas vemos realidade. O que seria Matrix, então?

Para mim, a metáfora de um estado de espírito humano da alienação, da falta de auto-conhecimento, sendo coisas a mercê de um poder que nos explora.

matrixA energia sugada seria nossa subjetividade nos tentáculos do consumo que nos quer um cartão de crédito. É assim que viajei em Matrix, com variantes, que não cabe aqui aprofundar.

Origem vai na mesma linha do poder, porém mais sutil, pois prefere a opressão individual, como cada um é dominado. (Seria um Matrix – parte II, detalhando o como.)

Os cientistas que navegam nos sonhos têm o poder de incutir ideias nas pessoas para que elas mudem suas atitudes. Para isso, precisam ir cada vez mais fundo no nosso inconsciente até chegar em um cofre, num final de linha, no qual estaremos ligados com as coisas mais remotas (no caso a relação/frustração/emoção com o pai – podia ser a mãe também) e ali será feita a progamação da placa-mãe cognitiva-afetiva.

Marketing de nicho? Se Matrix, precisamos tomar uma pílula para cair na real e lutar em grupo.

Na Origem, temos, como sugeriu Freud, de irmos fundo no nosso inconsciente para saber por que algumas reações, ideias, maneiras de pensar e ser estão impregnadas por afetos e traumas, num sonho dentro de outros sonhos, sem volta.

Pois tudo é e não é caverna (ou cofre, no caso). O que acho bacana nessa mensagem do filme (para mais gente) é de que não há separação entre o afeto e a ideia.

Do que achamos que pensamos, para o que achamos que sentimos e vice-versa, tudo foi programado e pode, teoricamente, ser desprogramado, a partir de um esforço afetivo-cognitivo.

Não é isso que o filme sugere, mas é o que revela, descortina, denuncia. Se é possível alterar para “A” é também para “B”.

Não adiantava nada eles falarem (cognição) com a vítima do golpe no sonho, precisavam que o pai – com o qual ele tinha uma relação de amor e ódio – fizesse a cabeça dele, marcando fortemente a maneira que ele pensa, falando e sentindo, por isso aparece o cata-vento, que é um dos poucos elo afetivo entre eles.

Não somos muito assim? É um bololô de sentimento e pensamentos?

Próximo do que a cientista que sofreu um derrame conclui. Na ponta direita do cérebro intuição e afeto. Na outra, razão e conhecimento.

Ver mais aqui, em texto (Cientista conta como se recuperou sozinha de um derrame, num tratamento de oito anos que se tornou uma história de superação pessoal). Ou em video com legenda.

Somos resultados dos nossos traumas afetivos (os que nos deram prazer e dor, ou os dois).

E de como pensamos sobre eles. Cognição e afeto, uma dupla sertaneja. O lego e o ego.

Quando queremos pensar diferente temos que rever também como sentimos e nos sentimos perante determinado assunto, conceito, fato.

  • Não há mudança cognitiva sem mudança afetiva.
  • Nem mudança afetiva sem mudança cognitiva.

As ideias foram sempre plantadas em nós, através de diferentes maneiras, muitas pelo castigo e punição e se armazenaram naquele cofre da Origem (de tudo).

Sair de Matrix é uma tarefa que nos força a ir até lá para saber o que não nos pertence, jogar pela janela, recolher novas ideias, novos afetos e ir entrando e saindo de Matrix, nesse eterno jogo de sombra e luz que é viver.

A diferença entre as pessoas estaria nessa capacidade de entrar e sair do sonho e conseguir ser/estar de forma diferente, não aceitando as pílulas que nos fizeram engolir.

Quanto mais acreditamos nelas, menos originais somos nesse mundo “matrixado” por terceiros. Quanto mais conseguimos nos discriminar, mais, teoricamente, menos somos eles e mais somos nós.

Porém, nunca inteiramente nós ou eles, mas um mix, dependendo da condições de temperatura e vento. Ser ou não ser seria, assim, ir lá e sair, e se ver, e voltar, e se reconstruir.

Se reconstruir, portanto, é ser. E não se reconstruir, é não ser.

Eias a questão? [Webinsider]

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Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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3 respostas

  1. Adorei sua análise, mas se eu tivesse que contar ou resumir o filme sem spoiler eu diria que foi um executivo que dormiu numa viagem de aviao e sonhou profundamente com todos que viajavam de primeira classe.

    Abraços

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