Livros em uma estante são apenas literatura em potencial.
C. S. Lewis, da coleção de frases.
Recebo de um amigo virtual a seguinte mensagem depois de ter postado isso no Twitter:
Existe algo + s/ sentido do q “Bienal do Livro”? Ñ seria “Bienal das ideias presas nos livros”? Protesto: ”Libertem as ideias!”. Concordas?
Ele me manda: Eu entendo tua posição sobre o “formato”. Mas livro é uma relação de cumplicidade, de intimidade que é difícil desqualificar. Claro que hoje eu sou adepto do debate, do aprender observando as ideias livres ao vento, compartilhamento, etc. Mas nem por isso deixo de lado o êxtase sensorial que é ler um livro sentado na cadeira enquanto tomo sol no quintal.Vamos dizer que eu sou como o cara que coleciona disco de vinil mas não deixa de ouvir MP3. Grande abraço. Rodrigo Leme, que fez a ode ao livro no blog dele.
Temos que separar algo bem importante que é o fetiche pelo livro para o que ele representa, tanto quanto opressão ou libertação.
O livro é o condutor de ideias.
Serviu a seu propósito como suporte durante muitos séculos e mais diretamente nos últimos 550 anos com o livro impresso. Em torno dele se fez uma indústria, que, a meu ver, é nociva hoje aos interesses das pessoas.
Hoje, com o suporte digital, deve-se ver o livro como algo opcional e não obrigatório. Devo poder ler tudo que quiser na rede e se quiser ter o fetiche do papel, pagar por ele.
Porém, um deve independer do outro.
As editoras, hoje, são fortes elementos conservadores na sociedade, assim como foram as Igrejas e a Monarquia na Idade Média.
Evitar que um ser humano tenha acesso às ideias de outros, a meu ver, é um disparate que deve ser combatido! Ganha-se dinheiro escondendo conhecimento! No fundo, é isso!
Antes, tinha-se a desculpa do custo, ok. Porém hoje todo livro é digitalizado para ser produzido e opta-se por não divulgá-lo em nome do lucro, do mercado, do negócio.
É insano isso.
Não vou saber algo que pode melhorar minha vida, pois não tenho dinheiro para pagar.
Pense bem nisso, de maneira geral, sem estar envolvido com o que estamos acostumados…
As editoras devem, ao contrário, sair da postura reacionária de impedir o conhecimento para ganhar dinheiro na difusão maior do conhecimento. Quanto mais ideias de qualidade, melhor para todos!
Tipo, ao invés de “vender” o autor em formato de livro, “vender” suas ideias em qualquer formato, mas sempre garantindo que um básico esteja para todos. Quanto mais as pessoas absorverem novas ideias, mas vão querer consumir novas, quanto menos, menos.
Fecha-se o mercado, quem tem interesse de abrir, pois estão fechadas na venda do suporte e não do miolo.
Problema cognitivo. Estamos tão aprisionados nesse conceito livro, como fetiche, que não vemos o quanto eles são autoritários, anti-ecológicos e excludentes socialmente.
O tempo deles passou, invente-se outra coisa. Abaixo a ditadura dos livros, que aprisionam ideias!
Feito o protesto… Que dizes? [Webinsider]
…………………………
Conheça os serviços de conteúdo da Rock Content..
Acompanhe o Webinsider no Twitter.
Carlos Nepomuceno
Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.
27 respostas
Fernando, muito bom o vídeo, valeu!
Olá pessoal, segue a minha contribuição à discussão:
http://www.youtube.com/watch?v=iwPj0qgvfIs
Vai mais ou menos de encontro ao post da Vanessa Pierangelli
Fátima, legal, adoro tb o livro como suporte…
Valeu o comentário!
Não concordo o livro impresso não morreu, adoro abrir um livro novinho e sentir aquele cheiro que chega a entorpecer, como se o meu alimento puro chegasse a mesa para uma alimentação farta de informação e conhecimento! Sentimento esse que já reconheço em minha filha de 14 anos que “devora livros” impressos em papel, e principalmente na tela do computador. Estou pensando até em montar uma estante com lugar de destaque em minha sala. E é lógico com o computador do lado!!!!!
abraços
Marcelo, Bruno e Henrique,
o meu novo livro está online, na versão beta:
http://docs.google.com/View?id=dfjjp4sr_414cr9nrwds
Assim como tudo que venho discutindo na Web, ao longo dos últimos anos:
http://www.nepo.com.br
O livro “Conhecimento em Rede” de 2006 é da editora Campus, por essa amarra de não poder fazer com ele o que gostaria, que é abrir na rede, resolvi fazer o novo livro completamente aberto.
Acho o PDF desnecessário, por isso, optei em DOC mesmo.
Sou solidário a indignação de vocês, pois é a minha…sugiro ainda a leitura de vários desdobramentos desse artigo:
http://webinsider.uol.com.br/2010/08/31/e-se-cada-livro-publicado-tiver-um-exemplar-online/
http://nepo.com.br/2010/08/31/o-valor-e-um-sabonete/comment-page-1/#comment-8303
Gratos a todos pelos comentários!
A todos vocês velhinhos que não se desgarram do papel, cabe a vocês a tarefa de sustentar as editoras e esse aprisionamento da informação. Pra turma que acha que os autores vão morrer de fome, me digam qual banda acabou por falta de vender cds na era do Mp3?
Olhem para aos seus filhos, sobrinhos e netos. Acham mesmo que eles vão carregar pencas de páginas de papel neste século onde a regra é sustentabilidade e acima de tudo a digitalização de todas as formas de comunicação e informação?
[Libera o teu livro em PDF pra galera aí Nepô!]²
Libera o teu livro em PDF pra galera aí Nepô!
Uma dúvida, aonde posso baixar o conteúdo do seu livro “Conhecimento em Rede” ?
É preciso amadurecer muito a tecnologia e o mercado para validar algumas de suas idéias.
E particularmente não concordo com elas.
Bom vamos lá, acredito fortemente que o conhecimento deva estar em todo lugar porem as editoras precisam ter seu lucro para desenvolverem mais conteudo… por exemplo os livros que estão presos a editoras é porque foram bancados, neste caso talvez o autor não o tivesse escrito sem esse suporte da editora…
é como a questão de patentes para medicamentos, é claro que seria melhor que não existisse, pois teriamos medicamentos mais baratos e acessivel etc, e tal porem sem as patentes os laboratorios não teriam garantia de retorno sobre as pesquisas que desenvolvem os medicamentos e então talvez não as fariam, assim teriamos somente anti-gripais.
penso que o aprisionamento está tambem nos autores que podem expressar suas ideias tambem pela rede sem depender de livros, porém vão almoçar o que? e o leite das crianças, claro digo isso não pelos hobystas mas por aqueles escritores que dependem disso, pois geralmente são estes que necessitam da renda do livro.
batendo em outro ponto referente ao gosto pelo livro, isso ainda nao sei como irá ficar, pois um dos prazeres que tenho é ao deitar puxar um livro abrindo na pagina marcada ler lá uns três capitulos fechar, jogar do lado apagar a luz e dormir…. será que com um kindle, ipad ou qualquer tablet da vida será a mesma coisa, ainda não sei porque ainda não tenho um para testar… mas confesso que provalvemente serei um daqueles amantes de livro que quando tudo digitalizar eu manterei minha coleção.
Valeu pessoal….
estamos caminhando na direção de que o consumidor deve ter opções e talvez o livro impresso hoje não nos permita essa opção.
Grato pelos comentários,
Nepô.
Carlos,
Hoje só tenho elogios mesmo.
Te acompanho não é de hoje, você sabe (aliás, sabe graças ao digital e ás idéias ao vento que você tanto fareja).
Este é, de longe, o seu melhor artigo nos últimos 3 meses.
Gosto do cheiro de livro impresso, novinho. Gosto de ter a liberdade de deixá-lo cair no chão sem precisar de uma assistência técnica (com sorte, se não for perda total). Gosto da possibilidade de derrubar uma xícara de café nele sem perder mais de R$ 2 mil. Mas enxergo a praticidade e o potencial de usabilidade dos iPads e Kindles. Acho que o aspecto mais importante de toda essa discussão é o poder de escolha do consumidor. E isso nunca vai morrer! Abs.
Reclamam muito por aqui que a tecnologia dos e-books é excludente. Computador também era e, hoje em dia, qualquer pessoa pode parcelar o seu nas Casas Bahia da vida.
O problema aqui é outro.
Se o povo não lê, não vai ser com livro de papel ou gadget eletrônico que essa realidade vai mudar.
O buraco é bem mais embaixo.
Acredito no formato digital. Acho a profusão de livros de papel um contrasenso em plena época de acesso a informação. Concordo com o autor quando ele diz que livro é excludente no sentido que poucas pessoas dispõe de 40 ou 50 reais (preço médio praticado no Brasil) para comprar um livro.
Seria mais fácil baixar na internet.
Autores desconhecidos poderiam ser lidos sem terem que se submeter à editoras. A conversa se daria bem mais próxima com o público leitor.
Fanzines voltariam com carga toda, acrescidos de imagem e som. Vozes se espalhariam com muito mais facilidade e velocidade.
Não vejo como isso não pode ser revolucionário.
Enquanto as ideias ficarem somente em livros de papel, não teremos mudança.
Pessoal, quero agradecer as colaborações, pois podemos agora analisar os argumentos e ver como as pessoas pensam sobre a questão.
Podemos separar a maneira de pensar de quem comentou da seguinte maneira:
—> Questão do pagamento de quem exerce a função hoje de publicação de livros:
– objetivo escuso de não pagar pelo trabalho alheio;
– geradores de conteúdo vão morrer de fome;
– desejo que os autores ganhem para escrever, seja em papel, web, e-books ou qualquer outro suporte;
– as editoras, que definitivamente não vendem papel ou suporte ou “escondem conhecimento”: distribuem conhecimento e cobram por isso, pagando os autores, designers, funcionários e impostos;
—> Questão de timing, ou seja concordo, mas não agora:
– no futuro, podemos pensar nisso, mas não agora;
– pode-se conviver por mais tempo;
–> Que não haverá a extinção do livro impresso nunca:
– o livro vai sobreviver, assim como o vinil está sobrevivendo;
—> O problema do amor das pessoas pelo suporte livro:
– as pessoas que gostam de ir na livraria e querem que os livros estejam lá;
– Os novos aplicativos não substituem nunca o livro impresso;
– há uma relação de amor entre o leitor e o livro;
—> Um aprofundamento sobre o processo de exclusão social, não é só ter acesso, o e-book e a falta de computador no Brasil:
– Bibliotecas públicas existem em todo lugar. Vai lá ver… Estão vazias. O problema não é a falta de acesso. É a falta de cultura para consumir conhecimento;
– os e-books não democratizam o acesso ao conteúdo;
– não é democrático, pois os brasileiros ainda não tem computador.
Me parece que se um dia:
– Todos os textos estiverem disponíveis DE GRAÇA na Internet e todos que colaboraram para a realização dele forem remunerados por isso, seja pela venda de anúncios, através de palestras, ou qualquer coisa do gênero;
– Que deve estar garantida a opção de ter o livro na mão e ir a uma livraria será opcional para quem gosta dessa maneira de leitura, mas se terá sempre uma opção também digital para quem quiser de graça, para ler no seu leitor digital, com algum custo e impressa, um pouco mais;
– Que num futuro todos os brasileiros terão acesso a um computador e que o estímulo ao conhecimento não deve ser vista apenas como uma política isolada da disponibilidade dos livros, mas está alinhada a questões econômicas, sociais e políticas;
Se tivermos todas essas premissas acima, que são basicamente, olhar para o problema de uma outra maneira, alguém seria contra termos os livros de graça na Internet?
Podemos discutir, agora sim, como é possível fazer isso e começar a pegar exemplos concretos no presente e que se mostram viáveis no futuro.
Muito bom esse papo, pois ajudou muito a trabalhar melhor os argumentos, quem complementa mais?
Carlos,
Boas considerações. Porém, quem disse que os e-books democratizam o acesso ao conteúdo? Como atuo hoje no mercado editorial, percebo que a lógica não muda muito passando de um formato para o outro.
abs!
Vários conceitos errados nesse texto….
Vi em seu currículo que você é/foi consultor de web; deve ter ajudado a produzir sites ou outras formas de disseminar conteúdo via internet, ou seja, você é/foi um “editor”. Com certeza, deve ter cobrado por isso, como cobram as editoras, que definitivamente não vendem papel ou suporte ou “escondem conhecimento”: distribuem conhecimento e cobram por isso, pagando os autores, designers, funcionários e impostos.
Sou um ávido consumidor de livros digitais e impressos e desejo – e prevejo – vida longa às editoras, desejo que os autores ganhem para escrever, seja em papel, web, e-books ou qualquer outro suporte.
Que recebam dignamente por seu trabalho os escritores, editores, músicos, cineastas, designers e consultores.
By the way, raramente encontro algo grátis que possa se comparar a uma boa obra paga….
“Apocalípticos” que pregam o fim dos livros e das mídias impressas se esquecem que uma nova mídia, via de regra, não destrói a outra.
Ou elas convergem, ou passam a ser mídias concorrentes.
O teatro não acabou com o advento do livro. O cinema não acabou com o advento da TV. A TV não acabou com o advento da Internet.
O público do teatro, via de regra, é diferente do público do cinema. O rádio fala para um público distinto daquele que prefere a TV.
Haverá, com certeza, quem prefira ler e-books. Mas o livro impresso sempre terá seu público cativo.
Na teoria, muito lindo. Na prática, péssimo!!!
Concordo plenamente com Rodrigo Leme. Os novos aplicativos não substituem nunca o livro impresso.
Sou consumidora compulsiva de livros impressos e nunca abriria mão deles. Quem gosta de ler e tem o hábito de comprar livros tem uma relação de amor com o produto e com as idéias que ele traz.
Bibliotecas públicas existem em todo lugar. Vai lá ver… Estão vazias. O problema não é a falta de acesso. É a falta de cultura para consumir conhecimento.
Portanto, o tempo do livro impresso não passou, não vai passar e não tem que passar.
Vi que o Nepomuceno sofreu aqui a síndrome de Gandalfo: ele é o mensageiro. não a causa…
A humanidade precisa desesperadamente de acesso irrestrito ao conhecimento e não se deixará deter pelos interesses de quem produz conhecimento. Já aconteceu isso quando surgiu o capitalismo. Cabe a quem produz descobrir novas formas de atrair recursos. É sábio quem percebe que pessoas como o Nepomuceno são mensageiros 😉
O Livro morreu, o livro não morreu. Até quando as evoluções tecnológicas vão ser encaradas como morte do antecessor? A vida digital aumenta o acesso sim, facilita muitas coisas, mas muitas vezes o que a gente procura não é necessariamente a facilidade, não é mesmo? O que me dizem os apocalipticos sobre as lojas de discos que sobrevivem hoje em dia da venda de vinis? Ninguém gasta 30 reais em cada vinil só por modismo. Acima da modinha deve-se considerar o interesse humano, das pessoas que gostam de cozinhar a sua propria comida mesmo podendo comprar tudo pronto, de pessoas que gostam de reformar os móveis mesmo podendo pagar mais barato por isso, das pessoas que gostam de entrar numa livraria, se perder entre as prateleiras e comprar livros mesmo podendo ler em uma tela a um clique de distância. Democratização da informação não é uma ditadura digital. É dar opções, sejam impressas, pagas, digitais, analógicas, gratuitas e o que mais puder ser feito para que as pessoas exercitem os seus gostos e interesses. Ficar aqui falando de formatos que vão morrer ou não é perda de tempo, vamos olhar para as pessoas e do que elas gostam.
Ah, legal, dá-se tudo de graça!
Mas depois que os geradores de conteúdo morrerem de fome, quem vai gerar conteúdo de qualidade para que senhor possa ler?
Se você sita radicalismos (Igrejas e a Monarquia), não pode radicalisar, o livro não aprisiona divulga, o livro não impede de ser comentado, discutido, criticado….
A internet a digitalização coesiste com o livro e deve continuar. O livro em papel ou digital deverá continuar ainda muito.
no fim será como o vivil alguns vão desejar ter livro em papel por opção saudosista.
Mas o livro não é nocivo, e tende a virar livro digital mesmo, mas podemos conviver sem satanizar.
Luiz Fernando
Fico pensando nos milhões e milhões de pessoas (senão bilhões) que não tem acesso a computadores e muito menos a internet.
Talvez o autor deste artigo esteja olhando apenas para uma pequena parcela “privilegiada” da população e não enxergando o todo.
Conceitualmente a discussão é muito boa, porém os obstáculos da realidade, na minha opinião, ainda farão com que os livros de papel perdurem por muitos e muitos anos, não apenas como peça de coleção, mas como instrumento mais acessível a informação (principalmente em locais onde mal há energia elétrica para carregar os gadgets de leitura).
Abraços!
Quando o Brasileiro deixar piratear os softwares, deixar de tentar levar vantagem em cima do vizinho, deixar de votar em políticos corruptos… ou melhor: deixar de ser corrupto ele mesmo… ai então eu acreditarei que se pode vender idéias em qualquer formato… caso contrário, só mudou de endereço e nome a forma de passar a perna nos outros (não pagar pelo trabalho alheio).