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No final de 2008 fui contatado pelo Ministério do Planejamento (Governo Eletrônico) para desenvolver o padrão brasileiro de redação para a web, a “Cartilha de Redação Web”, que ficou pronta em julho deste ano e desde então está disponível em www.governoeletronico.gov.br (em “Biblioteca” digite “redação” na busca) para todo brasileiro, seja profissional, estudante, empresa, órgão do Governo, acadêmico – ou até curioso – baixar gratuitamente.

Todo o processo de contratação foi delicado e minucioso. A equipe do @egovbr pesquisou muito sobre mim antes de iniciá-lo. O fato de meu trabalho ser pioneiro no Brasil (como eu sempre disse, mais que uma grande chance, uma enorme responsabilidade), de ser citado no verbete “webwriting” do “Dicionário de Comunicação”, de ter prestado consultoria para quarenta empresas e instituições ao longo de uma década e ter escrito livros reconhecidos pela área acadêmica, tudo isso pesou muito nesta escolha. Pude constatar claramente que, no momento de ser escolhido para um trabalho de extrema relevância como esse, ter um blog especializado ou uma coluna na web ainda é muito, muito pouco. Serve de alerta para todo o mercado.

Minha contratação por “notório saber”, processo que demorou quase nove meses para ser concluído. Primeiro, a equipe precisou comprovar que esta categoria realmente se aplicava ao meu caso, o que demandou algum tempo.

Depois, foi a minha vez, ou seja, precisei reunir toda minha produção impressa e digital na área em quinze anos, de livros a manuais, de cartilhas a colunas em revistas, e enviar tudo para Brasília. Além disso, foram solicitadas cartas de comprovação de vários clientes para os quais prestei serviços.

Desde meu primeiro contato com o Governo Eletrônico até o evento de lançamento da “Cartilha de Redação Web” em Brasília, há um mês, para 400 profissionais do Poder Executivo, passou-se um ano e oito meses.

Foi um longo caminho.

Em todo o tempo de elaboração da “Cartilha”, tive a imensa preocupação de peneirar toda e qualquer dica que não tivesse sido testada ou comprovada ao longo de vinte anos de existência da web e uma década de relação online governo-cidadão.

Para começar, qualquer tentativa de ensinar a escrever “diferente” para a web foi limada, assim como esclareci muito bem qualquer associação imediata entre webwriting e jornalismo online, já que a maioria das informações dos sites governamentais não é noticiosa, e sim institucional ou sobre serviços.

Depois, pesquisei mais de 700 sites em português, inglês, espanhol e francês ao longo de dois meses para dissecar cada detalhe do que já foi feito lá fora, do bom ao ruim. E, é claro, fiz uma radiografia profunda de cada um dos sites governamentais da esfera pública federal brasileira. Aí, para costurar toda esta pesquisa, coloquei para trabalhar meu olhar, minha experiência.

Perdi a conta de quantas vezes revisei o material, de quantas vezes o texto foi e voltou do e-Gov, de quantos itens foram incluídos e retirados da “Cartilha”, inclusive por conta do período de consulta pública, em que qualquer brasileiro podia dar sugestões e criticar. Mas quem dava o tom era eu, todo o tempo, e essa liberdade foi fundamental.

Com a “Cartilha”, sei que estou colaborando, em escala nacional, para disseminar um conhecimento que se confunde com minha vida profissional e que, tenho certeza, será de grande valia para quem produz conteúdo em português para a web nacional.

Quanto mais, por exemplo, as equipes dos órgãos do Governo brasileiro dominarem técnicas de redação para a web, mais clara, eficaz e simples será nossa relação com os sites da esfera pública.

Mais que isso, é uma forma direta e objetiva de melhorar a maneira como os sites governamentais oferecem informações e serviços aos cidadãos – foi este, de fato, o grande motivador para a equipe do Governo Eletrônico criar os “Padrões Brasil e-Gov” (@padroesegov).

Poucos são os países que realmente se preocupam com a relação com seus cidadãos via internet – Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Canadá são exceções. Fazemos agora parte deste time.

Dizer que estamos dando um passo significativo com a criação de padrões para a web é pouco. Para a nossa relação com os governantes, é muito mais que isso, pois, a partir daí, tudo pode mudar. Para o mercado brasileiro de Comunicação Digital, é um avanço que não imaginávamos que seria feito tão cedo. Para os profissionais, é um norte, concordemos ou discordemos com as sugestões – mas é um norte.

Impossível, em um momento como o de Brasília, frente a frente com centenas de pessoas que foram conhecer o trabalho final, você não ter a consciência de fez algo de importante para o país, de se sentir 100% brasileiro.

Quando, ao final da primeira manhã (foram dois dias), saí do auditório, estava muito orgulhoso. Só me lembrava de uma frase twittada pelo @fabiomoon, jovem cartunista brasileiro com muitos trabalhos de destaque no exterior e que há dois meses voltou de uma participação no London Literature Festival: “Agora, é preciso celebrar as conquistas. Em voz alta, com o orgulho de quem sabe o trabalho que dá viver essa vida com intensidade”.

Vale a pena.

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Para conhecer mais sobre meu trabalho, visite www.bruno-rodrigues.blog.br; para me seguir no twitter, sou @brunorodrigues.

A próxima edição de meu curso “Webwriting & Arquitetura da Informação” terá início no dia 19/10 no Rio de Janeiro.

Para quem deseja ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é uma boa dica!

As inscrições podem ser feitas pelo email extensao@facha.edu.br e outras informações obtidas pelo telefone 21 21023220 (Cursos de Extensão) ou em www.facha.edu.br (em “Extensão”). [Webinsider]

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Avatar de Bruno Rodrigues

Bruno Rodrigues (bruno-rodrigues@uol.com.br) é autor do livro 'Webwriting' e de 'Cartilha de Redação Web', padrão brasileiro de redação online'.

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5 respostas

  1. Realmente sua cartilha é um marco, Bruno. Sou Web Writer e ela me orienta cotidianamente.
    É dinâmica como o próprio idioma e a internet.
    Obrigado!

  2. *Michele*,

    É isso, mesmo: a ideia da ‘Cartilha’ é ser um norte para quem não conhece o assunto e acrescentar conhecimento ao dia a dia de quem já entende o riscado – daí o cuidado com que eu produzi o material!

    *Lucas*,

    Foi um longo tempo de imersão, e você tem toda a razão: valeu mais que a pena o cuidado com que desenvolvi – e o eGov avaliou – o material… A aceitação tem sido maravilhosa, estou muito feliz.

    *Bruno*,

    Além de ter gostado do texto (você sabia que termos como ‘webwriting’ já fazem parte do ‘Dicionário de Comunicação’ desde 2001?), já coloquei seu blog em meus favoritos. Que texto, rapaz! Você escreve muito, muito bem.

  3. Sensacional, Bruno.

    Há um tempo, escrevi um artigo sobre a presença do elemento digital nos manuais de redação:

    http://goo.gl/ANKO

    Mencionei o Manual de Redação da Presidência da República, que aborda a questão digital bem superficialmente.

    É interessante ver uma obra como essa que vocês acabam de lançar, pensada e criada para o webwriting. Sem dúvida, será uma ferramenta muito útil para todos nós.

    Parabéns.

  4. Grande Bruno!
    Parabéns pela conquista.
    Pela sua e pela nossa conquista de fazermos parte de um país que valoriza seu potencial interno.
    Se por um lado os 18 meses parecem uma eternidade em termos de web e TI, para o governo é andar com cautela e precisão, afinal o conteúdo com a chancela do governo repercute por todos os lados.
    Fico contente que seu esforço tenha sido reconhecido, creio ser esse o desejo de todos que estabelecem um foco e colocam mente e coração a serviço de seus desejos.
    Grande abraço e mais uma vez, parabéns.
    =)

  5. Bruno,
    Parabéns por este trabalho! Precisamos de documentos que formalizem o nosso trabalho.
    Algumas empresas possuem dificuldades de entender esse trabalho, não possuem cultura web e imaginam que qualquer profissional possa desenvolver conteúdos para sites.
    Muito bom mesmo! Parabéns!
    Link para a cartilha: http://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/padroes-brasil-e-gov/cartilha-de-redacao-web/index/?searchterm=Reda%C3%A7%C3%A3o

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