Homo Erectus: habitou a Terra há cerca de 250 mil anos, no continente africano. Possuindo uma caixa craniana maior que seus antepassados e a capacidade de fazer e usar ferramentas de pedra ele é considerado o antecessor do Homo Sapiens.
A artífice da evolução foi a natureza no decorrer de milhões de anos. Hoje entretanto, somos nós os construtores de um novo corpo, parte orgânico, parte máquina, um híbrido. A massa de tecidos, órgãos e líquidos vitais não está mais limitada ao contorno definido da pele e dos músculos. O corpo-humano é agora plataforma, hardware hiper-conectado o qual permite todo tipo de intervenções.
Um dos marcos nesta jornada do corpo-máquina foi o primeiro implante de marca-passo interno realizado em 1958, pelo cirurgião cardíaco Ake Senning e o engenheiro eletrônico Rune Elmquis. Não por acaso, a engenharia começou a aproximar-se da medicina, numa visão cada vez mais racionalista e estruturalista do corpo, o que resultou na criação de uma nova área, a “bioengenharia”.
Depois vieram as drogas sintéticas e mais recentemente o implante de dentes, tímpanos, retina e biochips de rastreamento com GPS (Global Positioning System).
Avanços recentes na engenharia de materiais têm promovido uma revolução nas próteses sintéticas. Oscar Pistorius, corredor paraolímpico, faz uso de próteses a base de fibra de carbono, é recordista mundial nos 100 metros, com a marca de 11.16 segundos, somente 2 segundos acima do recorde mundial de Usain Bolt.
Se as primeiras intervenções do início do século focavam a correção ou substituição de órgãos doentes ou com defeito congênito, as atuais adicionam novos contextos, ampliando as fronteiras do corpo para além de seus limites naturais. Este novo corpo ciborgue deverá superar sua matriz, será mais rápido, mais forte e talvez seja capaz de auto-regenerar seus próprios órgãos e tecidos.
Porém, na era da sociedade conectada em rede, a fronteira final é seguir na direção de mais uma evolução: a transformação do corpo em plataforma programável, ambiente aberto para o download de software, capaz de interagir, reagir e sentir ao fluxo constante de bits que nos cerca.
Se hoje dependemos de nossos computadores, celulares e tags RFID para comunicação com o universo virtual, num futuro próximo a nova geração de ciborgues não precisará de nada além de seu próprio corpo. Onde começa o homem e onde termina a máquina, não vamos saber ao certo. [Webinsider]
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Ricardo Murer
Ricardo Murer é graduado em Ciências da Computação (USP) e mestre em Comunicação (USP). Especialista em estratégia digital e novas tecnologias. Mantém o Twitter @rdmurer.