As transições tecnológicas marcam épocas e modificam de forma definitiva nossa sociedade. No passado eram bem mais perceptíveis: a robotização da linha de montagem industrial, a substituição das mídias magnéticas pelas mídias e suportes digitais.
Hoje entretanto, vivemos um estágio de evolução contínua, onde cada nova tecnologia é um aperfeiçoamento de algo já existente, transformações mais sutis, quase invisíveis.
Ocorrem na transmissão de dados à velocidade da luz, dentro de nanobots, na miniaturização dos microprocessadores e na crescente conectividade das redes em escala planetária, o que certamente nos levará ao nirvana comunicacional. Mas para que ocorra a plena realização da tecnoutopia digital é preciso conquistar mais dois territórios: o software e o hardware.
A boa notícia é que esta viagem já começou. De um lado temos as comunidades de software livre, as quais apóiam-se na colaboração, distribuição irrestrita de conhecimento e mantêm-se ativas graças à inteligência coletiva.
O movimento do software livre nos deu o Linux, o Mozilla Foundation, a Wikipedia e o Openframeworks, entre tantos outros produtos abertos, livres e emancipatórios. Seus conceitos e práticas contaminaram outras áreas e temos hoje de carros a livros sendo concebidos e consumidos de forma gratuita e comunitária.
Do outro lado, uma revolução silenciosa tem tomado o tempo e as mentes de milhares de jovens ao redor do planeta: as plataformas abertas de hardware (open hardware platforms), sendo a mais conhecida o Arduino.
O Arduino está para a tecnologia computacional assim como o motor de combustão para indústria automobilística, com a diferença de que o Arduino é de extremo baixo custo (uma placa Arduino custa hoje por volta de 25 dólares!).
As possibilidades criativas desta placa de circuito impresso, que cabe na palma da mão, são ilimitadas. Sensores e atuadores podem ser facilmente acoplados ao Arduino para sentir o ambiente, se comunicar ou promover algum tipo de ação sobre outros objetos microprocessados.
Não por acaso, o Arduino é uma das plataformas prediletas dos jovens pesquisadores da área de “Internet das Coisas”. A linguagem de programação é simples e estruturada, com incontáveis fóruns e bibliotecas abertas na rede. Basta uma breve busca dentro do Youtube com a palavra chave “Arduino” e você irá encontrar as mais diferentes engenhocas e cibertecnologias em ação.
Assim como o software livre quebrou paradigmas da indústria de software, as plataformas abertas de hardware representam as bases para próxima revolução tecnológica. A Fantástica Fábrica de Chocolates Eletrônicos abriu suas portas para comunidade hiper-conectada e seu estoque de cacau é infinito.
Este artigo é uma homenagem a Raphael Vasconcellos. Uma mente open source por natureza. [Webinsider]
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Ricardo Murer
Ricardo Murer é graduado em Ciências da Computação (USP) e mestre em Comunicação (USP). Especialista em estratégia digital e novas tecnologias. Mantém o Twitter @rdmurer.
Uma resposta
Boa tarde! Desenvolvemos uma placa compativel com arduino duemilanove, gostaria de conhecer?