Quando crio um roteiro ou a experiência de um site, sempre procuro pensar com a cabeça do personagem que estou evoluindo. É um trabalho difícil, já que, por muitas vezes, sua opinião entra em jogo.
O melhor mesmo é entrevistar grupo de personas, assim como fazemos em UX, para entender quais seriam as decisões dessa pessoa em momentos críticos e o que a faria mudar de opinião para alcançar o objetivo final.
Da mesma forma é a mecânica de jogos. A exemplo do Sonic (adorava aquele antiguinho, sem cara de mal e sem 3D) – o personagem principal da história -, seu objetivo é detonar o Chefão em menos tempo, com mais pontos.
E para alcançá-lo, a construção dos seus poderes e da sua personalidade deve ser elaborada sempre como apoio para que o personagem chegue com mais facilidade ao objetivo final.
Na vida o jogo é o mesmo. Muitas vezes temos objetivos traçados, como por exemplo emagrecer 10 quilos em 1 mês sem ficar estressada. Mas para realizá-los, como personagens principais da história, precisamos de munições que irão servir como apoio para o objetivo final como um jogo: “ir até a esteira”, “comprar o tênis”, “pular a comida”.
A mecânica dos jogos e da vida pessoal
Viram só? A mecânica da vida pessoal e a mecânica de games andam juntas muitas vezes. Em um jogo para emagrecer, todos os dias aparecem barreiras que nos impedem de chegar ao objetivo final. E para conseguir, é preciso definir e encarar pequenos desafios diários, mais fáceis de serem concluídos para que nossa mente se sinta motivada no dia seguinte, até concluir o final do mês com 10 quilos a menos, se sentindo um excelente vencedor desse jogo.
Comparando com as barreiras do Sonic, temos: as paredes que ele precisa quebrar, as moedas que ele precisa pegar, a vida que ele precisa alcançar, todos são pequenos desafios mais fáceis de serem concluídos e que motivam o jogador a passar horas, – muitas vezes na mesma fase -, até concluir o objetivo final de detonar o Chefão (aí passa para a próxima fase e começa tudo de novo… rs).
Experiência motivadora
E agora? O que tem a ver a parte do “sem estresse” comparada a etapa de ranking de pontos, pensando que o Chefão já foi detonado e os 10k já foram perdidos?
A mecânica de pontos está diretamente relacionada às sensações de sucesso ou de fracasso: traduzindo para o contexto de UX, esta seria a experiência boa ou ruim que o usuário terá ao concluir seu objetivo. Afinal, uma coisa é vencer o Chefão com 1 moeda ou perder peso, prejudicando sua saúde mental.
Então, para a boa experiência, podemos criar artifícios que nos “obriguem” a resolver o caso, “sem descer do salto”: a pontuação motiva a voltar a jogar para ir mais longe ou faz com que o jogador conte aos amigos que foi muito bem na conclusão do seu objetivo.
E o temor à hipótese do fracasso ou da crítica dos amigos o estimula a obedecer sua meta final, tendo uma experiência motivadora. Da mesma forma podemos fazer para perder uns quilinhos: contando aos nossos amigos que você quer ficar 10k mais magra em 1 mês, faz com que eles te apoiem e, você, com temor ao fracasso e à decepção, vai se sentir mais estimulada para concluir seu objetivo.
Independente da forma, a mente humana é a mesma e precisa dos mesmos desafios para alcançar objetivos e a melhor experiência: seja na vida real, trazendo insights de games para uma navegação, criando um jogo ou um aplicativo para celular. A grande jogada está na sua observação ou capacidade de fazer comparações. [Webinsider]
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Melina Alves
Melina Alves (@melinalves) fundadora da DUX Coworking. Consultora em User Experience, Designer de Experiência e Interação. Mantém o blog Melina Alves.
6 respostas
Showwww muito bom o artigo , adorei a dinâmica do texto e os exemplos citados 😉
Bjo
Obrigada aos leitores.
Iremos corrigir para:
” A exemplo do Sonic (adorava aquele antiguinho, sem cara de mal e sem 3D). ”
Beijos!
Vc poderia ter citado Super Metroid, não erraria no console.
Muito legal o texto!!! Parabéns!
Reforçando o que o Gilson disse, Sonic é da Sega e nunca fui lançado para Super Nintendo.
É um pequeno detalhe, que nada interfere na qualidade do texto, mas fica como curiosidade:
O primeiro Sonic saiu para Mega Drive (Genesis) e em seguida foi adaptado para o Master System, que é um console inferior ao Mega Drive.
Se não me falha a memória, o Sonic deu as caras pela primeira vez na Nintendo somente no GameCube (bemmm posterior ao Super Nintendo).
Abraços!
Acho que o seu jogo de perder peso tem de ter mais fases: perder 1 quilo em um mês na primeira fase, perder 2 na segunda… O Big Boss é fazer um triatlo! Quero dizer, o jogo não pode ser frustrante, para não se tornar uma experiência ruim.
Sonic era da Sega, não da Nintendo!