iPad, alguns meses depois

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Estou usando um iPad (original) desde setembro de 2010 e a primeira coisa que preciso dizer é que não me arrependo da aquisição. Tem sido uma ferramenta importantíssima no meu dia-a-dia profissional, pessoal e acadêmico, porém é preciso que se saiba utilizá-lo. É preciso entender que há um novo paradigma envolvido.

Interessantíssima também é a minha absurda redução na utilização do computador tradicional. Uso ele basicamente para escrever longos textos e para assistir algum vídeo em Flash não suportado pelo iPad. Também administro minha coleção de fotos e músicas pelo computador, porém no que se refere a “ouvir” e “ver”, o iPad volta a ser o escolhido.

Utilizo poucos aplicativos, porém busco a maior eficiência possível. Abaixo uma pequeno relato que tenho feito nesses últimos meses.

Livros e artigos

Compro e leio livros basicamente no App Kindle. Minha escolha está baseada em dois aspectos principais. Em primeiro lugar, comprar livros na Amazon é muito mais simples que na iTunes Store. O segundo motivo é a possibilidade de ler no computador as anotações que eu realizo no livro a partir do iPad.

Para escrever meus trabalhos, utilizo muitos livros e anotações e grifos precisam estar disponíveis no Kindle do Mac para que quando eu sente para escrever os meus textos, eu tenha acesso fácil e rápido ao que anotei e grifei.

O iBooks da Apple eu uso apenas para livros em ePub que eu já possuía e livros que venho transformando em PDF. Tenho gradativamente convertido minha biblioteca para o formato digital, recomprando títulos disponíveis na Amazon. Porém há livros muito antigos e nem sequer editados mais em formato impresso. Os que consulto com muita frequência estou convertendo em PDF num árduo trabalho de escanear página por página. É um processo demorado, porém muito eficiente depois de pronto. Além do fim do forte cheiro de mofo (sou extremamente alérgico!), os livros não desmontam mais na minha mão e se tornam surpreendentemente leves e transportáveis em grandes volumes.

O brilho da tela durante a leitura me incomodava muito. Acredito que duas coisas aconteceram nestes meses. Me acostumei um pouco com essa nova forma de leitura e ao mesmo tempo instalei no iPad uma película anti-glare da case-mate. Foi muito cara, mas o resultado final até o momento tem sido muito satisfatório. Não resolveu 100% mas ajudou muito.

Meus artigos científicos armazeno em pastas organizadas dentro do Papers, que é uma ferramenta fantástica. A melhor forma de resumir o que o aplicativo faz é compará-lo com o iTunes. O que o iTunes faz com suas músicas, o Papers faz com seus PDFs científicos. Tenho tudo organizado com referências e em pastas específicas 100% sincronizado com o iPad. Ou seja, além de ler tudo via iPad, tenho todas as anotações que realizo nos textos via tablet sincronizadas com o Mac.

Notícias

Estou usando basicamente três aplicativos para consumo de notícias: o jornal Brasil 247, a revista Economist e os meus feeds via Reader. O Brasil 247 é bem superficial nas matérias, mas é por outro lado perfeito para acompanhar de um modo geral o que se passa diariamente. Sobre os demais aplicativos, no episódio 136 do podcast eu já falava um pouco sobre eles.

Praticamente todos os dias e em algumas ocasiões, duas vezes por dia, tenho me dedicado à leitura de conteúdo em virtude da facilidade de fazer isso usando o iPad. O Reader e a Economist também tenho no iPhone, o que facilita muito em casos de “salas de espera”. Estou bastante contente com esse novo aspecto da minha vida. Adoro a ideia de ler todo dia pela manhã as notícias durante o café da manhã e complementar isso no horário do almoço ou antes de dormir. Muito melhor que “ler” jornal na televisão!

Office vs. iWork

Acredito que finalmente me entendi com esse dilema. Estou usando o Quickoffice para interagir com o “mundo Windows” via e-mail ou mesmo Dropbox. O iWork uso para meus trabalhos pessoais, transferindo para o iPad apenas arquivos nos quais estou trabalhando naquele momento. Ainda sinto falta de um sincronismo efetivo e verdadeiro, mas quem sabe isso virá no futuro com o sistema de “nuvem” que acreditamos um dia a Apple nos trará.

Notas e anotações

Experimentei muita coisa mas acabei ficando com o Notes (da Apple) e o Evernote. O Notes tem duas vantagens: o sincronismo via MobileMe com o iPhone e Mac e a busca via Spotlight. Esses dois recursos em conjunto são fantásticos. Lá anoto tudo que precisa ser rápido. Bilhetes, reuniões e até telefones que não têm necessidade de ficar na agenda.

O Evernote (versão Premium) é a minha ferramenta principal de anotações mais elaboradas e arquivo. Tenho muita informação por lá. De comprovantes de pagamento que “escaneio” via iPhone a detalhes das medidas de cômodos e móveis da casa. Tenho tanta coisa que penso que sem ele ficaria difícil viver normalmente nos dias de hoje.

Outro exemplo de uso são as fotos de reformas que realizo em casa. Tiro as fotos durante e depois da obra para saber onde estão as novas tubulações e fios. Essas informações ficam melhor armazenadas no Evernote que no iPhoto, pois assim tenho tudo sempre à mão.

Fotos de peças de utensílios domésticos com suas respectivas referências, lâmpadas para luminárias específicas, modelos dos cartuchos da impressora, dimensões exatas dos computadores, etc. Em resumo, tudo que for útil para me subsidiar numa compra quando estou fora de casa e longe desses itens.

Uso o Evernote também para informações acadêmicas como mapas, definições e resumos de livros ou artigos. Porem isso depende muito do que estou resumindo ou anotando. Uma ferramenta muito melhor para resumos é, por exemplo, o iThoughtsHD. Aliás, excelente sugestão do Alexandre Costa. Para maiores informações sobre MindMapping, recomendo o episódio 130 do podcast.

Internet

Basicamente utilizo o Safari, Mail e o Twitter. Não tenho nenhum aplicativo para o Facebook, que leio a partir do próprio Safari. Tenho também, evidentemente, o Dropbox e o WordPress e utilizo ambos com muita freqüência. Além desses, mais nada relacionado a internet.

Viagens e línguas

Para viagens utilizo o Evernote e mais algunas aplicativos como os dicionários Ultralingua, que são caros porém excelentes para viagens e estudo de línguas. Não só isso! Além de sinônimos e definições, contam com conjugação de verbos e uma gramática simples. Muito melhor e mais eficiente que ter um dicionário impresso. Carrego comigo o de Inglês, Espanhol e Francês. Os três são excelentes ferramentas no meu dia-a-dia e durante as viagens. O TripAdvisor é também muito bom, tendo sido útil em muitos dos meus preparativos de roteiros e também em campo durante as viagens.

Um aplicativo relacionado a este grupo é o HistoryMaps que tenho da Europa. Me serve para estudar história, pois conta com inúmeros mapas da Europa divididos por séculos. É fantástico para conseguir visualizar o que os livros de história estão narrando.

Imagem

Além dos tradicionais aplicativos que a Apple inclui no iPad, utilizo também o Crop&Twist e o gratuito PS Express. No futuro pretendo manter apenas um, mas não escolhi ainda. Ambos são muito bons e me servem quando preciso enviar a algum cliente alguma imagem que copio da web via print screen no iPad. Gosto também do Van Gogh HD por ser um admirador do pintor. Lá posso ver vários quadros e suas informações.

Apresentações

Nunca fiz nenhuma apresentação direto do iPad pelo fato de não ter o cabo serial. Acabei de adquirir um e espero utilizar o Keynote nos próximo dias para alguma apresentação. Penso nas vantagens e desvantagens dessa possibilidade. Gosto muito da conveniência de utilizar o controle remoto do iPhone no Keynote do Mac, mas por sua vez o Mac é muito mais pesado que o iPad. Vamos ver como me saio na próxima apresentação.

Música e vídeo

Tenho me divertido com o GarageBand, mas quero usar o programa para algo mais complexo como, por exemplo, a gravação de um podcast. Agora que a Apple resolveu o problema de incompatibilidade com o Mac, pretendo me dedicar a encontrar um bom microfone para começar a realizar alguns testes de gravação do podcast via iPad.

Raramente escuto música da minha biblioteca via iPad, mas tenho alguns podcasts em audio e vídeo do iTuenesU que mantenho e consumo via tablet. Também compro e assisto alguns seriados, porém nesses casos prefiro conectar o iPad ou mesmo o iPhone à televisão e assistir na tela maior.

Outro aplicativo que tem me agradado muito é o Tunein Radio. Estou descobrindo várias rádios na internet que ligo pela manhã enquanto estou lendo meus jornais e revistas e tomando café. Muito agradável! Também uso algumas vezes no horário do almoço nos finais de semana. Já fazia muito tempo que eu não ouvia rádio!

Wi-Fi vs. 3G

Comprei o meu iPad privilegiando o armazenamento e, portanto, não tenho a versão 3G. Quando fiz a aquisição levei em conta a diferença de valor entre os modelos e também o que eu acabaria gastando a mais contratando um segundo plano de dados. Tenho Wi-Fi em casa, no trabalho, na faculdade e em diversos outros lugares que frequento.

Pouquíssimas vezes fiquei na mão sem conexão e isso agora foi totalmente resolvido com o Personal Hotspot que me permite compartilhar a internet do iPhone via bluetooth com o iPad.

Em paralelo, privilegio sempre os aplicativos que me permitem trabalhar em modo off-line e no caso de aplicativos com o Evernote, considero ser mais útil (economicamente falando) pagar pelo serviço premium que me permite usar as notas em modo desconectado tanto no iPhone quanto no iPad. O que pago anualmente por esses aplicativos é muito menor do que eu pagaria por um segundo plano de dados.

MobileMe

Longe de ser uma unanimidade entre seus usuários, o MobileMe é para mim ferramenta essencial. Sincronizo agenda de contatos, compromissos, e-mails, notas e bookmarks entre o Mac, iPad e iPhone de forma totalmente transparente. Nunca penso sobre isso. Simplesmente faço a anotação e sei que o que coloco em um aparecerá no outro. É fantástico!

O que espero agora é um sistema de armazenamento similar ao Dropbox em termos de eficiência. O iDisk é muito ruim comparado a outros serviços similares. É lento e ineficiente.

O iPad substitui o netbook ou o notebook?

Em resumo, são esses os aplicativos que tenho. Tudo organizado numa única página do iPad, parte dentro de pastas, parte fora, de acordo com a maior ou menor utilização. Evidentemente tenho alguns outros aplicativos, como home banking, TextExpander, uma calculadora, 1Password etc., mas sou bem seletivo nos aplicativos. Meu objetivo é deixar no iPad somente aquilo que realmente uso para diversão, estudo e trabalho.

Estou usado o iPad para substituir o notebook dentro e fora de casa em mais de 90% das minhas atividades ligadas a computadores. Eu uso o Mac agora apenas para tarefas muito pontuais, conforme já descrevi acima. Porém, para os que buscam substituir seus computadores por um iPad, recomendo cautela. É preciso entender que há um mudança de paradigmas. As coisas funcionam de uma forma diferente no iPad. É preciso se adaptar e entender esse “novo mundo”. Porém, uma vez adaptado, não há mais volta. Certamente meu próximo Mac não será mais um notebook. Será um iMac ou até, quem sabe, um Mac Mini.

Estou adorando a ferramenta e não me vejo mais sem um tablet. Acredito que com o passar dos anos, executaremos mais e mais tarefas em equipamentos como este e nossos computadores certamente serão relegados a um segundo plano nas nossas tarefas digitais. [Webinsider]

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Vladimir Campos é escritor. Veja mais sobre ele.

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10 respostas

  1. Adorei o artigo.
    Tirei muitas dúvidas sobre o uso que pretendo dar ao iPad, principalmente a leitura de livros e anotações. Além do mais vc até falou da facilidade de carregar conteúdo e isso é ótimo pq fica fácil manusear um tablet. Sem contar que não dá alergia. Assim realmente dá para avaliar em comparação com o Notebook, um não substitui o outro, mas que facilita muito para quem estuda não há dúvida.

  2. Vladimir, eu leio 1) ebooks 2) revistas [q é uma experiência única] no iPad 3) ver filmes & séries. Não gosto de games, mas o meu filho curte, e ele joga… não muito, mas razoavelmente. O que não funciona comigo: navegar na web. É muito irritante você querer clicar/tocar um item e acabar clicando/tocando outro. Touch screen é lindo & maravilhoso quando os elementos são de um tamanho razoável. No geral, o iPad para mim não substitui o notebook, não, mas ele chega lá… 😉

  3. Thais, concordo, para edição e programação o iPad ainda não serve. Acredito que no futuro ele servirá, basta ver o que a Adobe tem disponibilidade de ferramentas. Como não tenho essas necessidades, o iPad está me servido muito bem como substituto do notebook.

    Angelica, eu relutei por algum tempo antes de comprar o iPad, mas não resisti. E como eu disse no artigo, não me arrependo em nada!

    Ricardo, concordo 100% com você, o gerenciamento de arquivos é muito chato. E já melhorou muito! Não vejo a Apple liberando um local central para armazenamento de arquivos como ocorre no computador, mas adoraria algo assim. Por isso tenho apenas um tipo de programa para cada tipo de arquivo. Tento me organizar assim, já que a Apple não permite que eu o faça de outra forma 🙁

    Alexandre, É mais ou menos o que disse a Thais e concordo com vocês dois. Para gravar o podcast, por exemplo e criar apresentações no keynote ainda uso o notebook. Porém passo pouco tempo fazendo isso. Há vários dias em que nem ligo o Mac em casa. Por isso acho que com o tempo e com um hardware e sofreares melhores, a nossa tendência será usar casa vez mais um tablet no lugar do computador.

    Alex, eu sou assim desde o Palm Pilot, mergulho na tecnologia para ver se ela realmente me servirá no dia-a-dia. Às vezes “forço um pouco a barra” pra testar. Assim como ocorreu comigo na época do Palm, tenho adorado o iPad no meu dia-a-dia. Critico ainda alunas coisas nele, mas de modo geral, em sido uma excelente ferramenta. Leve para o transporte e ideal para quase todas as minhas tarefas. Como eu disse para a Tais e para o Alexandre, não tenho necessidades mais avançadas em grande parte do meu tempo, de forma que ele me atende muito bem.

    André, tenho muita curiosidade pelo Android de modo geral, mas com minha vida totalmente centrada no Mac e produtos da Apple, confesso que tenho bastante preguiça de tentar outras alternativas. Tudo funciona tão bem e tão conectado que nem penso em outras possibilidades. Um dia desses numa dessas lojas da Sony fiquei brincando com uns celulares Android e percebi que estou tão imerso no “mundo Apple” que foi até difícil me entender com a interface do aparelho. Risos.

  4. Gostei muito do iPad mas ainda acho que vou de Android Xoom da Motorola, ainda tem alguns detalhes que não me agradam no iPad.

  5. Seu uso não parece natural. Parece um “forçação de barra”
    O iPad na minha opinião é bom para uma navegação com pouca digitação. Vc clica aqui e ali, lê um pouquinho, ve um video curto etc. É execelente para jogar Angry birds(casual game em geral)
    Ler muito tempo nele ainda não é bom tb.

  6. Ainda concilio o uso do iPad com o notebook (um MacBook Pro). Confesso que o notebook ainda tem minha preferência no quesito produção. O iPad, para mim, é melhor para consumo de mídias (vídeos, e-magazines e e-books, primordialmente) e navegação em redes sociais (sobretudo o Twitter).

    Um aplicativo que acho essencial para o iPad é o Flipboard, que permite navegar por posts e links do Twitter, Facebook, Google Reader e Flickr, entre outros, como se fossem artigos de uma revista virtual.

  7. Vladimir,

    Eu estou com um iPad2 a apenas uma semana, mas já começo a vivenciar tudo isso que você colocou. Tenho certeza de que vou aposentar o notebook, principalmente podendo utilizar o teclado sem fio que também ganhei (sim, foi um presentão de aniversário da minha esposa!).

    Mas o ponto que mais me chamou a atenção no teu (ótimo) artigo é a questão da mudança de paradigma. De fato, ainda estou estranhando algumas coisas e me acostumando com outras (eu nunca fui usuário de Mac e nem tinha iPhone, acho que isso torna a barreira um pouco maior). Essa questão do gerenciamento de arquivos é uma delas – comprei o iFiles, que me pareceu ótimo a princípio, mas depois vi que o arquivo que mando abrir no Quickoffice fica salvo nas pastas dele, depois de modificado (e não no local original, gerando uma duplicata…). Não poder escolher onde salvar e não ter uma estrutura de pastas totalmente livre requer mudar meus modelos mentais! 🙂

  8. ok! Steve jobs venceu mais uma vez. Vou me dobrar, a próxima aquisição é um Ipad. Eu sempre tento me disciplinar para não ficar querendo todos os gadgets eletrônicos que aparecem. Sou fã de carteirinha da apple, mas era resistente ao Ipad. O artigo é bacana, bem escrito e com boas dicas. Lá se vai meu dinheirinho suado pra boca da maça! 🙂

  9. Tenho iPad e ele é mais importante que o meu rim atualmente. Uso o tempo todo para tudo (trabalho com mídias sociais), mas preciso de um computador para postar, editar imagens e programar no WordPress, por exemplo. Nisso, ele não substitui um computador e é grande parte do meu dia-a-dia de trabalho. Também fica inviável carregar notebook E iPad – parece um contrasenso. Então, para quem utiliza um notebook para funções de computador, mas procura somente mobilidade, eu recomendo que fique como está. Para quem não trabalha com esse tipo de coisa na internet e precisa de um dispositivo mobile para checar emails, escrever e fazer todo o resto, recomendo fortemente o iPad.

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