Ao longo dos meus anos no “mundo corporativo”, colecionei algumas pérolas encontradas cotidianamente na gestão de pessoas e resolvi reunir algumas delas neste artigo para os interessados no assunto. Com isso, segue abaixo uma compilação destas joias, digamos assim, da sabedoria corporativa:

Seja um chefe tirano, lidere pelo medo

Faça questão de mostrar a todos o quanto você é “poderoso”, seja mal-educado com seus subordinados nas reuniões e exponha seus pontos fracos diante de todos os colegas. Faça com que seus subordinados saibam o tamanho da sua casa, quanto você pagou por seu apartamento ou quantos carros você tem em sua luxuosa garagem.

Não reconheça os feitos de sua equipe, tome todos os créditos para você

Afinal de contas, sua equipe está trabalhando para você e não é nada mais do que a obrigação deles concluírem as suas tarefas da maneira correta.

Motive seus funcionários com cartazes e “santinhos” com missão e visão

Ao invés de se preocupar em formar líderes e bons gestores, mande colocar grandes cartazes ressaltando o quanto sua empresa é grande e bacana, e mande imprimir “santinhos” com os compromissos e cultura da empresa com os funcionários e clientes.

Desrespeite a vida pessoal e os horários

Ignore os finais-de-semana, noites e feriados constantemente. Natal e Ano Novo? Para quê? Principalmente faça isso avisando na última hora do dia anterior a estes eventos e não compareça junto à equipe. Afinal de contas, eles são seus “empregados”, você merece o seu descanso.

Faça distinções dentro das equipes e rotule as pessoas

Eleja e incentive as “panelas”, coloque sempre em evidência aqueles com os quais você tem afinidade pessoal e procure sempre também recompensá-los financeiramente ou com presentes na frente de todos os outros. Rotule as pessoas por conta da universidade onde foram formadas ou titulações que receberam.

Não reconheça os seus erros

Reconhecer erros é sinal de fraqueza. Procure sempre um subordinado para levar a culpa por seus erros, ou eventos “esotéricos” ou “alienígenas”, como a tábua das marés ou a conjunção dos planetas para justificar os seus erros.

Use sempre “eu”, nunca “nós”

Ao fazer uma apresentação, ou referir-se a algum trabalho concluído junto com sua equipe, ressalte sempre o seu nome e nunca faça referências a quem colaborou com a conclusão dos trabalhos.

Jamais prepare um sucessor

Afinal de contas, se você tiver um sucessor, você não terá mais serventia e a empresa poderá trocar você por um profissional mais novo e mais barato.

Estas são algumas das boas práticas para destruir a motivação e os anseios de sua equipe e subordinados. Garanto que funcionam de forma bastante efetiva.

Ao longo da minha experiência nas empresas, observei que as áreas de recursos humanos falham demasiadamente em identificar e mitigar problemas como os que foram apresentados neste artigo.

Criar programas motivacionais artificiais, trazer palestrantes ou qualquer coisa deste tipo de nada adianta se não houver um comprometimento organizacional em identificar, evidenciar e sanar esses tipos de comportamentos.

Deve fazer parte da agenda dos gestores de recursos humanos incentivar as boas lideranças, e evidenciar os desvios de comportamento à alta gestão das empresas.

É notório e sabido que as empresas com bom ambiente de trabalho e meritocracia nem sempre são as que melhor remuneram, porque boa parte das vezes são as mesmas que investem pesadamente na capacitação dos profissionais e na criação de ferramentas para melhorar a qualidade de vida dos profissionais.

Perder bons profissionais em tempo de tanta escassez de mão-de-obra custa muito mais para as empresas do que se pode imaginar, e ao contrário do que se costuma pensar, a maior causa de saída de bons profissionais das empresas é justamente a falta de motivação em continuar naquele ambiente de trabalho, e não questões financeiras. Pense nisso. [Webinsider]

Guilherme Schneider

Guilherme Schneider (@guilhermebarcha) é executivo na área de consultoria e tecnologia da informação e mantém um blog pessoal.