Desde bebê convivo com os cães. Meus pais sempre gostaram desses companheiros fantásticos e eu herdei essa paixão deles. Ainda não tive filhos, mas dois filhotes já fazem parte da minha família. Por sorte, minha esposa também compartilha desse amor pelos bichos.
Quando criança, a minha interação com os cães era apenas intuitiva, eu não sabia bem o porquê das coisas, tudo era brincadeira. Hoje, apesar dessa sinergia continuar forte, passei a estudar mais sobre o comportamento animal e analisar melhor o meu dia-a-dia com eles.
E percebi que lidar com a “minha matilha” é exatamente igual a lidar com as equipes de trabalho. Exige respeito, firmeza e muita colaboração. Bom, carinho e alguns petiscos como recompensa também ajudam bastante!
Seja um líder assertivo e calmo
Quando vejo os donos de cães – aliás, esse termo “dono” para mim é totalmente errado, mas isso é tema para outro artigo – gritarem ou baterem nos animais, percebo o quão despreparados estão. Tentam impor suas vontades pela força. E essa atitude nunca gera respeito.
O cão até obedece em um primeiro momento, pois se lembra da dor dos cascudos. Porém, quando o dono vira as costas, ele não hesita em liberar suas frustrações roendo plantas, rasgando as roupas no varal, fazendo sujeira onde não devia.
Quando precisamos gerenciar equipes, funciona da mesma maneira. Você pode até ser o famoso “chefe linha dura”. As pessoas terão medo e executarão suas ordens sob ameaça, mas nunca haverá o equilíbrio e um bom ambiente de trabalho. Reinarão as fofocas e o descontentamento. Ou seja, a qualidade profissional vai por água abaixo!
Conheço diversos profissionais com essa postura, entretanto, os resultados alcançados por eles sempre são medianos. Reclamam dos demais, veem os defeitos alheios, mas nunca mudam o seu perfil. Se precisar, gritarão bem mais alto.
Chamo essas pessoas de “chefes por circunstâncias”. Exercem cargos de chefia, todavia não são exemplos a serem seguidos, pouco inspiram e não têm controle sobre seus sentimentos. Ordenam com base nos acessos de raiva.
Agora, o verdadeiro líder ajuda a equipe a buscar a excelência. Participa ativamente das tarefas, sabe delegar e não tem qualquer receio em elogiar um trabalho bem feito. É o tipo de profissional que procura aproveitar ao máximo o potencial de cada um de maneira ética e com cumplicidade.
É possível dar ordens e corrigir erros sem magoar os egos
Administrar com qualidade também requer a correção de erros técnicos e mesmo de comportamento. Há momentos em que é preciso ser um pouco mais duro, mas sem perder a confiança ou exagerar.
Veja: se um filhote passou dos limites, a cadela dá uma leve mordida no seu pescoço como repreensão. Nem por isso ele vai deixar de segui-la ou se esconder em um canto. Foi uma correção e ele entendeu o recado. Abaixa as orelhas, mas logo em seguida segue sua vida normalmente.
Também é assim com um cão obediente e equilibrado: ao ser repreendido, esforça-se ainda mais para realizar sua tarefa com perfeição. Ele quer agradar e se superar. O rabo nunca para de abanar.
Já coordenei projetos com equipes multidisciplinares e quando precisei ajustar as falhas, conversei com os responsáveis de maneira firme, mas justa e sempre me coloquei à disposição para ajudá-los em suas dúvidas ou dificuldades. A maioria das pessoas com as quais trabalhei se tornaram meus amigos.
Com menos estresse, a equipe certamente libera a sua criatividade e busca com ânimo as inovações e os diferenciais competitivos. É a matilha em sintonia: quando todos fazem a sua parte, há maiores e melhores recompensas. [Webinsider]
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Leia também:
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- Aprenda a administrar equipes com seus cães: um novo membro
Eduardo Kasse
Eduardo Massami Kasse (@edkasse) é escritor, palestrante e analista de conteúdo. Subeditor do Webinsider. Mais em onlineplanets.com.br e eduardokasse.com.br.
4 respostas
Adriana, obrigado pelo comentário!
Não falo em momento algum sobre adestramento, mas sim sobre o respeito, cumplicidade e vontade mútua de gerar resultados. Acredito que somente com essas características, com calma e assertividade, poderemos alcançar a excelência. É mudança de comportamento, não apenas condicionamento às ordens!
Sucessos!
O artigo é interessante, mas a comparação é extremamente infeliz! Pessoas nas organizações já são vistas, muitas vezes, como máquinas. Imagina se algum líder resolve implantar um processo de adestramento para melhorar o trabalho em equipe? Também amo cães, mas quando a gente fala de gestão de pessoas, comparações como essa podem ter intepretações bem diversas e ser vistas como ofensivas. Mas vale a reflexão.
Sensacional o artigo, parabéns!
Realmente, os verdadeiros líderes são os que cativam.
…então vamos começar a latir, au au !!!