O mercado de desenvolvimento web no Brasil ainda está engatinhando. Digo isso porque lido com desenvolvedores todos os dias, de diversas empresas e com níveis de conhecimento variados. Como os cursos que faço são bem específicos, cada um dos desenvolvedores vem com problemas e necessidades diferentes. Mas a culpa por esse mercado ser ainda tão “amador” não é desses desenvolvedores. Eles entendem que precisam melhorar seu comportamento e aumentar seu conhecimento. O problema são aqueles que estão na área por dinheiro ou porque “acham legal”.
A cultura do mercado de desenvolvimento no Brasil é muito diferente da cultura de países como Estados Unidos, onde os desenvolvedores se unem por uma causa para ajudar a comunidade no mundo inteiro. Foi assim quando os Padrões Web iniciaram. Um grupo de desenvolvedores inconformados com a forma com que se fazia websites, resolveu mudar o mercado. Eles decidiram mostrar para os fabricantes de browsers que eles estavam errados ao tentar monopolizar o mercado e mostraram ao W3C que ele precisava se impor. Sem dúvida, a parte mais difícil foi fazer com que os desenvolvedores se unissem em prol desse movimento, que se chama WaSP (Web Standards Project).
O movimento do HTML5 aconteceu basicamente da mesma forma. Só que agora foram os desenvolvedores de browsers que resolveram tomar uma atitude e mudaram o rumo do HTML.
Desenvolvedores das empresas Apple, Mozilla e Opera resolveram se unir para reescrever o que eles estavam chamando de HTML5. Eles não estavam felizes com o rumo que o W3C estava dando para o HTML, querendo-o transformá-lo em XHTML, com ideias que só poderiam ser implementadas daqui alguns anos.
Os fabricantes de browsers e também os desenvolvedores de sites tinham necessidades imediatas para melhorar a experiência do usuário. Eles precisamos de novas ferramentas para criar e facilitar a produção de sistemas e websites. Foi aí que os fabricantes de browsers resolveram criar um grupo, inicialmente separado do W3C chamado WHATWG. E foi aí que o HTML5 começou a ser reescrito, levando em consideração as necessidades dos desenvolvedores e dos usuários. Nada de promessas longínquas, mas a ideia é ter resultados rápidos, que resolvam os principais problemas de desenvolvimento e que ao mesmo tempo mantenha a retrocompatibilidade dos websites antigos.
Por causa dessa fase do HTML5, todo o mercado brasileiro passará por uma seleção natural muito forte. Será agora que empresas irão acordar ainda mais para o mercado de client-side e buscarão desenvolvedores competentes e pioneiros? Se o desenvolvedor não é ativo na comunidade, ele é um provável candidato a ser dispensado. Ter iniciativa nessa área não é preferencial, é obrigação.
Não basta chegar no trabalho, escrever algumas linhas de código e ter o sentimento de missão cumprida. O desenvolvedor client-side precisa saber quais os reflexos do seu trabalho ao longo do projeto.
Se você é desenvolvedor e está lendo esse texto, provavelmente não deve se encaixar no cenário que citei acima, mas deve conhecer um amigo que se encaixa perfeitamente. Sua missão é tentar mudá-lo. Não é fácil. Eu sinto isso na pele todos os dias quando respondo e-mails, faço palestras ou em consultorias para grandes empresas. A barreira de aprendizado assusta todos os desenvolvedores despreparados. Mas não há maneira fácil e tem que ser goela abaixo. [Webinsider]
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Diego Eis
Diego Eis é criador do site Tableless.com.br, onde fala com outros desenvolvedores sobre melhores práticas de desenvolvimento web e mercado. É palestrante, consultor e pratica boxe.
6 respostas
onde posso aprender htlm5? tem algum curso bom q vc conhceca?
HTML 5 vai emplacar mesmo e na area mobile.
Newton, acho que você não entendeu meu ponto de vista… Quando disse que existem desenvolvedores que estão na área por que “acham legal”, me referia às pessoas que se tornam desenvolvedores porque viu alguém ganhando bem ou porque viu aquele monte de código estranho e achou que podia impressionar alguém e como não tinha mais nada pra fazer, quis entrar no mercado. Estes desenvolvedores simplesmente estão neste mercado por dinheiro, status ou sei lá, mas não por paixão. Obviamente que todos querem dinheiro, mas este perfil que acabei de citar não tem a ver com o perfil que voce citou em seu comentário e que eu também concordo…
E sim, para mim, na minha empresa, e em tantas outras, principalmente em empresas que presto consultoria como Google ou Yahoo! O desenvolvedor tem que ser ativo, sim. O camarada tem que entregar o projeto, tem que entregar seu daily scrum e tem que estudar muito. Tem que compartilhar e consumir conhecimento na comunidade e estar atento às novidades antes que o seu chefe lhe peça.
E não, não é qualquer um que sabe que precisa estudar pra conhecer as novidades. Faço entrevistas todas as semanas na minha empresa e 90% dos entrevistados não conhecem truques básicos de produção. E não, não estou entrevistando qualquer um. Eu já entrevistei muitos desenvolvedores de grandes empresas, com boas recomendações e que ao chegar no primeiro teste desistiu da entrevista.
Talvez o texto que escrevi tenha sido muito óbvio para você, porque você deve ser um desenvolvedor modelo, que conhece as coisas e que no seu mundo tudo isso que citei é padrão, mas acredite, arrisco dizer que 60% se encaixa nas características que eu citei no artigo.
Diego,
Acho você jovem demais pra sair por aí dizendo que o mercado de desenvolvimento no Brasil ainda está engatinhando ou é amador. E talvez por você ser jovem, faça-o escrever pérolas como dizer que “o problema é dos que estão na área por dinheiro ou porque acham legal”. Oras, ganhar bem fazendo o que se gosta é o objetivo principal de qualquer pessoa na face da terra. O resto, como trabalhar em regime de filantropia para a comunidade se faz quando já se está seguro financeiramente e/ou precisa ocupar o seu tempo com alguma coisa útil quando não tem outra coisa para se fazer.
Os desenvolvedores hoje fazem verdadeiros milagres com esta novela de “padrões” onde vários se unem para “tentar” criar algo que, na prática, leva anos e anos para acontecer. Por exemplo, dizem que toda a especificação do HTML5 estará pronta em 2014 mas eu duvido muito.
“Se o desenvolvedor não é ativo na comunidade, ele é um provável candidato a ser dispensado.”… dispensado de onde? da sua empresa? Oras, quanta bobagem você escreveu num só parágrafo. Os empregadores não querem saber se o seu desenvolvedor é ativo ou não na comunidade, o que eles querem é que os projetos sejam entregues dentro dos prazos e de acordo com o que foi especificado. Isto é um fato!
Desenvolvedores despreparados estão cheios por aí e aos montes, igualmente muitos advogados, engenheiros, professores e políticos. E, em qualquer área, todos tem sempre que estar evoluindo e estudando para estarem sintonizados com o mercado, qualquer um sabe disto hoje em dia.
” E foi aí que o HTML5 começou a ser reescrito, levando em consideração as necessidades dos desenvolvedores e dos usuários”…isso não é pouca coisa!
Muito bem colocado, como todas as ideias do Diego Eis sobre o assunto.
Uma pena é que como foi dito no artigo: poucas pessoas estão atentas a isso aqui no Brasil e cada vez que passa mais difícil fica para essa pessoas, pois menos tempo elas vão ter para estudar e para mudar de perfil.
O mercado do desenvolvimento client side vai mudar, mudem esses profissionais ou não. Aliás, já mudou e continua mudando bastante.