Reputation, reputation, reputation!
O, I have lost my reputation!
I have lost the immortal part of myself,
and what remains is bestial.
Otelo, William Shakespeare (1564-1616)
Houve um tempo em que bastava um bom curriculum vitae, duas ou três entrevistas e você estava contratado para aquele emprego genial. Houve um tempo em que bastava trocar olhares, conversar num barzinho, um beijo e o namoro com a garota dos seus sonhos tinha início. Hoje porém, o que você faz dentro das redes sociais pode fazer você perder a vaga de emprego e também sua namorada.
Acredite, isto tem acontecido com mais frequência do que você pode imaginar. Até que ponto podemos separar nossas vidas dentro e fora do ciberespaço? Afinal, qual o impacto do digital sobre nossa história, nossa reputação, o que realmente somos? Preciso refletir sobre isso, sair numa caminhada solitária com meu moleskine em punho, por uma estrada onde não existe sinal 3G.
Do anonimato ao estrelato
O universo digital sempre foi e ainda será por muito tempo construído, mantido e destruído por nós mesmos. A base para nossa intervenção, cada vez mais emocional e verdadeira são as ferramentas de comunicação.
Fóruns, correio-eletrônico, salas de bate-papo, isto sempre existiu no ciberespaço e de certa forma o justifica. Antes eram as BBSs, depois as comunidades virtuais, agora as redes sociais. Se você parar por um minuto e olhar para dentro do Facebook, retirando as camadas de “design” e os nomes bacanas, vai notar que está tudo lá, sem novidades.
Mas uma coisa mudou radicalmente, uma mudança sutil mas essencial. Se antes o internauta usava um apelido, seu “nickname”, uma foto falsa e um perfil digamos, estranho, navegando anonimamente madrugada adentro, agora as redes sociais “exigem” que ele se identifique da forma mais crível possível.
Você precisa ser você mesmo, sem disfarces e além do seu perfil, é preciso ser reconhecido por seus amigos e parentes. Este detalhe, a identidade unívoca, derruba definitivamente a barreira entre a persona virtual e o eu real, entre o que somos deste lado da máquina e do outro lado no ciberespaço.
(Des)construindo sua reputação
Se você não gosta da palavra reputação, porque ela parece algo meio antigo, empolado, então pense em “história pessoal”, porque todos nós estamos a todo tempo construindo a própria história.
A questão é que hoje, cada vez mais, isto acontece no virtual, com a adição de um efeito de propagação sem limites. A matemática não é mais linear, artesanal mas de progressão geométrica. Assim, twittar ou subir fotos no automático é bem arriscado. Um tweet pode ter o peso de uma amizade ou de um emprego, um comentário debaixo de uma foto e lá se vai sua namorada.
Apesar de não parecer, apesar de você ter uma sensação de intimidade e controle quando está dentro das redes sociais, você está exposto, completamente nu. Bom pensar e refletir alguns minutos antes do upload de qualquer coisa. No espaço virtual a memória dos bits é eterna. [Webinsider]
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Ricardo Murer
Ricardo Murer é graduado em Ciências da Computação (USP) e mestre em Comunicação (USP). Especialista em estratégia digital e novas tecnologias. Mantém o Twitter @rdmurer.
Uma resposta
É por isso que eu digo que a geração Y é formada dentro de uma cultura de medo, e não de responsabilização. Ninguém mais consegue criar estrutura intelectual sólida para bancar o que publica em redes sociais. A cultura do “cagacinho” vence a cultura da responsabilização.