Cuidados para não se tornar um Frankenstein

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Nós somos moldados pelas nossas experiências, estudos, posturas e crenças. Também aprendemos e interagimos com diversas pessoas e delas sempre absorvemos alguma coisa. E isso é positivo!

Agora, o problema é quando esse mimetismo ocorre de forma exagerada, forçada ou pouco natural e desse “experimento” mal sucedido surge o terrível profissional Frankenstein.

Em maior ou menor escala, todos nós tivemos a oportunidade de conhecer essa figura lendária. Aliás, ele pode estar na mesa ao lado nesse exato momento, observando, sorvendo seus trejeitos e posturas! Mas, não precisa se desesperar, correr ou gritar em histeria. E nem pense em pular pela janela!

Um pedaço de cada um, em um retalho disforme

Seja pelo jeito de falar, a maneira de se vestir, as preferências ou a forma de atuar, não importa: o Frankenstein sempre será um híbrido incompleto. E a meu ver, bastante inseguro, pois prefere se esconder, ser como um espelho embaçado – que reflete uma imagem distorcida – à ter luz própria.

Sabe o bom e velho papel carbono? Mesmo novo, ele nunca reproduz fielmente e com a mesma qualidade o trabalho original. Pois é, o nosso monstrinho também não! As costuras dos pedaços, mesmo com a melhor maquiagem, cedo ou tarde aparecem.

E há aqueles que nem se preocupam em escondê-las! Até se orgulham em exibi-las, ostentá-las. Sempre grudam nos seus “ídolos”, seus objetos de desejo. Bom, mas esses podem se enquadrar em uma categoria profissional diferente: a dos puxa-sacos. Sobre esses falarei – ou não – em outra ocasião.

É preciso um choque e tanto para pegar no tranco!

O pobre Frankenstein até é inteligente e criativo, aprende rápido, mas sempre depende de um choque para funcionar. Espera a fagulha de ideias e ações de outras pessoas para então fazer o seu trabalho.

Tenta interagir – ou no caso dos mais chatos – intervir em todas as áreas e no início até consegue se dar bem, mas quando as coisas evoluem para níveis mais complexos seus parafusos se afrouxam, afinal, ele tem pedaços de pessoas, não o todo necessário para a alcançar a excelência.

Alguns o temem – devido à falsa sabedoria, ao seu pseudo-conhecimento sobre tudo. Nesse caso ele se parece com o monstro assustador criado por Mary Shelley. Agora, depois de um tempo de convivência, quando se conhece melhor essa figura, ele se torna o engraçado e caricato Herman, do antigo seriado Os Monstros.

Quando os pedaços começam a se deteriorar

O maior risco que o Frankenstein sofre é ter partes do seu corpo deterioradas. Afinal, para a saúde – seja do corpo, da alma, da carreira – é preciso cuidados. E no caso profissional, é necessário investir em evolução sólida e fundamentada. E isso é impossível com apenas retalhos.

Mas, antes de pegar as foices e garfos e tentar atacar o pobre coitado, é preciso lembrar que seu coração pode ser bom, apesar da mente confusa. E é possível sim, com bastante orientação, regenerá-lo! Enquanto isso não acontece é uma demonstração de amizade levar um bom hidratante para a pele ressecada dele!

Talvez, em certo momento, nós também fomos Frankensteins! Ficamos tão vidrados em alguém e nos esquecemos da nossa própria identidade.

Mas, isso já passou, não é?

Todos nós temos cicatrizes, seja pelos nossos erros, por alguma injustiça cometida ou mesmo pela passividade diante de determinadas situações, mas essas não nos descaracterizam, ao contrário, deixam-nos mais resistentes e com conhecimento necessário para minimizar os danos futuros e não repetir as besteiras – bom, deveria ser assim.

O importante é sempre buscar a prosperidade e a evolução equilibrada.

Vamos juntos nessa?

Esse é o terceiro artigo da saga O Profissional Sobrenatural quando meu lado escritor fala mais alto.

Leia mais:

[Webinsider]

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Avatar de Eduardo Kasse

Eduardo Massami Kasse (@edkasse) é escritor, palestrante e analista de conteúdo. Subeditor do Webinsider. Mais em onlineplanets.com.br e eduardokasse.com.br.

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9 respostas

  1. Uso muito essa expressão “Frankenstein” em um contexto um pouco diferente: o profissional que tenta fazer de tudo, ou que conheçe de tudo um pouco, mas não consegue se especializar em nenhum.
    Observo que no começo da carreira essa atitude até pode ser boa e recomendável. Mas na sequencia precisa se decidir por uma “área” e se especializar.
    Eu mesmo já passei da hora de me especializar com mais profundidade em uma ÚNICA área, o que já consegui fazer é restringir a 3: filosogia, T.I.C. e R.H., mas percebo que devo me especializar em uma única.

  2. Kasse, to vendo que esse assunto vai virar livro!

    Falando especificamente do seu artigo, acredito que ter alguém como exemplo, inclusive a ser seguido é saudável. Quem de nós não temos nossos ídolos? Pessoas que admiramos. Mas não é bem nesse caso que me refiro, mas sim aos verdadeiros profissionais franksteins, que desejam a todo custo se tornar alguém e pega uma coisa de um, outra coisa de outro, e assim vai montando sua pseudo personalidade profissional, e porque não dizer “juridica”.
    Assim como os profissionais, existem as empresas franksteins, que são fragmentadas, sem identidade, sem direção.

    Se todos nós temos a tendênca de reproduzir os atos das pessoas que adminramos, o que nos difere dos franksteins comentados neste artigo???

    Simples, NÓS TEMOS ALMA, E ALMA PRÓPRIA! Por mais que possamos seguir os passos de quem admiramos, temos nossas próprias características, o que nos difere dos outros profissionais que foram criados para serem cópias, quando fomos criados para sermos únicos!

    Parabéns pelo artigo!

    Abraço.

  3. Olá, Amigo Ed!
    Como boa Leonina sempre tive personalidade forte. Creio que tive poucos momentos de “Frankstein”. Gosto e me esforço para ser criativa, pró-ativa, mas pago meu preço… Por certo há pedaços meus em vários “Franks” por aí… Na juventude isso incomodou-me mais. Desde pequenas coisas como criar um modelo de vestido e minha mãe, que era excelente costureita (era pois faleceu há 18 anos) fazê-lo para mim e no dia do passeio em questão encontrar minha irmã mais velha com um igual, só que de outra cor… rsrs (O meu era verde, o dela laranja.) Ela morava próximo, mas recusou-se a trocar-se então, leonina que sou, voltei em casa e troquei-me. rsrs Este é um pequenino exemplo, são inúmeros, em áreas diversas. Hoje tento encarar como um elogio e, às vezes, eu mesma menciono: Que bom! Fizeste igual ao meu!
    Outras vezes a própria pessoa vendo descoberta sua tentativa de “clonagem” profere: “Ai, gostei tanto do seu (projeto, texto, vídeo, etc) que resolvi copiar. Você não se importa não é?”
    E adiantaria?
    Mas é inevitável certo grau de indignação quando vemos alguém apresentar uma ideia, uma criação nossa como se fosse sua própria.
    Bem, atualmente digo: me citem, me copiem, me invejem ou elogiem, mas advirto: não me subestimem!
    Desculpe se estou um tanto ácida hoje, amigo!
    Deve ser efeito colateral da segunda forte gripe que estou enfrentando nos últimos dois meses…
    Abraços carinhosos!

  4. Isso mesmo Maurício! Há empresas que são verdadeiros laboratórios de horrores. Se metem a fazer tudo, mas não resolvem nada com excelência.

    Se preocupam com volume e números e deixam de lado a qualidade!

    Até mais!

  5. Maikel, Jocivan e Marcel: muito obrigado pelos comentários.

    Realmente, todos nós nos inspiramos em alguém e isso é bem saudável. O problema é quando isso suplanta a nossa própria identidade e nos transforma em bonecos caricatos.

    O aprendizado sempre é válido, mas sem nunca deixar de ter postura, opiniões e visões próprias!

    Prosperidade para todos!

  6. Texto sensacional. Como você disse, as vezes nem é por maldade, chega a ser até por humildade, ou um processo normal de aprendizado, como uma criança que olha um adulto pra ver como ele faz e aprender.

    Mas nem por isso é estranho ver alguém, ainda mais um adulto, que deveria ter uma personalidade formada, tentando imitar o comportamento, trejeitos, pensamentos, e até os gostos de outras pessoas.

    Você percebe que não é natural e isso te incomoda — ainda mais quando você nota as idas e vindas da personalidade real e da imitação; e quando você é um dos “mimetizados”.

  7. Excelente artigo, bem analisado e fundamentado, bom não posso negar que me identifico em partes, as vezes quis ser igual alguém, até mesmo quando não percebo que estou perdendo a identidade.
    Eu, sempre que percebo esta perdendo minha identidade, procuro mudar e, seguir a minha própria.
    Devemos sempre inovar e criar sempre algo diferente, para que possamos desenvolver novas ideias!

    Parabéns Eduardo kase, gostei do artigo!

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