Donald Norman explica a importância dos aspectos viscerais, comportamentais e reflexivos no desig e mostra que a emoção implica nas escolhas feitas, assim como a qualidade e usabilidade dos produtos.
Norman é professor de psicologia cognitiva, formado em Ciências da Computação e Engenharia Elétrica pelo MIT e Doutor em Filosofia e Psicologia pela Universidade da Pensilvânia e foi também professor de Ciência da Computação.
Ele cita uma coleção de bules, com variações: um belo design mas pouco utilizável e outros mais desajeitados, mas de muita praticidade.
A escolha no uso de cada objeto depende do contexto: se pela necessidade de rapidez ou simplesmente por estética. Outro fator que entra no meio dessas escolhas é a história e a emoção que o objeto traz.
Existem três tipos de design:
- O design visceral. Preocupa-se com a aparência
- O design de comportamento. É o prazer e a eficácia de uso
- O design reflexivo. Lida com aspectos emocionais. Faz parte de nossa cognição, no qual percepção e pensamentos são tingidos em nosso subconsciente.
Muitos objetos trazem emoções fortes e positivas, despertam apego, amor e felicidade, assim como outros trazem emoções fracas e negativas e criam raiva e infelicidade.
Norman cita uma experiência que teve ao criticar uma criação do designer Michael Grave em um programa de rádio — um bule bonito, mas de difícil manuseio e propenso a derramar a água.
Ficou impressionado quando um ouvinte ligou e disse: “Eu amo meu bule”. E que ao acordar se dirigia até a cozinha e sorria ao ver o objeto. “Só precisa tomar cuidado para não derramar – mas é legal sorrir logo de manhã”.
Na década 80, em seu livro “The Design of Everyday Things”, Norman não levou em consideração a emoção, mas apenas a utilidade, função e usabilidade, criando objetos lógicos mas sem a emoção necessária para que as pessoas se apaixonassem pelos produtos.
Hoje com os grandes avanços científicos pode-se ver a importância gerada por meio da cognição humana interligada com as emoções para a vida cotidiana. Certamente a usabilidade é um fator de muito valor, mas sem diversão, prazer, alegria, ansiedade, medo e raiva nossa vida seria incompleta.
O afeto faz julgamentos e determina se as coisas no ambiente são perigosas ou seguras, boas ou ruins, a emoção é a experiência consciente do afeto.
Para algumas pessoas, principalmente as mais lógicas, o design visceral ou o design da aparência já são suficientes para gerar algum tipo de emoção, mas essas pessoas não são a maioria.
Hoje, graças a diversos estudos da psicologia cognitiva, tecnologia e design, essas questões são consideradas, pois se compreende que o valor atribuído a um objeto, seja ele utensílio ou aparelho tecnológico, está diretamente relacionado à experiência afetiva do usuário.
O fetiche que as marcas causam e suas inovações estão sempre diretamente ligadas às necessidades de cada indivíduo por um todo, seja na usabilidade ou no impacto em suas emoções. [Webinsider]
Robson Moulin
Robson Moulin (@RobsonMoulin) é Designer de Interação pós-graduado em Arquitetura de Informação. Trabalha com internet desde 2002 e mantém o Design Interativo.
6 respostas
Finalmente uma matéria que demonstra a importância do design. Como eu trabalho na área de software web, muitas vezes há uma preocupação muito grande com a função, mas a forma fica de lado. Só que a forma é o que diferencia as coisas.
Acredito que a experiência é muito importante para o usuário. Está aí os telefones de toque na tela que não deixam eu mentir. Muitas vezes o design é visto como “firula”, só que as pessoas querem também “beleza” em suas vidas. Querem experiências positivas. E o design hoje vai além da percepção visual – ele pode estar no som , nos movimentos, nas formas.
Um exemplo real: porque temos som no windows e não temos nos softwares online? O som agrega muito valor na minha percepção pessoal e na memorização – ele alerta para o usuário que alguma coisa aconteceu. Meu antigo monitor LG fazia um som ao desligar. Isto dá personalidade a marca, porque aquele tipo de som era exclusivo da LG.
Acredito que os softwares online tem muito a evoluir neste quesito. Mas é um mercado novo ainda no Brasil. Com o tempo e a evolução tecnológica muita coisa está mudando e irá mudar.
Bela matéria.
Gostei do tema. Espero mais aprofundamento no próximo no artigo.
Abs.
Obrigado Iris, que bom que gostou, realmente as emoções fortificam a relação e a concepção do produto.
Excelente abordagem do tema. Quanto mais os designer e os grandes mentores de produtos estiverem atentos á questão das emoções, sobre tudo os “desejos” mais os objetivos serão alcançados, pois o “ter” está diretamente ligado ao “ser” e apenas somos mediante ás experiências emocionais.
Bom artigo
Muito bacana seu artigo! É olhar que obrigatoriamente todos deveriamos ter! Parabéns e obrigada por compartilhar!