Diz o ditado popular que a primeira impressão é aquela que fica. Sinceramente, às vezes eu espero que não. O chato de a gente ter a chamada experiência de vida em certas coisas é começar medularmente a traçar paralelos e comparações, que foi como eu tive a minha primeira experiência em uma sala de exibição do formato IMAX©, neste caso a sala 4 da UCI Cinemas, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
Quando a gente da minha geração de freqüentadores de cinema se defronta com a possibilidade de ver na frente telas de grande estatura, a primeira coisa que vêm à mente é a exibição do Cinerama. E aqueles que, como eu, deram a sorte de ter visto o formato Cinerama 70 mm (Ultra e Super Panavision), pensa logo em uma tela alta, larga e de grande curvatura.
E eu confesso que estava curioso de ver como este problema tinha sido resolvido em uma sala multiplex, de dimensões relativamente reduzidas e pouco largas, que habitualmente abrigam telas otimizadas para widescreen plano (1.85:1) ou equivalentes.
O press-release da empresa fala em uma tela côncava de cerca de 300 m², com 21 metros de largura e 14 metros de altura, o que daria aproximadamente 1.5:1 de relação de aspecto, ou seja, ela está praticamente de acordo com os padrões do formato, que é de 1.43:1.
Mas a curvatura não é acentuada, o que praticamente desmente o conceito, datado dos anos 40 e 50 do século passado, de que a curvatura acentuada é essencial para aumentar a percepção do campo de visão do espectador. Foi assim com o Cinerama de 3 filmes e depois com o Todd-AO e o Cinerama 70 mm.
O formato tradicional do IMAX que eu conhecia, mas infelizmente nunca vi, é fotografado em película de 65 mm (projetado em 70 mm), com avanço horizontal de 15 perfurações na janela do projetor, chamado por isso mesmo de IMAX 15/70.
A sala do UCI, entretanto, usa o IMAX Digital, que não tem película. O filme é gravado em disco rígido e alimentado em dois projetores DLP de 2 mil linhas (2K) de resolução cada um. O uso de dois projetores aumenta contraste e brilho na tela. Esta, por sua vez, é coberta por uma camada de prata, que reflete mais ainda a imagem, dando melhoramento de clareza a quem vê.
O filme exibido não ajudou muito
Azar foi o meu, que tive que assistir o filme “Super 8”, do diretor americano J. J. Abrams, que já havia tirado todo o meu entusiasmo por Star Trek. Pior ainda, a sessão exibiu uma cópia dublada. Peço perdão aos leitores, mas é que eu odeio filme dublado! A culpa em parte foi minha, pois só podia ir ao cinema naquele horário.
Fosse só a dublagem, acho até que eu faria um esforço para aturar o resto. Mas trata-se de um filme que originalmente não foi rodado em IMAX (nem película nem digital) e intencionado para uma relação de aspecto Panavision (2.35:1). Na verdade, o diretor e sua equipe optaram por usar uma vasta quantidade de bitolas (8, 16 e 35 mm), indo parar em uma mídia digital Redcode a 4.5 K, e cujo conteúdo foi depois transferido para um intermediário digital, o qual foi convertido para os formatos de exibição.
No caso específico do IMAX, a conversão é a ampliação DMR (Digital Media Remastering), e como a transferência é de um ambiente digital para outro, o processamento inclui redução de ruído, refinamento de borda (“edge enhancement”) e aumento de escala (upscaling) para a resolução da tela IMAX.
Logo de cara, e sem saber do que se tratava (não tinha visto nem a sinopse nem os dados técnicos da filmagem antes), ainda assim deu para perceber que não estava diante de um original para aquela tela. Isto ficou bastante claro porque o cinema exibiu um clipe de demonstração e assim quando o filme entrou as dimensões da imagem se reduziram substancialmente. Não só isso, mas a qualidade da mesma era visivelmente inferior ao que se propõe o formato.
Uma conversão que parece não dar certo
Como eu só vi este filme fica difícil chegar a qualquer conclusão a respeito. Porém, depois de ter visto aquela imagem, eu tomei conhecimento de várias críticas sobre o processamento DMR, inclusive de alguns cineastas, e concordo com todas elas.
É compreensível que as queixas existam, muito em função da degradação dos originais, por conta da sua exibição em uma tela que não é apropriada. E neste caso eu notei que alguns defendem que a projeção digital deste tipo de filme seja feita exclusivamente em projetores com resolução de 4 mil linhas (4 K), ou seja, sem conversão alguma!
Neste ponto, foi inevitável lembrar que cópias de filmes rodados em 35 mm nas décadas de 1970 e 80 eram competentemente ampliadas para 70 mm, até mesmo com ótimos resultados em telas de Cinerama 70. Na realidade, alguns cineastas optaram por fazer isso, não só por questões da redução significativa nos projetos de seus filmes, como também por causa do realce conseguido com o processo de projeção!
E explico por que: os projetores de 70 mm obrigatoriamente usavam lanternas de alta amperagem (em modelos de arco voltaico, cerca de 120 a 130 ampères) ou lâmpadas Xenon de alta wattagem. Além disso, a película corria na janela do projetor com um avanço de 5 perfurações por quadro, ao invés de 4 como na cópia 35 mm, e isto, junto com o aumento de 4 para 6 canais de áudio, possibilitava uma melhoria enorme na reprodução da trilha sonora.
Não me pareceu ser o caso da cópia convertida para IMAX: o som de fonte é o mesmo e a clareza, mesmo com a ajuda de dois projetores, é bastante reduzida em relação ao formato digital original, apresentado no início da sessão.
Existem aí alguns aspectos a se considerar: o primeiro diz respeito ao processo de captura digital em si. Mesmo as modernas câmeras Sony CineAlta (usada para “Tron Legacy”, por exemplo), a capacidade de captura é de imagens em 1.77:1 com menos de 2 K de resolução, ou seja, muito próxima do disco Blu-Ray que a gente tem em casa.
Isto acaba empurrando o cineasta para uma captura em película, que tem resolução muito maior. Idealmente, para o caso do IMAX, o negativo deveria ser de 65 mm, mas poderia em tese dar certo com 35 mm, desde que uma transferência de alta resolução seja usada.
O segundo diz respeito à conversão da relação de aspecto de um meio para o outro. Quando a imagem chega à tela IMAX um número significativo de pixels precisa ser alocado para compor as barras pretas que encarceram o fotograma original. Aí, quando mais longe de 1.9:1 (resolução nativa do projetor) pior, e talvez seja por isso que a conversão do filme “Super 8” não apresenta uma imagem plenamente satisfatória.
A limitação de 2K por projetor pode representar uma limitação potencialmente importante, se considerarmos que o filme 70 mm IMAX tem resolução estimada de 6120 por 4500 pixels efetivos. Teoricamente, a conversão deste formato de fotografia para a mídia digital deverá acarretar perdas em quantidade suficiente, para dar amparo ao ponto de vista dos cineastas que elegeram o formato 15/70 mm como o ideal para filmagem e apresentação.
Som e mixagem
Na demonstração dada pelo cinema, antes da exibição do filme, é possível perceber o potencial de áudio do sistema IMAX Digital. O som roda pelo ambiente da sala, em toda a extensão dos canais traseiros, e com enorme competência.
Aqui há uma pequena confusão quanto ao formato usado pela sala carioca. Em seu press-release se fala em 24 canais de áudio, num total de 18 kW de potência de amplificação. Mas, acontece que não existe nenhuma documentação disponível a este respeito que eu tenha visto. Outra coisa que a propaganda fala é em “alinhamento a laser”, mas não explica o que é isto.
Supostamente o formato usa três canais na tela, com um canal acima para efeitos especiais, e um subwoofer duplo, com capacidade para descer até 26 Hz. O formato mais recente proposto para o IMAX foi desenhado pela Sonics, com o nome de Digital Disc Playback ou DDP. Ele usa três CDs, cada um com dois canais LPCM, e resposta plana de freqüência de 20 a 20 kHz. Os CDs rodam em sincronismo proprietário, e o conteúdo é alimentado em um mixador da Sonics, modelo TAC-86. E deste para um sistema computadorizado, onde será feita a equalização com incrementos a 1/3 de oitava e adequação à sala de exibição onde o equipamento está instalado. No padrão mais moderno, chamado de DTAC (“Digital Theater Audio Control”), os três CDs são substituídos por um DVD-ROM, ou então diretamente gravados em disco rígido.
Para o IMAX Digital, o som mixado em seis canais pode ser gravado diretamente no mesmo disco rígido que contém o programa a ser exibido. Os canais do formato da Sonics determina as posições esquerda, centro e direita e topo central, além de subwoofer instalado na parte central inferior da tela e mais os canais traseiros esquerdo e direito, ou seja, o equivalente a um sistema 6.1 completo.
Na sala do UCI eu ouvi claramente um canal central traseiro, mas é possível que, se o sistema for de seis canais, ele possa introduzir matricialmente o sétimo canal, que corresponderia ao nosso surround back doméstico. Em qualquer hipótese, a distribuição dos canais surround é exemplar, e a reprodução de graves idem.
Por outro lado, uma apreciação melhor da minha parte não foi possível, pelo fato da cópia ser dublada, com os atores gritando o tempo todo. O barulho das explosões e demais efeitos era ensurdecedor e eu não tenho hábito de qualificar volume com qualidade, até porque um exagero no volume do som reproduzido costuma obscurecer a fidelidade de pequenos detalhes, sem falar na distorção.
Segundo as especificações da Sonics todos os canais principais são filtrados a partir de 80 Hz e todo o conteúdo a partir desta freqüência até o limite espectral inferior (20 Hz) é direcionado aos subwoofers instalados atrás da tela. Esta filtragem desobriga a codificação de um canal de efeito de graves, o nosso “.1” e faz, indiretamente, um bass management padrão, o que é tecnicamente muito interessante.
Uma coisa que me atraiu a atenção é que no processo de mixagem todo o diálogo é preferencialmente dirigido para o canal central. A proposição de encarcerar o diálogo no centro da tela foi originalmente feita pelos laboratórios Dolby, para o formato Dolby MP© ou Dolby Stereo, como foi conhecido nos cinemas.
Achei no mínimo estranha a manutenção desta proposta, tendo em conta que a tela IMAX tem dimensões maiores do que as telas de cinema convencionais. Em tempos de 70 mm o formato usado era o do Todd-AO, com cinco canais na tela e dispersão do diálogo pelos mesmos. Porque não fazer o mesmo no IMAX eu até agora não entendi.
O canal central do topo da tela, se foi usado, eu não percebi. Aparentemente, ele seria apenas utilizado para efeitos especiais exclusivamente.
Assistir ao filme “Super 8” é dose…
O cinema aparece com uma tecnologia de tela com enormes proporções. E aí, o que faz o cineasta? Não usa o espaço que lhe deram!
Em “Super 8” o diretor abusa de primeiro plano e de close-ups radicais. O espectador vê a tela inteira ocupada por um ou dois rostos dos atores, com um efeito visual de péssimo gosto, desnecessário e incompatível com o formato apresentado. Parece um retorno aos tempos do formato da academia, que ninguém usa mais há décadas!
J. J. Abrams não é só um diretor medíocre. Ele consegue fazer de seu filme um pastiche de filmes do passado, a maioria feita pelo seu produtor Steven Spielberg. Basta o filme começar e a sensação que se tem é que se está vendo uma refilmagem do filme “Os Goonies”. Mas, na seqüência aparecem citações a “Tubarão” (na pele do xerife que defende a população da cidade contra a autoridade local maior) e a “ET”, na forma do alienígena perseguido pelos homens do governo, mas cujo objetivo é somente voltar para o seu planeta de origem.
Eu não sou contra citações a filmes de terceiros, desde que bem feitas e com um objetivo razoável dentro do roteiro. No filme de Abrams, o que se vê, infelizmente, é uma colcha de retalhos insuportável.
Os diálogos são frequentemente substituídos por sobreposição de gritaria, e povoados de clichés conhecidos. Em uma tela IMAX, com um som ajustado a um volume exagerado, a gritaria das cenas causa desconforto e não acrescenta nada de útil para o desenvolvimento da estória. E neste ponto a famigerada dublagem nos dá um exemplo de como estragar um filme de forma irreversível, porque os diálogos não têm autenticidade alguma, artefato que é comum em filme dublado.
Tela por tela…
Uma tela LCD moderna, acima de 50”, capaz de gerar 1080 linhas de definição, e capaz de aceitar um sinal com esta magnitude, não deixa de ser um páreo duro para o cinema projetado digitalmente.
Um bom Blu-Ray player atende a esta finalidade, e é capaz de gerar três canais RGB com 12 bits de resolução de cor cada um, dando um total de 36 bits na saída. O disco Blu-Ray é codificado em vídeo componente no formato YCbCr 4:2:0, mas o mesmo passa por um upsampling que o torna YCbCr 4:4:4 sem nenhum artefato.
Se a TV tem suporte para 36 bits (Deep Color), o que é possível no protocolo HDMI versão 1.3, a imagem resultante tem clareza, é rica em detalhes, e é amparada pela geração de cerca de 69 bilhões de combinações possíveis de matizes de cor.
O grande percalço da projeção digital é se deixar nivelar, em resolução, a uma boa tela de LCD doméstica. E assim nada da projeção propriamente dita causa surpresa a quem vê. Ainda mais, como foi o caso de “Super 8”, quando a cópia é uma adaptação à tela e não uma transcrição de uma filmagem IMAX 70 mm nativa.
A minha impressão pessoal, depois de sair do cinema, foi a de que o IMAX é de fato um formato interessante, a mixagem de som muito boa, porém ainda muito longe das magníficas instalações e sistemas de projeção em 70 mm em Cinerama ou Dimensão 150 do passado distante.
Além disso, a premissa de que a tela IMAX aumenta a percepção visual não tem amparo nem na minha observação nem na base teórica na qual ela se baseia: o aumento do campo de visão só é possível através do campo periférico de visão, e foi por isso que os projetistas do passado começaram por esticar lateralmente a imagem (Cinerama de 3 películas).
Mesmo no 70 mm plano (2.20:1) a tela é tão larga quanto alta, o que não é o caso do IMAX. Assim, somente sentando-se nas poltronas do meio para a frente é que poderia ter aumento de visão periférica em uma sala IMAX, o que não aconteceu comigo, por ter ocupado um lugar um pouco atrás da metade da sala.
No momento, eu vejo o IMAX Digital como uma forma de escoar produções convencionais de Hollywood, apresentadas de forma adaptada em uma tela para as qual elas não foram destinadas.
Em outras palavras, muito mais uma questão econômica do que técnica. E a projeção digital reforça este conceito, ao retirar da cabine de projeção o seu operador, e colocando nela o computador que permitiu que o mesmo perdesse o seu emprego! [Webinsider]
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Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.
9 respostas
Caro Ivo,
A sua opinião nos é cara, não só pela sua longa experiência no mundo do cinema, como também pelo seu incrível esforço e sacrifício pessoal, na preservação da memória do saudoso Metro-Tijuca.
Eu creio que não se trata de reacionarismo ou de virar as costas para o progresso, quando nós assumimos uma postura mais conservadora nestes assuntos.
Infelizmente, nós vivenciamos o melhor que o cinema pode nos oferecer, com etapas tecnicamente inovadoras, como no Cinemascope e no 70 mm. O cinema digital de fato ainda tem um longo caminho a percorrer, porque o de película tem mais resolução fotográfica relativamente, sem ter que depender de melhoramento de imagem.
Por isso, eu sou a favor das aplicações onde elas têm mérito: para preservar em estúdio, por exemplo, a película é insuperável. Para a preservação doméstica ou arquivamento de filmotecas, o filme em vídeo e o Blu-Ray cumprem hoje este papel com sobras.
Eu entendo que, para o momento pelo menos, é preciso preservar o espaço para a projeção em película. Você, mais do que eu, sabe que o pequeno exibidor precisa dela, e que o custo para esta atualização para projeção digital não consegue ser bancado somente com a bilheteria.
Acho também que é preciso bom senso nisto. Os distribuidores de filmes não podem ficar forçando a barra para todos os exibidores mudarem para digital, caso contrário nós vamos ver uma nova quebradeira de salas outra vez!
Amigo Paulo
Ouso emitir um pequeno comentario mesmo ante os seus sempre muito bons e os demais subsequentes, não menos brilhantes. Todos eles, inclusive o seu, revelam que a questão do novo formato evidencia ainda um longo percurso até seu efetivo implante, quando viveremos(?)a nova realidade de projeção. Assim como voce,em que pesem as questões economicas e financeiras envolvidas no mundo da exibição cinematografica,ainda não vislumbro superação à qualidade da “velha” película. Saudosismo à parte, vida longa aos rolos e carretéis.
Oi, Celso,
Foi por conta de um comentário seu que eu soube que o UCI não teria 70 mm. Eu não visitei a cabine deles, mas o press-release, publicado em todos os jornais, fala em dois projetores, que é o atual padrão do IMAX digital e de fato eu vi as duas lentes em paralelo, quando fui assistir a sessão. A foto contida no artigo, obviamente, não é a dos projetores do UCI.
Caro Paulo,
Mais um esclarecedor artigo. Tive a oportunidade de comentar nesta coluna há algum tempo sobre a sala IMAX de S.Paulo. Como já havia dito, tive a oportunidade de ver o projetor 15/70 em película em funcionamento quando assisti uma animação em 3D. Logo depois o equipamento foi substituido pelo digital. Claro que a perda foi imensa, contrariando a opinão do operador de cabine que gentilmente me recebeu. O que achei curioso, inclusive pela foto que você publica acima é concernente a dois projetores. Em SP é projetor único (grande) com duas objetivas, uma acima e outra abaixo. Vi ali entre outros o filme “A Origem – Inception”,do Chris Nolan, no formato 2D. A imagem era sofrível e tendendo para ruim nos planos de grande conjunto.
Quanto ao “Super 8” que você viu no RJ e não gostou me atrevo a opinar que talvez o aspecto negativo seja em função da famigerada dublagem que acho uma barbaridade. Ainda não vi, entretanto, a crítica especializada, de SP, teceu comentários bastante favoráveis.
Abraço a todos.
Oi, Renato,
Desde que eu me entendo por gente em salas de cinema, eu fui testemunha de vários tipos de adaptação e/ou reforma, com o objetivo de introduzir um novo formato.
Historicamente, o cinema comercial passou por várias modificações de formato, seja do 35 mm (Cinemascope, Cinerama de 3 películas) seja de 70 mm (Todd-AO, etc.)
Em todos estes momentos, as modificações incluíam a retirada da tela antiga e o reposicionamento da nova, freqüentemente com alteração do proscênio.
Por isso, no momento em que a UCI Cinemas coloca o logo IMAX dentro do seu recinto, eu não posso ter dúvidas de que estou entrando em uma sala com as características técnicas do formato, malgrado qualquer adaptação que se fizesse necessária. Caso contrário, eu estaria sendo vítima de propaganda enganosa, concorda?
A concordância das modificações e a homologação da sala UCI como IMAX torna, ipso facto, legítima qualquer apreciação da minha parte ou da parte de terceiros.
Isso, mesmo.
A Uci com anuência da IMAX fez não somente esta modificação, como também várias outras.
A começar pelo formato de sala (stadium de verdade, como nas fotos de divulgação) que não foi respeitado. Além disso, tem um corredor cruzando toda a extensão da platéia indo do lado esquerdo ao lado direito. Resultado: em sessões muito cheias como a de Harry Potter, várias pessoas ficam passando na sua frente para acessar seus lugares justamente num dos momentos de maior espectativa, quando iniciam-se as vinhetas IMAX e os trailers de filmes neste “formato”. Penso que isto se deve à segurança, caso a sala precise ser evacuada rápido, mas que isso dá uma broxada, dá!
Como não se chegou a um concenso sobre o método de entrega dos óculos, em todas as sessões 3d houveram atrasos de no mínimo 5 minutos para serem iniciadas. Eu sugeriria que a sala fosse aberta entre as sessões com uns 25 minutos de antecedência, pra que boa parte das pessoas já estivessem sentadas em seus lugares no início da projeção.
Reafirmando o que disse, a única forma de fazer uma sala dessa com as medidas precisas, seria construindo numa outra área do zero, ou quando o shopping ainda estiver na planta, você incluir no projeto. O que foi feito na sala do Rio, de Sp e Curitiba, foi uma adequação de espaço. Isso porque, qualquer alteração estrutural na sala teria de passar pelo condomínio e isso custaria caro. Vamos pensar no seguinte:
1 – Aumento na largura da sala: derrubar paredes laterais para isso acarretaria parar o funcionamento não só de uma, mas de duas salas possivelmente, para que houvesse o correto alargamento (não precisa dizer, que no final aquela sala ao lado deixaria de existir. Mas tudo bem eles tem 18 mesmo kkkk).
1 – Aumento na altura: isso envolveria retirar toda estrura exitente de climatização da sala, bem como a demolição de todo o teto acima, fazendo com que tudo (caixas d’água, condesadoras de ar condicionado e etc…) fosse removido dali.
Lembrando que pra cada parte mencionada, haveria custos altos envolvidos com mão de obra, equipamento e com o condomínio do $$$$hopping. Neste caso fica a pergunta: mesmo sabendo que esses caras têm grana, será que eles estariam dispostos a aguardar um tempão pelo retorno do investimento nesta sala? Além disso, mesmo sofrendo uma simples reforma, a sala custou 4 milhões em acordos e etc…, será essa grana já retornou? Acho muito difícil.
Abs
Olá, Renato,
Muito obrigado pelos seus esclarecimentos!
De fato, eu não percebi som vindo do topo da tela, mas retirando a caixa de cima o UCI modificou a montagem que está amplamente descrita em vários sites.
Claro que pretendo dar outras chances ao IMAX do UCI, e talvez este filme do Hubble seja uma boa pedida.
Na projeção do Super 8 o surround back estava presente, e me pareceu 6.1, não 7.1. Entretanto, eu tive informação de um relações públicas da Dolby que 7.1 será padrão em vários cinemas dentro em breve. Assim, é possível que no UCI a sala IMAX seja mesmo 7.1, como você afirma.
Olá Paulo, boa noite.
A IMAX no Brasil, assim como em outras partes do mundo, têm investido na idéia do IMAX Exerience Digital(como o prório site na versão americana institula tal formato) como uma alternativa menos custosa às gigantescas salas IMAX originais. Neste caso, penso que seria querer muito da parte de quem investe, colocar um complexo gigantesco para exibir a famosa “Imagem Máxima” em suas corretas proporções. Para isso, o projeto deveria já constar na planta do Shopping, ou ser construído em outra área.
No Brasil, eu já visitei as três salas:
Unibanco IMAX – situado no Shopping Bourbon em SP
(filme assistido: TRON Legacy)
Dom Bosco IMAX – situado no Shopping Palladium CTB
(filme assistido: THOR)
Uci IMAX – situado no New York Ciy Center RJ
(filmes assistidos: Harry Potter 7 pt2, Transformers 3, Carros 2, Cowboys & Aliens, Super 8 e o mais recente Premonição 5 3D).
Aliás, nesta sexta-feira ocorrerá o lançamento do documentário Hubble IMAX 3d. Segundo informações, este documentário é todo feito no “ambiente IMAX”, o que pode ser um grande teste para a sala do Rio. Afinal, o que seria melhor do que as lentes do poderoso Hubble para captar imagens?
Seria muito interessante, Paulo, se você fizesse uma “melhor de três” e fizesse mais uma ou duas visitas à sala, com exibições diferentes, para tirar esse “gosto amargo” e chegar a uma definição sobre os limites desta sala. Vale ressaltar que em matéria de salas no Rio de Janeiro, essa passa a ser a melhor, principalmente em termos de áudio.
Eu acompanhei a fase final da reforma desta sala e posso te assegurar de uma coisa: não existe caixa de efeitos especiais na parte de cima da estrutura por trás da tela. Como vi tudo no “esqueleto” e sendo instalado, vou dizer a disposição de todas as caixas existentes nesta sala (que na verdade é um conjunto de “5.1” caixas gigante):
1 – Atrás da tela: 4 caixas. Sendo 2 frontais, 1 Central com o mesmíssimo tamanho e alinhamento das frontais e um poderoso Subwoofer, localizado na altura do chão, no meio e abaixo da caixa central, com uma média de 6 a 8 falantes de 12″.
2 – Na parede atrás da platéia: duas grandes caixas surround Sur L + Sur R, que sendo biamplificadas (por isso coloquei aspas em 5.1 lá em cima), conseguem gerar fisicamente os Sur Back L + Sur Back R. Por isso, se você assistisse o Transformers 3 e o Thor, que foram mixados em 7.1 iria perceber o crescimento da imagem surround atrás de você.
3 – Dentro da projeção existem 2 projetores dlp IMAX lado a lado como você disse + uma caixa de retorno + 2 tubos de refrigeração/exaustão para os projetores + 1 torre com software IMAX de gerenciamento dos filmes + 1 torre/rack com 4 amplificadores IMAX e etc… (exatamente como na imagem postada por você).
4 – o alinhamento a laser dos dos falantes é na verdade um processo no qual se usa literalmente um lazer para posiciona corretamente as caixas em relação à plateia e entre si no ambiente. Quando se chega ao valor estipulados no software as medidas como distância e altura estão corretas.
Infelizmente, assim como a THX, a IMAX deixou de zelar um pouco pelo seu nome por não fazer um treinamento exaustivo com quem trabalha na projeção e por isso, a falta de técnica aliada à falta de sensibilidade do operador gera a questão do volume excessivo. Isso se não houver uma dose de má vontade também.
Gostaria só de reforçar a estréia de Hubble em IMAX 3D de verdade e que você faça essa outra visita à sala.
Outra coisa: as salas 8 e 9 deste complexo estão em reforma para se tornarem salas Vip, sob o nome Uci De Lux. Mas não há ainda data de inauguração.
Abs
Brilhante resenha, vi o mesmo filme em uma sala Imax americana com rolo e tive exatamente a mesma impressão da falta de qualidade, inclusive deformação, já que as duas exibições que vi na NASA estava simplesmente incríveis.
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