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Conseguimos mais uma entrevista essencial para qualquer profissional que trabalha a experiência do usuário.

Falamos com Jon Kolko, que tem em sua trajetória diversos trabalhos de Interaction Design e Design Strategy para marcas como AT&T, HP, Nielsen, Bristol-Myers Squibb, Ford, IBM, Palm e startups como Socialware, Spredfast, Vast, Attivio.

Sempre com empreendedorismo como característica da sua vida profissional, Jon Kolko agora dedica a maior parte do seu tempo ao ensino de novos profissionais pela Austin Center for Design, uma escola de Interaction Design e Empreendedorismo Social.

Mais do que conhecer novos rumos para um trabalho de design centrado no usuário, nesta entrevista você vai entender que nomenclaturas são simplesmente representação categóricas das habilidades essenciais para um designer, sobretudo dentro da perspectiva do empreendedorismo social. Um tema bastante complexo, porém claramente tratado por Kolko, provando suas habilidades de professor, designer e inovador.

Sua palestra no IxDSA11 fala sobre Design e o Empreendedorismo Social. Como o termo “social” no contexto de web pode estar conectado com diversas disciplinas, como redes sociais e o “empreendedorismo”? Ele é comumente falado no desenvolvimento de produtos, exemplo: software livre então, você poderia antecipar e esclarecer um pouco sobre esses termos aplicados ao seu discurso na apresentação no IxDSA11?

Empreendedorismo Social é uma frase usada para descrever um negócio que tenta gerar um novo tipo de lucro – uma forma social de moeda, normalmente definida como um tipo de avaliação das necessidades humanas. Essa é uma forma de empreendedorismo que existe há bastante tempo, desenvolvida normalmente em trabalhos sociais, políticas públicas ou sociologia.

Design, no seu sentido mais amplo, é a disciplina dedicada à humanização da tecnologia. Ela aplica rigorosos processos de IHC. Os designers são capazes de criar produtos, sistemas e serviços para ajudar as pessoas a fazerem mais coisas, serem felizes, ou qualquer outro utilitário emocional que possa promover benefícios úteis.

Design pode ser direcionado a qualquer contexto que promova valor. Isso pode ser aplicado em grandes empresas para produzir grandes lucros ou no contexto de design de consultoria, para promover um serviço de acordo com a necessidade do cliente. Outra forma é o design que pode ser aplicado no contexto de larga escala para problemas sociais, como pobreza, acesso a água limpa e tratada, educação entre outras questões.

Um projeto de design envolvendo social empreendedorismo ocorre quando designers escolhem focar nesse grande e complicado problema sócio-cultural chamado de “wicked problems”, ou seja, problemas perversos – isso pela complexidade e dificuldade de interconexão dentro de um e único escopo e escala. Durante minha palestra no IxDSA11 eu irei descrever o que é importante e os meios necessários a serem considerados por um líder de design em empreendedorismo social para esse tipo de problema e como os designers devem começar a reposicionar sua carreira neste contexto como desafio destes problemas tão relevantes.

Você como um Homem de Negócios e como Designer, quais as principais dificuldades para se desenvolver um projeto sob esses dois pontos de vista: do empresário e designer?

Quando o design é artificialmente posicionado no contexto do negócio, uma das principais restrições que começa a existir é a lucratividade. Mas isso é uma falsa restrição e, neste caso, a colocação do designer no contexto do negócio também é artificial.

Como outro exemplo, o serviço de design pode ser posicionado dentro dos contextos da educação ou de políticas públicas, no qual também podem surgir outras restrições naturais destes cenários (como restrições de compromisso político ou o número de eleitores atendidos, por exemplo). Acontece: o processo de design, em todos os exemplos é o mesmo.

O que um designer precisa é ter a habilidade de extração das restrições a partir de um dado problema de projeto, transpondo o que é restrição para moldar as soluções. Realizar um projeto nos negócios não é diferente em relação à execução de projeto no governo ou educação. As restrições serão apenas sob sua capacidade de mudança para a solução de problemas.

Service Design é um tema que está começando a ser explorado no Brasil e outras disciplinas como User Experiences, Arquitetura da Informação e Design de Interação já estão ganhando reconhecimento no mercado digital. Como estes profissionais são envolvidos em um processo de Service Design? Existe um gestor responsável por este processo ou seria algum desses profissionais citados?

O material do processo de design descreve a essência do designer para se chegar na solução. Por exemplo, o plástico é uma forma de material familiar aos Designers Industriais para se moldar em larga escala, por meio de ferramentas para um trabalho em usinas. Designers que se engajam em Services Design, Graphic Design e Web Design aprendem com distintos materiais principais, mas o processo que eles usam é basicamente o mesmo.

É raro nos Estados Unidos trabalhar com alguém chamado de “Designer de Serviços”. Os serviços ainda são desenhados por consultorias, que continuam sendo um dos maiores motores de empregos do país. Então, um designer que quer ter um material significativo, deve entender o material constituinte da concepção de serviços e deve ser capaz de manipular esse material porque eles precisam criar soluções de design apropriadas.

Neste caso, o material do Service Design são os pontos de contato, as pessoas, as organizações e as políticas. Muitas vezes feitos por outros materiais e que impactam quem está no meio como Design Industrial ou Web Design.

Quando acessei o site do Austin Center for Design, quis logo saber se existe ou existirá algum projeto de educação à distância na Austin Center for Design para aqueles que querem melhorar seu conhecimento sobre Interaction Design. Podemos contar com isso? Você acredita em educação à distância como formação de um especialista?

Austin Center for Design é uma escola em Austin e no Texas que oferece educação em Interaction Design e Empreendedorismo Social. Nosso programa é realizado em Austin e enfatiza o aprendizado por imersão; os alunos começam a se formar a partir de um projeto  de negócio para suavizar um problema em larga escala social e quando se formam, muitos passam a executar suas próprias empresas operacionalmente autossuficientes. Nós não oferecemos qualquer tipo de formação online porque a maioria da aprendizagem é colaborativa e ocorre no contexto de um problema de projeto dado.

Nós estamos sempre discutindo sobre as habilidades essenciais para os Interaction Designers, User Experiences (Researcher, Designers…) e Arquitetos da Informação. Mesmo que esse assunto esteja bastante falado, acho interessante deixar registrado aqui a opinião de uma pessoa confiável.

Quando eu contrato designers, eu procuro por habilidades que incluem as capacidades de realizar uma pesquisa etnográfica em um determinado contexto, sintetizar grandes quantidades de dados em um curto tempo, desenvolver desenhos por meio de diversos meios e testar produtos com o consumidor final de forma rápida e eficaz. Para mim, essa é a base fundamental de uma habilidade para o design – isso descreve as habilidades que um designer deveria ter quanto deixa a universidade.

Então, quando eles se tornam mais capazes em um processo de design, eu procuro ver se eles se fixaram em uma especialidade, se estão focados em uma determinada área do design.  Eu procuro ver se eles têm um trabalho dirigido para dominar um tipo de material e se são capazes de dar forma a esse material da maneira que eles precisam para alcançar a solução imaginada. Acima de tudo, eu procuro conhecer sua paixão e curiosidade porque essas são as habilidades mais difíceis de se ensinar. [Webinsider]

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Melina Alves (@melinalves) fundadora da DUX Coworking. Consultora em User Experience, Designer de Experiência e Interação. Mantém o blog Melina Alves.

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