Encontrei um artigo sobre um livro muito bacana de design emocional que vale a pena compartilhar. O autor fala sobre a criação de personas para um site. Sim, para o site e não para o público do site. Ele também cita exemplos bem legais sobre a personalidade das “coisas”.
Aqui vão alguns pontos bem legais do capítulo.
Nossas relações interpessoais, em um nível real, se baseiam na identificação (ou não) com a forma de pensar, sentir e agir das pessoas com as quais interagimos.
Esse conjunto de caracteristicas psicológicas é chamado de personalidade. Através de nossas personalidades, expressamos toda a gama das emoções humanas. Personalidade é a força misteriosa que nos atrai para certas pessoas e nos afasta de outras. E por conta de sua força, a personalidade influencia muito nosso processo de tomada de decisões, e por isso pode ser uma ferramenta poderosa no design.
Personalidade, onde mora a emoção
Vamos falar de experiência? Experiência é um contato com os sentidos, com alguma coisa que gere informações cognitivas (que precisam ser apreendidas) e neste processo são utilizadas a percepção, a memória, a imaginação e até a introspecção (que vai gerar a reflexão para o entendimento desta experiência).
Ou seja, ela é o contato direto e do ser que está em contato com o objeto experimentado e todas as sensações emocionais e sensoriais que dele pode se abstrair. E isto gera a emoção do gostar ou não da experiência, de ser completa ou falha e a partir disto gostamos ou não do que acabamos de tocar.
Podemos perceber que gerar emoção, desde os tempos remotos, é a forma mais fácil e antiga de comunicação com pessoas. É uma experiência e pode ser refletida em um ambiente virtual. Toda essa emoção do comunicar é percebida com sucesso quando o computador passa a ser secundário na experiência, tornando-se apenas um meio com o qual a personalidade do produto digital se abre para o seu observador.
Parece simples na conceituação, mas para se atingir o objetivo de tornar os computadores coadjuvantes retendo toda a atenção do usuário para a experiência que está realizando, precisamos, antes de tudo, observar, entender e considerar a forma como interagimos uns com os outros na vida real (Momento antropológico? Sim. Momento antropológico).
Aproveite a leitura e pare por um momento tentando se lembrar de uma pessoa que conheceu recentemente. Talvez durante uma caminhada, em um evento, ou talvez através de um amigo e a conversa que se seguiu foi cativante, interessante e até divertida.
Agora… O que fez a conversa tão “emocionante”? Provavelmente interesses em comum provocaram o papo animado, mas não foi isso o que fez o encontro tão memorável e sim as personalidades que se atraíram e orientaram a discussão, fazendo com que sentimentos bons predominassem nesse encontro.
E quando encontramos a alma gêmea? As personalidades são complementares, afinadas a ponto de se compartilhar das mesmas “piadinhas”, tom de voz e a cadência da conversa.
Pronto! Eis que surgem os amores e amizades eternas e verdadeiras, pois a personalidade promove afetos, gera sentimentos e acaba sendo a plataforma para as ligações emocionais.
Pegando toda essa história e transportando para um projeto, é esse sentimento que estamos tentando passar através do design emocional. Vamos criar essa sensação de empatia e vínculo com nosso público através da concepção de uma personalidade que vai encarnar a nossa interface.
Vamos pensar em nossos projetos não como uma ponte para ligar seres humanos à ideia contida na tela do computador, mas como pessoas com quem o nosso público possa ter uma conversa inspirada. Produtos também são gente!
Mais uma vez, a história pode trazer valiosos exemplos para nosso trabalho, pois consciente ou inconscientemente, os designers têm feito experiências com personalidade para criar uma experiência mais humana há séculos.
Uma breve história da personalidade em design
Antes da prensa, os escribas, geralmente monges, caligrafavam meticulosamente cada página escrita de manuscritos religiosos à mão, com pena e tinta. Transcrever uma bíblia era um dever sagrado e o escriba era o canal para uma mensagem divina. Por esta razão, a presença da mão nestes manuscritos tinha grande importância espiritual.
Então, quando Gutenberg criou a prensa, também criou “letterforms” imitando o estilo caligráfico de escribas para produzir centenas de bíblias. Embora ele tenha criado máquinas para entregar a mensagem divina, ele criou também uma forma de aproximar aquelas pessoas que até então liam manuscritos às suas páginas impressas, trazendo o humano para dentro dos livros que produzia.
O Fusca, lançado em 1938 e produzido até 2003, é o projeto mais vendido da história automobilística. Seu design distintamente humano contribuiu para seu sucesso.
Concebido como o “Carro do Povo”, o projeto antropologizado, tornou-se mais do que um carro para o povo: é um carro que é uma pessoa. Podemos encontrar olhos e sorrisos em seu design ainda que, originalmente, não tenha sido concebido pensando em personalização. A “face” do Fusca transmite uma atitude simpática e divertida que tornou fácil para as gerações que o consumiram identificarem-se.
Embora as bíblias de Gutenberg e o Fusca sejam exemplos interessantes, há um exemplo mais atual da personalidade no design: Apple “Get a Mac”, que não fala sobre especificações e características; mostra como você se sentirá se comprar um Mac.
Já incentivados pela história da personalidade no design, vamos voltar ao presente, onde estamos trabalhando duro para entender o nosso público e fazer o nosso melhor para criar experiências atraentes na web.
Personas
Para fazer um design com emoção, pesquisamos, planejamos e criamos para o nosso público. E isto se dá entrevistando e aplicando algumas metodologias e entre elas está a criação de personas. Alguma coisa muito parecida com um dossiê sobre um usuário arquetípico que representa o grupo maior.
Pense em personas como os artefatos de pesquisa do usuário. Eles ajudam a equipe a permanecer consciente de seu público-alvo e manter o foco em suas necessidades.
O exemplo mostrado na persona criado por Todd Zaki Warfel (messagefirst.com), conta a história de Julia, uma determinada categoria de usuário. Através deste documento, aprendemos sobre a sua demografia, seus interesses, seus conhecimentos em várias disciplinas e quais são os pontos de influência em suas decisões sobre assuntos pertinentes ao projeto.
Desta forma começamos a entender quem é Julia. Temos um vislumbre de sua personalidade, o que nos ajuda a entender suas motivações e formas.
Embora Julia não seja real e sim um representante arquetípico de um grupo de usuários, ela é realmente muito próxima a uma pessoa real possuindo a personalidade do público-alvo que Todd mapeou em entrevistas.
E se pensarmos direitinho sobre este fato e hierarquizando as necessidades, vamos lembrar que todos os usuários precisam sentir que o produto digital, ao qual estão envolvidos, é funcional, confiável e utilizável. E para isto acontecer é preciso compreende-los para identificar e atender melhor suas necessidades, nos ajudando a criar uma conexão emocional.
Agora… sabemos que persona é uma ferramenta padrão no processos de design para construir caminhos claros para seu público, mas quem somos nós?
Nós quem, Iris? Nós, os produtos. Aquele site, portal, aplicativo que desenvolvemos para as pessoas. Quem somos? Quais nossas intenções emocionais a nos mostrarmos para o público? Que tipo de produto pensamos que somos?
Anteriormente mencionei que os produtos podem ser as pessoas também. Seguindo essa linha de raciocínio, o projeto não poderia ter características que definam uma personalidade a ele? Claro que sim!
Criando uma Persona para seu site
Vamos brincar! Se o seu site fosse uma pessoa, quem seria? Um cara sério e reservado? Um jovem nerd comportado e careta? Uma linda vendedora experiente e confiável (apesar da pouca idade)? Seu melhor amigo que sempre tem a solução e uma piada?
Seguindo uma estrutura semelhante a uma persona usuário, você pode detalhar a personalidade do seu projeto, criando uma persona para ele. Personalidade pode se manifestar em uma interface através de um design visual, textual ou através de interações. A persona do site dá personalidade a cada uma das áreas e ajuda a construir um resultado unificado e consistente.
Emocionar. Quer saber? Pergunte-me como.
Aqui está o que você vai incluir em sua persona design:
Marca: o nome da sua empresa ou serviço.
Resumo: um pequeno resumo da personalidade de sua marca. O que torna a sua personalidade marca única?
Imagem de personalidade: esta é uma imagem real de uma pessoa que encarna as características que você deseja incluir em sua marca. Isso torna a personalidade menos abstrata. Você pode escolher uma pessoa famosa ou uma pessoa com quem sua equipe é familiar. Se a sua marca tem um mascote ou representante que já incorpora a personalidade, utilize. Descreva os atributos que comunicam a personalidade da marca.
Características da marca: liste de 5 a 7 características que melhor descrevem a sua marca junto com um traço que você quer evitar. Isso ajuda o design e o redator a criar uma personalidade consistente, evitando os traços que levariam a sua marca na direção errada.
Voz: se a sua marca pudesse falar, como falaria? O que diria? Seria popular e emocional? Clássica e erudita? Descreva os aspectos específicos da voz da sua marca e como ela pode mudar em situações que precisem comunicar de formas diferentes. As pessoas mudam sua linguagem e tom para se ajustar à situação e assim deve ser a voz da sua marca.
Métodos de engajamento: descrever os métodos de envolvimento emocional que você pode usar na sua interface para apoiar a persona para projetar e criar uma experiência memorável.
É muito interessante esse olhar e com certeza muito assertivo no que diz respeito a criar uma identidade que seja amigável ao seu público. É o melhor e mais eficiente caminho para garantir uma experiência completa e relevante para seu produto digital.
Mas Iris, é praticamente um evangelismo! Desencana desesperado leitor. Tenha em mente que conceitos não se firmam de uma hora para outra mas através de pequenos passos.
Teste em seus projetos, gaste um tempo experimentando e com certeza o resultado aparecerá! Cada dia que passa a necessidade de criar vínculos emocionais entre nossos projetos e “devices” se torna gritante e esta urgência, com certeza, é sua maior aliada!
No link do artigo completo tem exemplos de personas para marcas. Vale a pena dar uma conferida e depois mãos à obra! [Webinsider]
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Íris Ferrera
Íris Ferrera (iris.ferrera@gmail.com) escritora, estudante, arquiteta de informação e consultora de user experience nas horas vagas. Twitter @irisferrera.
5 respostas
O artigo é longo mais muito oportuno. Só após ler Cultura da Interface de Steven Johnson, que apreendi a importância da interface na forma da interação homem-maquina e com o design de um site isso não é diferente. meus parabéns!
Isso mesmo meninas! Criatividade com emoção! Que bom que gostaram! Vamos aplicar nos nossos projetos \o/
Posso dizer por mim mesma, que tenho opinião forte, sou criativa e busco sempre trabalhar com a melhor qualidade.
Olá!!
Uma forma diferente de olhar o design.
Podemos dar ao usuario uma experiencia diferenciada se usarmos a emoção.
Aliás é muito utilizado em publicidade.
Ótimo artigo!
Abs!!