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“Desliguem seus aparelhos eletrônicos, computadores, pagers, videogames”. Mas nada sobre iPad, o que levou uma senhora a tecer este comentário do subtítulo acima. Ouvi a frase em um vôo internacional, coincidentemente ou não, quando estava a caminho de um evento de inovação na Suíça, o Lift 2012.

(Pagers. Quem hoje em dia ainda anda com um pager?)

Apesar de todos os discursos de que os tablets vão substituir os computadores, pessoas como a minha colega de vôo ainda os enxergam como coisas diferentes. Aliás, o pessoal da segurança dos aeroportos também, afinal você precisa tirar o notebook de sua mochila para o raio-X, mas o iPad não.

É um conceito interessante este de inovação. O que é inovação? Social media é inovação?

“Sim, mudou a forma das pessoas se relacionarem, entre si e com empresas. Mas não consigo ficar atualizado com todo o que acontece, ainda mais com o conteúdo gerado pelas pessoas via Twitter e Facebook, principalmente” você pode dizer.

Essa é uma grandes queixas hoje em dia: “information overload”.

E se eu te disser que este problema existe desde sempre e gente como Platão reclamava, em 370 antes de Cristo, que “Nossa habilidade em escrever nos impedirá de lembrar de tudo” ou então Seneca, um dos mais célebres advogados e filósofos do Império Romano, que afirmou “a abundância de livros é uma distração”. Uau!

Anais Saint Jude, diretora do BiblioTech Program na Universidade de Stanford, fez uma brilhante apresentação no Lift, com o título “From Gutenberg To Zuckerberg” e mostrou que não é de hoje que a humanidade sofre com o excesso de informação. E também que o fenômeno das redes sociais vem de muito antes do experimento dos seis graus de separação, de Milgram.

O século 17, com suas diversas inovações, como a descoberta da América, as teorias de Copérnico e principalmente o surgimento da prensa de Gutenberg, trouxe uma troca de informações comparável ao que vivenciamos hoje. Claro, entre os séculos 14 e 17 era a troca de correspondências entre mercadores de Veneza até os Iluministas franceses, que cumpriam o papel do Twitter e Facebook, ao trazer notícias em informações em “tempo real.

Qual a última coisa que você faz quando acorda? Se for como eu, é pegar o celular ou o iPad e checar o Twitter e Facebook. Novidade? Que nada, Voltaire já acordava ditando cartas, como podemos comprovar na famosa pintura “Le Lever de Voltaire”.

Mas inovação está em todos os lugares. Até mesmo onde não pensamos. O dinheiro, por exemplo. Até a revolução industrial, o trabalho era algo que não existia. Você gerava recursos para sua própria sobrevivência e trocava, por exemplo, seus vegetais por um porco que iria abater para sua refeição.

Você já ouviu falar de bitcoin? É uma moeda virtual criada em 2009 baseada no conceito de P2P e que até hoje gera muita controvérsia, tendo inclusive sendo combatido nos EUA por senadores e órgãos governamentais.

Adriana Jeffrieis, repórter do The New Yorker Observer, mostrou todos os lados desta controvérsia, que foi capa de revistas como FastCompany e Forbes, além de tema de um episódio recente da séria The Good Wife.

Sem dúvida a internet mudou muito o mundo, mas muitas coisas já estavam por aí, pois fazem parte da natureza humana. Recomendo a vocês acompanhar os vídeos da Lift 2012 que estão sendo postados no site vídeos.liftconference.com pois tenho certeza que irão curtir, pra usar um termo bem popular.

Se tiver que escolher apenas um para assistir, não perca a apresentação do coreano Hojun Song, que construiu um satélite em casa e que irá para o espaço em agosto. [Webinsider]

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Texto publicado na revista ProXXIma.

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Marcelo Sant'Iago (mbreak@gmail.com) é colunista do Webinsider desde 2003. No Twitter é @msant_iago.

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